Armazenamento – o Santo Graal da eletricidade verde

  • BRAND'S CAPITAL VERDE
  • 8 Março 2023

Imagine que, um dia, toda a eletricidade de origem solar ou eólica produzida nas centrais elétricas poderia ser armazenada e usada mais tarde, de acordo com as necessidades ditadas pela procura.

Esse dia já esteve mais longe. Chegará quando a tecnologia de armazenamento a grande escala estiver operacionalizada, e quando os países puderem tirar todo o partido das vantagens das renováveis, armazenando eletricidade quando as centrais estiverem a registar picos de produção para injetar essa energia verde na rede quando a procura o exigir.

Nesse dia deixaremos de usar palavras como “variabilidade” e “volatilidade” no que toca às renováveis porque toda a eletricidade verde produzida poderá passar a ser aproveitada a 100%. Nada se perderá.

Esta mudança, associada a um elevado nível de eletrificação direta e indireta da economia, permitirá acelerar as estratégias de descarbonização. Terá também impactos financeiros muito significativos para os consumidores, que verão potenciadas as vantagens que as renováveis já oferecem atualmente.

O Governo Português já anunciou que quer melhorar a capacidade de bombagem como uma das contribuições para a garantia de fiabilidade e segurança do sistema. A bombagem, que maximiza os aproveitamentos hidroelétricos, já funciona como uma gigante bateria em Portugal – representou 4,2% da eletricidade renovável consumida em Portugal em janeiro de 2023 – mas é preciso apostar noutro tipo de tecnologias de armazenamento, como as baterias de lítio, o hidrogénio ou mesmo os combustíveis renováveis de origem não biológica, por exemplo.

Pedro Amaral Jorge, CEO da APREN

No entanto, um problema subsiste: os sistemas de armazenamento não estão ainda no ponto de rendibilidade mínima exigida face ao atual modelo de mercado. Equacionar uma remuneração adequada dos serviços de armazenagem a longo prazo para assegurar o desenvolvimento e a bancabilidade dos projetos necessários, incentivando ao mesmo tempo o investimento em renováveis na produção de eletricidade, poderá ser um caminho a traçar no âmbito do futuro desenho de mercado.

Certo é que, sem a implementação de tecnologias de armazenamento, os objetivos de descarbonização dificilmente serão atingidos apenas com base naquele que é o preço grossista de mercado da energia.

Não nos esqueçamos de que a ambição é grande: o Governo pretende aumentar, até 2026, o peso das renováveis na produção de eletricidade, chegando aos 80% e antecipando quatro anos a meta estabelecida no Plano Nacional de Energia e Clima submetido à Comissão Europeia em 2020. A meta para a neutralidade carbónica é 2045.

Mais cedo do que tarde, os sistemas de armazenamento terão de surgir em massa para conferir maior eficiência, segurança e robustez ao sistema elétrico, facilitando a integração de mais energias renováveis, despacháveis e não despacháveis. Contribuirão, dessa forma, para reforçar a segurança e autonomia energética, uma meta essencial, não só por questões de soberania, mas também por questões económicas.

Pedro Amaral Jorge, CEO da APREN

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Empresários dos setores da metalurgia e da metalomecânica em networking

O Centro de Negócios de Oliveira de Azeméis acolhe o 3.º encontro Metal Networking para proporcionar momentos de networking entre empresários dos setores da metalurgia e da metalomecânica.

O Centro de Negócios de Oliveira de Azeméis vai ser palco, a 16 de março, do 3.º encontro Metal Networking do projeto Metal4Future; uma iniciativa do Informesp – Instituto de Especialização Formativa e Estudos Empresariais que tem como objetivo criar momentos de networking entre empresários dos setores da metalurgia e da metalomecânica.

Tendo por base um espírito empreendedor e cooperativo, esta iniciativa decorre num formato de reuniões céleres, com um máximo de dez minutos cada, permitindo aos empresários participantes a otimização de competências de negócio e a adição de novos contactos com agentes e outros profissionais do setor.

O evento permite ainda o fomento de parcerias estratégicas, cimentadas em processos de cooperação e competição.

O quarto e último encontro Metal Networking do Metal4Future já tem data marcada para 6 de abril, também no Centro de Negócios de Oliveira de Azeméis.

Os encontros Metal Match são uma das iniciativas inseridas na atividade METAL MATCH do projeto Metal4Future, que contempla cinco grandes ações. Entre elas estão: Talks; Innovation Metal Open Company; Metal Networking, Industry Meetings 4.0 e Simposium Metal Summit, avança em comunicado o Centro de Negócios de Oliveira de Azeméis.

O projeto Metal4Future é promovido pelo INFORMESP e cofinanciado pelo Compete 2020, Portugal 2020 e União Europeia.

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Óscar Afonso é o novo diretor da Faculdade de Economia do Porto

Professor catedrático da FEP, onde estudou e dá aulas há mais de três décadas, Óscar Afonso sucede a José Manuel Varejão e promete “atitude ambiciosa e inovadora” na escola que tem 3.200 alunos.

Óscar Afonso é o novo diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), na sequência de um processo de recrutamento iniciado há quase dois meses. O professor catedrático sucede a José Manuel Varejão, que atingiu o limite legal de dois mandatos depois de ter substituído João Proença em abril de 2015.

