Países Baixos restringem acesso da China a tecnologia de produção de chips

  • Joana Abrantes Gomes
  • 9 Março 2023

Medida do governo neerlandês já recebeu críticas da China, que acusa os Países Baixos de se juntarem aos EUA nas restrições ao acesso do país asiático aos meios necessários para fabricar chips.

Os Países Baixos vão impor novos limites à exportação de equipamento para o fabrico de semicondutores, o que afetará a indústria da China. A decisão foi confirmada na noite de quarta-feira pelo Governo neerlandês, depois de, em janeiro, ter celebrado um acordo com os Estados Unidos para introduzir restrições às exportações de tecnologia avançada de chips.

“Dada a evolução tecnológica e o contexto geopolítico, o governo concluiu que é necessário, para a segurança [inter]nacional, expandir os controlos de exportação existentes em especial no fabrico de equipamento para semicondutores“, afirmou o ministro do Comércio dos Países Baixos, Liesje Schreinemacher, numa carta enviada aos deputados do país, citada pelo Politico.

O objetivo da medida, segundo Schreinemacher, é impedir que a tecnologia neerlandesa, que usa luz ultravioleta para gravar circuitos nos chips mais avançados, seja utilizada em sistemas militares ou armas de destruição maciça.

Embora a China não seja mencionada na carta do ministro neerlandês, esta nova política segue os esforços de Washington, que em outubro bloqueou o acesso das empresas e entidades chinesas a tecnologia norte-americana utilizada no fabrico dos semicondutores mais avançados e tem pressionado os aliados europeus e asiáticos a aplicarem as mesmas restrições.

Nos Países Baixos, existe apenas um fornecedor global deste tipo de tecnologia. A ASML, sediada na cidade de Veldhoven, é a única produtora mundial de máquinas que usam litografia ultravioleta extrema para fabricar chips semicondutores avançados.

O governo liderado por Mark Rutte chegou a proibir a ASML de exportar algumas das suas máquinas para a China em 2019, mas a empresa ainda vendia sistemas de litografia de qualidade inferior ao país asiático, representando 18% do total de encomendas registadas.

Em comunicado, a ASML confirmou que agora “vai precisar de solicitar licenças de exportação para o envio dos sistemas mais avançados”, notando, porém, que ainda não recebeu mais detalhes sobre o que significa “mais avançados”.

A China reagiu esta quinta-feira à decisão do Executivo neerlandês, com uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros a acusar um país de estar a tentar “salvaguardar a sua própria hegemonia”, abusando da segurança nacional como desculpa, para “privar a China do seu direito ao desenvolvimento”, numa referência aos EUA.

Opomo-nos firmemente à interferência [dos Países Baixos] nas trocas económicas e comerciais normais entre empresas chinesas e neerlandesas“, disse a porta-voz Mao Ning, acrescentando que Pequim já fez “reclamações” junto do lado neerlandês. Ainda assim, Mao apelou aos Países Baixos para “salvaguardarem a estabilidade da cadeia industrial e de fornecimento internacional”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Setor das embalagens defende incentivos ao consumidor para aumentar taxas de reciclagem

Setor defende que sistemas de depósito e reembolso e incentivos fiscais devem integrar o conjunto de medidas que visam acelerar a reciclagem a nível nacional.

Os principais players do setor das embalagens defendem que devem ser criados incentivos ao consumidor que permitam aumentar as taxas de reciclagem a nível nacional e servir de complemento à nova regulamentação que a Comissão Europeia quer implementar nos 27 Estados-membros, no âmbito do Plano de Ação para a Economia Circular.

“O consumidor tem que ser educado, mas só vamos conseguir saltos quantitativos [na reciclagem] quando houver alguma forma de pagamento. O que pagamos na gestão de resíduos é menos por dia do que gastamos em cafés“, apontou Paulo Serra, diretor da região oeste da SAICA, empresa de fabricação e comercialização de embalagens de cartão.

É preciso haver uma complementaridade das várias medidas. Não pode ser só comunicação, ou eco design. Tem que haver uma convergência de várias medidas ao mesmo tempo”, apontou esta quinta-feira, durante a conferência “Nova Regulamentação de Embalagens e Novos Desafios para o Setor” organizada pelo Novo Verde.

A opinião foi partilhada por Nuno Aguiar, diretor técnico da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) que ressalvou que, neste momento, “o consumidor não tem um incentivo, ou estimulo que faça a diferença de quem separa e não separa“.

“Temos que definir novos sistemas de recolha. A nova regulamentação europeia vem identificar o sistema de recolha e depósito. É um modelo alternativo e que vai contribuir para a quantidade recolhida, nomeadamente, a nível das embalagens de bebidas”, elaborou.

