Marcelo acredita que “há um aproveitamento da conjuntura” na inflação

  • ECO
  • 9 Março 2023

O Presidente da República diz que o atual Governo arrancou com "desgaste" quase três meses depois das eleições, já em guerra, com uma "maioria cansada".

A maioria absoluta de António Costa nasceu “requentada” e “cansada” após umas eleições antecipadas “inesperadas”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista conjunta à RTP e ao Público, no dia em que se assinalam sete anos desde que assumiu o cargo de Presidente da República.

O Chefe de Estado considera mesmo que o primeiro ano do Governo foi “praticamente perdido”, a começar com os três meses que separaram as eleições e a tomada de posse ou a queda do “ministro mais importante a seguir ao primeiro-ministro”, numa alusão a Pedro Nuno Santos. Assim, o executivo está a “gerir o dia a dia e não a olhar para o longo prazo”, com uma consequência: “O atraso do PRR”.

Os números da economia, no entanto, foram para Marcelo “melhores do que o esperado”, apesar da evolução dos preços que representam um “sacrifício dos mais pobres” e das taxas de juro que já apanham a “classe média”. No dia em que o ministro da Economia criticou as margens na distribuição, o presidente diz que existe o efeito direto do custo da energia, mas acredita também que existe uma segunda componente de “aproveitamento da conjuntura por quem vê aqui uma oportunidade única”, sem nomear quais os setores.

“É bom que se apure a segunda componente da inflação que é difícil de explicar”, disse, com elogios ao processo de fiscalização da ASAE. “Há uma parte da inflação que se tem a sensação que ultrapassa o efeito da guerra”, diz.

Apesar dos protestos e greves, o Presidente afirma que “não há um clima de insatisfação generalizado”, uma vez que o desemprego está a ter uma evolução “favorável”. A realidade económico-social vai depender “muito de como correr a guerra”, acrescenta. “Eu e o primeiro-ministro temos leituras diferentes da realidade: o primeiro-ministro olha para o lado cheio do copo e eu para o vazio”. Mas diz que “as contas certas são fundamentais porque em muito pouco tempo a Europa vai voltar a exigir esse controlo”.

Sobre os professores e os oficiais de justiça, cujas greves foram avaliadas pela PGR, o Chefe de Estado reconhece que hoje há novas formas de luta, que “têm de ser previstas na lei”, uma vez que a legislação atual só prevê as “formas clássicas”. Horas depois de mais uma ronda de negociação na Educação, que voltou a terminar sem acordo, Marcelo diz que a luta dos professores é “justa” e que o Governo e sindicatos fazem mal em romper as negociações “ou esticarem a luta para lá do limite”.

O acordo entre estas partes deve, para o Presidente, prever “a recuperação do tempo de serviço”, ainda que não integral, e o “corrigir das desigualdades”.

No tema da habitação, Marcelo Rebelo de Sousa regressou à tese do “melão”, ou seja, só se poderia avaliar a qualidade do pacote do Governo depois de conhecidos os diplomas. Agora, diz o Presidente, existem “dois melões” – o do Governo e o do PSD, “que ainda não está aberto” – e dado os pontos de convergência entre os dois programas “há espaço para conversa”. Por exemplo, em “matéria administrativa, flexibilização, simplificação, licenciamento, desburocratização”.

A prioridade no pacote Mais Habitação, apresentando pelo Governo e que está em consulta pública até dia 13 de março, passa por saber quais as medidas “concretizáveis”, indica o Presidente, uma vez que “já se percebeu que os municípios não têm capacidade para descobrir as casas devolutas”. Ao mesmo tempo, critica o conceito de consumo baixo nas casas para averiguar se é ou não devoluta. “Se houver conceitos usados para limitar a propriedade privada sem estarem suficientemente densificados, convém densificar, para ficar claro que não atinge a Constituição”, avisa.

Já nas propostas do PSD, Marcelo também critica algumas medidas. “PSD diz que se for encontrado património devoluto do Estado, as câmaras podem substituir-se ao Estado. Isto parece fácil mas juridicamente tem de se ver bem”, alerta. Ao mesmo tempo, duvida da proposta social-democrata sobre o papel “reforçado” da Autoridade Tributária na descoberta das casas devolutas.

Em outro tema da atualidade, o Presidente considera que a fórmula encontrada para a renúncia de Alexandra Reis ao cargo na TAP foi “juridicamente abstrusa”. O relatório da IGF sobre o processo de saída da administradora da TAP foi uma “surpresa” para Marcelo, que adianta que as “questões políticas resolveram-se no entretanto”, com a demissão de Pedro Nuno Santos. Quanto a Medina, “em ambos os casos (nomeação posterior para a NAV e para Secretária de Estado do Tesouro) não sabia desta telenovela”.

No entanto, o Presidente critica a “ligeireza” na escolha dos membros do Governo e que haverá “um escrutínio rigorosíssimo neste tipo de questões de escolha de pessoal político”, e em particular sobre Fernando Medina, “o mais importante” do executivo neste momento. “Ele, como os outros ministros, tem de olhar para trás e ver ponto por ponto ao longo das suas intervenções tudo o que foi o passado para ver se não há nada suscetível de causar problemas”, avisa.