Eleito pelo Conselho de Representantes da Faculdade, Óscar Afonso chega assim à liderança de uma escola onde cumpriu todo o seu percurso académico, à qual está ligado há mais de três décadas e onde dá aulas nos três ciclos de estudos – licenciaturas, mestrados e doutoramentos.

“A minha maior expectativa é que todos se consigam identificar com as prioridades, objetivos e medidas, de modo que rememos todos para o mesmo lado rumo à excelência. A ambição é conseguir uma FEP colaborativa com o resto da Universidade do Porto e com uma atitude ambiciosa e inovadora capaz de responder permanentemente aos desafios sociais, económicos, ambientais e tecnológicos”, promete Óscar Afonso.

A ambição é conseguir uma FEP colaborativa com o resto da Universidade do Porto e com uma atitude ambiciosa e inovadora capaz de responder permanentemente aos desafios sociais, económicos, ambientais e tecnológicos.

Óscar Afonso

Novo diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto

Em comunicado, a faculdade, que tem 181 professores, 58 funcionários técnicos e administrativos e quase 3.200 alunos inscritos nas licenciaturas, mestrados e doutoramentos, destaca que o plano de ação para o próximo quadriénio “estrutura-se em torno de três objetivos estratégicos – ensino, investigação e impacto na sociedade – e em dez eixos estratégicos, dos quais fazem parte a internacionalização da escola, a responsabilidade social, o desenvolvimento sustentável e a transformação digital”.

A cerimónia de tomada de posse de Óscar Afonso, perante o Reitor da Universidade do Porto, está agendada para dia 21 de março, às 10h, na Biblioteca do Fundo Antigo da Universidade do Porto.

A Faculdade de Economia da Universidade do Porto é uma das mais reputadas instituições de ensino superior nestas áreas de estudos, onde se formaram personalidades como os ex-ministros Daniel Bessa, Miguel Cadilhe ou Fernando Teixeira dos Santos, a comissária europeia Elisa Ferreira, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, o antigo líder do PSD e autarca da Invicta, Rui Rio, ou o antecessor de Mário Centeno como governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.

Nos resultados da 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior 2022/2023, divulgados em setembro pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), a licenciatura de 1.º ciclo em Economia na Universidade do Porto teve a segunda mais alta nota de entrada do país (174,0), apenas abaixo do curso homólogo da Universidade Nova de Lisboa, que disponibilizou menos vagas; e registou mesmo a maior nota a nível nacional em Gestão (180,0).

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CEO demissionária da TAP contrata advogada para contestar despedimento

Sem o pagamento de qualquer tipo de indemnização, Christine Ourmières-Widener já ameaçou retirar “consequências legais”. Inês Arruda é a nova advogada da CEO demissionária da TAP.

Inês Arruda, sócia da Vasconcelos, Arruda & Associados, é a nova advogada da ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener. A gestora francesa foi demitida esta segunda-feira da companhia aérea portuguesa, onde estava desde Junho 2021.

O mandato da gestora francesa ficou marcado por várias polémicas, sendo a mais recente relacionada com o pagamento de uma indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis. Esta polémica veio ditar a sua saída da companhia.

Na segunda-feira, após analisarem o relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) sobre a saída de Alexandra Reis da TAP, Fernando Medina e João Galamba decidiram demitir a liderança da companhia aérea: o presidente do conselho de administração, Manuel Beja, e a CEO, Christine Ourmières-Widener. Para o ministro das Finanças é necessário “um virar de página que recupere laços de confiança da TAP com o país”.

Os dois gestores foram demitidos com “justa causa”, pelo que não terão direito a qualquer indemnização. Sobre o pagamento de eventuais bónus relativos aos resultados alcançados, Fernando Medina disse apenas que “serão pagas as compensações legalmente devidas pela TAP no âmbito da lei”.

Sem o pagamento de qualquer tipo de indemnização, Christine Ourmières-Widener já ameaçou retirar “consequências legais”, abrindo espaço espaço para novos capítulos da sua passagem pela TAP.

A nova defesa de Ourmières-Widener

Inês Arruda, sócia da Vasconcelos, Arruda & Associados

Inês Arruda é atualmente sócia coordenadora das áreas de Direito Laboral e Segurança Social, Insolvência e Recuperação de Empresas, Contencioso e Arbitragem da Vasconcelos, Arruda & Associados.

Licenciou-se em direito pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa em 2001. O “pontapé de saída” do seu percurso profissional foi dado na Vasconcelos, F. Sá Carneiro, Fontes & Associados, entre 2001 e 2003, enquanto estagiária. Após a inscrição na Ordem dos Advogados em 2004, Inês Arruda integrou a equipa da Uría Menéndez Advogados até 2011. Entre setembro de 2011 e abril de 2012, integrou a equipa da Arruda Advogados.

Em 2012 fundou a Vasconcelos, Arruda & Associados, uma boutique law firm, com sede em Lisboa, especializada na advocacia de negócios e empresarial, assessorando clientes nacionais e internacionais.

