Medina antecipa que dívida pública caia mais do que o previsto este ano, ficando abaixo de 107% do PIB

Programa de Estabilidade apontava para dívida pública de 107,5% do PIB este ano. Agora, o ministro das Finanças diz que deverá ficar abaixo dos 107%. Crescimento também pode ser mais alto que 1,8%.

O ministro das Finanças está mais otimista com a evolução das contas públicas este ano, estimando agora que a dívida pública fique abaixo dos 107% do PIB. No Programa de Estabilidade, apresentado em abril, Fernando Medina inscreveu uma projeção para este rácio de 107,5% para este ano, ficando abaixo de 100% em 2025.

A nova estimativa foi avançada numa entrevista à Bloomberg (acesso pago), onde o ministro sinaliza que “provavelmente terminaremos 2023 com um peso da dívida no PIB menor do que Espanha, França e provavelmente a Bélgica”.

A dívida não é a única rubrica que deverá ser melhor que as previsões: no Programa de Estabilidade, Medina estimava um crescimento da economia de 1,8% para este ano, mas agora já admite que poderá ser mais elevado. Várias instituições já fizeram a mesma assunção, tendo revisto em alta as previsões económicas nos últimos meses.

A Comissão Europeia prevê um crescimento do PIB português de 2,4% em 2023, a OCDE de 2,5%, o FMI de 2,6% e o Banco de Portugal de 2,7%, sendo até agora o mais otimista.

Apesar destas perspetivas mais animadoras, o ministro das Finanças português não deixa de alertar para o impacto de mais subidas de juros por parte do Banco Central Europeu, que diz colocar o crescimento da Zona Euro em risco. Para Medina, o aperto até agora ainda não foi totalmente absorvido e a inflação já mostra sinais de abrandamento (a taxa homóloga em Portugal abrandou para 3,4% em junho, confirmou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística).

“Os riscos de que novos aumentos possam criar uma situação mais difícil para o crescimento na Europa agora são mais elevados e devem ser vistos com muito cuidado”, alertou o ministro das Finanças.

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Miura Partners compra maioria da Sabseg para criar líder ibérico das corretoras independentes

Brokers & Partners, holding de seguros do equity fund espanhol Miura Partners, comprou maioria do capital da Sabseg, a maior corretora portuguesa. Miguel Machado e a equipa ficam com a gestão ibérica.

A maioria do capital da Sabseg, a maior corretora de seguros portuguesa, foi comprada pela Brokers & Partners, braço segurador do equity fund espanhol Miura Partners, que irá mudar de nome para Sabseg Group e vai liderar a corretagem independente na Península Ibérica, projetando um volume de prémios de 500 milhões de euros e 60 milhões de receitas no final deste ano, anunciaram esta quarta-feira.

A operação, que ainda está pendente de aprovação da ASF, o regulador de seguros português, vai juntar a Sabseg corretora a duas corretoras que a Miura tinha adquirido nos últimos dois anos: a Banasegur, especializada em agroseguros no sul de Espanha, e a Ores & Bryan, distribuidora de seguros para empresas.

Miguel Machado mantém a liderança dos negócios em Portugal e países de língua portuguesa e tomou posição pessoal na Sabseg Group para além da participação conjunta dos acionistas portugueses.

Embora a Miura Partners tenha adquirido mais de 50% da Sabseg, a equipa de gestão, liderada pelo presidente e CEO Miguel Machado, continuará a assumir o projeto em Portugal e nos países de língua portuguesa, e terá sob responsabilidade os negócios espanhóis do equity fund no que respeita à atividade seguradora.

Fonte próxima do negócio indica que a Sabseg Corretora foi avaliada por um valor próximo dos 200 milhões de euros. Em 2022, a corretora obteve um volume de negócios superior a 36 milhões de euros atingindo quase sete milhões de euros de lucros, sendo ambos os indicadores cerca de 15% superiores aos obtidos em 2021.

Os acionistas da Sabseg Corretora, atualmente Miguel Machado (com 46,5% do capital), Fernando Araújo (com 21,75%), Mário Ferreira (com 16,75%), Inácio Sousa e José António Pereira vão manter posições na nova Sabseg Group que estará baseada em Espanha. “É um investimento Miura, com co-investimento e re-investimento da equipa de gestão da Sabseg e dos restantes parceiros do grupo”, explica fonte da corretora.

Fundada há 23 anos, a Sabseg nasceu em Braga mas tem agora sede em Lisboa e está presente em Portugal através de 35 escritórios próprios, bem como no Brasil, Angola e Moçambique. Emprega mais de 285 pessoas, gere anualmente mais de 350 milhões de euros em prémios de seguros e tem mais de 200 mil clientes particulares e empresariais, indica a corretora.