Marcelo volta a dizer que sempre defendeu o “cumprimento de legislaturas”, ainda que não vai renunciar “ao poder de dissolver” a Assembleia da República, “se acontecerem coisas do outro mundo”, “alguma coisa patológica”. Quais? O exemplo dado foi a execução do PRR. Se se chegar ao fim de 2023, “com um panorama desgraçado do ponto de vista da execução do PRR, desgraçado da situação económica e social do país”, Marcelo admite “repensar” a realidade. “Mas não acredito que haja razões para isso”, remata.

Até porque a alternativa política é “fraca”. O PSD “tem acima do somatório dos outros dois [Chega e IL] mas não o dobro. E isso dá uma alternativa fraca na liderança”, conclui.

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Publituris elege Allianz Partners como Melhor Seguradora de Viagens

  • ECO Seguros
  • 9 Março 2023

A companhia de origem alemã levou para casa a distinção de Melhor Seguradora de Viagens nos 'Portugal Trade Awards by Publituris @BTL 2023'.

A Allianz Partners, especialista em seguros de assistência e viagens, recebeu o galardão intitulado “Melhor Seguradora de Viagens” nos Portugal Trade Awards by Publituris @BTL 2023.

“Este prémio é para nós uma grande honra e premeia todo o extraordinário trabalho desenvolvido pela nossa equipa ao longo dos mais de 25 anos de presença em Portugal”, afirmou Miguel Mello do Rego, CEO da Allianz Partners em Portugal (à esquerda).

Miguel Mello do Rego, CEO da Allianz Partners em Portugal, disse: “este prémio é para nós uma grande honra e premeia todo o extraordinário trabalho desenvolvido pela nossa equipa ao longo dos mais de 25 anos de presença em Portugal. Em nome da Allianz Partners Portugal e do Grupo Allianz, agradecemos a confiança demonstrada por todos os nossos clientes e parceiros, num seguro cada vez mais percecionado por todos os que viajam como essencial para a sua segurança, valorizando a capacidade do grupo Allianz como líder mundial e a garantia de uma assistência de elevada qualidade, sempre presente, e em qualquer situação ou emergência.”

O evento, com mais de 250 convidados, contou com a presença do secretário de Estado do Turismo, Serviços e Comércio, Nuno Fazenda; o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo; o presidente da APECATE, António Marques Vidal; a secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto; o presidente da CTP, Francisco Calheiros, o presidente e vice-presidente da AHP, Bernardo Trindade e Cristina Siza Vieira.

Os nomeados foram escolhidos pela redação da publicação Publituris e os vencedores resultaram de uma média ponderada entre os votos do júri (45%), dos assinantes do jornal do Publituris (45%) e subscritores da newsletter diária (10%).

Para além da Allianz, as nomeadas para a distinção de Melhor Seguradora de Viagens foram a Europe Assistance, a IATI Seguros, a In Sure Brokers, Liberty, MAPFRE, MDS e SGS.

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Victoria quer novas oportunidades de negócio para PMEs

  • ECO Seguros
  • 9 Março 2023

A seguradora renovou a parceria com a competição 'Heróis PME' e patrocina uma missão empresarial para a empresa vencedora. A candidatura aos prémios não tem custos e decorre até 19 de março.

A Victoria Seguros patrocina a 5ª edição dos Prémios Heróis PME. A competição premeia empresas portuguesas que se distingam pela coragem, persistência e resiliência, bem como startups e projetos diferenciadores nas áreas da sustentabilidade, transformação digital e internacionalização.

“Juntámo-nos aos Heróis PME pelo lado humano que a iniciativa tem, premiando as empresas, mas sobretudo, as pessoas que fazem as PMEs nacionais avançar, com a sua tenacidade e resiliência”, explicou Susana Pascoal, Diretora de Marketing da Victoria Seguros.

O patrocínio da Victoria Seguros à iniciativa da Yunit Consulting, consultora nacional especializada em pequenas e médias empresas, foca-se na oferta de uma missão empresarial, organizada pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP), à PME vencedora.

Susana Pascoal, Diretora de Marketing da Victoria Seguros disse: “fruto da atual realidade económica e de outros fatores, sabemos que uma grande parte das PMEs se deparam a necessidade de mudança. É essencial abrir horizontes, conhecer novas perspetivas, ter contacto com o terreno e sentir o ar fresco das novas oportunidades. Com estas novas perspetivas, alimentar também o lado mais inovador das organizações e assumir um papel de liderança no que diz respeito à sustentabilidade“.

Susana Pascoal destacou ainda: “sabemos que um dos fatores que potencia novas perspetivas é o contacto direto com novos mercados e outras realidades. Por isso, pelo segundo ano consecutivo, decidimos manter a oferta de uma missão empresarial como primeiro prémio dos Heróis PME”, referiu. “Juntámo-nos aos Heróis PME pelo lado humano que esta iniciativa tem, premiando as empresas, mas sobretudo, as pessoas que fazem as PMEs nacionais avançar, com a sua tenacidade e resiliência. Fatores que a VICTORIA tanto valoriza e reconhece”.