A advogada foi premiada como várias distinções, como Lawyer of the Year – Agency Relationship – Iberian Lawyer Labour Awards | Portugal 2020; Lawyer of the Year – Advertising – Iberian Lawyer IP & TMT Awards | Portugal 2021; Best Lawyers | Recomendada em Labor and Employment Law; Lawyer of the Year – Advertising – Iberian Lawyer IP & TMT Awards | Portugal 2022; e Lexology Client Choice Awards 2022 | Labour & Employment.

Ex-CEO da TAP “perplexa” com a atuação dos advogados da SRS e da Morais Leitão

Entre os vários anexos que foram juntos à auditoria realizada pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF) encontram-se várias referências negativas à atuação da SRS Legal, que assessorou a TAP, e à da Morais Leitão, que esteve do lado de Alexandra Reis.

A IGF foi clara nas conclusões sobre este processo de indemnização em causa, com o recurso a uma figura jurídica que não existe, isto é, um despedimento com acordo. Isto levou a IGF a concluir que o acordo da TAP com Alexandra Reis é mesmo nulo. Assim, em cinco pontos, ficaram explicadas as razões que levaram a inspeção a comunicar ao ministro das Finanças a necessidade da ex-administradora devolver 450 dos 500 mil euros brutos pagos e que levou Fernanda Medina a decidir a demissão da presidente executiva Christine Ourmières-Widener.

Mas logo nas respostas ao relatório preliminar, apresentado às partes pela IGF no final de fevereiro, Christine Ourmiére-Widener e Alexandra Reis apontam responsabilidades às sociedades de advogados Morais Leitão e SRS Legal, a que ambas recorreram externamente.

Em resposta à IGF, é respondido que Christine Ourmières-Widener “não é jurista de formação nem tem quaisquer conhecimentos jurídicos ou experiência de gestão de empresas públicas em Portugal”. Por isso, sempre que necessário, “solicita aconselhamento externo especializado”, como foi o caso. Sublinha ainda que “não foi alguma vez alertada para qualquer risco específico” que as decisões dos assessores jurídicos pudessem acarretar ou que a hipótese de enquadrar a saída de Alexandra Reis à luz das regras do estatuto do gestor público era mais favorável à TAP no que respeita a uma eventual indemnização.

E, por isso, foi com “perplexidade” que se viu confrontada, recentemente, com “as dúvidas quanto à solução jurídica encontrada”. Perplexidade essa que foi “ainda maior”, quando Christine Ourmières-Widener leu a fundamentação jurídica do relatório preliminar da IGF, explicando que “não compreende nem aceita que, no decorrer de todo o processo negocial, esses argumentos não tenham sido suscitados quer pelos consultores jurídicos da TAP (SRS Legal), quer mesmo pelos consultores jurídicos de Alexandra Reis (Morais Leitão) e ainda pelos representantes do Governo”.

Christine Ourmiére-WidenerLusa

A defesa da ex-CEO da TAP admitiu ainda que “não lhe caberia a si, pelas razões apresentadas, sequer equacionar a hipótese do enquadramento legal, à luz do Estatuto do Gestor Público”. Solução essa que “nunca foi sequer invocada pela equipa de assessores jurídicos, ao longo de todo o processo negocial”.

Tendo este “detalhe” escapado a pessoas que a ex-CEO da TAP descreve como tendo “conhecimento jurídico qualificado e com especiais deveres de zelo e diligência, quanto ao estudo de todos os cenários legais aplicados ao caso, como poderia antever outros cenários jurídicos?”, questiona a defesa da ex-líder da transportadora aérea.

No seu contraditório, a ex-CEO começa por dizer que “a condução do assunto foi atribuída a um escritório de advogados de renome que, na altura, já assessorava a TAP em questões laborais”. Relembrando que, à data, a diretora jurídica da TAP, Stéphanie Silva, se encontrava em licença de maternidade, pelo que, na equipa, não havia nenhum jurista com o perfil para matéria de tal complexidade. “Sempre que necessário, a TAP recorre a serviços jurídicos externos, fazendo-o junto de escritórios de advogados de primeira linha, como foi o caso, ao recorrer à SRS Legal”. “Foi de total boa-fé” que Christine assume ter assinado “o acordo de cessação de relações laborais”.

Por seu turno, nessas mesmas respostas aos resultados preliminares da IGF, a TAP considera que é “absolutamente normal, com base num princípio de confiança, se atue com base no aconselhamento jurídico externo (a SRS Legal)”, acrescentando que “é ainda relevante referir que a TAP já tomou a iniciativa de fazer cessar este contrato de serviços prestados pela sociedade de advogados em causa“. O mesmo foi confirmado pelo escritório liderado por Pedro Rebelo de Sousa: “a SRS Legal confirma que a assessoria jurídica à TAP — iniciada em outubro de 2020 para o processo de reestruturação da empresa — cessará a 31 de maio de 2023”, referiu fonte oficial da sociedade de advogados, cujo dossier estava entregue ao sócio César Sá Esteves.

O mandato de Christine Ourmières-Widener

Várias foram as polémicas que marcaram a passagem de Christine Ourmières-Widener na TAP. Desde logo o despedimento de milhares de trabalhadores e dos cortes salariais impostos pelo plano de reestruturação desenhado pela Comissão Europeia, que aprovou a injeção de 3,2 mil milhões de euros de verbas do Estado.