Miguel Machado, presidente do conselho de administração da Sabseg, acredita que, com esta abertura de capital e com a nova entidade Sabseg Group, “a Sabseg está muito mais forte”. “Iniciamos um novo capítulo na nossa história de sucesso. Vemos nos nossos novos parceiros um alinhamento perfeito com a visão e a ambição de crescimento que nos tem impulsionado desde a fundação“, declara em comunicado.

Já Juan Leach, sócio fundador da Miura Partners, sublinha que foi dado o primeiro passo “para construir um grupo de corretores de seguros de referência na Península Ibérica. A nossa experiência em projetos de consolidação nos setores de serviços, combinada com o forte historial de liderança da Sabseg, é um excelente ponto de partida para fortalecer ainda mais o projeto”, concluiu.

Mais aquisições em Portugal e Espanha

A parceria vai acelerar a consolidação do novo Sabseg Group. O grupo tem previsto concretizar durante este ano mais aquisições de distribuidores de seguros em Portugal e Espanha. “Nos próximos meses, o Sabseg Group planeia incorporar mais três corretoras ao projeto, com as quais está em negociações exclusivas, e espera fechar acordos não vinculantes com outras cinco corretoras. As próximas adições fazem parte da visão a longo prazo de se tornar o corretor independente líder no Sul da Europa”, refere a Sabseg.

Com este plano, a Sabseg Group, espera ultrapassar os 500 milhões em prémios em 2023 e atingir um EBITDA consolidado superior a 20 milhões de euros e comissões superiores a 60 milhões de euros até ao final do ano.

Além da Sabseg, o grupo inclui a Banasegur, a Ores & Bryan e a Brokers Consultores, com ampla representação geográfica em Espanha e especialização em seguros de crédito e caução, bem como em seguros corporativos, multirriscos, saúde, D&O, agrícola e cyber.

A Miura Partners é uma empresa de private equity com escritórios em Barcelona e Madrid e investe em empresas e empreendedores do sul da Europa, apoiando planos de crescimento com enfoque na sustentabilidade e inovação. Desde 2008, a Miura Partners investiu em mais de 50 empresas, acumulando um valor total de negócios de mais de 2 mil milhões de euros, e atualmente tem mais de 1,2 mil milhões de ativos sob gestão.

(Notícia atualizada pela última vez às 13h36)

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Bain & Company tem novo partner para Portugal e Espanha

Há sete anos ligados à consultora, Francisco Montenegro sobe agora a partner com responsabilidades em Portugal e Espanha.

Francisco Montenegro é o novo como partner da Bain & Company para Espanha e Portugal, anunciou a consultora.

“Estamos muito satisfeitos por anunciar a nomeação do Francisco Montenegro como partner. A sua experiência e a sua visão estratégica do setor financeiro, assim como de consultoria em fundos de capital de risco, são uma mais-valia para os nossos clientes em Espanha e Portugal, que deverão enfrentar os novos desafios e oportunidades que o atual contexto macroeconómico apresenta. A sua nomeação consolida ainda mais o posicionamento da nossa firma, onde, ao longo de quase sete anos, o Francisco tem demonstrado a sua grande capacidade para liderar projetos de relevância”, diz Ignacio Otero, diretor geral da Bain & Company para Espanha e Portugal, citado em comunicado.

Francisco Montenegro, partner da Bain & Company para Portugal e Espanha

Há quase uma década ligado à consultora, Francisco Montenegro é especialista em serviços financeiros e capital privado, tendo apoiado empresas de private equity – tanto na região da EMEA como nos EUA – “na revisão das suas estratégias de fundos, na realização de due diligence comercial e na definição de planos de criação de valor para as suas empresas em carteira”, destaca a consultora. Trabalhou ainda para empresas/clientes na área de grande consumo, energia e indústria, bem como em projetos de estratégias de crescimento, expansão internacional e otimização operacional.

Tem um MBA pela London Business School e um Master em Business, com especialização em Finanças, pela Católica Lisbon School of Business & Economics, sendo licenciado em Economia pela mesma instituição.

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Assista à talk: Será o ChatGPT o seu novo colaborador?

  • Trabalho
  • 12 Julho 2023

Quais os desafios e consequências da adoção da inteligência artificial nas empresas e os reflexos nas funções e postos de trabalho. Assista à talk, esta quarta-feira a partir das 11h00.

Estima-se com a explosão da Inteligência Artificial que milhões de postos de trabalho sejam extintos com a automatização de funções até aqui desempenhadas por pessoas. Só em Portugal, aponta a OCDE, 30% dos postos de trabalho podem estar ameaçados. É um dos oito países da OCDE em que a ameaça da Inteligência Artificial mais se faz sentir.

Mas muitos trabalhadores e empresas olham para o potencial da Inteligência Artificial e já recorrem a ferramentas como o ChatGPT como uma espécie de copiloto para acelerar a execução das funções.

Com uma verdadeira revolução em curso, a OCDE alerta também para o que diz serem “sérios desafios éticos” colocados por esta tecnologia.