Exemplo disso são os dois projetos-piloto colocados em curso, em 2020, pela APIAM (Águas Minerais e de Nascente de Portugal), a APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição) e a PROBEB (Associação Portuguesa de Bebidas Refrescantes Não Alcoólicas) com o objetivo de simular o futuro sistema de depósito e reembolso que estava previsto que seria implementado a 1 de janeiro de 2022 em Portugal, mas que ainda aguarda o enquadramento legal.

Em quase três anos, foram recolhidas recolheram mais de 22,6 milhões de embalagens de bebidas em plástico PET, latas de metal e garrafas de vidro de uso único, a que correspondem mais de 770 toneladas de materiais encaminhados para reciclagem. Aos consumidores foi reembolsado um montante total de 787.486 euros, revelam o APIAM, APED, PROBEB ao Capital Verde.

Mas além desse sistema, “há um conjunto de instrumentos ao dispor que devem ser implementados”, explicou o responsável, acrescentou Nuno Aguiar fazendo referencia ao sistema pay as you throw, onde cada consumidor paga pelo lixo que produz.

“Sentimos que o consumidor não tem um incentivo. Não há um estímulo que faça a diferença entre quem separa e quem não separa“, argumentou o responsável pela APIP. “A peça chave neste puzzle vai ser sempre o consumidor, pois é quem faz o ciclo da economia circular funcionar”.

A proposta para um novo regulamento sobre embalagens a nível europeu, e ainda em fase de discussão, visa prevenir a geração de resíduos de embalagens, promover a reciclagem em ‘circuito fechado’ e aumentar a utilização de plásticos reciclados.

Além da criação de sistemas de depósito, estão em cima da mesa novas metas de reutilização e reciclagem de teor obrigatório, que deixam para trás a atual diretiva que orienta o setor das embalagens e resíduos de embalagens entre os 27 Estados-membros.

“A Comissão Europeia chegou à conclusão de que o que existe hoje não é incentivador nem foi eficaz e para que possamos acelerar este caminho rumo à neutralidade carbónica, quer tornar isto lei. E foi bastante agressiva no desenho da proposta”, defende Tiago Moreira da Silva, coordenador da plataforma Vidro+.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comprovativo digital de residência no Reino Unido sujeito a discriminação

  • Lusa
  • 9 Março 2023

O inquérito com senhorios “descobriu que o comprovativo digital era o fator mais influente para um senhorio preferir recusar um potencial arrendatário".

Os europeus residentes no Reino Unido estão a ser discriminados no acesso a alojamento por senhorios desconfiados com o comprovativo digital do estatuto de residência, revelou esta quinta-feira a académica Charlotte O’Brien. Numa conferência organizada pelo centro de estudos UK in a Changing Europe em Londres sobre o tema “Imigração depois do ‘Brexit’: para onde vamos?”, a professora de Direito citou um estudo da Universidade de York realizado com mais de 1.000 senhorios.

O inquérito “descobriu que o comprovativo digital era o fator mais influente para um senhorio preferir recusar um potencial arrendatário, mesmo tendo em conta outros fatores como idade, profissão, etnia e género”. O formato digital tem sido um dos elementos mais criticados do Sistema de Registo de cidadãos da União Europeia [EU Settlement Scheme, EUSS], criado durante o processo de saída do Reino Unido da UE para proteger os direitos de residência dos europeus.

Em vez de um cartão físico, o comprovativo do estatuto de imigração é inteiramente digital, feito através do portal do Governo britânico. O cidadão tem de aceder ao próprio perfil, no qual tem a opção de partilhar o estatuto com alguém, como um senhorio, empregador ou outra entidade, feito na forma de um código. Este código é depois usado, juntamente com a data de nascimento, para confirmar o direito à residência, trabalho, serviços de saúde ou educação, habitação e apoios sociais.

O Governo britânico argumentou desde o início que um comprovativo digital de residência evita problemas como o extravio, falsificação ou deterioração ao longo do tempo. Mas ativistas têm alertado repetidamente para os problemas causados pela falta de um documento físico e para a dificuldade que o sistema representa para infoexcluídos, idosos ou tipo de pessoas vulneráveis.

A professora de Direito da Universidade de Cambridge, Catherine Barnard, que também tem feito investigação sobre este tema, encontrou imigrantes com poucos conhecimentos de inglês, informática e sem computador ou telemóvel inteligente (‘smartphone’). “Ter um documento em papel seria extremamente tranquilizador para eles”, afirmou na mesma conferência.

Para Kubla Jublanowski, académico da Universidade de Exeter, o problema não se resume ao comprovativo digital, mas ao sistema digital usado para o registo dos imigrantes europeus, no qual encontrou várias falhas técnicas. Por exemplo, referiu casos em que a existência de diferentes candidaturas resultou na falta de acesso ao comprovativo final, ou em que existiu um cruzamento de perfis de pessoas diferentes.

