Entre a geringonça e o bloco central. Futuro do PS decide-se agora

Pedro Nuno Santos admite acordo à esquerda, quer o Estado maioritário na TAP e avança com Alcochete. Carneiro viabiliza Governo do PSD, mantém o fundo Medina e o ritmo de descida da dívida pública.

Entre uma nova geringonça e um Governo de bloco central, a liderança do PS decide-se este fim de semana. As eleições internas, que decorrem sexta-feira e sábado, vão escolher o sucessor de António Costa no cargo de secretário-geral socialista e eventual próximo primeiro-ministro. O futuro joga-se entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, ainda que exista um terceiro candidato, Daniel Adrião, que nos últimos anos, desde 2016, se tem apresentado, sem sucesso, às diretas do partido. O que une e separa os dois rivais?

Ambos afirmam-se herdeiros do “costismo” e das “contas certas”, assim como defendem a manutenção dos acordos para a melhoria dos rendimentos assinados com a Função Pública e o setor privado, que preveem um crescimento do salário mínimo e dos ordenados médios. Neste último ponto, Carneiro é mais concreto e propõe uma subida da retribuição mínima garantida para os 1.100 euros em 2028, enquanto Pedro Nuno Santos fala em “aumento do salário mínimo nacional numa perspetiva plurianual”. A atualização regular das pensões também é para continuar. Do mesmo modo, estão alinhados com o avanço da regionalização.

Mas há diferenças entre os dois que podem ditar uma viragem mais à esquerda ou mais ao centro. Aliás, os entusiastas da geringonça apoiam Pedro Nuno Santos, que colhe o favoritismo junto das estruturas do partido, enquanto os moderados, como o ainda ministro das Finanças, Fernando Medina, estão com José Luís Carneiro, que tem consigo o núcleo duro de António Costa.

Nova geringonça ou bloco central

O ex-ministro das Infraestruturas que, enquanto secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares foi a cola entre o PS, PCP e BE naquilo que se designou de geringonça, rejeita ser chamado de radical e prefere batizar-se de “social-democrata” em vez de “esquerdista”. Contudo, não esconde a preferência em reatar relações com os antigos parceiros parlamentares: “O que aconteceu em 2015 [a geringonça] teve, como é sabido, todo o meu apoio, e se houver condições para liderarmos uma maioria, assim será”.

As declarações feitas aos jornalistas no início de dezembro confirmam, aliás, o que está plasmado na moção da sua candidatura, que foi coordenada pela ex-ministra da Presidência, Alexandra Leitão: “O PS liderou uma alteração histórica na relação de forças políticas, formando um governo suportado pelos partidos à sua esquerda […] Este é um legado do ciclo de liderança de António Costa que deve ser protegido”.

E rejeita por completo fazer um acordo com o PSD, “seja de incidência parlamentar ou não”, revelando-se mesmo um “adversário do bloco central”, afirmou ao Observador.

José Luís Carneiro, por outro lado, admite viabilizar um Governo do PSD como tampão ao Chega, isto é, para evitar um Executivo de direita com o partido de André Ventura. À pergunta se pondera ajudar um Governo, liderado por Luís Montenegro, Carneiro respondeu, em entrevista à TVI: “Posso dizer o seguinte: não será por mim que o Chega chega ao poder no nosso País”.

O ainda ministro da Administração Interna critica ainda a forma como “os parceiros” da geringonça “romperam a coligação”. “Houve quem tentasse insinuar que a responsabilidade era de António Costa, mas não foi — por isso é que os portugueses nos deram uma maioria absoluta”, disse ao Observador.

Carneiro defende acima de tudo, a “autonomia” do PS para promover “entendimentos tanto à esquerda como à sua direita, buscando consensos alargados em áreas estratégicas para o desenvolvimento da democracia e do País.”

Redução da dívida pública

Os dois candidatos são apologistas das “contas certas”, mas em diferentes graus. Pedro Nuno Santos que, em 2011, no tempo da troika, disse que Portugal não tinha de pagar as dívidas, que podiam tremer as pernas aos banqueiros alemães e que se estava a marimbar, reconheceu agora, numa entrevista à TVI/CNN, que a frase foi “infeliz”.

“A estratégia de descida da dívida é essencial”, lê-se na moção da sua candidatura. Contudo, “ela não pode ser vista como uma prioridade isolada; necessita sempre de ser avaliada e ponderada face a outros objetivos e necessidades que o País enfrenta”, de acordo com o mesmo documento.

“Uma política de excedentes orçamentais acelera a redução da dívida pública, mas pode reduzir excessivamente o espaço orçamental que o governo precisa para fazer o investimento público em infraestruturas e em serviços públicos e para apoiar as famílias e as empresas. Precisamos, assim, de encontrar o equilíbrio adequado entre a prossecução da estratégia de redução da dívida pública, os objetivos de crescimento económico, de investimento público e de transformação do Estado”, defende o candidato.

As “contas certas” de Carneiro têm um peso maior e seguem a linha de Fernando Medina. “Foi possível e continuará a ser possível garantir o equilíbrio orçamental sem pôr em causa o crescimento e o investimento e assim reduzir o peso da dívida pública, garantindo um ‘porto seguro’ para a economia portuguesa, num cenário de tanta incerteza internacional”, de acordo com moção de candidatura de José Luís Carneiro, coordenada por André Moz Caldas, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.

“Não compreender a necessidade de reduzir a dívida pública é não compreender o risco que recai sobre a economia portuguesa, sobre as empresas e sobre as famílias. É não compreender que quanto mais recursos tivermos de alocar ao serviço da dívida, menos recursos podemos investir na qualificação dos portugueses, na saúde e na educação dos portugueses e no desenvolvimento de Portugal”, segundo o mesmo documento.

Fundo “Medina” para imprevistos

Tendo em conta a posição mais flexível de Pedro Nuno Santos em relação à redução da dívida pública face à necessidade de investimentos noutras áreas, é natural que o candidato se oponha à criação de um fundo soberano para o qual seriam canalizados os excedentes orçamentais, como propôs Fernando Medina.

“Se fôssemos um País que conseguisse extrair petróleo, por exemplo, e tivéssemos uma receita cuja economia era incapaz de absorver, o fundo teria mais justificação. Num quadro de uma economia como a nossa, tem menos justificação. Só faz sentido se tivermos margem orçamental para o financiar. E verdadeiramente não temos. Não podemos ter margens orçamentais à custa da perpetuação de vários problemas e, por isso, devemos usá-las para resolver os problemas que temos”, afirmou numa entrevista ao Público e à Rádio Renascença.

Pelo contrário, José Luís Carneiro elogia a ideia do ministro das Finanças, Fernando Medina, que é seu apoiante por considerar que o ainda ministro da Administração Interna é quem melhor garante “a continuidade da política de contas certas”.

TAP: venda total ou parcial

A inclinação mais à esquerda ou mais à direita também se nota nas opções que os dois candidatos irão tomar em relação a dossiês como a privatização da TAP. Pedro Nuno Santos considera que a maioria do capital deve continuar na esfera pública.

“Defendo a abertura do capital da TAP a um grupo de aviação, não a fundos ou instituições financeiras, mas que o Estado mantenha a maioria do capital. É importante a TAP não ficar sozinha, e estar integrada num grupo de aviação, mas acho que a melhor forma de garantirmos uma TAP portuguesa, sediada em Portugal, a pagar impostos em Portugal, a cobrar às empresas portuguesas e a desenvolver o hub de Lisboa. A melhor forma de garantir isso, é ficar com essa maioria de capital”, defendeu em outubro, no seu espaço de comentário na SIC Notícias, ainda antes do primeiro-ministro se ter demitido e de o próprio ter anunciado a sua candidatura a líder do PS.