A candidatura aos Prémios Heróis PME não tem custos de participação e decorre até ao dia 19 de março no site criado para o efeito. O vencedor será conhecido numa gala no dia 27 de junho.

A Victoria está presente em todos os ramos de seguros e é especialista em seguros de saúde. Com 90 anos de experiência, faz parte do Grupo SMA, fundado em 1859, segurador do setor da construção civil e obras públicas em França.

 

 

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Aon e MOBINOV contra risco cibernético no setor auto

  • ECO Seguros
  • 9 Março 2023

Aon e MOBINOV celebram parceria para aumentar resiliência do setor automóvel ao risco cibernético. O acordo estabelecido inclui a utilização da ferramenta CyQu da Aon.

A Aon, empresa especialista em serviços profissionais nas áreas do risco, reforma, saúde e pessoas, anunciou, nesta quinta-feira, uma parceria com a Associação do Cluster Automóvel (MOBINOV).

O objetivo centra-se em aumentar a resiliência do setor automóvel ao risco cibernético. Um acordo prevê condições preferenciais de acesso a soluções de consultoria e mitigação de risco cibernético às empresas daquele cluster automóvel.

Segundo Renata Marques, diretora do escritório da Aon no Porto, “o crescimento do setor automóvel nacional e a digitalização e automatização da atividade tornaram a cibersegurança parte fundamental da cadeia de valor da indústria face ao potencial aumento de ataques cibernéticos”.

O acordo estabelecido inclui a utilização da ferramenta CyQu da Aon, que permite uma avaliação personalizada do risco cibernético focada no setor e fileira da indústria automóvel. A ferramenta CyQu realiza um diagnóstico à maturidade e risco das empresas para capacitá-las numa avaliação do risco cibernético e desenvolver uma estratégia de mitigação personalizada, baseada em dados concretos.

“No âmbito desta parceria reforçamos a estratégia e o posicionamento da Aon em garantir uma oferta integrada de soluções na fileira automóvel. Os riscos cibernéticos são a 6ª prioridade dos gestores portugueses, de acordo com o Global Risk Management da Aon e, nesse sentido, esta parceria vai permitir capacitar as empresas para enfrentar os desafios cibernéticos no setor automóvel”, afirmou Renata Marques da Aon.

A MOBINOV, que declara, como missão, “reforçar a competitividade internacional, a inovação, o aumento do valor acrescentado, a melhoria do nível de incorporação e o desenvolvimento sustentado das exportações”, avança: “atualmente, muitos são os riscos associados à progressiva exposição das entidades ao mundo da web. Por outro lado, assistimos a um aumento das exigências dos diferentes stakeholders para a adoção e implementação de sistemas de segurança e proteção dos riscos associados ao mundo digital. Antecipando estas necessidades dos nossos membros, a MOBINOV decidiu desenvolver esta parceria com a AON no sentido de lhes oferecer toda a informação que necessitam sobre cibersegurança, bem como as ferramentas necessárias para a proteção acertada e completa”, referiu Fernando Machado, Diretor Geral da MOBINOV.

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PSD pede a Medina documento atualizado sobre Conta Geral do Estado

  • Lusa
  • 9 Março 2023

O Parlamento, segundo o PSD, não dispões de um documento consolidado e atualizado, o que "dificulta o processo de escrutínio dos deputados", situação que considera "grave".

O PSD pediu ao ministro das Finanças que faculte “com urgência” o documento com informação atualizada dos dados constantes da Conta Geral do Estado (CGE) de 2021 para que o parlamento possa dispor de uma versão consolidada e atualizada.

Num requerimento que tem por destinatário o gabinete do ministro Fernando Medina, os deputados do PSD salientam que, entre a submissão da CGE à Assembleia da República e a sua aprovação, “decorrem vários processos durante os quais a informação nela contida vai sendo sucessivamente atualizada”, o que faz com que o documento aprovado fique “ultrapassado em relação à realidade que visa retratar”.

Para o PSD, o facto de o parlamento não dispor de um documento consolidado e atualizado “dificulta o processo de escrutínio dos deputados e a discussão da CGE em plenário”, situação que considera “grave”.

Para a ultrapassar os deputados pedem ao ministro das Finanças que faculte “com urgência o documento” contendo a atualização dos dados de finanças públicas constantes na CGE de 2021, “que tenham sido alterados por incorporação de nova informação não disponível à data da finalização do relatório da conta já entregue”.

Entre os exemplos de desatualização, os deputados apontam o caso do saldo global (em contabilidade pública) que na CGE de 2021 surge como sendo de -8.643,2 milhões de euros, inferior em 223,7 milhões de euros face ao valor que consta da segunda notificação do Procedimento por Défices Excessivos (PDE).