“Estas faltas podem parecer técnicas ou obscuras, mas evidenciam algo importante sobre a configuração do sistema digital de residência”, salientou. “Quando alguma coisa corre mal, o estatuto não funciona. O serviço de visualização pode estar a funcionar, mas se houver um problema mais profundo, o estatuto não vai estar disponível”, avisou.

O Ministério do Interior contabilizou 462.490 candidaturas por cidadãos portugueses ao EUSS até ao fim de 2022 para obter uma autorização de residência, obrigatória no regime pós-‘Brexit’. Destes, 256.570 portugueses receberam um título de residência permanente [‘settled status’], 165.820 um título provisório [‘pre-settled status’] e 40.290 tiveram os processos rejeitados ou invalidados.

O número de candidaturas não é equivalente ao número de portugueses residentes no Reino Unido, pois algumas são repetidas devido à necessidade de recurso ou para passar do estatuto provisório a permanente.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Salesforce corta centenas de postos de trabalho

O plano de reestruturação da tecnológica implica a redução de 10% da força de trabalho.

A Salesforce realizou uma nova ronda de despedimentos abrangendo centenas de colaboradores, sobretudo nas áreas de vendas e marketing. A decisão faz parte do plano de reduzir 10% da força de trabalho da companhia, avança o Business Insider (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Serão abrangidos profissionais em várias regiões, nomeadamente em Nova Iorque e Atlanta, mas também alguns colaboradores da companhia na sede em São Francisco, segundo fontes ouvidas pela publicação norte-americana.

O plano de reestruturação da tecnológica, anunciado em janeiro, tem como meta a redução da força de trabalho em 10%, bem como o fecho de alguns escritórios. Na altura, a Salesforce justificou a decisão com a maior “ponderação” por parte dos seus clientes, que estão focados em conter gastos.

“O ambiente continua a ser desafiante e os nossos clientes estão a adotar uma abordagem mais ponderada nas suas decisões de compra”, dizia o CEO Marc Benioff, na carta que dirigiu aos seus funcionários na época.

A empresa pretende que a reestruturação esteja praticamente concluída até ao final do ano fiscal de 2024.

No final de janeiro, a Salesforce contava com 73.541 funcionários.

O setor tecnológico, mas não só, têm vindo a anunciar fortes vagas de cortes de pessoal. Recentemente, também a Ford anunciou o despedimento de quase 4.000 trabalhadores na Europa nos próximos dois anos, com a maioria dos cortes a afetar a área de desenvolvimento do produto, nomeadamente designers, engenheiros e testers.

Ao longo dos próximos meses, o grupo Walt Disney deverá também pôr em marcha um plano de redução de custos no valor de 5,5 mil milhões de dólares (5,1 mil milhões de euros), o que implica o despedimento de um total de 7.000 pessoas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Distribuição responde a Costa Silva. Setor “não aumentou as margens de comercialização”

Associação que representa distribuidoras diz que está a comprar produtos aos fornecedores cada vez mais caros e a evitar que "o ónus da inflação em geral para o consumidor fosse muito superior".

A distribuição garante que não está a aumentar as margens de negócio no atual contexto de inflação e diz que “reinventou-se” para evitar que os consumidores sofram mais impactos do aumento dos preços. Esta é a resposta da APED, associação que representa o setor, à conferência de imprensa desta manhã da ASAE e às palavras do ministro da Economia, António Costa Silva.

O setor do retalho alimentar não aumentou as margens de comercialização e reinventou-se para absorver o acréscimo generalizado dos custos operacionais, evitando que o ónus da inflação em geral para o consumidor fosse muito superior”, refere o comunicado divulgado nesta quinta-feira.

Horas antes, o ministro da Economia afirmou que “é tempo da fiscalização, da regulação e de interação com toda a cadeia para identificar as causas deste comportamento completamente dissonante”. Não há forma, no entanto, de definir o que pode ser considerado um lucro excessivo.

O Governo vai intensificar as operações de fiscalização dos preços em todo o país, depois de a ASAE já ter instaurado 51 processos-crime por especulação. A evolução dos preços dos alimentos é completamente oposta à da inflação e há retalhistas com margens de lucro médias superiores a 50%, acusa a entidade liderada por Pedro Portugal Gaspar.

A APED recorda que a “distribuição está a comprar os produtos cada vez mais caros, já em 2023, aos fornecedores (indústria e produção). Estes aumentos no início da cadeia refletem a subida dos custos dos fatores de produção decorrentes dos aumentos dos preços dos fertilizantes, das rações e de outros custos relevantes”.

