Transferências imediatas não descolam, mas serão a norma a partir de 2025
Nova lei europeia deverá ditar o princípio do fim das transferências bancárias mais lentas a partir de janeiro do próximo ano. As imediatas tenderão a ser gratuitas.
As transferências imediatas em Portugal não descolam. Novos dados do Banco de Portugal mostram que representaram apenas 5,2% do total de transferências em 2023, o que compara parcamente com a média de 15,5% da União Europeia. Mas isso vai começar a mudar já no início do próximo ano.
Graças a um novo regulamento europeu, a partir de 9 de janeiro de 2025, todos os bancos serão obrigados a disponibilizar a receção de transferências imediatas. Meses depois, no dia 9 de outubro, terão de permitir também o envio de transferências imediatas. Atualmente, cerca de metade dos bancos em Portugal não disponibilizam estas opções aos seus clientes.
Mas não é tudo: ao abrigo da nova legislação europeia, os bancos deixarão também de poder cobrar mais pelas transferências imediatas do que pelas ditas normais, pelo que tenderão a ser gratuitas. No Banco de Portugal acredita-se que será o princípio do fim das transferências que só chegam à conta do destinatário, na melhor das hipóteses, no dia útil seguinte. Este tipo de transferências será usado apenas em situações muito específicas, como em algumas empresas.
Há duas explicações para os portugueses (e os europeus) não optarem mais pelas transferências imediatas: por um lado, nem todos os bancos disponibilizam este serviço; por outro, é tido como um serviço premium pelo qual as instituições bancárias tendem a cobrar valores mais elevados. Um cliente bancário em Portugal pode esperar pagar 1,5 euros por uma transferência imediata, independentemente do valor.
Para evitar que os bancos subam as comissões em antecipação, a lei prevê uma salvaguarda que será monitorizada pelo Banco de Portugal. Por isso, no seio do supervisor, espera-se que dentro de dois anos as transferências imediatas representem o grosso das transferências bancárias em Portugal.
No sentido inverso, para os bancos, as transferências imediatas massificadas representarão um novo risco que exigirá alguma adaptação. Isto porque, por serem mais lentas, as transferências normais dão tempo suficiente para detetar erros, identificar fraudes ou corrigir outros tipos de situações.
No entanto, para os clientes de retalho, será uma forma de transferir e receber dinheiro mais rapidamente. Por fim, a economia também agradece: segundo o Parlamento Europeu, em 2022, as transferências normais deixaram cerca de 200 mil milhões de euros bloqueados por dia na economia.
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