Como as empresas estão a olhar para este recurso? De que modo a forma como o trabalho se está a organizar para tirar partido desta ferramenta? E como podemos melhor preparar as pessoas a navegar a onda IA?

Para debater e dar resposta a estas e outras questões, o Trabalho by ECO juntou à conversa Carla Pombeiro, diretora de Pessoas da Sumol + Compal; Paulo Dimas, vice-presidente de Inovação da Unbabel e CEO do Center for Responsible AI, e Rute Belo, national senior manager de Recrutamento e Seleção Especializado na Multipessoal. O debate será moderado por Ana Marcela, diretora executiva do Trabalho by ECO.

Assista aqui a partir das 11h00.

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Travão a novos impostos sobre as “big tech” alargado por mais um ano

  • Lusa
  • 12 Julho 2023

138 países prometem não aplicar novos impostos sobre serviços digitais até 2024 se um bloco representativo assinar um acordo ainda este ano para ter um sistema internacional de partilha de impostos.

Um total de 138 países e jurisdições comprometeram-se a não aplicar novos impostos sobre serviços digitais pelo menos até 2024 se um bloco representativo assinar um acordo ainda em 2023 para estabelecer um sistema internacional de partilha de impostos.

A condição é que os signatários sejam pelo menos 30 e que representem pelo menos 60% das entidades-mãe das multinacionais abrangidas por este dispositivo que foi objeto de um acordo de princípio em julho de 2021, anunciou esta quarta-feira a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Na declaração apresentada pela OCDE, que liderou o chamado “quadro inclusivo” da negociação, estes 138 países e jurisdições comprometem-se, neste caso, a não antecipar quaisquer impostos próprios ou medidas semelhantes que tributem os serviços digitais entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2024 ou aquando da entrada em vigor da futura Convenção Multilateral.

Além disso, o compromisso poderá ser alargado até 2025 se “forem realizados progressos suficientes no sentido da entrada em vigor da Convenção Multilateral”.

Cerca de 30 governos (nomeadamente na Europa) adotaram ou tencionam adotar impostos nacionais sobre os serviços digitais para evitar que os gigantes da indústria continuem a evitar o pagamento de impostos na Europa com as suas estratégias de domiciliação das suas sedes (e dos seus lucros) em jurisdições com condições fiscais muito favoráveis.

Há cinco países, dos 143 que participam no chamado “quadro inclusivo” em que está a decorrer a negociação destas novas regras fiscais internacionais, que não quiseram assinar a declaração de resultados: Canadá, Bielorrússia, Rússia, Paquistão e Sri Lanka.

A declaração faz referência às “preocupações” manifestadas por certas jurisdições relativamente a aspetos específicos e sublinha que estão a ser envidados esforços para resolver estes obstáculos e abrir caminho à assinatura de uma convenção multilateral no segundo semestre deste ano, para que possa entrar em vigor em 2025.

Em todo o caso, a principal mensagem é que o “quadro inclusivo” está a finalizar os trabalhos sobre o chamado “primeiro pilar”, que se refere à atribuição de novos direitos de tributação aos países onde as multinacionais desenvolvem a sua atividade, mesmo que não estejam formalmente estabelecidas nesses países, e que diz particularmente respeito às empresas do setor digital.

Isto significa que “foram concluídos os trabalhos de desenvolvimento da cláusula de tributação (ITC) e do seu quadro de aplicação”, que dará o direito de tributar “uma parte específica dos lucros residuais das maiores e mais rentáveis empresas multinacionais que operam nos seus mercados”.

Por outras palavras, é a concretização do compromisso de 2021 que obriga as grandes empresas, nomeadamente do setor digital, a pagar o imposto onde exercem a sua atividade e não apenas onde declaram a sua sede física, muitas vezes escolhida por lhes ser concedido um tratamento favorável nessas jurisdições.

Os rendimentos abrangidos incluem “todos os pagamentos de serviços intragrupo”. Quando os elementos do rendimento são tributados a uma taxa nominal de imposto sobre as sociedades inferior a 9% na jurisdição de residência, o país em que o rendimento é obtido pode impor uma taxa de imposto adicional até à diferença entre esses 9% e a taxa nominal de imposto sobre as sociedades na jurisdição de residência.

A OCDE tinha estimado em janeiro que a atribuição de novos direitos afetaria cerca de 200.000 milhões de dólares de lucros, com uma distribuição diferente entre países dos impostos que as empresas teriam de pagar.

De acordo com estas estimativas, seriam gerados entre 13.000 e 36.000 milhões de dólares adicionais a nível mundial para os cofres públicos.

Paralelamente a este “primeiro pilar”, o “quadro inclusivo” deu origem a outro “segundo pilar”, o compromisso de estabelecer uma taxa mínima de imposto sobre as sociedades de 15%, e na declaração de hoje os seus signatários sublinharam que esta já é uma realidade e “mais de 50 jurisdições estão a tomar as medidas necessárias para a implementar”.