Em detalhe, a associação recorda que “o índice de preços do lado da produção agrícola aumentou 33,6 pontos percentuais (de 2,3% para 35,9%), do lado da indústria alimentar aumentou 18,4 pontos percentuais (evoluiu de 13,3% para 31,7%) e o índice de preços dos produtos alimentares na distribuição/retalho alimentar aumentou 16,2 pontos percentuais (passou de 3,7% para 19,9%), sempre inferior ao da indústria alimentar em cerca de 10 pontos percentuais”.

De acordo com os relatórios mensais da ASAE, o cabaz de bens essenciais aumentou de 74,9 euros em janeiro de 2022, para 96,44 euros em fevereiro deste ano. Mas, além disso, há produtos cujo aumento da margem bruta é muito significativo como é o caso das cebolas (superior a 50%); dos ovos, laranjas, cenouras e febras de porco (entre 40 e 50%); ou das conservas de atum, azeite e couve coração (30 e 40%).

A APED lembra que a distribuição alimentar ” é um negócio de volume e não de margem: a margem média do setor do retalho alimentar é, em todo o mundo, na ordem dos 2 a 3%, que compara com margens da indústria na ordem dos 15 a 20%”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Quase 11 mil prédios devolutos tiveram agravamento de IMI em 35 municípios

Em 2021, 25 câmaras decidiram agravar o IMI de 10.372 prédios, o que representou uma receita adicional de cerca de sete milhões de euros. Este ano ainda decorre o prazo de liquidação do imposto.

Foram 10.998 os prédios, em 35 municípios do país, que viram o ano passado o seu IMI agravado por estarem devolutos, de acordo com os dados avançados pela Autoridade Tributária ao ECO. Estes dados representam um aumento de 6% face ao ano anterior.

A lei determina que as câmaras podem agravar anualmente o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) de prédios devolutos para o triplo ou em 12 vezes se o imóvel estiver numa zona de pressão urbanística. Assim, em vez de taxas de IMI de 0,3% a 0,45% sobre o valor patrimonial tributário dos prédios, os municípios podem assim arrecadar uma receita muito superior.

Para identificar se as casas estão ou não devolutas, “as empresas de telecomunicações, gás, eletricidade e água enviam obrigatoriamente aos municípios, até ao dia 1 de outubro de cada ano, uma lista atualizada da ausência de contratos de fornecimento ou de consumos baixos, por cada prédio urbano ou fração autónoma, através de comunicação eletrónica ou outro suporte informático”, tal como é definido no decreto-lei de 2019.

Uma lista que já é entregue, tal como confirmaram ao ECO pela e-redes e pela Epal. No entanto, a medida volta a estar inscrita no pacote “Mais Habitação”, apresentado pelo Governo a 16 de fevereiro, porque o agravamento do IMI parece não ser suficiente para travar o problema dos prédios devolutos.

Mas agora, com a proposta do Governo em consulta pública, “os imóveis de uso habitacional classificados como devolutos”, não arriscam apenas o agravamento do IMI já que podem “ser objeto de arrendamento forçado pelos municípios, para posterior subarrendamento no âmbito de programas públicos de habitação”. A ideia é que os proprietários de imóveis devolutos “em condições de habitabilidade” terão 100 dias para lhes dar uso, após câmara municipal apresentar proposta, até serem forçados ao arrendamento coercivo.

Com estas listas, as câmaras têm de proceder posteriormente à verificação das casas que estão efetivamente devolutas e que não têm uma razão perfeitamente atendível para justificar os baixos consumos ou a ausência de contratos de fornecimento. A lei determina que “consumos baixos de água e eletricidade” são “consumos cuja faturação relativa não exceda, em cada ano, consumos superiores a 7m3, para a água, e de 35 kWh, para a eletricidade”.

A cidade de Lisboa tem cerca de dois mil imóveis devolutos, de acordo com o presidente da câmara, Carlos Moedas.

Cada vez mais câmaras tentam fazer esta verificação já que é uma forma de aumentar a receita municipal, mas também um elemento dissuasor para que os proprietários coloquem as casas no mercado, seja de arrendamento ou de venda, aumentando a oferta de fogos disponíveis.

De acordo com os dados da Autoridade Tributária, em 2021 tinham sido 25 as câmaras que “comunicaram os majorantes por prédio devoluto e por prédio devoluto em zonas de pressão urbanística, num total de 10.372 prédios”. Sendo que “o número total de prédios corresponde à soma do número de prédios sem partes e do número de frações autónomas ou partes suscetíveis de utilização independente, no caso de prédios com partes”, precisa a Autoridade Tributária.

A decisão de agravar o IMI destes 10.372 prédios representou uma receita adicional para os cofres das câmaras de cerca de sete milhões de euros (7.095.468,06 euros).

