5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 8 Março 2024

Partidos avançam para último dia de campanha. Há dados do PIB, emprego e fosso salarial entre mulheres e homens no Eurostat. E dados sobre transportes e indústria no INE.

É o último dia de campanha rumo às eleições de 10 de março. O Eurostat dá detalhes sobre a estagnação da economia da Zona Euro e a evolução do mercado de trabalho na Zona Euro. Em dia da Mulher, também revela o fosso salarial entre géneros. Por cá, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga a atividade de transportes e o volume de negócios na indústria.

Último dia de campanha para as eleições

Os candidatos à Assembleia da República têm um último dia de campanha para andar na rua e tentar convencer os portugueses. As eleições estão marcadas para domingo. Sábado é dia de reflexão e os partidos estão proibidos de fazerem ações políticas.

PIB e emprego no Eurostat

O Eurostat dá mais detalhes sobre a evolução da economia e do mercado de trabalho da Zona Euro no último trimestre do ano passado. O PIB da região da moeda única teve uma variação nula no final de 2023.

Quanto é que os homens ganham a mais que as mulheres?

No dia da Mulher, o Eurostat também adianta dados sobre o fosso salarial entre géneros. Em 2021, os rendimentos das mulheres eram em média 12,7% mais baixos do que dos homens na União Europeia. Como estamos a evoluir?

INE divulga atividade nos transportes e na indústria

O INE divulga vários indicadores incluindo a atividade dos transportes e o volume de negócios na indústria. Além disso, também apresenta estatísticas sobre o rendimento e as condições de vida.

EUA revelam emprego

Do outro lado do Atlântico, são divulgados dados sobre a criação de empregos na maior economia do mundo. Em janeiro, a mercado de trabalho nos EUA superou as estimativas, com 253 mil postos criados. Em relação a fevereiro, os analistas esperam que tenham sido adicionados 198 mil empregos.

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LALIGA sublinha que o papel das mulheres no futebol profissional tem vindo a aumentar “graças às políticas de apoio à diversidade, à igualdade e à inclusão”

  • Servimedia
  • 8 Março 2024

LALIGA aproveitou esta sexta-feira o Dia Internacional da Mulher para destacar dez factos relevantes sobre o papel que as mulheres desempenham na indústria do desporto, especificamente no futebol.

Para começar, recorda que 37% do Comité de Direção da LALIGA são mulheres. No total, há sete administradoras neste órgão, um número relevante se tivermos em conta que a média das empresas do Ibex 35 é de 16,5%, de acordo com os dados publicados no Relatório II 2023 ‘Women in key positions in Ibex 35 companies’.

Indica ainda que existem quatro clubes LALIGA presididos por mulheres. Atualmente, Amaia Gorostiza, SD Eibar; Layhoon Chan, Valencia CF; Marián Mouriño, RC Celta e Sophia Yang, Granada CF, são as quatro mulheres presidentes de clubes ou sociedades da LALIGA EA Sports.

A par delas, outras mulheres ocupam cargos importantes, como Laura Valdeolivas, CEO da Legends, The Home of Football presented by LALIGA. A sua chegada ao projeto, do qual a LALIGA e a UEFA são parceiros, visa impulsionar o crescimento do projeto a nível nacional e internacional.

Destaca ainda que há doze clubes da LALIGA com uma equipa profissional na Liga F e 85% dos clubes da LALIGA têm uma equipa profissional feminina. No total, há 330 jogadoras profissionais nesta competição e mais de 92.000 mulheres federadas, um número que duplicou nos últimos dez anos.

O Plano de Melhoria e Otimização das Equipas Jovens, no âmbito do LALIGA Impulso, inclui objetivos para o crescimento do futebol de base feminino. No segundo ano do Plano, registaram-se progressos significativos na criação e desenvolvimento de equipas juvenis femininas: 85% dos clubes já têm equipas femininas criadas ou em processo de criação nas suas equipas juvenis.

A LALIGA mantém o seu “compromisso com o futebol feminino”. Desde 2015, a LALIGA tem investido esforço e dedicação profissional no seu desenvolvimento e promoção. Em 2022, a LALIGA assinou um acordo com a Liga F para reforçar o seu crescimento e profissionalização, prestando aconselhamento e serviços em áreas como o marketing e a venda de direitos audiovisuais, entre outros.

Além disso, promove o futebol feminino a nível mundial. Assinou acordos de colaboração e intercâmbio de conhecimentos com várias ligas femininas de todo o mundo, como a Nigeria Women Football League, na Nigéria, e a Nadeshiko League, no Japão, entre outras.

Além disso, existe uma equipa feminina na Academia LALIGA. Esta época, foi criada uma equipa feminina sub-17 com 18 jogadoras, muitas das quais receberam bolsas de estudo da EA Sports no âmbito do projeto FC Futures. Além disso, há jogadoras de todo o mundo a treinar nos projectos da LALIGA em países como a Índia, o Brasil, os Emirados Árabes Unidos e a China.