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Lei da Restauração da Natureza aprovada no Parlamento Europeu em votação renhida

Os eurodeputados aprovaram uma proposta de lei para a recuperação dos ecossistemas naturais que levantou muita discussão no plenário do Parlamento Europeu. A vitória foi renhida.

A Lei da Restauração da Natureza, que prevê a recuperação de 20% dos ecossistemas até 2030 — desde rios e florestas a terrenos agrícolas –, foi a votos esta quarta-feira no Parlamento Europeu, e foi aprovada.

O resultado da votação foi recebido com aplausos de pé do lado esquerdo da bancada, e exclamações de contentamento. O relator, Carlos Luena, tomou a palavra para fazer o balanço de que esta lei “é boa até para aqueles que votaram contra” e agradeceu aos cientistas e jovens. “Porque foram eles que demonstraram e convenceram que devemos ter esta lei. E vamos ter esta lei”, conclui.

Esta foi uma das votações mais imprevisíveis – e renhidas – de uma semana repleta de dossiês ambientais. Houve uma declarada oposição de grande parte do hemiciclo — essencialmente os partidos conservadores, encabeçados pelo Partido Popular Europeu (PPE). Já a fatia mais à esquerda defendia esta lei como essencial e inadiável. O diploma chegou ao plenário com um empate de 44 votos a favor e 44 votos contra, o que ditou a discussão esta terça-feira incidisse sobre a sua rejeição (ou não). A rejeição foi negada numa votação inicial, pelo que se seguiu a votação das emendas.

Em cima da mesa estiveram mais de 100 emendas à proposta original – ora para tornar a lei mais ambiciosa, no caso das propostas dos apoiantes, ora para a enfraquecer, no caso dos opositores. A aprovação do documento final foi firmada com um total de 336 votos a favor, 300 votos contra e 12 abstenções.

Apesar desta primeira vitória do lado dos apoiantes, ainda há várias etapas do percurso legislativo que terão de ser percorridas. Agora vai ser negociado um acordo entre o Parlamento Europeu, o Conselho Europeu e a Comissão Europeia, sendo que esta última terá o papel de mediadora. Depois, esse acordo provisório será votado no seio do Comité para o Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar (ENVI). Só de seguida é que volta a plenário para a votação final.

Agricultura “semeou” discórdia

Apesar de a lei abranger vários tipos de ecossistema, os que mais geraram controvérsia foram os agrícolas. Na véspera das votações, duas manifestações tiveram lugar à porta do Parlamento Europeu: de um lado, grupos de jovens ativistas – entre os quais Greta Thunberg –, do outro, associações de agricultores.

Chloe Mikolasczhk, 30 anos, veio do seu país natal, a Bélgica, para apoiar a causa. O mote era “sem natureza, não há futuro”. “Tão simples quanto isso”, atirou Mikolasczhk, abordada pelo ECO/Capital Verde, para depois explicar que considera a lei urgente e incontornável e que os jovens presentes, representantes de grupos ambientalistas de seis países, defendiam não só a sua aprovação num todo como também a das emendas mais ambiciosas.

Do outro lado, separados dos jovens pelas forças policiais, os agricultores reuniam-se em torno de um palco e repetiam que a lei destruiria o seu futuro. O secretário-geral da associação do setor COPA-COGECA, Pekka Pesonen, reconheceu a importância da restauração para a atividade, mas discorda da formulação da lei. Queixou-se da incerteza quanto aos apoios que os agricultores teriam para cumprir as metas propostas, que considera “irrealistas”, e também do peso burocrático.

Isto não é não porque gostamos de dizer não. É porque pensamos que podemos fazer melhor. Queremos uma nova proposta.

Manfred Weber

Eurodeputado do PPE

O Partido Popular Europeu, que se opôs sonoramente à proposta aprovada, deu um briefing também na terça-feira, no qual explicou as suas principais reservas. A eurodeputada Esther de Lange acusou que o balanço dos impactos levado a cabo pela Comissão Europeia “é muito limitado”, numa altura em que os alimentos têm pesado na inflação e pressionado os cidadãos. Afirmou também que a Lei da Restauração peca por não se conciliar facilmente com outras peças legislativas, que já são “muitas”, resultando numa “sobrecarga administrativa”.

Ao lado de de Lange, o colega de bancada Manfred Weber apontou que falta ainda resposta sobre qual será a fonte de financiamento deste plano. “Está basicamente a dizer aos agricultores que eles é que terão de tomar medidas, o que significa menos rendimentos, mais custos. (…) Consideramos isto injusto”.