Quanto ao ano de 2022 não é possível saber ainda o montante do IMI liquidado em resultado da aplicação do agravamento, porque “está ainda a decorrer o prazo para a liquidação”, explicou a Autoridade Tributária.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Braga quer IVA a 6% para obras e serviços de construção e reabilitação

A Câmara de Braga quer que o Estado reduza a 6% o IVA aplicável a todas as obras e serviços de construção e reabilitação para fins habitacionais.

Uma taxa mínima de 6% do IVA aplicada a todas as obras e serviços de construção e reabilitação para fins habitacionais, assim como o reforço, em sede de IRS, do valor das deduções com o pagamento de rendas e de juros no crédito à habitação. Estas são algumas das 18 medidas alternativas do Conselho Local de Habitação da Câmara Municipal de Braga ao programa do Governo Mais Habitação.

O aumento da taxa agravada de IMI para prédios devolutos há mais de um ano e para prédios em ruínas também consta do rol de medidas que saiu da reunião do Conselho Conselho Local de Braga. Outra sugestão é revitalizar o setor cooperativo, mediante a criação de um programa de apoio e capacitação para a gestão de cooperativa.

O objetivo deste pacote é “elencar medidas para submeter à consulta pública, em curso, relativa ao Programa Mais Habitação lançado pelo Governo”.

João Rodrigues, vereador do município de Braga acredita que este “conjunto de medidas alternativas, objetivas e com implementação prática podem garantir, efetivamente, mais habitação para as populações“. Para o vereador da autarquia liderada pelo social-democrata Ricardo Rio, “a iniciativa privada, seja individual ou coletiva, deverá continuar necessariamente a ter o papel principal no caminho para que se cumpra o direito fundamental à habitação condigna em Portugal”.

Segundo o vereador, “não obstante a existência de medidas positivas no âmbito do apoio direto às famílias e de alguns incentivos fiscais ao arrendamento acessível, este pacote de medidas não resolverá os problemas com que o país está confrontado na área da habitação”. Aliás, reitera, é “bastante omisso em matérias como o licenciamento urbanístico, principal fator gerador de habitação em Portugal”.

Por isso mesmo, João Rodrigues defende que urge “agilizar, desburocratizando, os procedimentos de gestão urbanística, fazendo uso dos meios digitais de nova geração para esse fim”.

O vereador aponta o dedo ao Governo, à semelhança de outros autarcas do país, por não ter auscultado a opinião das autarquias na elaboração deste programa.

Propostas aprovadas pelo Conselho Local de Habitação foram as seguintes:

  • Diminuição do IVA aplicável a todas as obras e serviços de construção e reabilitação para fins habitacionais para a taxa mínima de 6%.
  • O reforço, em sede de IRS, do valor das deduções conseguidas pelo pagamento de rendas e de juros no crédito à habitação.
  • Isenção de IMT sobre as transmissões de imóveis para prédios urbanos destinados ao arrendamento acessível, sendo obrigatório que o contrato de arrendamento tenha um prazo igual ou superior a cinco anos.
  • Aumento da taxa agravada de IMI para prédios devolutos, aplicável a prédios devolutos há mais de um ano e a prédios em ruínas.
  • Eliminação do Adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis, uma duplicação de impostos que atinge mais de 500.000 imóveis.
  • Eliminação do Imposto de Selo na aquisição de habitação própria e permanente e no arrendamento habitacional.
  • Alteração à redução de taxa de IRS para contratos de arrendamento em função dos valores praticados, e não pela duração dos contratos, apostando numa progressividade do imposto em função do rendimento que os senhorios arrecadam com o arrendamento do imóvel, promovendo uma verdadeira justiça fiscal.
  • Alteração do conceito de renda máxima admitida pelo conceito de renda de referência na medida de apoio extraordinário ao pagamento da renda, garantindo a elegibilidade dos arrendatários que não encontrem um valor compatível com os limites de renda previstos no Porta 65.
  • Reforço do Programa “Vale Eficiência” do Fundo Ambiental, aumentando o montante de cada vale de 1.300 euros para 2.600 euros, e alargando o seu público-alvo – revendo os critérios de elegibilidade nas condições socioeconómicas e incluindo arrendatários.
  • Aumento dos valores de desconto no âmbito do IMI Familiar “que permanecem inalterados desde 2016″.
  • Agilização de regimes de apoio ao pagamento de renda e de reescalonamento de dívida decorrente de contrato de crédito à habitação, durante prazo a fixar.
  • Desburocratização do Programa 1.º Direito. O objetivo é garantir a execução deste até final do 1.º semestre de 2026 mediante a “alteração do sistema de controlo do IHRU sobre operações das autarquias para um regime de deferimento tácito, atualização dos valores de referência por metro quadrado e simplificação das exigências sobre as propriedades das autarquias ao nível dos registos”.
  • Criação de uma unidade especializada para elaboração de um inventário completo e atualizado do património imobiliário do Estado. Assim como de um regime legal excecional próprio para agilizar a disponibilização dos imóveis para fins habitacionais em articulação com as autarquias e outras entidades da Administração Pública.
  • Simplificação dos processos de transferência de propriedade para os municípios “sempre que esteja em causa a afetação do património do Estado para o reforço da oferta habitacional para arrendamento apoiado ou arrendamento a custos controlados”.
  • Revitalização do setor cooperativo mediante a criação de um programa de apoio e capacitação para a gestão de cooperativas. Mas que garanta condições de acesso a património para reabilitar e para financiamento para cada tipo de promoção, “contribuindo para uma participação ativa dos cidadãos e das empresas, em processos de coprodução e co-desenho”.
  • Apostar em soluções inovadoras, nomeadamente Build-to-Rent, os modelos de habitação combinada ou a facilitação de construções modulares, designadamente através de modelos de financiamento bonificados, de taxas urbanísticas reduzidas e de procedimentos próprios e mais ágeis do seu licenciamento.
  • Facilitação dos critérios para promover a classificação dos solos urbanizáveis como urbanos, ao contrário do que se verifica atualmente.
    Alteração legislativa para que as Estratégias Locais de Habitação sejam fator de classificação dos solos como urbanos, mesmo que dependentes de uma motivada justificação para que tal possa operar.
  • Reforço das equipas de acompanhamento técnico das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional nos processos de revisão dos instrumentos de gestão do território. O objetivo é assegurar “uma resposta condicente com a necessidade de se responder às dezenas de processos de revisão em curso, motivados pelas alterações legislativas da última década e aos quais, hoje, manifestamente, não está a ser dada uma resposta satisfatória”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