O PSD lembra que a Conta Geral do Estado é entregue à Assembleia da República até 15 de maio do ano seguinte àquele a que diz respeito, com o Tribunal de Contas a produzir, até 30 de setembro, um parecer sobre a mesma e a aprovação a ocorrer um ano após a sua submissão e no segundo ano subsequente ao ano a que se refere.

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M&A no mercado global segurador atingem máxima em 10 anos

  • ECO Seguros
  • 9 Março 2023

O setor dos seguros viu 449 fusões e aquisições (M&A) fechadas globalmente em 2022, contra 418 no ano anterior. O total mais elevado na última década, segundo o relatório da Clyde & Co.

Segundo o Relatório de Crescimento dos Seguros 2023, desenvolvido pela Clyde & Co., foram concluídas, globalmente, 449 Fusões e Aquisições (M&A) em 2022, face a 418, no ano anterior.

A sociedade de advogados detetou, no estudo, uma quebra acentuada no segundo semestre do ano, com 207 negócios concluídos, em comparação com 242 na primeira metade do ano (H1), quando as pressões económicas e inflacionistas começaram a ter impacto nos sentimentos dos investidores.

As Américas continuaram a ser a região mais ativa para M&A em 2022, com 236 negócios, mais 5% do que em 2021. O volume de negócios atingiu, no H1 de 2022, o seu nível mais alto desde 2011, com 132 negócios, mas caiu 21% no segundo semestre do ano para 104, segundo o relatório da Clyde & Co.

A região Ásia-Pacífico registou o maior aumento anual em termos percentuais, com 60 transações em 2022, contra 42 em 2021. Registou ainda um aumento de 22% no segundo semestre do ano – a única região que não sofreu um decréscimo nesse período.

A atividade no Médio Oriente e África registou um aumento de 41% em termos percentuais, impulsionada por um forte primeiro semestre (16 transações), seguidas de apenas oito, na segunda metade (H2) de 2022.

A Europa registou o menor aumento anual com 127 transações em 2022, acima das 125 do ano anterior, enquanto o H2 2022 marcou o segundo período consecutivo de declínio da atividade na região.

“Apesar do regresso da inflação e das medidas dos bancos centrais para restringir a liquidez, os negócios que foram suspensos durante a pandemia continuaram a chegar ao mercado em 2022, mantendo a retoma do negócio iniciada no ano anterior”, comentou Eva-Maria Barbosa, Presidente do Corporate & Advisory Group da Clyde & Co. “Contudo, no futuro, as tendências subjacentes apontam para um sentimento de dúvida da parte dos investidores. Os deal makers nas Américas e na Europa estão a demonstrar elevada cautela à medida que ativam o modo “esperar para ver” face às incertezas do mercado, o que provavelmente resultará num atraso no volume global das transações“, acrescentou.

“Em contraste, os investidores na região Ásia-Pacífico foram geralmente mais lentos a recuperar a confiança pós-pandémica, mas avançaram com uma tendência consistente e crescente do número de negócios. A reabertura das fronteiras da China, na sequência de restrições de encerramento, reforçou a confiança na região”, disse Eva-Maria Barbosa.

Mercado a duas velocidades

No ano passado, o número de mega-deals no mercado de fusões e aquisições de seguros – ou aqueles avaliados em mais de mil milhões de dólares – caiu de 25, no ano anterior, para 19, mas há uma expectativa de que 2023 possa ver o retorno das grandes transações de M&A, escreve a Clyde & Co no relatório sobre o setor.

Esperamos um 2023 a duas velocidades. As pequenas e médias empresas continuarão a desconfiar das transações enquanto esperam que a atual incerteza do mercado diminua”, disse a profissional. Em contraste, as grandes empresas de seguros globais parecem não se deixar intimidar pelas condições do mercado. Com limitações na quantidade de crescimento orgânico que pode ser gerado através de novas redes de distribuição ou linhas de negócio mais amplas, as empresas que querem um impulso e crescer rapidamente estão ativamente à procura de oportunidades de M&A”, acrescentou ela.

MGAs permanecem opção viáveis

Como as seguradoras continuam a procurar oportunidades de crescimento para além das M&A, as MGAs continuam a ser uma opção viável para as seguradoras que querem penetrar nos mercados onde lhes falte amplitude de conhecimentos de subscrição.

“Na Europa, à medida que as taxas continuam a endurecer, um acordo MGA é uma via popular para aumentar a quota de mercado“, observou ele. “Algumas MGAs estão a entrar numa nova fase de crescimento“, disse Marc Voses, partner da Clyde & Co., em Nova Iorque.

Impacto da ação regulamentar

A intensa atividade reguladora está a provar ser uma “espada de dois gumes” para as companhias de seguros, segundo o relatório da Clyde & Co. Em algumas jurisdições isto está “a afetar a capacidade de crescimento orgânico, enquanto noutras está a atuar como um estímulo para a consolidação ou a abertura de novas secções de mercado”.

“Há um impulso para desenvolver uma infraestrutura privada de pensões na China, com bancos comerciais, empresas de gestão de fortunas e companhias de seguros a serem encorajados a desenvolver o negócio das pensões no continente”, segundo Joyce Chan, sócia da Clyde & Co. em Hong Kong. “Considerando a dimensão da população ativa, isto pode significar muitas novas oportunidades para seguradoras de pensões internacionais”.