Entre as polémicas está a transformação de dois aviões A330 que foram convertidos em cargueiro. Estes aviões ficaram mais de um ano sem voar até que, em agosto, a companhia decidiu recuar e os transformou novamente em avião de passageiros. Também os vários contratos com companhias em regime ACMI (aluguer de aviões, incluindo pilotos, tripulação e manutenção), por causa do atraso da entrega de aviões Embraer, foram alvo de duras críticas.

Depois de marchas silenciosas e protestos à porta da empresa, no final do ano passado, a 8 e 9 de dezembro, Christine Ourmières-Widener enfrentou a primeira greve da companhia desde 2017, marcada pelos tripulantes de cabine. O protesto foi convocado pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, numa altura em que arrancava a negociação do novo Acordo de Empresa. E quando a companhia ainda regista prejuízos, a greve levou a TAP a cancelar 360 voos durante os dois dias, provocando perdas de oito milhões de euros em receitas e afetando 50 mil passageiros.

Antes da greve, em outubro, estalou a polémica com uma notícia, avançada pela TVI, que dava conta que Isabel Nicolau tinha sido contratada pela TAP para assumir a direção do departamento de melhoria contínua e sustentabilidade da transportadora portuguesa, por 15 mil euros mensais. Isabel Nicolau é amiga de Christine Ourmières-Widener e nunca tinha trabalhado no ramo da aviação. A nova diretora da TAP é ainda a mulher do personal trainer do marido de Christine Ourmières-Widener e um mês antes de ser contratada pela transportadora aérea nacional, o companheiro abriu uma associação sem fins lucrativos, ligada ao triatlo, com o marido da presidente executiva da TAP.

Dias antes, ainda em outubro, Christine Ourmières-Widener tinha sido envolvida numa outra polémica depois de a CNN Portugal ter revelado que a companhia tinha encomendado uma nova frota de 79 automóveis BMW para a administração e diretores, substituindo os da Peugeot. A gestora defendeu que esta renovação permitiria uma poupança de 630 mil euros anuais mas, depois das fortes críticas à administração da companhia aérea, recuou na renovação da frota automóvel. No entanto, a companhia decidiu atribuir um vale de 450 euros mensais aos diretores e administradores da TAP para serem usados na plataforma Uber, de forma a compensar a não renovação dos automóveis.

Por fim, a mudança da sede da companhia para o edifício Báltico, no Parque das Nações, foi outra das medidas da administração de Christine Ourmières-Widener que provocou forte contestação. A TAP tinha a intenção de sair do histórico edifício na Portela até março deste ano, vendendo o imóvel para passar a pagar uma renda mensal entre 3,8 milhões e quatro milhões de euros.

Tanto os sindicatos como a Comissão de Trabalhadores, assinalaram a medida como mais um caso de má gestão, alertando para a duplicação de recursos, como a segurança por exemplo. E alertaram ainda que as futuras instalações não tinham espaço para a creche que funciona 24 horas todos os dias da semana, um serviço que consideram ser “essencial” para os horários dos tripulantes, dos pilotos e dos restantes profissionais que trabalham na companhia. No início deste ano, Christine Ourmières-Widener deixou cair esta intenção.

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Mota-Engil ilumina sedes e aposta na formação para a liderança feminina

A construtora quer formar 70 mulheres por ano, em todas as geografias e empresas do grupo, para, num horizonte de três anos, desempenharem funções de liderança e gestão.

As sedes da Mota-Engil vestiram-se de roxo para assinalar, de forma simbólica, o Dia Internacional da Mulher. Com o objetivo de ser uma empresa cada vez mais representativa e inclusiva na gestão e tomada de decisão, a construtora acaba de lançar o “WoMEn Leaders – Training Program For Leadership”. Quer formar 70 mulheres por ano, em todas as geografias e empresas do grupo, para, num horizonte de três anos, desempenharem funções de liderança e gestão. A empresa estabeleceu como meta ter, pelo menos, 30% de mulheres recrutadas ou promovidas a manager até 2026.

“Temos um Plano de Igualdade de Género, que estabelece inúmeras iniciativas, desde a sensibilização, formação, igualdade de oportunidades, valorização de jovens mulheres de elevado potencial e políticas de assédio e descriminação. Mas queremos fazer mais”, começa por dizer Luís Monteiro, head of corporate HR da Mota-Engil.

A meta dos 30% em 2026 decorre do nosso Plano Estratégico – Building ’26 e, nesse sentido, estamos lançar este ano um programa inovador, em parceria com a Porto Business School, para formarmos anualmente 70 mulheres em todas as geografias e empresas do Grupo, que tenham o potencial de, num horizonte a três anos, vir a desempenhar funções de liderança e gestão“, adianta, em declarações ao ECO Pessoas.

A meta dos 30% em 2026 decorre do nosso Plano Estratégico – Building ’26 e, nesse sentido, estamos lançar este ano um programa inovador, em parceria com a Porto Business School, para formarmos anualmente 70 mulheres em todas as geografias e empresas do Grupo, que tenham o potencial de, num horizonte a três anos, vir a desempenhar funções de liderança e gestão.