GoContact Portugal quer recrutar mais 40 pessoas até junho

Para este ano, a empresa, sediada em Aveiro, tem em aberto, sobretudo, "posições de desenvolvimento, suporte às operações, marketing & comercial"

A GoContact quer contratar mais 40 pessoas ainda no primeiro semestre, reforçando a equipa de cerca de 200 pessoas em Portugal. A empresa, sediada em Aveiro, fechou o ano passado com uma faturação de 8,7 milhões de euros, mais 30% do no que no anterior.

“Desde 2021 que recrutamos em média 40 pessoas por ano e 2023 não será exceção. Sem talento não poderemos seguir o nosso plano de crescimento global”, considera Rui Marques, CEO e fundador da GoContact, citado em comunicado.

Perfis procurados

A companhia procura “profissionais proativos, apaixonados pelos projetos que abraçam, com uma elevada capacidade de automotivação e de colaboração em equipa, pessoas orientadas a objetivos, resilientes, com versatilidade para trabalhar num ambiente dinâmico e multicultural”, refere fonte oficial, à ECO Pessoas.

Para este ano, a empresa tem em aberto, sobretudo, “posições de desenvolvimento, suporte às operações, marketing & comercial”. Software engineering (IOS Engineer, Frontend Engineer, QA Manual Tester), marketing (SEO, junior communication, design, international field marketing director), service delivery, technical Support (Tier 1), comercial (business developer; inside sales) e pré-venda (pre-sales consultants) são os perfis procurados.

“Continuamos a apostar no mercado nacional, no qual duplicaremos o investimento em 2022-2023. Estamos convictos que os mercados internacionais serão o próximo impulso da GoContact e que em breve teremos as exportações a representar metade do volume de negócios”, refere ainda o CEO, em comunicado.

Presente em Espanha, Marrocos, Angola, alguns países na América Latina, como Colômbia, Peru e México, mais recentemente, a GoContact entrou nos EUA, fruto da ligação a um novo acionista da empresa, a Broadvoice, que adquiriu a empresa em 2021.

O mercado português, segundo a empresa, foi “decisivo” para o crescimento de 30% da faturação, tendo registado “uma forte procura interna por parte de grandes empresas líderes em setores como o financeiro, saúde, distribuição, retalho ou energia.”

Globalmente a empresa serve multinacionais como a Adecco, Atento, Intelcia, Konecta, Manpower, Randstad, Transcom, Webhelp, entre outras.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Tripulantes abrem porta a greve na easyJet

  • ECO
  • 9 Março 2023

Associados do SNPVAC mandatam direção a "promover todas as diligências, incluindo a greve, para salvaguardar os interesses dos tripulantes de cabine".