José Luís Carneiro mantém a posição do atual Executivo em relação a venda da transportadora área, admitindo a privatização total, como previa o decreto-lei aprovado em Conselho de Ministros que acabou por ser vetado pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa contestou a omissão, no diploma, sobre a capacidade de acompanhamento e intervenção do Estado numa empresa estratégica como a TAP.

Carneiro defende que “há decisões que estão tomadas por parte do Conselho de Ministros que são para respeitar”, afirmou numa entrevista à TVI/CNN Portugal, ainda que tal diploma tenha sido chumbado pelo Chefe do Estado.

“O que há que salvaguardar como mais relevante é garantir que o Aeroporto de Lisboa, enquanto hub transcontinental, é salvaguardado no caderno de encargos e é uma das condições em relação à decisão sobre a quem entregar essa privatização. Mas que deve ser feita, como foi dito pelo primeiro-ministro, sem pressa, tanto mais que os resultados são positivos”, acrescentou.

Novo aeroporto da região de Lisboa

Em relação ao novo aeroporto da região de Lisboa, e conhecidas já as recomendações da Comissão Técnica Independente (CTI) para a expansão da capacidade aeroportuária que elegem Alcochete como a melhor solução para a infraestrutura complementar à Portela, Pedro Nuno Santos não perdeu tempo a anunciar que então essa será a localização do futuro aeroporto se for primeiro-ministro de Portugal.

“Como diz o povo, mais vale feito do que perfeito”. É o slogan que Pedro Nuno Santos tem incessantemente repetido quando o tema lhe é colocado. “Já perdemos demasiado tempo com a localização do aeroporto. Não podemos paralisar, continuar a arrastar com os pés”, afirmou na quarta-feira passada.

“A CTI decidiu, não há dúvidas, nem se espera que Montijo volte à baila”, afirmam ao ECO fontes próximas de Pedro Nuno Santos. “Aliás a solução Alcochete estava fechada com José Sócrates e só não avançou por causa da troika”, lembra outra fonte consultada pelo ECO.

Mais moderado, José Luís Carneiro prefere, primeiro, chegar a acordo com o principal partido da oposição, o PSD, não descartando, assim, a solução Montijo, que ficou mal classificada no estudo da CTI.

Poucos momentos depois de conhecer as conclusões apresentadas pela CTI, Carneiro defendeu que é necessário “cumprir o que o primeiro-ministro assumiu no Parlamento e perante os portugueses, que é procurar promover um diálogo com o líder da oposição”. Entretanto, os sociais-democratas constituíram um grupo de trabalho, coordenado pelo vice-presidente do partido, Miguel Pinto Luz, e composto por ex-governantes de Passos Coelho e Durão Barroso para analisar as conclusões da CTI e decidir sobre a localização do novo aeroporto, deixando ainda em aberto a hipótese Montijo.

Fonte oficial da candidatura de Carneiro à liderança do PS indicou ainda ao ECO que “é preciso chegar a um consenso tão alargado quanto possível para decidir a localização do novo aeroporto e admite manter o acordo com o PSD no sentido de fazer uma opção duradoura”. Ainda assim, o candidato a líder do PS reconhece que, “não havendo consenso, teremos de decidir em função do interesse nacional”.

Empresas e intervenção do Estado

Na frente empresarial, Pedro Nuno Santos defende a “transformação do perfil produtivo da economia nacional”, que vai permitir “pagar salários mais elevados e ter capacidade para oferecer oportunidades atrativas para os jovens qualificados”. E a sua alteração passa por “intensificar a sofisticação e complexidade dos bens e serviços produzidos”, ao mesmo tempo que definiu como prioridade na sua estratégia de políticas públicas o “investimento na ciência e investigação e na transferência desse conhecimento para as empresas”.

Nesta área, o Estado deve desempenhar um papel fundamental, sobretudo no investimento em infraestruturas: “O País carece de investimento em todos os modos de transporte: ferroviário, rodoviário, marítimo-portuário e aeroportuário”.

Aliás, na sua moção de estratégia, Pedro Nuno Santo defende mesmo uma “nova estratégia para as empresas públicas” como a Caixa Geral de Depósitos ou a CP – Comboios de Portugal, ou seja, um reforço do seu papel na economia portuguesa.

“O regime jurídico do setor empresarial do Estado, criado em 2013 durante o programa da troika, introduziu um regime apertado de controlo financeiro sobre as empresas públicas. Embora muito importante, este controle deve ser complementado com uma estratégia em que as empresas públicas, dotadas de know-how e capacidade no investimento, possam assumir um trabalho de coordenação enquanto empresas-âncora, na dinâmica de modernização e sofisticação dos setores onde atuam”, lê-se no mesmo documento.

O foco de José Luís Carneiro vai sobretudo para as micro, pequenas e médias empresas. Neste sentido, promete “criar o Programa MAIS PME, com vista para promover a melhoria das condições de financiamento e da tesouraria das micro, pequenas e médias empresas, que são responsáveis por cerca de 80% do emprego nacional”, de acordo com a moção da sua candidatura.

“Paralelamente, redirecionar para as PME uma parte dos fundos provenientes da União
Europeia para apoiar os investimentos que têm de ser feitos nos fatores de produção para a sua modernização”, lê-se ainda no documento estratégico.

O candidato defende ainda a redução do custo do do financiamento das PME, “desde logo assegurando garantias públicas junto da banca a custo zero” e o estabelecimento “de um prazo máximo de 90 dias, que deverá evoluir para os 30 dias, para os reembolsos dos financiamentos dos projetos apoiados por fundos europeus”.

Impostos: IRS, IVA e IUC

Em matéria fiscal, Pedro Nuno Santos considera que o alívio da carga tributária não deve passar tanto pela redução dos impostos diretos, nomeadamente o IRS, mas mais pela diminuição dos impostos indiretos, nomeadamente o IVA.

“Sem diminuir a importância das várias reduções da tributação sobre os rendimentos do trabalho [IRS] que foram concretizadas – e a ponderação que devem merecer novas reduções no futuro dirigidas aos rendimentos médios -, é preciso lembrar que quase metade dos portugueses não aufere rendimentos suficientes para pagar IRS, pelo que, quando baixamos este imposto, estes contribuintes em nada beneficiam dessa redução“, lê-se na sua moção estratégica.

Para o candidato a líder do PS, mais importante seria “estudar formas de reduzir a tributação indireta”, como o IVA, “que mais impacta no rendimento disponível das famílias com mais baixos rendimentos”. “Ao mesmo tempo, devem ser encontrar formas de reduzir a fatura fiscal da energia, de modo a combater a pobreza energética”, de acordo com o mesmo documento.

Em sentido inverso, José Luís Carneiro tende a concordar com a redução do IRS como forma de aliviar a carga fiscal. “Ao nível fiscal, o IRS foi reduzido, em particular para as famílias com filhos e da classe média, com a introdução da dedução fixa por filho e o aumento dos escalões”, segundo a moção da sua candidatura.

Quanto a um possível agravamento do Imposto Único de Circulação (IUC) como forma de combate às alterações climáticas, Pedro Nuno Santos é contra, revelou durante o seu espaço de comentário político na SIC Notícias: “Não sou adepto da medida”.