Para o PPE, o que faria mais sentido seria implementar as obrigações internacionais, como o Acordo de Montreal, transpondo-as para a Europa. “A Comissão Europeia foi além das suas obrigações internacionais, e consideramos que essa não é uma forma inteligente de começar”, criticou Weber. Os mesmos eurodeputados sublinharam que, das 32 propostas votadas no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, o PPE opôs-se a apenas duas, esta e outra relacionada com o fim dos motores a combustão. Neste sentido, “isto não é não porque gostamos de dizer não. É porque pensamos que podemos fazer melhor. Queremos uma nova proposta”, disse Weber.

A ciência é clara: as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade são as maiores ameaças à segurança alimentar, e só através da restauração da natureza poderemos assegurar a segurança alimentar na Europa.

Carlos Luena

Relator da proposta de Lei da Restauração da Natureza

Do outro lado da barricada, Carlos Luena, o relator da proposta, defende que “a lei define uma direção clara para a restauração, mas dá aos Estados membros a flexibilidade necessária para estabelecer os detalhes”, afere, em declarações ao ECO/Capital Verde.

Carlos Luena destaca como principais benefícios desta lei o facto de acautelar a produção de alimentos, ao garantir a reversão da perda de biodiversidade e o aumento da qualidade dos solos. Desta forma, conta que os agricultores beneficiem, a longo prazo, no que diz respeito aos seus rendimentos.

“A ciência é clara: as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade são as maiores ameaças à segurança alimentar, e só através da restauração da natureza poderemos assegurar a segurança alimentar na Europa”, defende, ao mesmo tempo que relembra que as florestas, como sumidouros naturais de carbono, são “cruciais” para a Europa atingir os respetivos objetivos climáticos.

Em relação ao financiamento necessário para cumprir com a nova lei, Luena indica que está dependente dos Estados-membros, que deverão integrar a lei nos seus planos nacionais. Para já, a União Europeia prevê dedicar parte do seu orçamento anual – 7,5% em 2024 e 10% em 2026 e 2027 – aos objetivos de biodiversidade, que incluem a restauração da natureza.

No entanto, para reforçar as verbas disponíveis, numa das emendas, propõe-se que a Comissão analise o hiato entre o financiamento existente e aquele necessário para a implementação desta lei. “Pedimos à Comissão que analise este hiato, incluindo a opção de criar um fundo para a restauração da natureza”, acrescenta Luena. A Comissão Europeia calcula que cada euro investido na natureza traduz-me em 8 a 38 euros de retorno.

O objetivo seria que os Estados membros apresentassem os respetivos planos até 24 meses após a entrada em vigor da lei, de acordo com a proposta da Comissão Europeia e do Conselho, mas a comissão ENVI reduziu o limite para 18 meses.

(A jornalista viajou a Estrasburgo a convite do Parlamento Europeu)

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Hélder Marques é o novo diretor-geral da Shine Iberia Portugal

O profissional entrou para a Shine Iberia em novembro de 2012 como diretor de produção. Nos últimos anos produziu programas como "The Voice Portugal", "MasterChef Portugal" ou "Hell's Kitchen”.

Hélder Marques é o novo diretor-geral. O profissional vai reportar a Macarena Rey, CEO da Shine Iberia, em Espanha e Portugal, e também da Endemol Portugal.

“Abraçar este novo desafio é um marco muito importante no meu percurso profissional, mas acima de tudo é um grande compromisso com a equipa da Shine Iberia Portugal, que acompanho há mais de uma década. Sei que, juntos, vamos continuar a inovar e a marcar de forma incontornável a produção de conteúdos para a televisão portuguesa, e para as plataformas de streaming“, afirma Hélder Marques, citado em comunicado.

Já Macarena Rey, CEO da Shine Iberia, refere que “durante mais de uma década, o Hélder demonstrou excelentes capacidades de gestão, resolução eficaz de problemas e tem uma sólida experiência como produtor executivo”.

Esta nova função reflete a ambição da Shine Iberia de um crescimento contínuo e sustentado em Portugal. Acredito firmemente que neste novo desafio profissional como diretor geral, o Hélder continuará a alcançar excelentes resultados em Portugal”, acrescenta.

Hélder Marques começou a sua carreira na Endemol, onde produziu programas como “Confiança Cega – Blind Face” para a SIC, “Big Brother”, “Quinta das Celebridades” e “1aCompanhia” para a TVI e “Dança Comigo – Dancing with the Stars” para a RTP.

Produziu também “Fear Factor” para a TVI, e fez parte da equipa fundadora da CBV Produções Televisivas, onde liderou programas como “Quem Quer Ser Milionário”, “Top Chef” e “A Voz de Portugal – The Voice” para a RTP e também “Atreve-te a Cantar” e “Face Model of The Year” para a SIC.

Entrou para a Shine Iberia em novembro de 2012 como diretor de produção. Nos últimos anos produziu programas como “The Voice Portugal”, “MasterChef Portugal”, “Hell’s Kitchen”, “I Love Portugal” “Vale Tudo”, ou “Traidores”.