Está aberta a porta a uma greve dos tripulantes da easyJet em Portugal. A direção do SNPVAC, sindicato que representa esta classe profissional, foi mandatada para “promover todas as diligências, incluindo a greve”, de forma a “salvaguardar os interesses dos tripulantes”. Caso a direção do sindicato convoque uma greve, o pré-aviso tem ser apresentado com 10 dias de antecedência. EasyJet responde que “leva muito a sério as suas responsabilidades como empregador” mas “não é possível comparar os termos e condições entre diferentes jurisdições”.

A decisão foi aprovada em assembleia geral de emergência nesta quinta-feira, com voto a favor de 277 dos 278 associados presentes em assembleia geral, tendo havido apenas um voto contra, refere o comunicado.

A direção do sindicato ficou mandatada para promover todas as diligências e recorrer a todos os meios legais adequados, incluindo a greve, para salvaguardar os interesses dos Tripulantes de Cabine” se as negociações laborais com a empresa continuarem a não ser satisfatórias para os legítimos interesses dos seus associados”, refere ao ECO fonte oficial do SNPVAC.

O pessoal de voo da easyJet em Portugal pretende condições idênticas aos colegas das restantes operações europeias da companhia e pedem um aumento salarial acima dos 10%.

Em reação, a easyJet indica que “leva muito a sério as suas responsabilidades como empregador e emprega toda a sua tripulação ao abrigo de contratos locais, acordados com os sindicatos e em conformidade com a legislação local relevante, pelo que não é possível comparar os termos e condições entre diferentes jurisdições”.

A companhia low-cost recorda que tem de 19 aviões baseados nos aeroportos portugueses e emprega mais de 750 funcionários. “Contratámos um número significativo de colaboradores nos últimos meses e continuamos a receber um elevado número de candidaturas para funções de tripulantes de cabine em Portugal, o que é uma prova das condições competitivas que oferecemos no mercado”, acrescenta.

Os tripulantes também querem maior antecedência na marcação de escalas, passando de 36 para 48 horas, como nas operações europeias, escreveu o semanário Expresso no início deste mês.

(atualizado com reação da empresa)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bauer Media contrata Renata Palma Marques para liderar Audio Xi

Renata Palma Marques, até agora partnership manager do Spotify no Sapo, é a nova head of audio Xi da Bauer Media Audio Portugal, grupo que comprou a Rádio Comercial.

A responsabilidade comercial do Audio Xi, a nova solução comercial da Bauer Media Audio Portugal, recairá assim sob Renata Palma Marques, profissional com experiência na gestão de diferentes produtos das sales houses do SAPO.

A Renata chega à Bauer Portugal com o ADN digital certo para gerir o Audio Xi. Especialista em áudio digital e com uma larga experiência neste campo, os seus conhecimentos técnicos e a vontade de construir serão, com toda a certeza, atributos para que o Audio Xi passe a fazer parte do mix de investimentos dos nossos anunciantes. A Bauer Media Audio Portugal está muito apostada no áudio digital e acreditamos que o Audio Xi vai trazer ao nosso mercado uma escala de inventário de áudio digital à qual muitos anunciantes vão querer juntar-se”, diz Pedro Miranda, diretor comercial da Bauer Media Audio Portugal, citado em comunicado.

Já a recém-contratada diz estar “super entusiasmada de me juntar à Bauer Media Audio Portugal, participar do arranque desta operação e fazer do Audio Xi a alavanca do áudio digital no nosso país. O áudio digital já faz parte da vida das pessoas e o momento é o de fazer chegar esta realidade às marcas, com verdadeira escala. É isso que espero ajudar a Bauer Media Áudio Portugal a concretizar”.

Tendo começado a sua carreira no Observatório da Publicidade da Direção Geral do Consumidor, Renata Palma Marques foi também account manager na agência de media e marketing digital Fluiddo (onde trabalhou marcas como a SEAT ou a Skoda). Contando com mais de uma década de experiência em ad operations, exerceu a função de partnership management do Spotify até ao final de fevereiro.

A Audio Xi consiste na nova plataforma da Bauer Media Audio Portugal, a qual “concentra todo o áudio digital e oferece aos anunciantes um ponto de entrada único, não só para as estações de rádio da Bauer Media em Portugal mas também para uma rede muito alargada de parceiros externos”, explica o grupo.

 

A Bauer Media Audio, pertencente ao alemão Bauer Media Group (um dos maiores grupos de media de propriedade privada do mundo), é a operadora de áudio comercial líder na Europa, estando presente em nove países – Reino Unido, Suécia, Noruega, Dinamarca, Irlanda, Finlândia, Polónia, Portugal e Eslováquia. Entrou em Portugal no último ano, quando comprou a Rádio Comercial, M80, Cidade FM, Smooth FM.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo adia aprovação de parte do pacote da Habitação

  • Ana Petronilho
  • 9 Março 2023

Executivo vai esperar pelo parecer das autarquias que só será aprovado no dia 21 de março, durante a próxima reunião do conselho diretivo.