Carneiro tem uma posição diferente. Questionado pelo Observador se o IUC deveria ser aumentado, respondeu: “[Sim], desde que compatibilizados com o apoio ao abate dos automóveis, com valores superiores àqueles que foram propostos para efeitos de segurança rodoviária. Não podemos esquecer a dimensão da segurança rodoviária. E, segundo, para enfrentar as alterações climáticas. Posso ser um pouco mais preciso. Havia um entendimento geral na sociedade de que a questão não estava só no IUC, mas estaria no IUC e no valor para o abate automóvel”.

De recordar que o polémico aumento do IUC, previsto no Orçamento do Estado para 2024, gerou elevada contestação social, tendo o PS acabado por recuar, eliminando tal medida da proposta orçamental.

Habitação: rendas, oferta pública e dedução dos juros no IRS

Na habitação, os dois candidatos afastam uma política mais forte no controlo das rendas, colocando antes a tónica na regulação do mercado.

“A regulação de rendas não é errada por definição, mas no momento atual podia ter o efeito contrário e minguar o mercado de arrendamento”, afirmou Pedro Nuno Santos em maio do ano passado.

“Em circunstâncias excecionais como aquelas que estamos a viver, é adequado o Estado regular as rendas, na medida em que isso significa garantir condições de acessibilidade à habitação e condições de garantia de um direito fundamental. Contudo, o objetivo deve ser do lado da oferta”, defende Carneiro.

Há, contudo, diferenças nas medidas que os dois candidatos prometem implementar se vierem a chefiar o próximo Governo. Pedro Nuno Santos pretende “reforçar os mecanismos de provisão pública direta”, nas áreas onde a oferta é insuficiente. Ou seja, quer aumentar o parque público de habitação. Para isso, “é necessário criar um quadro legal que permita a conversão e transformação de espaços comerciais e de serviços em habitação de custos controlados, alterando para o efeito o regime jurídico da propriedade horizontal automática”, de acordo com a sua moção de estratégia.

Carneiro tem ainda uma proposta para quem tem crédito à habitação. “Para apoiar as famílias no que diz respeito ao crescimento da prestação creditícia, propomos a reposição da dedução fiscal em sede de IRS dos encargos com juros”, de acordo com a moção de estratégia. De salientar que só os contratos até 2011 beneficiam da dedução e que o atual Governo tem rejeitado retomar tal medida.

Contagem integral do tempo de serviço dos professores

A contagem integral do tempo de serviço dos professores (seis anos, seis meses e 23 dias) para efeitos de progressões e valorizações salariais é outro ponto de cisão entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro.

O ex-ministro das Infraestruturas é apologista do descongelamento integral não só dos professores mas de todas as carreiras da Administração Pública, ainda que de forma faseada.

“O Estado tem de perceber que tem de pagar para conseguir atrair e reter professores (…) o Governo deve procurar repor o que foi congelado em determinado momento (…) Defendo que se deve, de forma faseada, repor o tempo de serviço dos professores”, afirmou Pedro Nuno Santos em outubro.

Do mesmo modo, na moção da sua candidatura, lê-se: “Atrair para a Administração Pública pessoas qualificadas passa pela valorização das carreiras, das condições de trabalho e dos regimes funcionais e remuneratórios, incluindo a recuperação faseada do tempo de serviço congelado, mas também pela simplificação dos procedimentos de recrutamento, pela capacitação contínua e pelo desbloquear das pré-reformas voluntárias como forma de rejuvenescer os trabalhadores públicos”.

De salientar que Pedro Nuno Santos fez uma declaração de voto quando a bancada do PS chumbou a proposta do PSD que visava a reposição integral do tempo de serviços dos docentes em cinco anos. Nessa comunicação, o deputado demarcou-se da posição do grupo parlamentar, explicando que votou contra por existir disciplina de voto.

O rival, José Luís Carneiro, não se compromete com o descongelamento total da carreira dos professores, abrindo apenas a porta a negociações com os sindicatos: “O Governo aplicou uma fórmula à Administração Pública e, entre a Administração Pública, também aos professores. Os professores continuam a entender que há nesta fórmula elementos que permitiram constituir algumas desigualdades dentro da mesma carreira de professores. O meu compromisso é sentar-me com os representantes dos professores, podermos avaliar se essas alegadas desigualdades se confirmam”.

Se se confirmarem “essas alegadas desigualdades”, Carneiro diz que, primeiro, é preciso “estimar o valor orçamental para removermos essas alegadas desigualdades”. “E depois verificarmos se temos condições orçamentais para permitir que esta despesa se transforme numa despesa permanente”, afirmou o candidato em entrevistas ao Observador e Expresso.

Saúde: SNS e setores social e privado

Na área da Saúde, Pedro Nuno Santos recusa liminarmente complementar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) com os setores social e privado. O candidato tem “consciência de que uma parte da população tem recorrido de forma crescente aos seguros privados de saúde, confia menos no SNS e recorre cada vez mais aos seguros privados de saúde.” A promessa de Pedro Nuno Santos é “conseguir que o SNS torne desnecessário esse recurso”. Isto é, que cada vez menos portugueses tenham de recorrer aos seguros de saúde e aos privados.

“Há sinais de uma crescente concorrência entre setores e de uma dependência cada vez maior do SNS em relação ao privado. Por isso, os instrumentos de regulação das relações entre o setor público e o setor privado devem ser reforçados e a participação dos privados no sistema nacional de saúde deverá ter por base um quadro operacional com critérios claros”, de acordo com a sua moção de estratégia.

Pelo contrário, José Luís Carneiro é apologista de uma cooperação entre SNS e setores social e privado. “O PS deve procurar otimizar o modelo de prestação de cuidados de saúde, privilegiando os cuidados de proximidade, através da generalização das Unidades de Saúde Familiar de modelo B, cuja maior eficiência se encontra demonstrada, e articulando melhor a complementaridade do setor público, designadamente com o setor social, com vista a diminuir a pressão sobre os cuidados hospitalares, em especial os serviços de urgência, bem como deve promover uma gestão mais integrada da rede de cuidados, com a generalização das Unidades Locais de Saúde e com uma gestão da rede coordenada pela Direção Executiva do SNS”.

“O reforço dos cuidados de proximidade passará, também, pelo alargamento da oferta de cuidados de determinadas especialidades no contexto dos cuidados de saúde primários, designadamente na área da saúde oral e visual. Para garantir o reforço de 50% na capacidade de consultas, cirurgias e exames de diagnóstico, contratualizaremos um acordo com as instituições do setor social“, segundo a moção de estratégia de Carneiro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Belgas “engatilham” investimento de 10 milhões na fábrica de armas de Viana do Castelo

Com 620 trabalhadores no Alto Minho, a Browning Viana está a concluir a ampliação da unidade onde fabrica armas de caça e desporto, mas avança ao ECO que já tem aprovado outro projeto de investimento.

A Browning Viana, detida pelo grupo belga FN Herstal, vai ter mais dez milhões de euros para investir na modernização da fábrica e no aumento da capacidade de produção para 200 mil armas por ano. A fábrica de armas, que comemorou recentemente 50 anos em Portugal, tem vindo a ganhar importância dentro do grupo e prevê continuar a bater recordes de faturação e produção.

“Temos aprovado um investimento de dez milhões de euros para nos próximos anos, para começarmos a renovar processos [de produção] mais manuais”, como polimentos e pintura, adiantou ao ECO Rui Cunha, administrador da Browning Viana. Criada em 1973 onde antes existia “um pântano”, emprega atualmente 620 pessoas.