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IEFP sugere criação de balcão único para reconhecimento das qualificações dos imigrantes

Um balcão único poderia agilizar o processo de reconhecimento das qualificações dos imigrantes, acelerando a sua integração no mercado de trabalho em Portugal.

A diretora do departamento de formação profissional do IEFP, Conceição Matos, sugeriu esta quarta-feira, a criação de um balcão único que permita agilizar o processo de reconhecimento das qualificações dos imigrantes que entram em Portugal.

Não somos capazes de integrar os imigrantes se não forem reconhecidas as suas qualificações. É preciso agilizar o processo de reconhecimento das qualificações, talvez através da criação de um balcão único“, afirma Conceição Matos, durante a sua intervenção no debate “Um olhar sobre os dados das qualificações profissionais”, no âmbito da apresentação pública do “Relatório anual sobre Emprego e Formação Profissional, 2022”, do Centro de Relações Laborais (CRL), que a decorrer esta quarta-feira.

“Precisamos de gente para trabalhar. Precisamos de imigrantes em Portugal. Portugal é o quinto país do mundo com a população mais envelhecida”, acrescentou ainda.

Retrato do talento estrangeiro em Portugal

De acordo com o relatório, em 2021, verificou-se a existência de um saldo migratório positivo (mais 25,6 mil indivíduos). Um total de 25,1 mil pessoas saíram de Portugal de forma permanente, o que foi compensado pela entrada permanente de 50,7 mil imigrantes (dos quais cerca de 31 mil oriundos de países extra União Europeia e 19,7 mil provenientes dos restantes países da União, segundo a informação estatística disponibilizada pelo Observatório da Emigração e pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Contudo, os números evidenciam uma quebra no número de entradas de estrangeiros em Portugal a partir de 2020. “Considerando alguns dados das Estimativas anuais de imigração do INE, relativos à população proveniente de outros países que escolheu Portugal como destino de residência, numa breve caracterização, verifica-se que, a partir de 2012 houve um aumento do valor total de imigrantes, evidenciando-se uma quebra a partir de 2020”, detalha o CRL no relatório.

Comparativamente com o período homólogo, o número total de entradas de imigrantes em 2021 (50,7 mil pessoas) diminuiu 24,5%.

Em 2021, “havia cerca de 237,1 mil estrangeiros nas empresas no Continente, dos quais 228,5 mil (96,4%) eram trabalhadores por conta de outrem e 8,2 mil eram empregadores, representando 3,4% do total de estrangeiros”.

Em comparação com 2020, os trabalhadores imigrantes por conta de outrem aumentaram 4,9% (mais 10,8 mil pessoas), enquanto os empregadores diminuíram 0,8% (menos 69 empregadores), dão conta os quadros de pessoal do Ministério do Trabalho.

Considerando esta população por nacionalidade, em 2021, cerca de 32,5% dos estrangeiros nas empresas, no Continente, provinha do Brasil, 20,7% da Ásia, 17,2% dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), e 14% da União Europeia.

Entre 2020 e 2021, no Continente, o número total de estrangeiros nas empresas, apesar de ter aumentado 4,7%, não se repercutiu de igual forma no que respeita às diversas nacionalidades. “Com efeito, as nacionalidades com maior peso no total de estrangeiros registaram, na sua maioria, decréscimos, em particular a Espanha (menos 15,6%), a Roménia (menos 7,8%) e a Ucrânia (menos 6,1%). Por outro lado, verificou-se um aumento no que respeita aos oriundos do Brasil (mais 1,6 mil pessoas) e da Índia (mais 1,3 mil pessoas).”

(Notícia atualizada pela última vez às 13h47)

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61% das empresas portuguesas sentiram dificuldade em recrutar profissionais de tecnologia

Falta de candidatos, de qualificações relevantes e experiência, e elevadas expectativas salariais estão na base das dificuldades assinaladas pelas empresas no momento do recrutamento.

No ano passado, 9,5% das empresas na Europa reportaram que em 2021 estavam a recrutar especialistas tecnológicos (IT), mas uma larga maioria (62,8%) sentiu dificuldade em recrutar esse tipo de talento, em particular as grandes empresas. Em Portugal, no mesmo período, 61,4% das empresas admitiram sentir o mesmo problema, abaixo da média europeia, indicam dados do Eurostat conhecidos esta quarta-feira.

A dificuldade em recrutar talento é transversal a nível geográfico e dimensão das empresas, mas é entre as organizações de grande dimensão que as dificuldades são mais acentuadas, com 72,2% a assinalarem esse problema. Mas mais de metade das empresas de média dimensão (63,7%) e pequena dimensão (59,9%) registam igualmente esse desafio.

Falta de candidatos, de qualificações relevantes e experiência, e elevadas expectativas salariais estão na base das dificuldades assinaladas pelas empresas no momento do recrutamento, refere o Eurostat.