Pelo contrário, a regulamentação está a funcionar como um travão ao crescimento noutras jurisdições, disse ela. “Em certas áreas, as crescentes exigências de cumprimento estão a provocar um esgotamento dos recursos das seguradoras. Por exemplo, as leis de proteção do consumidor estão a tornar mais difícil fazer os mesmos volumes de negócios em múltiplos mercados, sendo as leis de proteção de dados uma área de foco comum em todo o mundo”.

“O sentimento de mercado indica que o pior da recessão económica já passou na maioria das partes do mundo e que a realização de negócios voltará a estar na ordem do dia. A Clyde & Co. espera que o volume de M&A desça dos máximos de 2022, mas comece a recuperar na segunda metade de 2023, com negócios maiores”, apontou a especialista. “A guerra na Ucrânia continua a complicar o comércio global e a aumentar os custos, enquanto acontecimentos climáticos em 2022, que excederam expectativas de perdas, confundiram o mercado de (re)seguros de propriedade”, acrescentou Barbosa.

“Mas existe otimismo de que a economia vai emergir deste período difícil, à medida que a inflação se estabiliza. Quando acontecer, resta ainda capital a ser utilizado e provavelmente não faltam objetivos de fusões e aquisições”, acrescentou ela. “À medida que o sentimento dos investidores melhora, as seguradoras ambiciosas, particularmente no segmento superior do mercado – bem como a área de private equity – irão aproveitar as oportunidades”.

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Sem acordo na Educação, sindicatos marcam nova greve para junho

As nove plataformas, que inclui a Fenprof e FNE, decidiram avançar com uma greve e manifestação para 6 de junho de 2023, como forma simbólica de reivindicar o tempo de serviço que está congelado.

O Governo não chegou a acordo com os sindicatos dos professores sobre o novo regime de recrutamento e colocação dos professores. À saída da reunião a Fenprof anunciou novas formas de luta, entre as quais uma manifestação e uma greve nacional para 6 de junho, numa alusão aos seis anos, seis meses e 23 dias de tempo de serviço congelado que os professores reivindicam.

“Na há acordo sobre o regime de concursos”, afirmou Mário Nogueira, referindo que das seis linhas vermelhas apontadas pela Fenprof “nenhuma delas foi apagada”. Já o líder do Stop sinalizou que o ministro da Educação “cedeu pouco em questões gravíssimas”, como a criação dos Conselhos de Quadro de Zona Pedagógica (QZP), que incluem diretores para gerir as necessidades temporárias das escolas nomeadamente no que toca à distribuição de horários, ou à possibilidade de professores com insuficiência letiva terem que dar aulas noutras escolas para completar horário. Estas alterações “poderão aumentar o desgaste dos professores”, acrescentou André Pestana.

Perante a falta de acordo, plataforma de nove organizações sindicais, que inclui a Fenprof e a Federação Nacional da Educação (FNE) – vão reunir-se na segunda-feira para decidir a data de novas formas de luta, bem como “apresentar uma proposta negocial ao Ministério sobre a recuperação do tempo de serviço”, explicou Mário Nogueira.

Para já, estas nove estruturas sindicais decidiram avançar com uma greve e manifestação nacional para dia 6 de junho de 2023, como “simbolismo” pelos 6 anos 6 meses e 23 dias de serviço congelado. “Esta forma de luta não vai deixar nenhum professor em casa ou na escola”, garantiu Mário Nogueira. Além disso, vão avançar ainda com uma nova greve por distritos durante 18 dias, uma greve ” a toda a atividade para além do componente letiva norma” que poderá ser já no segundo período, além de já estar previsto uma greve às avaliações e outra ao último tempo letivo de cada professor.

Apesar de não ter sido possível uma acordo sobre o modelo de recrutamento e colocação dos professores, estará agendada uma reunião para dia 20 de março sobre outras matérias nomeadamente, tendo em vista reduzir as assimetrias entre docentes, – nomeadamente os efeitos assimétricos da carreira que decorrem do período de congelamento que terminou em 2018 –, reduzir a desburocratização, questões de monodocência e regularização da situação profissional dos técnicos especializados, segundo referiu o secretário-geral da Fenprof e o líder do Stop.

Não obstante, Mário Nogueira sublinhou que o ministro da Educação terá referido como condição que “volte a serenidade nas escolas”. “Isso é inaceitável”, sublinhou. “A disponibilidade que temos para negociar estas matérias deve ser acompanhada da disponibilidade para a retoma da normalidade das escolas, permitindo aos alunos retomarem as suas aprendizagens”, referiu, por sua vez, o ministro da Educação, em conferência de imprensa, quando questionado pelos jornalistas sobre se estas negociações estariam dependentes do fim das greves nas escolas.