Reportagem na Browning Viana, Fábrica de Armas e de Artigos de Desporto - 22NOV23
Browning Viana produz carabinas e espingardas de caça, sob as marcas Browning e WinchesterPedro Granadeiro/ECO

Esta aposta na maior automatização vai permitir à empresa nacional voltar a aumentar a capacidade de produção, já reforçada de 150 para cerca de 180 mil armas por ano com a ampliação da fábrica que agora está a ser concluída. “Juntamente com este processo, estamos também a aumentar a nossa capacidade de produção para 200 mil armas, que pode ou não ser utilizado”, detalha Rui Cunha.

A fábrica do Alto Minho deverá fechar o ano de 2023 com a produção de 174 mil armas, prevendo aumentar este número para 179 mil no próximo ano. Com preços unitários a oscilar entre 600 os 7.000 euros, ambiciona disputar a liderança mundial no fabrico de armas de caça e desporto com o grupo italiano Beretta.

Reportagem na Browning Viana, Fábrica de Armas e de Artigos de Desporto - 22NOV23
Este ano serão produzidas 174 mil armas na fábrica de Viana do CasteloPedro Granadeiro/ECO

Detida pelo grupo belga FN Herstal, a empresa fabrica armas de caça e desporto com as marcas Browning e Winchester, sendo responsável por cerca de um terço da faturação da chamada divisão civil do grupo. A Browning é a única empresa do grupo que não fabrica armas de defesa.

“O grupo fatura na casa dos 800 milhões de euros por ano, em que pouco mais de metade [desse valor] é da divisão defesa. Nós representamos cerca de um terço da divisão civil [armas de caça e desporto]”, detalha Rui Cunha.

Faturação a caminho dos 90 milhões, com canos “dentro de casa”

Em termos de atividade, a empresa de Viana do Castelo prevê continuar a fixar novos recordes, uma tendência que se mantém desde 2019. “A nossa faturação recorde vai ser este ano, de 80 milhões de euros”, adianta o responsável, acrescentando que 2024 deverá ser mais um ano de máximos, apontando para um volume de negócios de 88 milhões de euros.

Para o crescimento do negócio tem sido determinante o aumento da procura nos Estados Unidos, que tem “continuamente vindo a aumentar”. Das armas produzidas em Portugal, apenas uma percentagem residual fica no país, sendo 99,5% para exportação. Sozinhos, os EUA captam 70% das vendas.

Vamos reduzir a contratação de pessoas e aumentar a automação. Fizemos um investimento em tecnologia de ponta.

Rui Cunha

Administrador da Browning Viana

A aposta do grupo na empresa de Viana do Castelo, com destaque para o último plano de investimentos, tem-lhe permitido aumentar o número de funcionários, atualmente nos 620. Contudo, este número tenderá a estabilizar, fruto da aposta em tecnologia de produção mais avançada.

“Uma vez que vamos automatizar alguns dos processos que temos, vamos reduzir a contratação de pessoas e aumentar a automação. Fizemos um investimento em tecnologia de ponta”, resume o administrador da fábrica. Destaca, por outro lado, as condições remuneratórias “acima da média”, com um pacote salarial base de 1.075 euros, distribuição de resultados, seguro de saúde e um fundo de pensões.

Reportagem na Browning Viana, Fábrica de Armas e de Artigos de Desporto - 22NOV23
Investimento de 21 milhões de euros permitiu modernizar a tecnologia de produçãoPedro Granadeiro/ECO

Já questionado sobre se esta aposta na modernização vai implicar despedimentos, Rui Cunha afasta a possibilidade. “Não estamos nem perto disso”, garante, adiantando mesmo que a empresa vai “aumentar o valor acrescentado da produção, aumentar o valor criado – baixar o valor das compras e substituí-lo internamente”. “É aqui que vamos substituir as pessoas”, completa.

Ora, uma das apostas passa precisamente pela internalização, já a partir de 2024, da produção de canos nesta fábrica, que até agora eram importados. Numa fase inicial, serão fabricados in house perto de 80 mil canos – os outros continuam a ser garantidos pela casa-mãe –, com o gestor a garantir que esta nova linha, avaliada em oito milhões de euros, será “uma referência no grupo”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

TAP contesta ação da ex-CEO na segunda semana de janeiro

Defesa da TAP pediu alargamento do prazo para contestar ação de Christine Ourmiéres-Widener, justificando com complexidade do processo de 1.200 páginas e indemnização de 7.819 salários mínimos.

A TAP vai apresentar a contestação à ação colocada pela ex-CEO Christine Ourmiéres-Widener até ao final da segunda semana de janeiro, segundo avançou a defesa da companhia aérea ao ECO.

Inicialmente, a TAP tinha até final de outubro para submeter a sua defesa no caso em que a gestora francesa reclama uma indemnização de quase seis milhões de euros pela forma como foi destituída do cargo de CEO. Segundo Christine Ourmiéres-Widener não houve justa causa no seu despedimento, mas tratou-se antes de “mera conveniência política” e que a sua demissão serviu para “abafar” as falhas do Governo.

No entanto, face à complexidade do processo, a defesa da transportadora – que está a ser liderada pelo advogado Nuno Salazar Casanova e Madalena Afra Rosa, da Uría Menendez — pediu ao tribunal o alargamento do prazo de contestação de mais 30 dias. Que foi concedido.

Uma das razões para este pedido tem a ver com o facto de a petição inicial ter 151 páginas, num processo que tem um volume que supera as 1.200 páginas, incluindo anexos. Por outro lado, os advogados lembram que o pedido de indemnização é “extremamente avultado, de quase seis milhões, correspondente ao salário mínimo de 7.819 pessoas”. “O que por si só é revelador da complexidade deste processo”, argumentaram.

Entre outros pontos, a defesa fez ainda notar que Christine Ourmiéres-Widener teve 183 dias para preparar a sua ação, entre o dia da destituição (6 de março) e o dia em que o processo deu entrada (5 de setembro), e que precisa de tempo para analisar as alegações que remontam a 2021.

“Tal implica que, para reconstituir os factos, haverá que solicitar informações a Membros do Governo e dos seus gabinetes, ficando as Rés dependentes do tempo de resposta, que normalmente é demorado”, segundo o requerimento apresentado pela defesa no tribunal.

A demissão de Christine Ourmières-Widener aconteceu na sequência da polémica indemnização de 500 mil euros brutos paga à antiga administradora executiva Alexandra Reis para renunciar ao cargo na TAP, que foi considerada ilegal pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF). O anúncio foi feito a 6 de março pelos ministros das Finanças e das Infraestruturas, Fernando Medina e João Galamba (que, entretanto, se demitiu), em conferência de imprensa.

O mandato da ex-CEO terminou formalmente a 12 de abril, quase 22 meses depois de tomar posse. Além de Christine Ourmières-Widener, também foi demitido o presidente do conselho de administração, Manuel Beja. Alexandra Reis teve de devolver a maior parte da indemnização.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal vai vender dívida na Ásia à boleia da subida do rating

O IGCP vai fazer no início de 2024 um "roadshow" para atrair mais investidores para as obrigações do Tesouro nacionais. Subida do rating da S&P para "A" pode chegar em abril.