Fonte: Eurostat

Eslovénia (78%), Chéquia (77%) e Alemanha (76,6%) são os países onde o problema se fez sentir com maior acuidade, com mais de dois terços das empresas a referirem ter sentido constrangimentos no recrutamento de especialistas IT e no preenchimento das ofertas de emprego. Uma dificuldade sentida igualmente por 70,9% das empresas no Luxemburgo e 70,4% dos Países Baixos.

Em Portugal, as dificuldades no recrutamento de talento tecnológico fizeram-se sentir em 61,4% das empresas, com apenas pouco mais de um terço (38,6%) a referirem não ter sofrido com esse tema da escassez de talento.

Posição mais confortável foi a registada em Espanha (32,8%), Bulgária (46%), Polónia (46,5%), Eslováquia (51,4%) e Chipre (54,5%), os países da UE onde se sentiram menos dificuldade a recrutar especialistas em tecnologia.

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Polícia Judiciária realizou buscas na casa de Rui Rio

  • ECO
  • 12 Julho 2023

A PJ realizou esta quarta-feira buscas na sede nacional do PSD, bem como na casa do antigo presidente social-democrata Rui Rio. Em causa estão os crimes de peculato e abuso de poderes.

A Polícia Judiciária (PJ) realizou esta quarta-feira buscas na sede nacional do PSD, bem como na casa do antigo presidente social-democrata Rui Rio, avançou a CNN Portugal. As buscas estão relacionadas com a antiga gestão do PSD, por suspeitas de crimes de peculato e abuso de poderes. Rui Rio já garantiu que está “sereno” e que colaborará com a Justiça.

Segundo a estação de televisão, as buscas decorreram também na distrital do Porto do PSD. Além de Rui Rio, entre os visados estarão outros dirigentes e funcionários social-democratas, nomeadamente Hugo Carneiro, segundo o Correio da Manhã, tal como Florbela Guedes, a assessora de anos do ex-autarca do Porto.

Entretanto, em comunicado o PSD confirmou “que a sede nacional e a sede distrital do Porto foram objeto de buscas por parte da Polícia Judiciária”, sinalizando que “a investigação em curso, visa factos que remontam ao período de 2018 a 2021”, período que abrange a gestão de Rui Rio, dado que Luís Montenegro só foi eleito em maio de 2022. O partido assegurou ainda que “prestará toda a colaboração solicitada pelas autoridades judiciais”.

Segundo a CNN, a PJ suspeita de que poderá ter existido utilização indevida de dinheiros públicos na anterior gestão do partido. Em causa estão suspeitas de um esquema de pagamento de ordenados a funcionários do PSD com recurso a verbas da Assembleia da República que são destinadas a cargos de assessoria dos grupos parlamentares.

Entretanto, ao final da manhã, em comunicado, a PJ confirmou que realizou “20 buscas, 14 delas domiciliárias, cinco a instalações de partido político e uma em instalações de Revisor Oficial de Contas, na zona da Grande Lisboa e na zona norte do país”, numa investigação conduzida pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção no âmbito de um inquérito do DIAP de Lisboa e na qual participaram ” cerca de 100 inspetores e diversos peritos informáticos e financeiros”.

No entanto, a entidade liderada por Luís Neves não adianta quem foram os visados das buscas, referindo apenas que em causa está uma investigação sobre a “utilização de fundos de natureza pública, em contexto político-partidário, existindo suspeitas da eventual prática de crimes de peculato e abuso de poderes (crimes da responsabilidade de titulares de cargos políticos), a factos cujo início relevante da atuação se reporta a 2018″, lê-se.

“A investigação prosseguirá com o exame integral aos elementos probatórios alcançados, visando o cabal esclarecimento dos factos que integram o objeto do inquérito”, conclui a PJ.

Hugo Carneiro, deputado do PSD, confirmou em declarações às RTP3 que também foi alvo de buscas, tanto na residência em Lisboa como no Porto, e que colaborou “totalmente” com Ministério Público e PJ. Avançou que, até ao momento, não foi constituído arguido.

Já esperava há muito tempo que isso pudesse acontecer, porque julgo que praticamente todos os colaboradores, quer do grupo parlamentar quer do PSD, há muitos meses foram chamados ao Ministério Público e à PJ para prestar declarações”, disse o deputado do PSD.

(Notícia atualiza às 14h50 com declarações do deputado do PSD Hugo Carneiro)

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Inflação em Portugal recua para 3,4% em junho, valor mais baixo desde janeiro de 2022

Preços voltam a desacelerar em junho. Inflação caiu para 3,4% no mês passado, registando o valor mais baixo desde janeiro de 2022, antes do início da guerra.

A inflação em Portugal voltou a recuar em junho, passando para uma taxa de 3,4%, menos 0,6 pontos percentuais em relação ao registo de maio. Trata-se do valor mais baixo desde janeiro de 2022, ou seja, antes do início da guerra na Ucrânia.