Luís Monteiro

Head of corporate HR da Mota-Engil

O “WoMEn Leaders – Training Program For Leadership” irá proporcionar uma experiência de aprendizagem assente em três pilares, com o foco no desenvolvimento de competências de liderança, gestão e de adaptabilidade àquele que será o futuro corporativo. O programa contempla módulos de diversos temas, como liderança integral, finanças, resolução de problemas, sustentabilidade e gestão da mudança.

“A liderança pressupõe levar as pessoas a resultados, com brilho nos olhos, isto é, motivadas e envolvidas por um propósito. No entanto, atualmente, isso passa por conciliar métricas e ferramentas de gestão de negócio com uma orientação para as pessoas que passe pelo crescimento e desenvolvimento pessoal de cada elemento da equipa”, afirma Catarina Quintela, diretora de corporate solutions da Porto Business School.

Atualmente, a Mota-Engil — que afirma estar “comprometida em acelerar a transição para um maior equilíbrio nos próximos anos” — está próxima dos 20% de mulheres managers. Em 2022, fechou o ano com 44.000 colaboradores, em todo o mundo, entre os quais cerca de 6.000 são mulheres.

Esta quarta-feira, para assinalar o Dia Internacional da Mulher, a Mota-Engil vai proceder a um conjunto de divulgações internas e externas. “Queremos salientar a importância do tema e o compromisso da Mota-Engil em relação ao mesmo e também para reconhecermos mulheres que são exemplos pela sua trajetória profissional no Grupo”, Luís Monteiro.

Adicionalmente, as sedes da Mota-Engil iluminaram-se de roxo. “Desafiamos todas as equipas do Grupo, em todo o mundo a seguirem o exemplo e a reforçarem iniciativas que valorizem esta temática“, conclui o gestor de pessoas da construtora.

(Notícia atualizada às 12h33 com declarações da Porto Business School)

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Lei de Redução da Inflação leva Volkswagen a dar prioridade a fábrica de baterias nos EUA face à Europa

  • Joana Abrantes Gomes
  • 8 Março 2023

O maior fabricante de automóveis europeu está a aguardar pela resposta de Bruxelas aos subsídios norte-americanos, mas fontes próximas referem que a fábrica de baterias nos EUA leva maior avanço.

A Volkswagen decidiu suspender os planos para a construção de uma fábrica de baterias no leste da Europa, para dar prioridade a uma unidade semelhante na América do Norte. A decisão, segundo avança o Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês), surge depois de a maior fabricante europeia de automóveis ter dito aos seus funcionários, a semana passada, que espera receber até dez mil milhões de euros em incentivos ao abrigo da Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês) e de outros pacotes de subsídios dos EUA.

A empresa alemã estava “à espera” para ver como é que Bruxelas iria responder aos incentivos de Washington antes de avançar com um plano de construção de uma fábrica no leste europeu, mas “os planos na América do Norte avançaram mais depressa do que o esperado e ultrapassaram a tomada de decisões na Europa“, revelou uma fonte ao jornal britânico.

Espera-se que a Comissão Europeia publique, na próxima semana, o “Net Zero Industry Act”, que fará parte da sua resposta à IRA, um pacote norte-americano de incentivos fiscais para tecnologia verde no valor de 369 mil milhões de euros e que está a atrair empresas europeias para o território dos EUA.

Bruxelas procura flexibilizar as regras para auxílios de Estado e está a reavaliar se devem ser utilizados subsídios ao nível da UE. No entanto, um esboço da proposta, apresentado na semana passada aos executivos da indústria europeia, ficou aquém das expectativas.

Um alto responsável de um outro fabricante europeu de baterias, presente na reunião da semana passada, disse que o plano do Executivo comunitário “parece muito mau” e sem “medidas concretas”. Outro responsável disse ainda: “Fomos contactados por muitos Estados americanos e todos eles destacam o IRA. Quando comparamos os números, as condições que eles oferecem são muito mais interessantes do que as condições que oferecem na Europa“.

A Volkswagen, por seu lado, disse que não tinham sido tomadas decisões sobre a localização das suas fábricas na América do Norte ou na Europa e que estava empenhada no seu plano de construir mais fábricas de células na Europa. Porém, apontou que, para isso, são precisas “condições de enquadramento adequadas”. “É por isso que esperamos para ver o que o chamado Acordo Verde da UE trará”, disse a empresa.

Ainda assim, Thomas Schmall, chefe da unidade de componentes da VW, escreveu no LinkedIn, depois de participar na reunião em Bruxelas, que a VW está a fazer “progressos muito mais rápidos” com planos para construir fábricas de baterias na América do Norte em comparação com a Europa, acrescentando que o continente europeu arrisca perder “milhares de milhões de investimentos que serão decididos nos próximos meses e anos”.

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A Inteligência Artificial na transformação de negócios

  • ECO
  • 8 Março 2023

O evento "More automation, less code - How to accelerate businesses and cut costs" vai acontecer no dia 27 de março e terá como mote a automatização de negócios através da IA.