O IGCP vai realizar um roadshow na Ásia no início do próximo ano, aproveitando a melhoria da classificação de risco da dívida portuguesa, que este ano entrou para o patamar ‘A’ da Fitch e Moody’s. O Governo acredita que o mesmo pode acontecer com a S&P Global em abril, conseguindo o pleno das três maiores agências.

A “operação de charme” junto dos investidores asiáticos foi revelada esta quarta-feira pelo secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, durante o Investment Management and Pensions Forum, uma conferência organizada pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP). O objetivo é diversificar o investimento na dívida pública portuguesa: “O aumento da pool de investidores e da procura cria melhores condições para uma trajetória positiva da taxa de juro da divida portuguesa”, justificou ao ECO.

Não é a primeira vez que Portugal procura seduzir investidores asiáticos. Em maio de 2019 tornou-se o primeiro país da Zona Euro a emitir obrigações em moeda chinesa, as chamadas Panda Bonds. Foram colocados 2.000 milhões de renminbis, reembolsados em junho de 2022.

O roadshow procura tirar partido da dinâmica positiva da dívida portuguesa e das recentes subidas da classificação de risco. No final de setembro, a Fitch subiu o rating de Portugal, de ‘BBB+’ para ‘A-‘ e em novembro foi a vez da Moody’s, que elevou a notação de ‘Baa2’ para ‘A3’. Entre as três grandes agências, só a S&P Global mantém o país no patamar B. Mas isso deverá mudar nos próximos meses.

S&P pode subir Portugal para ‘A’ em abril

João Nuno Mendes afirmou na sua intervenção na conferência que a S&P poderá colocar Portugal na primeira divisão dos ratings por volta de abril. Em setembro, a agência manteve a classificação em ‘BBB+’, mas melhorou a perspetiva para “positiva”, o que normalmente aponta para uma revisão em alta alguns meses depois. A próxima janela de decisão deverá ser em março ou abril.

O facto de já termos duas das três grandes agências com ‘A’ já significará um efeito muito significativo de mais investidores para Portugal e mais procura pela dívida portuguesa. Se tivermos também a S&P, naturalmente será bem-vindo e muito positivo.

João Nuno Mendes

Secretário de Estado das Finanças

“É uma possibilidade para a qual temos uma expectativa positiva, mas que depende da avaliação da agência”, aponta o secretário de Estado das Finanças. “O facto de já termos duas das três grandes agências com ‘A’ já significará um efeito muito significativo de mais investidores para Portugal e mais procura pela dívida portuguesa. Se tivermos também a S&P, naturalmente será bem-vindo e muito positivo”, acrescenta.

João Nuno Mendes mostrou na conferência da APFIPP os argumentos que a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) levará para o roadshow. Portugal tinha a 12 de dezembro a nona taxa de juro mais baixa nas obrigações com maturidade a 10 anos (2,88%) entre os países da moeda única, menos de dois pontos base acima da taxa dos títulos da União Europeia (2,79%), praticamente igual à da Bélgica (2,82%) e abaixo da Eslovénia (3,09%) e Espanha (3,19%).

“É muito importante referir que pela primeira vez na história temos um rating da Moody’s, que está acima de Espanha”, destacou o governante, afirmando que a diferença na taxa face ao país vizinho representa uma poupança entre 900 milhões e 1,2 mil milhões em juros no stock da dívida portuguesa por ano.

O secretário de Estado das Finanças salientou também que Portugal deverá terminar o ano com uma dívida pública de 103% do PIB, inferior à Bélgica, Espanha e França. Em 2024, deverá baixar dos 100%, afastando o país do grupo dos mais endividados. “Podemos antecipar que a diferença entre Portugal e estes países irá aumentar nos próximos anos, olhando apenas para o diferencial no défice das contas públicas, que neste momento ronda os 3 a 4 pontos percentuais”, referiu.

Só três Estados-membros têm previsto um excedente orçamental este ano: Chipre, Irlanda e Portugal. Espanha antecipa um saldo negativo de 3,9%, França de 4,9% e a Bélgica de 5,2%.

João Nuno Mendes destacou por fim a melhoria do sistema financeiro nos últimos anos, que apresenta já níveis de capital superiores à média da União Europeia. “O rácio de Comon Equity Tier 1 em Portugal está em 16,2%, acima dos 16% da UE”, detalhou.

Argumentos com que o IGCP vai “vender” a dívida portuguesa junto dos investidores asiáticos, procurando com o aumento da procura baixar ainda mais as taxas a que Portugal se financia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

Banco de Portugal divulga previsões para a economia, enquanto o INE publica dados sobre o tecido empresarial português. Serão ainda conhecidos dados sobre os gastos dos empregadores com ordenados.

Esta sexta-feira são conhecidas as novas previsões do Banco de Portugal para a economia portuguesa. O INE publica os dados sobre as empresas em Portugal, enquanto o Eurostat divulga as estatísticas sobre os custos do trabalho e do comércio internacional de mercadorias. Arrancam as eleições diretas para escolher o próximo secretário-geral do PS.

Banco de Portugal atualiza previsões

O Banco de Portugal (BdP) vai apresentar o boletim económico de dezembro, com uma análise detalhada sobre a evolução da economia no ano corrente, incluindo uma projeção macroeconómica para o ano em curso. Nas últimas projeções, divulgadas em outubro, a entidade liderada por Mário Centeno, reviu em baixa as projeções para o crescimento do PIB este ano de 2,7% para 2,1%. Já a inflação foi revista em alta para 5,4% em 2023.

Quantas empresas foram criadas em Portugal?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar um conjunto de dados sobre as empresas em Portugal, referentes a 2022. Em 2021, foram criadas 187.036 empresas em território nacional, o que representa um aumento de 21,2% face a 2020, de acordo com os dados do gabinete de estatísticas.

Eurostat divulga dados sobre custos do trabalho

O Eurostat vai publicar esta sexta-feira os dados relativos ao custo do trabalho na Zona Euro e na União Europeia (UE), referentes ao terceiro trimestre deste ano. No segundo trimestre, os gastos dos empregadores em Portugal com ordenados cresceram em torno de 3%, tendo sido essa a quarta menor variação positiva registada entre os países do Velho Continente. Serão ainda conhecidos dados sobre o comércio internacional de mercadorias, referentes a outubro.

Arrancam as eleições diretas para escolher o próximo secretário-geral do PS

Cerca de 60 mil militantes socialistas podem votar a partir desta sexta-feira e até sábado nas eleições diretas do partido, tendo em vista escolher o novo secretário-geral do PS. Na corrida à sucessão de António Costa estão o atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, o ex-ministro e deputado Pedro Nuno Santos e o dirigente socialista Daniel Adrião.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Conselho Europeu dá ‘luz verde’ a novo pacote de sanções contra a Rússia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 14 Dezembro 2023

O 12.º pacote de sanções contra Moscovo, aprovado esta quinta-feira na cimeira europeia, abrange as exportações de diamantes e reforça as sanções já existentes às exportações de petróleo russo.

Depois do acordo para a abertura de negociações formais à adesão da Ucrânia e da Moldova à União Europeia (UE), os líderes dos Estados-membros aprovaram esta quinta-feira o 12.º pacote de sanções contra a Rússia, avança a agência France-Presse.

Este novo pacote, que recebeu ‘luz verde’ na última reunião do Conselho Europeu deste ano, visa as exportações de diamantes e uma melhor aplicação do limite máximo aplicado ao preço do petróleo proveniente de Moscovo, com o objetivo de reduzir as receitas que o Kremlin obtém com a venda de crude a países terceiros.