Há oito meses que a taxa de inflação está em descida, depois do pico acima de 10% que foi atingido em outubro do ano passado. Isto não significa que os preços estejam a descer, mas antes a subirem a um ritmo mais lento.

“Esta desaceleração é em parte explicada pelo efeito de base resultante do aumento de preços dos combustíveis verificado em junho de 2022“, justifica o Instituto Nacional de Estatística (INE) na confirmação dos dados que já havia estimado há duas semanas.

Há um ano, os preços dos produtos energéticos dispararam na sequência da invasão russa em território ucraniano e das sanções aplicadas pelo Ocidente contra Moscovo, envolvendo gás e petróleo. Passado esse choque, os preços da energia caíram quase 20% em junho em comparação com o índice registado há um ano, contribuindo para o desagravamento das pressões inflacionistas em Portugal.

Inflação em mínimos de ano e meio

Fonte: INE

Quanto aos produtos alimentares não transformados, que também sofreram com o impacto da guerra, o índice desacelerou para 8,5% no mês passado, uma baixa de 0,4 pontos percentuais em relação a maio.

Já o indicador de inflação subjacente — que exclui os preços dos alimentos e energia, por serem mais voláteis –, embora tenha descido para 5,3% em junho (menos 0,1 ponto percentual face ao mês anterior), os dados apontam para uma maior resistência na descida.

É para as perspetivas de evolução da inflação core que o Banco Central Europeu (BCE) olha quando determina o rumo das taxas de juro na Zona Euro. No caso de Portugal, o índice harmonizado de preços sem contar com os alimentos e energia fixou-se nos 6,9% em junho, “superior à taxa correspondente para a área do euro (estimada em 6,8%)”, lembra o INE. O banco central tem como meta uma inflação de 2% no médio prazo.

Transportes, habitação, água, luz com preços a caírem

Por classes de despesa, há duas contribuições negativas para a variação homóloga do índice de preços no consumidor registada em junho: a classe dos Transportes, cujo índice de preços registou uma variação de -3,8%, a classe da Habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis, cujo índice de preços também apresentou uma evolução negativa de cerca de -4% no mês passado.

Outras classes, embora com variações positivas, desaceleraram no mês passado, à exceção da classe Saúde, onde o índice de preços aumentou para 4,9%, “devido ao efeito de base associado ao alargamento dos critérios de isenção de taxas moderadoras no SNS em junho de 2022”, refere o INE.

Na classe dos Restaurantes e hotéis, a desaceleração do índice de preços foi mais evidente, passando de uma taxa de 12,1% para 9,7%.

(Notícia atualizada às 12h05)

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Portugal paga mais de 3% para se financiar em 749 milhões de euros a 6 e 12 anos

Portugal realizou dois leilões de obrigações do Tesouro a 6 e 12 anos. Na emissão a 12 anos, a República pagou 3,6%, ficando em linha com o preço que pagou em março numa emissão semelhante.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP realizou na manhã desta quarta-feira dois leilões de obrigações do Tesouro que resultaram no financiamento da República em 749 milhões de euros a 6 e 12 anos. O valor total ficou no limite mínimo anunciado pelo IGCP na semana passada.

Na emissão a 6 anos, que foi colocada através da linha com maturidade a 15 de junho de 2029, o leilão contou com uma procura de apenas 1,5 vezes acima da oferta, com a República a pagar 3,2% para emitir 467 milhões de euros.

Na emissão a 12 anos, que foi colocada com a linha com maturidade a 12 de outubro de 2035, a procura ficou 6,6 vezes acima da oferta, com o Estado a pagar 3,6% para se financiar em 282 milhões de euros. Ficou assim em linha com o preço que pagou a 8 de março (3,7%) num leilão sobre a mesma linha obrigacionista.

O prémio de risco de Portugal tem sido o mais reduzido dos países da periferia, fruto do bom desempenho económico e da redução que se tem vindo a fazer do nível de endividamento”, refere Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, sublinhando ainda que “estes fatores estão a ser fundamentais para que no rollover da dívida com taxas mais elevadas, como é a situação atual, Portugal não esteja a pagar prémios de risco mais elevados.”

Este ano, Portugal conta apenas com cinco leilões de obrigações do Tesouro realizados. No ano passado, até julho, o IGCP tinha realizado cinco operações e em 2021 tinha contabilizado oito até meados de julho.

O último leilão de obrigações realizado pelo IGCP antes dos dois realizados esta quarta-feira remonta a 8 de março. Na altura, o Estado pagou 3,55% para se financiar em 397 milhões de euros através da linha com maturidade a 16 de julho de 2032; e 3,74% para colocar no mercado 518 milhões de euros através da obrigação com maturidade a 12 de outubro de 2035 — uma das foi hoje a leilão.

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