Cada vez mais os negócios têm passado por uma transformação fruto da evolução da tecnologia. A Inteligência Artificial (IA) passou a fazer parte da automação de vários processos, que se tornaram mais rápidos e fáceis, mas também trouxe algumas dificuldades, entre elas entender todo o seu potencial dentro de uma organização.

A emergência de plataformas de Low Code tem sido mais um passo nesta trajetória, especialmente devido à facilidade com que as empresas podem obter rapidamente as aplicações de que necessitam, com o objetivo de se adaptarem às novas condições de mercado.

Além disso, estas novas ferramentas estão a aproximar cada vez mais a tecnologia dos perfis não técnicos, de gestão ou comerciais. Esta tendência contribuiu para melhorar o desempenho das organizações e a experiência do consumidor ou utilizador.

Ainda assim, as dúvidas relativamente a estas ferramentas continuam a ser muitas e ainda há muitas empresas que não apostam mais na tecnologia e em todas as suas potencialidades precisamente por não se sentirem esclarecidas quanto a estas opções.

Com o objetivo de esclarecer todas estas questões, o ECO, em parceria com a Appian, vai fazer acontecer o evento “More automation, lesscode – How to accelerate businesses and cut costs”, no dia 27 de março, que contará com a presença de vários especialistas da área, como Afonso Eça, diretor de Inovação Banco BPI; José Manuel Henriques, CTO/CIO do Grupo Crédito Agrícola; Nuno Gama, Director Sistemas de Informação Banco CTT; Paulo Lima, Head of IT Sonae, e Rui Gaspar, da Appian, diretor comercial em Portugal, que irão responder às seguintes questões:

  • Como mudou o panorama das empresas nos últimos anos com o surgimento do Low Code e a automatização?
  • Fintech e Insurtech, e o reflexo da pandemia.
  • Quais são as principais tecnologias que procuram digitalizar todos os processos, sistemas e fluxos de trabalho?
  • Como podem estas plataformas ser utilizadas para melhorar o serviço e a produtividade, reduzindo simultaneamente os custos?
  • Como integrar estas plataformas no seio da equipa informática?
  • Como introduzir a filosofia Low Code nas organizações?
  • Quais são os benefícios para as empresas?
  • Que papel desempenham os utilizadores finais neste cenário Low Code?

Assista aqui:

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Galamba quer “devolver ao Estado” competências que hoje são da Anacom e da ANAC

  • Lusa e ECO
  • 8 Março 2023

Ministro das Infraestruturas disse no Parlamento que o Governo está a estudar "devolver ao Estado" competências da Anacom e da ANAC que "são do Estado e não de uma entidade reguladora".

João Galamba disse esta terça-feira no Parlamento que o Ministério das Infraestruturas “está a olhar para as competências das entidades reguladoras para reorganizar o setor”, no sentido de “devolver ao Estado competências que são do Estado e não de uma entidade reguladora”. O ministro falava sobre o caso específico da Anacom, que regula as comunicações, mas a análise em curso é mais abrangente.

Questionado pela Lusa no final da audição, João Galamba recordou que o ministério que tutela, na área dos transportes terrestres, tem um instituto público e uma entidade reguladora, ou seja, as competências administrativas e regulatórias estão separadas, o que não acontece no setor das comunicações e no setor da aviação. Em suma, “existe uma mistura de competências administrativas e de competências regulatórias”, referiu, em declarações à Lusa.

Por um lado há a AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, que é entidade reguladora, e depois o IMT – Instituto da Mobilidade e dos Transportes, que tem as competências administrativas. Este desdobramento não existe na aviação, onde apenas existe a ANAC – Autoridade Nacional de Aviação Civil, nem nas comunicações, onde há apenas a Anacom – Autoridade Nacional de Comunicações.

Esta não é a primeira vez que o Governo questiona o poder das autoridades reguladoras em Portugal, novamente sobre o caso específico da Anacom. Em outubro de 2021, no Parlamento, António Costa criticou duramente a Anacom pela demora no leilão do 5G: “Estamos todos de acordo: o modelo de leilão que a Anacom inventou é, obviamente, o pior modelo de leilão possível, nunca mais termina e está a provocar um atraso imenso no desenvolvimento do 5G em Portugal.”

De seguida, o primeiro-ministro acrescentou: “Quem construiu essa doutrina absolutamente extraordinária de que é preciso limitar os poderes dos governos para dar poder às entidades reguladoras, deve bem refletir sobre este exemplo do leilão do 5G, para ver se é este o bom modelo de governação económica do futuro.”

Já em novembro desse mesmo ano, o Ministério das Infraestruturas, então tutelado por Pedro Nuno Santos, agiu mesmo no sentido de retirar uma competência à Anacom, designadamente a de definir os objetivos de qualidade que os CTT estão obrigados a cumprir na concessão do serviço postal universal. Desde então, a Anacom tem a função de propor os indicadores e o Governo tem a palavra final. Na altura, questionado sobre esta decisão, o gabinete de Pedro Nuno Santos limitou-se a responder que “entendeu o Governo que essa competência devia ser sua”.

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“Lucros da EDP subiram 3% em 2022. Isso é extraordinário?!”, questiona Miguel Stilwell

  • ECO
  • 8 Março 2023

Líder da EDP contesta imposto extra aplicado às elétricas e diz que o mecanismo ibérico deve acabar com o “fim da crise” energética. Europa em “risco real” de perder terreno para EUA nas renováveis.