O Governo vai adiar a aprovação em Conselho de Ministros dos três projetos de lei que fazem parte do pacote legislativo Mais Habitação e estendeu até dia 24 de março o período de consulta pública destas propostas. Estes diplomas serão aprovados pelo Governo a 30 de março e seguem, posteriormente, para o Parlamento.

Assim, na próxima reunião de Conselho de Ministros só serão aprovados os dois decretos-lei, que dizem respeito ao apoio extraordinário da renda e ao diploma da bonificação dos juros no crédito à habitação, de forma a que “os apoios às famílias cheguem ao terreno rapidamente”, refere o comunicado o Ministério da Habitação.

Em fevereiro, durante a conferência de imprensa conjunta do primeiro-ministro com o ministro das Finanças e a ministra da Habitação, o Executivo avançou que o pacote legislativo – em consulta pública até dia 13 de março – iria ser aprovado em Conselho de Ministros no dia 16 de março.

Mas o ECO sabe que o Governo só pode aprovar algumas propostas depois de receber o parecer da Associação Nacional de Municípios, que será aprovado na próxima reunião do conselho diretivo agendada para dia 21 de março. Por lei, o Governo só pode aprovar diplomas, que envolvam a atividade das autarquias, depois de ouvida a Associação Nacional de Municípios (ANMP), mas o parecer dos municípios não é vinculativo.

O ECO sabe ainda que a ministra da Habitação vai reunir com os autarcas na próxima semana para discutir e explicar algumas das medidas que constam das propostas.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo quer afastar CEO da TAP “o mais rapidamente possível”

O ministro das Infraestruturas considerou ainda que a companhia aérea foi mal assessorada pelos advogados no processo de desvinculação de Alexandra Reis.

A CEO da TAP continua em funções, apesar do anúncio público da sua demissão, mas o Governo quer afastá-la “o mais rapidamente possível”, afirmou esta quinta-feira o ministro das Infraestruturas, João Galamba.

Questionado sobre o que acontecerá até o futuro CEO da companhia aérea tomar posse, o governante afirmou que é uma matéria que ainda não está decidida e que “será divulgado o que acontece neste prazo de transição”. Uma coisa é certa: “A ideia é que a CEO da TAP deixe de desempenhar funções o mais rapidamente possível”, disse João Galamba, em declarações transmitidas pela televisão.

Fernando Medina determinou na quarta-feira à Direção Geral do Tesouro e Finanças que prepare e promova o procedimento de demissão do presidente do conselho de administração, Manuel Beja, e da presidente da comissão executiva, Christine Ourmière-Widener, por justa causa. A TAP emitiu esta quinta-feira um comunicado onde refere já ter sido informada deste procedimento.

Para que a exoneração se efetive, têm ainda se ser dados outros passos. O Governo tem de fazer chegar o projeto de decisão de demissão à CEO e ao chairman da TAP, devidamente fundamentado. A legislação obriga a uma audiência prévia dos gestores que, segundo o prazo supletivo previsto no Código do Procedimento Administrativo, têm dez dias úteis para se pronunciar. Terá depois de existir um despacho definitivo com a demissão e a deliberação da mesma em assembleia geral. Sendo o Estado o único acionista, este último procedimento poderá ser realizado de imediato.

O ministro considerou também que a companhia aérea foi mal assessorada no processo de rescisão com a antiga administradora, Alexandra Reis. “Quando um escritório de advogados ignora um facto elementar que é o facto de se tratar de uma empresa pública, eu parece-me que sim”, respondeu o ministro, quando questionado sobre o trabalho dos juristas. A TAP foi assessorada neste caso pela SRS Legal.

Ainda que os administradores possam recorrer agora aos tribunais, João Galamba disse que o Governo está “confiante na qualidade e rigor da Inspeção-Geral de Finanças”. Sobre o eventual pagamento de bónus, disse que será cumprida a lei: “será pago o que tiver que ser pago e não será pago o que não tiver de ser pago”.

O ministro voltou a afirmar que a mudança na gestão não irá afetar o processo de privatização. “Os resultados da TAP falarão por si. A solidez da TAP falará por si. Estamos tão confiantes como antes deste incidente de que o processo de privatização tem tudo para correr bem“.

O governante negou que o bom desempenho se deva sobretudo ao corte de custos, nomeadamente com salários. “O que leva a que o resultado sejam muito acima do esperado, não é um comportamento melhor do que o esperado na área dos custos mas um comportamento francamente melhor do que o esperado na área das receitas”, afirmou, apontando como um importante fator a recuperação do turismo.

(notícia atualizada às 17h15)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.