Ministério quer abrir “no mínimo” 20 mil vagas para quadros de escola no próximo ano

Já o ministro da Educação sublinhou “a boa fé com que o Governo se apresentou e empenhou” nas negociações, destacando algumas das “aproximações” que foi fazendo durante o processo negocial que se arrasta desde setembro. “Temos um modelo que vai melhor objetivamente condições de trabalho” dos professores e permitir “reduzir fortemente a precariedade”, elencou João Costa, em conferência de imprensa, após a reunião suplementar pedida pelos 12 sindicatos.

Além da vinculação já em setembro deste ano de mais de 10 mil professores, o Governo que abrir “no mínimo” 20 mil vagas para quadros de escola para os professores que pretendam mudar de estabelecimento escolar em 2024.

Os professores contratados podem estar ligados a quadros de escola ou a um QZP. Segundo João Costa “atualmente 20% dos professores estão em QZP”, mas o Ministro da Educação quer mudar isso de forma a que os professores pertençam a uma escola e não a uma reunião, sendo que o objetivo é ter “90% quadro de escola e 10% de QZP”, explicou para sustentar a abertura destas vagas.

“Em vinculações e em evolução de posições remuneratórias teremos um efeito acumulado de cerca de 143 milhões de euros”, referiu ainda o ministro, quando questionado pelos jornalistas. Concretamente sobre as posições remuneratórias, o Governo pretende criar dois índices remuneratórios para os professores contratados, tendo em vista que estes recebam até 1.900 euros.

Já sobre a polémica criação do Conselho QZP, o ministro João Costa realça que reduziu as competências deste conselho, por forma a aproximar-se aos sindicatos. Já sobre a medida que prevê que o limite para o qual se considera que um professor tem insuficiência de horário passe a ser de oito horas, o ministro realça que a proposta inicial era de 12 horas, mas que decidiu manter a medida dado “o contexto de falta de professores” e “a boa gestão e resposta às necessidades de escolas”.

Além disso, o ministro sublinhou ainda que a possibilidade de os professores passarem a dar aulas em escolas diferentes de modo a completar horário, é opcional e apenas se poderá aplicar a duas escolas. Neste caso, os professores terão as deslocações pagas, tal como previsto na lei e haverá sempre a questão das distâncias máximas que terão que ser observadas”, elencou ainda o secretário de Estado da Educação.

(Notícia atualizada pela última vez às 21h50)

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Cinemas com mais espectadores e duplicação de receitas

  • Lusa
  • 9 Março 2023

Os cinemas portugueses duplicaram as receitas de bilheteira e tiveram também quase o dobro de espectadores em janeiro e fevereiro, compararando com o mesmo período de 2022.

Os cinemas portugueses duplicaram as receitas de bilheteira e tiveram também quase o dobro de espectadores em janeiro e fevereiro, compararando com o mesmo período de 2022, revelou hoje o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA).

De acordo com os dados estatísticos mensais coligidos pelo ICA, este ano as salas de cinema registaram 1.591.654 bilhetes vendidos, quando no mesmo período de 2022 tinham sido 888.464.

Já quanto a receita bruta de bilheteira, a exibição de cinema duplicou face ao período homólogo, passado de 4,9 milhões de euros para 9,9 milhões de euros.

Estes dados surgem ainda ligeiramente abaixo do panorama de exibição pré-pandemia. Em janeiro e fevereiro de 2019, o ICA contabilizou dois milhões de espectadores e 10,8 milhões de euros de receita de bilheteira.

Dos 58 filmes estreados em janeiro e fevereiro em sala, apenas cinco eram de produção portuguesa.

O filme português mais visto este ano em sala é “Amadeo”, de Vicente Alves do Ó, produzido e distribuído pela Ubkar Filmes, com 10.813 espectadores e 57.452 euros de receita de bilheteira.

Em segundo lugar surge a curta-metragem de animação “Ice Merchants”, de João Gonzalez, nomeada para os Óscares, com 5.459 espectadores e 13.609 euros de bilheteira em duas semanas de exibição, já que o filme estreou-se a 16 de fevereiro.

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BPI dá 284 milhões em dividendos ao acionista espanhol

  • Mariana Marques Tiago
  • 9 Março 2023

O Banco BPI aprovou esta quinta-feira a atribuição de 284 milhões de euros em dividendos ao banco espanhol (e acionista único) Caixabank. Os dividendos são referentes aos resultados de 2022.

O Banco BPI aprovou esta quinta-feira a atribuição de 284 milhões de euros em dividendos ao banco espanhol (e acionista único) Caixabank. Os dividendos são referentes aos resultados de 2022.

Segundo o comunicado divulgado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BPI informou ainda que, além da aprovação da proposta apresentada pelo Conselho de Administração do Banco para a distribuição de dividendos, foi também aprovado o “Relatório de Gestão, as contas individuais e consolidadas e demais documentos de prestação de contas do Banco BPI relativos ao exercício de 2022”.

Na passada sexta-feira, o banco anunciou que, no ano passado, registou lucros no valor de 365 milhões de euros, o que se traduziu numa subida de 19% face a 2021. O BPI informou ainda que pretendia pagar dividendos de 284 milhões de euros ao dono espanhol, o Caixabank, proposta agora aprovada. Face a 2022, o valor de dividendos pagos este ano são superiores aos de 2021 em quase mais 100 milhões.

O CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, disse que no ano passado verificou-se um bom “dinamismo comercial”, algo demonstrado pelos números da operação. A margem financeira aumentou 20% (para 548 milhões de euros), beneficiando da subida das taxas de juro (sobretudo no último trimestre) e também dos volumes de crédito concedido.

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Europa decide que Generali Portugal tem de pagar IVA pelos salvados

  • ECO Seguros
  • 9 Março 2023

Uma guerra jurídica de 16 anos chega ao fim. A Generali Portugal não verá devolvido o IVA que pagou pela venda de salvados. São 18.715 euros e muita jurisprudência. Ganhou a AT.

O problema nasceu quando, em 2007, a Global Seguros considerou que as vendas de salvados, vulgo sucata (ou quase), que vendeu a terceiros após o pagamento das indemnizações por sinistros, não estavam sujeitas ao pagamento do IVA nos termos do Código do IVA e podiam beneficiar das isenções previstas no código.

Agora, vários recursos e 16 anos depois, o Tribunal de Justiça da União Europeia, com sede no Luxemburgo, veio dar razão à Autoridade Tributária portuguesa (AT), que não quer devolver o IVA.

Para se perceber bem a história, descrita no Acórdão no processo C-42/22 Generali Seguros (PT), foi numa inspeção realizada pela AT às contas de 2007 da Global Seguros que começou a discussão. Esta seguradora foi, em 2011, integrada na Açoreana, que foi incorporada na Tranquilidade em 2016, mas esta mudou de nome para Seguradoras Unidas nessa altura. Finalmente, a Seguradoras Unidas foi vendida à Generali em 2020 que usa, desde aí, a marca Tranquilidade. No entanto, em todo o acórdão, é a portuguesa Generali Seguros que é lembrada, embora só tenha entrado na parte final do enredo.

O tribunal europeu começa por explicar que “a Generali Seguros é uma companhia de seguros que, no âmbito das suas atividades, efetua a aquisição de salvados resultantes de sinistros ocorridos com os seus segurados e, em seguida, procede à sua revenda a terceiros, sem liquidar o IVA sobre essas vendas (esta era a Global). Em resultado de uma de ação de inspeção respeitante ao exercício de 2007, a AT considerou que as vendas de salvados efetuadas pela então Global, por se considerarem transmissões de bens corpóreos a título oneroso, estavam sujeitas ao pagamento do IVA nos termos do Código do IVA («CIVA»), e que não podiam beneficiar de nenhuma das isenções previstas nesse código. Em consequência, a AT procedeu à liquidação do IVA sobre essas vendas no montante de 17.213,70 euros, acrescido de juros compensatórios.

A Generali Seguros efetuou o pagamento desse montante, mas a seguradora contestou estar em dívida no âmbito da impugnação judicial que apresentou no Tribunal Tributário de Lisboa. A Generali Seguros alegou que a venda de salvados deve ser qualificada, no contexto do caso, como uma operação isenta de IVA. Invocou as disposições do CIVA que isentam, por um lado, as operações de seguro e resseguro, bem como as prestações de serviços conexas efetuadas pelos corretores e intermediários de seguro e, por outro lado, as transmissões de bens afetos exclusivamente a uma atividade isenta, quando não tenham sido objeto do direito à dedução.

Por Sentença de 30 de dezembro de 2017, o Tribunal Tributário de Lisboa julgou improcedente a impugnação judicial da Generali Seguros (então Seguradoras Unidas). A companhia interpôs recurso da referida sentença para o Supremo Tribunal Administrativo. A Generali Seguros alega que a operação de revenda de salvados por uma companhia que exerce como atividade principal a atividade de seguros é conexa com essa atividade e indissociável da atividade normal de negociação e pagamento de indemnizações em caso de sinistro, pelo que se integra no objeto dessa companhia.

O Supremo Tribunal Administrativo sublinhou que a questão de saber se essa operação está isenta de IVA é objeto de uma importante controvérsia doutrinal e jurisprudencial em Portugal. Por conseguinte, considerou que devia submeter ao Tribunal de Justiça um pedido de decisão prejudicial. O Supremo Tribunal Administrativo interrogou-se sobre o destino das operações, tendo em conta o sistema comum do IVA, que consistem em uma companhia de seguros proceder à revenda a terceiros de salvados, resultantes de sinistros cobertos por essa companhia, que a mesma adquiriu aos seus segurados.