Miguel Stilwell diz não ter “nenhuma dúvida” de que os lucros extraordinários no setor da energia em 2022 foram registados pelas grandes empresas petrolíferas e de gás, dando o exemplo da Exon, da BP ou da Shell, e não pelas empresas do setor elétrico. Os nossos lucros subiram 3% em 2022. Isso é extraordinário?!”, questiona o presidente da EDP, contrapondo que são as elétricas que “investem no dia-a-dia” e estão a criar empregos em Espanha ou em Portugal.

Em entrevista ao El Pais, publicada esta quarta-feira, Miguel Stilwell contesta o mecanismo ibérico, que gerou um benefício de 489 milhões em 2022, com o argumento de que “foi criado num momento de crise, de que parece que já saímos” e “já não se dão as condições que justificaram exceção”. “Devíamos ter um sistema único para todos os países. A Europa tem mais força e é mais resiliente aos choques externos quando está integrada, não quando cada país impõe a sua exceção”, acrescentou.

Elogiando as regras “bastante previsíveis estáveis” em Portugal para investir nas renováveis, que permitiu ao país “passar ao lado da crise energética na Europa” – “em Portugal, os clientes domésticos não tiveram um grande aumento de preços nos últimos dois anos por haver muitas renováveis a preço fixo”, argumentou –, Miguel Stilwell advertiu ainda para o “risco real” de a Europa perder terreno para os EUA no investimento em renováveis, que através dos subsídios aprovados pela Administração de Joe Biden tem “uma legislação muito potente, simples e direta para promover as renováveis, o hidrogénio, o armazenamento ou as baterias”.

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Regras orçamentais voltam em 2024. Bruxelas pede fim de apoios e sustentabilidade da dívida

A Comissão Europeia avisa que os apoios para a energia, principalmente aqueles que não são direcionados, devem ser gradualmente retirados agora que a pressão dos preços aliviou.

A Comissão Europeia avançou com orientações orçamentais para 2024, que vão fazer a ponte para a reforma mais ampla das regras orçamentais da União Europeia (UE). Os países vão ter recomendações específicas e estabelecer as próprias metas para redução do défice, sendo que Bruxelas avisa que o objetivo deve ser alcançado pelo corte nas despesas e não no investimento público. A Comissão defende também que os apoios à energia devem ser retirados agora que os preços estão a recuar.

“As orientações para 2024 colocam ênfase em melhorar sustentabilidade da dívida”, salienta o vice-presidente executivo Valdis Dombrovskis, em conferência de imprensa, convidando os Estados-membros a entregar os programas de estabilidade e crescimento em abril já tendo em conta os critérios propostos pela Comissão.

Os países terão recomendações específicas mas deverão também estabelecer as próprias metas orçamentais para 2024, o que está em linha com a ideia da Comissão de ter caminhos de redução da dívida específicos para cada país. Mesmo assim, os valores de referência de 3% para o défice e 60% para a dívida em relação ao PIB vão permanecer inalterados.

A Comissão Europeia decidiu também que não serão lançados Procedimentos por Défice Excessivo este ano, mas na Primavera de 2024 estes já vão regressar.

Quanto à forma de reforçar a sustentabilidade orçamental, as recomendações são no sentido de reduzir a despesa corrente, com destaque para as medidas de apoio. “Temos estado a passar por vários anos de estímulo orçamental significativo e medidas de apoio, inicialmente num contexto da Covid-19 e depois da invasão e preços de energia altos”, salienta Dombrovskis, defendendo que é altura de começar a fasear os apoios, com destaque para os que não são direcionados aos mais carenciados.

O comissário da Economia Paolo Gentiloni cita mesmo um estudo da Direção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros que conclui que se as medidas tivessem sido especificas para as faixas mais necessitadas — isto é, os dois quintis mais baixos de rendimento — o custo seria de 0,3% do PIB e não de 1,2%, como foi até agora.

O foco deve ser assim em cortar na despesa e não no investimento público, em particular no que diz respeito à transição verde e digital. “Os Estados-membros têm de continuar a proteger investimentos públicos e garantir o uso efetivo dos fundos europeus”, alerta Gentiloni. Os países vão também ter de “identificar como é que as reformas e investimentos previstos vão contribuir para a sustentabilidade orçamental”, acrescenta Dombrovskis.

As regras orçamentais da UE foram suspensas durante a pandemia de Covid-19, mas essa suspensão vai ser levantada em 2024. Quando voltarem, as regras vão ser diferentes, sendo esta orientação uma “ponte” entre o quadro antigo e o novo.

(Notícia atualizada às 11h35)

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Setor energético português deve mobilizar 60 mil milhões até 2030

Esta estimativa é considerada pelo ministro do Ambiente "conservadora".

O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, espera que o setor energético em Portugal mobilize, até 2030, 60 mil milhões de euros de investimento. A grande fatia diz respeito ao leilão de eólico offshore.

Esta avaliação, considerada pelo ministro “conservadora”, baseia-se nos objetivos estabelecidos nos vários planos que enquadram as políticas de transição energética e de descarbonização do setor energético.