Os líderes europeus alertam para o facto de se estarem a esgotar o número de setores que podem ser alvo de sanções por Bruxelas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

+M

Media Capital aprova dividendo de 4,2 cêntimos por ação

  • ECO
  • 14 Dezembro 2023

Na assembleia-geral extraordinária da empresa, detentora da TVI, foi aprovada a proposta de pagar dividendos aos acionistas "provenientes de reservas livres".

O grupo Media Capital aprovou esta quinta-feira o pagamento de um dividendo líquido de 4,2 cêntimos por ação aos acionistas, segundo comunicado ao mercado.

Na Assembleia Geral Extraordinária da Sociedade “foi por unanimidade aprovada a proposta apresentada pelo Conselho de Administração para o pagamento de dividendos aos Acionistas, provenientes de reservas livres pelo valor de Euro 0,042 Euros por ação“, lê-se na nota publicada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A Media Capital, dona da TVI, tinha indicado antes que o valor a distribuir ascendia a 3,5 milhões de euros. No ano passado a empresa teve lucros de 36,7 milhões de euros, em grande parte devido à mais valia conseguida com a venda do negócio das rádios.

Já no primeiro semestre de 2023 teve prejuízos de 4,8 milhões de euros e anunciou a intenção de avançar com um plano de rescisões.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

25 maiores scaleups nacionais já levantaram 275 milhões. Conheça o top 25

A Critical Techworks, a Powerdot e a Flaner lideram o top 3 do ranking. Tem havido uma "descida constante no nascimento de startups nos últimos cinco anos", alerta o "Scaleup Portugal 2023", da BGI.

As 25 maiores scaleups nacionais já levantaram um total de 275,45 milhões de euros, cerca de 80% do total de investimento levantado pelo ecossistema de startups digitais em Portugal, entre 2018 e novembro de 2023, revela o relatório “Scaleup Portugal 2023”, da BGI-Building Global Innovators, conhecido esta quinta-feira. A Critical Techworks, a Powerdot e a Flaner lideram o top 3 do ranking. Tem havido uma “descida constante no nascimento de startups nos últimos cinco anos”, alerta o relatório.

As 413 tecnológicas analisadas levantaram, entre 2018 e novembro deste ano, um total de 349.114.931,77 euros, tendo gerado receitas acumuladas de 711.085.544 euros entre 2018 e 2022. Mais de 60% das startups/scaleups identificadas atuam na área de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), seguida de Consumo & Web, com cerca de 17%; CleanTech & Indústria 4.0 (14,5%) e MedTech & Health IT (7%).

Perfil das top 25

Destes montantes, só as 25 empresas que compõem o ranking levantaram no mesmo período um total de 275,450,670 euros, o que seja, cerca de 80% do total de investimento levantado pelo ecossistema de startups tecnológicas digitais, tendo gerado receitas de 529.916.301,87 euros, ou seja, perto de 75% do volume de negócios de todo o ecossistema analisado.

A Critical Techworks, a Powerdot e a Flaner lideram o top 3 do ranking.

Com 12 empresas no top 25, as startups TIC são as mais representadas (48%), seguida da área de CleanTech & Indústria 4.0 (com sete empresas); e da área de Consumo & Web (seis empresas). Nenhuma startup/scaleup da área de MedTech & Health IT faz parte do Top 25.

Do total de investimento levantado é a área de Clean Tech & Indústria 4.0 que absorveu a maior fatia, um total de mais de 191 milhões de euros, tendo gerado mais de 100 milhões de euros de receitas, ou seja, 67% do total de investimento levantado e 19% das receitas geradas. Um resultado em muito influenciado pela montante de investimento levantado pela Powerdot.

As startups TIC levantaram 33,9 milhões (12% do total levantado) tendo gerado receitas na ordem dos 402 milhões de euros (76%). Estes resultados são fortemente influenciados pela Critical TechWorks, joint-venture entre a Critical Software e a BMW, aponta o relatório.

As startups de Consumo & Web, por seu turno, levantaram mais de 47,7 milhões, tendo gerado receitas de mais de 36,45 milhões. Esta categoria é fortemente influenciada ao nível do parâmetro de investimento pelo montante levantado pela Coverflex (42% do top 10 da categoria) e do lado das receitas pela Flaner (62% do top 10 da categoria).

No segmento MedTech & Health IT foi levantado pouco mais de oito milhões tendo sido gerado receitas acima de 5,1 milhões. Nenhuma destas startups faz parte do Top 25 da edição deste ano do relatório. De resto, nos últimos dois anos, apenas quatro startups desta categoria atingiram as 25 posições cimeiras, situação que a BGI aponta ao maior tempo de desenvolvimento tecnológico exigido a este tipo de empresas.

Lisboa concentra startups e investimento

Cerca de metade das startups no Top 25 estão localizadas em Lisboa (12), seguida de Porto (4), Braga (2) e Aveiro (2). Uma distribuição geográfica que reflete a mesma centralização do ecossistema como um todo. Lisboa é a casa mãe de mais de 35% das startups analisadas, que levantaram cerca de 60% do investimento do ecossistema. Porto (20%) e Braga (7%) fecham o top 3 das cidades nacionais mais inovadoras, tendo agregado 13% e 8% do capital levantado entre 2018-2023.

O ecossistema é predominantemente alimentado por investimento estrangeiro. Entre 2018 e 2023, cerca de 95% do total de investimento levantado tem origem no mercado externo. “A França destaca-se como um investidor chave nas empresas portuguesas, contribuindo para 68% do total levantando no Top 25”, aponta o relatório. Uma parte significativa é relativo aos 150 milhões levantados pela Powerdot junto a um fundo de venture capital francês.

O investimento de venture capital representa 88% do investimento total; angel investors contribuem com cerca de 9% do investimento.

Alertas ao ecossistema

A dependência do ecossistema do investimento externo é uma das fragilidades do ecossistema apontadas no relatório, que fala da necessidade de uma maior diversidade de fontes. Mas não só.

Tem havido uma “descida constante no nascimento de startups nos últimos cinco anos”, alerta o relatório que assinala ainda outras áreas problemáticas, como o desequilíbrio de género, pese embora alguma melhoria. Hoje do top 25, uma larga maioria dos fundadores – 87,2% – é do sexo masculino, há um ano representavam 96%.

 

Além disso, 79,5% do top 25 dos fundadores são portugueses, uma subida dos 67% do ano anterior. “Isto indica uma subida do sucesso empreendedor no seio da comunidade portuguesa. Contudo, também destaca o potencial desafio em atrair fundadores internacionais para o ecossistema.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lacerda Machado recorre das medidas de coação no inquérito da Operação Influencer

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2023

A defesa argumenta que à exceção do Termo de Identidade e Residência, as restantes medidas, decretadas em novembro no âmbito da Operação Influencer, devem ser revogadas.

A defesa de Diogo Lacerda Machado pede a revogação das medidas de coação mais graves decretadas no inquérito da Operação Influencer, alegando que não existe risco de fuga ou indícios de crime que as justifiquem.

No recurso das medidas de coação a que a Lusa teve acesso esta quinta-feira e que será apreciado pelo Tribunal da Relação de Lisboa, a defesa do advogado Diogo Lacerda Machado, consultor da empresa Start Campus – também arguida no processo – e amigo do primeiro-ministro, António Costa, alega que não existe qualquer indício de tráfico de influências assim como risco de fuga pelo que “nada permite que subsistam (…) as medidas de coação decretadas pelo despacho”.