O que mais pesou no desfecho a favor da AT

No seu acórdão proferido esta quinta-feira, o Tribunal de Justiça responde ao Supremo Tribunal Administrativo, em primeiro lugar, afirmando que as referidas operações não constituem operações de seguro isentas de IVA. Resumindo os motivos:

  • As operações de venda de salvados como as que estão em causa ocorrem ao abrigo de convenções distintas de contratos de seguro que cobrem esses veículos, celebrados pela companhia de seguros com pessoas que não os segurados e que não estão abrangidas por uma relação de seguro. A venda de um bem é alheia à cobertura de um risco e o preço corresponde ao valor do bem em causa no momento dessa venda. A determinação da matéria coletável do IVA não suscita dificuldades em tal caso;
  • É irrelevante o facto de essa operação incidir sobre o salvado resultante de um sinistro coberto pela companhia de seguros que o vendeu e que o montante da indemnização devida ao segurado em consequência desse sinistro inclua o preço de aquisição desse salvado. Com efeito, o valor do salvado constitui o valor residual, após o sinistro, do veículo segurado e, portanto, não faz parte, por definição, do dano sofrido pelo segurado;
  • Essa operação de venda também não pode ser considerada como estando indissociavelmente ligada ao contrato de seguro relativo ao veículo em causa e, por esse facto, como devendo ter o mesmo tratamento fiscal que esse contrato;
  • Dado que a venda de um salvado constitui uma «entrega de bens» na aceção da Diretiva IVA, que visa a transferência do poder de dispor de um bem corpóreo como proprietário, não pode ser abrangida pelo conceito de prestações de serviços relacionadas com operações de seguro e de resseguro, efetuadas por corretores e intermediários de seguros;
  • O Tribunal de Justiça considera que as referidas operações também não constituem entregas de bens afetos exclusivamente a uma atividade isenta, no caso em apreço, a uma atividade que consiste em realizar operações de seguro;
  • O Tribunal de Justiça responde ao Supremo Tribunal Administrativo que o princípio da neutralidade fiscal inerente ao sistema comum do IVA não se opõe à não isenção das operações em causa, quando essas aquisições não tenham conferido direito à dedução do IVA;
  • O sistema comum do IVA garante, por conseguinte, uma neutralidade perfeita quanto à carga fiscal de todas as atividades económicas, independentemente dos respetivos fins ou resultados, desde que essas atividades estejam, elas próprias, sujeitas a IVA.

Uma longa batalha chega ao fim, foram 16 anos por 18.715 euros, mas fica a jurisprudência.

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Fundo soberano de Singapura já detém participação qualificada na EDP Renováveis

  • Lusa
  • 9 Março 2023

O fundo soberano de Singapura GIC ultrapassou o patamar mínimo de 3% para posições acionistas qualificadas.

O fundo soberano de Singapura GIC passou a deter uma participação qualificada no capital da EDP Renováveis (EDPR), foi comunicado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A GIC Private Ltd (“GIC”) notificou a EDPR de que, nos termos e para efeitos do disposto no artigo 23º do Decreto Real 1362/2007 e em resultado de transações executadas a 3 de março de 2023, ultrapassou o patamar mínimo de 3% para posições acionistas qualificadas”, pode ler-se no comunicado.

De acordo com a mesma informação, “após tais transações, a GIC é atribuída com 43.521.069 direitos de voto na EDPR, correspondente a 4,303% do total de direitos de voto na empresa”. Em 2 de março, a EDP Renováveis e o fundo soberano de Singapura anunciaram a celebração de um acordo de investimento, que previa um aumento de capital de 1.000 milhões de euros, para financiar parcialmente o novo plano de negócios.

Em comunicado enviado então à CMVM, a EDP Renováveis anunciou que “pretende angariar capital e celebrar um acordo de investimento com a Lisson Grove Investment Pte Ltd, uma filial da GIC Pte Ltd., o fundo soberano de Singapura e um dos principais investidores mundiais a longo prazo, no qual esta última se comprometeu a subscrever c.1.0 mil milhões de euros [até 1.000 milhões de euros] de novas ações num aumento de capital”.

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Novobanco assinala fim da reestruturação com nova campanha

De modo a assinalar o final do período de reestruturação, o Novobanco lançou uma campanha, apresentando-se como uma instituição "sem amarras" e de "rentabilidade sustentável". A criatividade é da BBDO

No mesmo dia em que registou lucros recorde de 560,8 milhões de euros em 2022 (três vezes superiores aos do ano transato), o Novo Banco está a lançar uma nova campanha sob o mote “Agora é o nosso tempo”, a qual visa assinalar o final do seu período de reestruturação.

Naquela que é uma “declaração ao país“, o banco apresenta-se como “uma instituição de rentabilidade sustentável, sem amarras, livre para atuar no mercado português“, declarando ter o rejuvenescimento, solidez e saúde que uma instituição bancária necessita para encarar o presente “com a determinação de sempre e o futuro com uma energia renovada”, conforme é referido em nota de imprensa.

Criada pela BBDO, com estratégia de meios a cargo do OMG, a campanha vai marcar presença televisão, rádio, imprensa, meios digitais, redes sociais, cinema e balcões do Novobanco.

Dirigida “a pessoas, famílias e empresas, a sonhadores, inovadores e empreendedores”, esta nova campanha – uma “metáfora do caminho percorrido até aqui e do horizonte imenso pela frente” – é materializada através do filme “A Mochila”, no qual um jovem casal transforma as suas mochilas no instrumento lhes permite voar em liberdade. O filme é realizada por Marco Martins com produção da Ministério dos Filmes.

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