“Este é sobretudo investimento privado, mobilizado por empresas nacionais e estrangeiras” e “o interesse demonstrado leva-nos a crer que o investimento será ainda superior ao que estimamos e atingido em menos tempo”, indicou o ministro, numa audição da Comissão de Energia que decorreu esta quarta-feira.

Começando pela fatia de leão: o investimento estimado para o leilão de 10 gigawatts para instalar eólicas offshore no mar português cifra-se entre entre 30 e 40 mil milhões de euros. Além disso, à capacidade de energia produzida a partir do sol, será necessário aumentá-la em 6,4 GW, o que representa um investimento entre 4,3 e 4,7 mil milhões de euros e, no caso do eólico mais tradicional, será necessário aumentar a capacidade em 3,4 GW, o que representa um investimento entre 4 e 4,5 mil milhões de euros.

No que diz respeito à rede de transporte de energia, estão aprovados montantes de de 430 milhões de euros, até 2026.

A Estratégia Nacional para o Hidrogénio prevê ainda um investimento em projetos de produção entre sete mil milhões e nove mil milhões de euros. E, como nem todo o investimento é privado, a estratégia será acompanhada de apoios ao investimento e à produção de 900 milhões de euros até 2030. A estes valores, junta-se ainda o investimento no corredor verde de gasodutos, estimado em 204 milhões de euros pelo ministério, sem contar com os enablers.

Há ainda que ter em conta os apoios no âmbito do POSEUR e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que se cifrarão em 760 milhões de euros, na soma, respetivamente, de 150 milhões e 610 milhões de euros.

“O potencial transformacional destes investimentos é enorme”, já que “uma economia descarbonizada, assente no primado das energias limpas, renováveis e de caráter endógeno permite-nos crescer mais – e melhor”, acredita Duarte Cordeiro.

(Notícia atualizada às 11:01)

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Portugal paga 3,7% para se financiar a 13 anos. É mais do triplo do que pagou há um ano

O Estado obteve 915 milhões de euros através de dois leilões de obrigações a 9 e 13 anos. Na linha com maturidade em 2035, teve de pagar 3,7% por 518 milhões de euros, 3,2 vezes mais que há um ano.

O Estado obteve esta quarta-feira 915 milhões de euros de financiamento através da realização de dois leilões obrigacionistas com maturidade em julho de 2032 (OT 1,65% 16jul2032) e em outubro de 2035 (OT 0,9% 12out2035), ficando 8,5% abaixo do limite máximo estipulado pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) de 1.000 milhões de euros para os dois leilões.

Na linha com maturidade em julho de 2032 (9 anos e 4 meses), a República financiou-se em 397 milhões de euros pelo qual irá pagar 3,549% por ano, mais 37,7 pontos base que o preço pago a 8 de fevereiro num leilão sobre a mesma linha obrigacionista, que resultou no financiamento de 176 milhões de euros com uma yield de 3,172%

Na linha com maturidade em outubro de 2035 (12 anos e 8 meses), o Estado angariou 518 milhões de euros através de uma yield de 3,744%. A última vez que o IGCP intermediou um leilão com um período tão longo foi há cerca de um ano, a 9 de março, através da emissão de 20,96 milhões de euros da linha OT 2.25% 18Apr2034, pelo qual pagou 1,154%.

Significa que na emissão desta quarta-feira, o Estado pagou 3,2 vezes mais do que o que pagou há cerca de um ano por uma emissão semelhante. “As taxas obtidas estão em máximos históricos dos últimos seis anos e estão bem acima das obtidas nos leilões anteriores”, refere Filipe Silva, diretor de Investimentos do Banco Carregosa.

Segundo dados da Reuters, o leilão da OT 1,65% 16jul2032 contou com uma procura 2,6 vezes acima da oferta e o leilão da OT 0,9% 12out2035 teve uma procura 2,3 vezes acima da oferta.

De acordo com os resultados dos leilões de obrigações do Tesouro, é preciso recuar a 2017 para se encontrar uma operação que tenha resultado numa yield perto dos 4%. Foi a 12 de julho através da emissão de uma obrigação do Tesouro a 28 anos que resultou numa yield de 3,98%.

“Apesar de Portugal estar com taxas mais elevadas e assistir o custo do serviço da dívida a subir, tal não tem sido percecionado pelo mercado como algo que coloque em causa o crescimento do país, algo que é possível verificar pelo spread que temos versus a Alemanha e que se tem mantido estável e nos mínimos dos últimos meses”, destaca Filipe Silva.

Com os dois leilões realizados esta manhã, o saldo-vivo de todas as obrigações do Tesouro situa-se nos 164 mil milhões de euros, o equivalente a 69% do PIB; e cerca de 47% deste montante terá de ser devolvido aos investidores nos próximos cinco anos (até 2028).

Só este ano, em outubro, irá vencer 9,7 mil milhões de euros de uma obrigação do Tesouro com maturidade a 25 de outubro. E quatro meses depois, a 15 de fevereiro de 2024, o Estado terá de reembolsar mais 7,2 mil milhões de euros de uma obrigação que atingirá a data de vencimento a 15 de fevereiro.

Fonte: Refinitiv.

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