A defesa, a cargo do advogado Manuel Magalhães e Silva, argumenta que à exceção do Termo de Identidade e Residência (TIR), as restantes medidas, decretadas em novembro, devem ser revogadas. No final do interrogatório judicial da Operação Influencer, Diogo Lacerda Machado ficou fortemente indiciado por tráfico de influência e sujeito a uma caução de 150 mil euros e entrega de passaporte.

O recurso contesta a indiciação por tráfico de influência no que diz respeito ao licenciamento da construção do Datacenter de Sines numa Zona Especial de Conservação (ZEC), falando em “impossibilidade cronológica” descrita nos autos.

Segundo o recurso, Lacerda Machado não teve “intervenção sobre este tema junto de qualquer entidade pública, fosse do secretário de Estado João Galamba ou do presidente da APA [Agência Portuguesa do Ambiente] Nuno Lacasta, fosse do ministro Duarte Cordeiro e mesmo do chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária”, algo que “é corroborado pela reconstituição cronológica factual, se feita com correção”.

No essencial, a defesa argumenta que está descrito no processo que a solução para o licenciamento da construção do Datacenter ficou decidida em maio de 2022, numa conversa entre o presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e o então secretário de Estado João Galamba.

“O tema ZEC, como possível obstáculo ao licenciamento da implantação do Datacenter, surge e tem solução, aliás absolutamente legal e lícita, no período que medeia entre agosto de 2021 e maio de 2022. Período durante o qual o arguido não reuniu nem falou (…) com o Chefe de Gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária (…), com quem só veio a reunir e falar em 22 de dezembro de 2022, sete meses depois de encontrada a solução”, lê-se no recurso.

Segundo a defesa, os autos mostram que Lacerda Machado “não teve qualquer intervenção sobre o tema ZEC, seja para pedir, influenciar ou sequer sugerir qualquer solução” e que a decisão do juiz de instrução assenta num “erro factual”, bem como “num juízo errado”. Isto, acrescenta, porque a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) favorável com medidas compensatórias que veio a ser decidida não é ilegal, cumprindo a legislação em vigor.

O recurso deixa ainda críticas à indiciação do Ministério Público (MP), alegando que “nada permite concluir” que Lacerda Machado tenha sido contratado pela Start Campus por ser o melhor amigo do primeiro-ministro, “logo, em posição de se aproveitar da relação para exercer pressão sobre os decisores públicos, quando chamados a decidir sobre temas” da empresa.

“À míngua de prova direta do pacto criminoso”, o MP apoiou-se na tese de tráfico de influência na decisão da AIA, “prova indireta” que a defesa contesta, argumentando que “sem indícios de crime, não há medidas de coação”. O recurso aponta ainda que “nada nos autos evidencia qualquer indício de risco real e iminente de fuga” e que “capacidade económica, residência de filhos em diferentes geografias e laços profissionais à Guiné (…) nada permitem concluir sobre perigo concreto de fuga”.

Esta investigação tornou-se pública com a operação realizada em 7 de novembro pelo MP, que envolveu 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas: Vítor Escária, Diogo Lacerda Machado, os administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas.

No total, há nove arguidos no processo, incluindo o agora ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado, antigo secretário de Estado da Justiça e ex-porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

O processo está relacionado com a exploração de lítio em Montalegre e de Boticas (ambos distrito de Vila Real), com a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e com o projeto de construção de um centro de dados (Data Center) na zona industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.

O primeiro-ministro, António Costa, que surgiu associado a este caso, foi alvo da abertura de um inquérito no MP junto do Supremo Tribunal de Justiça, situação que o levou a pedir a demissão, tendo o Presidente da República marcado eleições antecipadas para 10 de março de 2024.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Despedimento da CEO da TAP? “Eu não o teria feito”

Pedro Nuno Santos, que levou Christine Ourmière-Widener para a companhia aérea, teria mantido a ex-CEO em funções, apesar do polémico afastamento de Alexandra Reis.

Pedro Nuno Santos, candidato a secretário-geral do PS, em entrevista ao ECO - 14DEZ23
Pedro Nuno Santos, candidato a secretário-geral do PS, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

Christine Ourmières-Widener chegou à liderança TAP em junho de 2021, escolhida pelo então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos. O agora candidato à liderança do PS não quer comentar o processo de despedimento, que levou a ex-CEO a processar a companhia aérea, mas afirma que não a teria afastado. “O que posso dizer é: um, não fui eu que fiz o despedimento; dois, eu não o teria feito”, afirma Pedro Nuno Santos, em entrevista ao ECO.

A iniciativa de afastar a antiga administradora executiva Alexandra Reis partiu de Christine Ourmières-Widener, devido aos desentendimentos sobre decisões estratégicas para a TAP. A gestora acabou por renunciar ao cargo, após chegar a acordo com a companhia para receber uma indemnização bruta de 500 mil euros.

Foi a revelação desse valor, no final de dezembro de 2022, que acabaria por levar à demissão de Pedro Nuno Santos do cargo de ministro das Infraestruturas e à criação da Comissão Parlamentar de Inquérito.

Christine Ourmières-Widener seria demitida com “justa causa” pelo seu sucessor no Ministério, João Galamba, e pelo colega das Finanças, Fernando Medina, sem direito a qualquer compensação. O que levou a ex-CEO a avançar com um processo em tribunal contra a TAP, onde exige uma indemnização de 5,9 milhões de euros, que o candidato à liderança do PS recusou comentar.

Sobre o novo aeroporto, Pedro Nuno Santos garantiu que nos últimos anos o Governo “não esteve” capturado pela ANA, a concessionária, e que não está condicionado pelo despacho que assinou quando era ministro, onde se previa a construção de um aeroporto no Montijo e outro mais tarde em Alcochete. O diploma foi revogado no dia seguinte pelo primeiro-ministro.

O candidato à liderança do PS garante que vai seguir as recomendações do relatório sobre as opções estratégicas para o aumento da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, apresentado pela Comissão Técnica Independente no início do mês.

O meu compromisso é com as conclusões da Comissão Técnica Independente, que resulta de um acordo entre o Governo e o PSD, era eu ministro das Infraestruturas”, afirma. “É a partir das conclusões da comissão técnica independente que a decisão será tomada“, garante.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo israelita avisa que guerra em Gaza durará “mais do que alguns meses”

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2023

"Vai levar tempo – mais do que alguns meses –, mas vamos derrotá-lo e destruí-lo", disse o ministro da Defesa israelita.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, avisou esta quinta-feira que a guerra contra o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza vai durar “mais do que alguns meses”.

Gallant emitiu tais declarações num encontro com o responsável norte-americano, o conselheiro da Casa Branca para a Segurança Nacional, Jake Sullivan, enviado para expressar a preocupação de Washington com o elevado número de vítimas civis no território palestiniano sitiado.

O Hamas é uma organização terrorista que foi construída ao longo de uma década para combater Israel e que criou infraestruturas subterrâneas e aéreas que não é fácil destruir. Vai levar tempo – mais do que alguns meses –, mas vamos derrotá-lo e destruí-lo”, sustentou Gallant.

Antes de aterrar em Jerusalém, onde se reuniu com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, Sullivan já tinha sugerido que o Exército de Israel deve encontrar uma forma de reduzir a intensidade dos seus bombardeamentos à Faixa de Gaza.

O Governo israelita declarou guerra ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) – desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – em retaliação ao ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado hebraico, em 1948, perpetrado em território israelita por combatentes daquele grupo a 7 de outubro, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, segundo as autoridades.

O número de mortos em Gaza aproxima-se agora dos 18.800 – 70% dos quais mulheres, crianças e adolescentes –, vítimas dos intensos bombardeamentos israelitas daquele enclave palestiniano pobre, segundo o Ministério da Saúde local. O Exército indicou ter efetuado “ataques cirúrgicos” a vários locais nos arredores de Khan Yunes, a grande cidade do sul da Faixa de Gaza.

De acordo com o Ministério da Saúde tutelado pelo Hamas, 67 pessoas foram mortas durante a noite em todo o território. O Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, também é esperado em breve em Israel, ao passo que a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, deverá deslocar-se ao Líbano no sábado e a Israel no domingo.

A 7 de outubro, o Exército israelita lançou uma campanha de ataques aéreos devastadores à Faixa de Gaza e, desde 27 de outubro, tem vindo a conduzir uma ofensiva terrestre paralela contra o Hamas, inicialmente concentrada no norte e em seguida alargada a todo o território.

No dia do ataque do Hamas a Israel, cerca de 240 pessoas foram também sequestradas e levadas para Gaza, 135 das quais, segundo o Exército, se encontram ainda nas mãos do Hamas e de grupos afiliados, após a libertação de 110 reféns durante uma trégua de sete dias que terminou a 01 de dezembro. O Exército israelita anunciou que 116 soldados morreram desde o início da ofensiva terrestre em Gaza.

Após uma resolução não-vinculativa aprovada na terça-feira por uma esmagadora maioria pela Assembleia-Geral da ONU apelando para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, as iniciativas diplomáticas têm-se multiplicado. Os Estados Unidos – fervorosos apoiantes dos israelitas e contra um cessar-fogo imediato, que, segundo Washington, deixaria o Hamas a controlar o território – expressaram nos últimos dias a sua impaciência, com o Presidente, Joe Biden, a criticar os “bombardeamentos indiscriminados” e a referir uma possível “erosão” do apoio ocidental a Israel.

Na Faixa de Gaza, os civis estão a concentrar-se em áreas cada vez mais exíguas, procurando escapar aos bombardeamentos e confrontando-se com condições humanitárias desesperadas. Segundo a ONU, cerca de 85% dos 2,4 milhões de habitantes do pequeno território sobrepovoado encontram-se deslocados: viram-se forçados a abandonar as suas casas e fugir, muitos deles várias vezes desde o início da ofensiva israelita.

Israel impôs a 9 de outubro um cerco total à Faixa de Gaza, que causou graves problemas de escassez de vários produtos: comida, água potável, eletricidade, medicamentos e combustível. A ONU não tem parado de repetir que a ajuda humanitária é insuficiente e que a sobrelotação dos campos onde estão refugiadas dezenas de milhares de deslocados está a desencadear doenças, além da fome e da ausência de cuidados médicos.

A ajuda, cuja entrada no enclave palestiniano depende da autorização de Israel, entra apenas em quantidades muito reduzidas pelo posto fronteiriço de Rafah, com o Egito – o único que as autoridades israelitas não controlam -, estando o acesso ao resto do território cortado pelos combates.

O Cogat, o organismo do Ministério da Defesa israelita encarregado dos assuntos civis palestinianos, garantiu contudo na rede social X (antigo Twitter) que o Exército tem autorizado “pausas para fins humanitários, a fim de permitir que os civis reabasteçam as suas reservas, nomeadamente de alimentos e água”.

Na Cisjordânia ocupada, onde 270 palestinianos foram desde 07 de outubro mortos pelo Exército e por colonos israelitas, a violência intensificou-se mais ainda, tendo um ‘raid’ israelita feito nos últimos dias 11 mortos, segundo a Autoridade Palestiniana.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Trabalhadores a recibos verdes do GMG continuam sem receber salário

  • Lusa
  • 14 Dezembro 2023

Não deixa de ser uma curiosa coincidência que o mês que se regista o atraso mais gravoso seja aquele em que os trabalhadores precários estão a receber um 'contrato de prestação de serviços', diz o SJ.

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) alertou esta quinta-feira que os trabalhadores a recibos verdes do Global Media Group (GMG) ainda não receberam o salário nem uma explicação para este atraso, segundo uma carta aberta.

No documento, a direção do SJ justificou que, “uma vez que a nova administração do GMG não tem respondido às missivas do Sindicato dos Jornalistas” entendeu “publicar uma carta aberta a alertar a empresa para a gravidade do atraso no pagamento dos salários dos trabalhadores a recibos verdes, que ao dia 14 de dezembro continuam sem salário ou uma explicação para o atraso“.

O GMG detém publicações como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e O Jogo.

Na missiva, o SJ disse que, no dia 05 de dezembro, e tendo em conta o “atraso no pagamento dos salários aos trabalhadores”, alertou a administração do GMG para “o prazo de pagamento do subsídio de Natal” que não foi cumprido.

“Questionámos, também, se havia uma estimativa de quando iriam pagar aos denominados ‘trabalhadores a recibos verdes'”, destacou.

Chegados a dia 14 de dezembro, somos informados de que estes trabalhadores precários ainda não receberam as retribuições respeitantes ao mês de outubro nem obtiveram qualquer esclarecimento sobre quando poderão vir a receber“, lamentou a direção da estrutura.

O SJ perguntou ainda quando é que a situação estará resolvida e qual o motivo do atraso.

Infelizmente, o GMG desrespeita, há anos, de forma continuada, os prazos de pagamento aos denominados ‘trabalhadores a recibos verdes’, que, este ano, nunca receberam antes do dia 10 do mês seguinte, ou seja, na prática recebem a mais de 50 dias”, referiu.

O SJ realçou ainda que “não deixa de ser uma curiosa coincidência que o mês que se regista o atraso mais gravoso seja aquele em que os trabalhadores precários estão a receber um ‘contrato de prestação de serviços’” que “considera desumano e contrário às mais elementares boas práticas e orientações internacionais, europeias e nacionais”.

Segundo o sindicato, isto mostra uma “prática em contraciclo por parte do GMG que é reveladora da ausência de estratégia e acentua o desnorte das medidas mais recentes”.

Para o SJ, a análise desse documento “não se coaduna com o tempo que os trabalhadores precisam para, de cabeça calma e contas pagas, perceber o que lhes é proposto”.

Em face do reiterado desrespeito evidenciado pela empresa face aos trabalhadores, o SJ espera que não haja qualquer relação entre o atraso no pagamento dos salários e as reservas, naturais, dos trabalhadores precários em assinarem um contrato leonino, através do qual a empresa se pretende furtar a toda e qualquer responsabilidade, reclama um conjunto direitos incomportáveis e atira para cima dos alegados ‘prestadores de serviço’ todos os deveres”, salientou.

O sindicato exige ainda uma garantia da administração para deixar estes trabalhadores “ponderarem e serem esclarecidos sobre a proposta apresentada e reclama o pagamento imediato das retribuições destas pessoas”.

A Administração do GMG abriu um programa de rescisões por mútuo acordo, para trabalhadores até 61 anos, com contrato sem termo, sendo que as compensações serão divididas por 18 meses, segundo um comunicado interno, noticiado a 11 de dezembro.

O GMG já tinha dito que iria negociar “com caráter de urgência” rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”, como anunciou no dia 06 de dezembro, num comunicado interno.

A situação do grupo tem motivado protestos dos trabalhadores, tendo várias direções de publicações já apresentado a demissão.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.