Além disso, há 184 mulheres na LALIGA Genuine. A primeira liga do mundo para pessoas com deficiência intelectual, criada pela Fundação LALIGA, conta com quase 200 mulheres nas suas fileiras, incluindo jogadores profissionais e membros da equipa técnica.

Por último, quase 20% dos estudantes da LALIGA Business School são mulheres. Desde a sua criação em 2018, o número de estudantes do sexo feminino duplicou, passando de 7% para 18%.

Sem esquecer que há três jogadoras de futebol que ajudam a levar mais longe os programas da LALIGA e servem para inspirar as futuras gerações de raparigas que podem ver nelas uma referência. Vero Boquete, Aintzane Encinas e Anaïr Lomba são as três embaixadoras, para além das sete mulheres que dão voz às emissões televisivas da LALIGA.

Além disso, a Fundação LALIGA desenvolve projetos em todo o mundo que tentam ajudar as raparigas e as mulheres, tornando-as visíveis, capacitando-as e dando-lhes recursos para as ajudar na sua vida quotidiana, sempre através dos valores do futebol.

Com esta premissa, são levados a cabo projecos como La Ligue d’Egalité (Camarões), a primeira liga do país que forma raparigas e treinadores e lhes permite jogar numa competição sócio-desportiva regular. Também o projeto LALIGA Za’atari, no campo de refugiados na Jordânia, ou a Liga Rural de Anantapur (Índia), onde o crescimento das mulheres tem sido muito importante nos últimos anos.

UM CAMINHO A PERCORRER

Em contraste com estes números estão os publicados pelo III Estudo “As mulheres na formação em gestão no domínio do desporto”, apresentado pela LALIGA Business School e pela Associação Espanhola de Mulheres, Executivos e Desporto (Aemed), que indicam a necessidade de continuar a trabalhar neste aspeto. Apenas 22% dos estudantes que frequentam os mestrados em gestão e administração do desporto são mulheres. Em contrapartida, uma estatística animadora publicada pelo estudo mostra que a taxa de empregabilidade das mulheres (87%) é superior à dos homens (84%) no setor.

Estes são alguns dos números que demonstram que a presença das mulheres no setor está a aumentar e, sobretudo, que estas estão a desenvolver cada vez mais funções mais relevantes. A LALIGA continuará a lutar para quebrar as barreiras de género num setor que, apesar de predominantemente masculino, começa a ter um futuro muito mais igualitário.

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73% das portuguesas consideram não haver políticas de igualdade salarial no local onde trabalham

  • ECO
  • 8 Março 2024

Disparidade salarial entre homens e mulheres é impeditiva da capacitação financeira que 76% das portuguesas desejam alcançar, indica estudo da Mastercard.

A propósito do Dia Internacional da Mulher, que se comemora hoje (8 de março), a Mastercard deu a conhecer as conclusões de um estudo acerca da relação das Mulheres com as suas finanças. Segundo o estudo, apenas 27% das mulheres portuguesas acreditam que o seu local de trabalho tem políticas encorajadoras ao nível da igualdade salarial ou políticas de pensões.

Em Portugal, 71% das mulheres procuram mais informação e orientação para as ajudar a gerir melhor as suas finanças e a maioria, 83%, dizem valorizar a transparência e honestidade quando se trata de discutir esta temática.

Mais de um terço (36%) sente que dedica menos tempo à gestão da sua vida financeira do que a tratar de outras tarefas, enquanto nos homens 33% partilham da mesma opinião.

A principal razão apontada (35%) é o facto de sentirem que não têm dinheiro suficiente para poupar ou investir em qualquer coisa, além do pagamento das despesas do dia-a-dia e 48% verifica o seu saldo bancário todos os dias.

Mulheres e Finanças, estudo Mastercard

A importância do empoderamento financeiro

A maioria das mulheres portuguesas (76%) concorda com a importância de se sentirem financeiramente capacitadas e terem o controlo total do seu dinheiro. Mais de metade (59%), considera que esse empoderamento financeiro aumentou substancialmente a sua autoconfiança, mas apesar disso ainda existe uma percentagem expressiva (33%) que descreve o momento atual do seu empoderamento financeiro como algo que não é mais do que o sentimento negativo ao verificar o seu saldo bancário.

Além disso, mais de metade (58%) demonstra preocupações quando se trata de falar abertamente acerca das suas finanças pessoais devido à exposição da sua privacidade e quase um terço (29%) das mulheres refere ter receio de julgamento se discutir as suas finanças. Por outro lado, 40% refere que em Portugal não se fala de finanças pessoais abertamente.

Para 41% das mulheres fica muito claro que a disparidade salarial entre homens e mulheres é impeditiva da capacitação financeira, opinião que é partilhada por apenas 25% dos homens.

Finanças pessoais e ferramentas digitais

Apesar de a nível europeu, incluindo no território português, as mulheres perceberem cada vez mais a utilidade das ferramentas digitais e da IA na gestão das suas finanças, só uma percentagem muito diminuta as utiliza (7%). Já 23% afirmam conhecê-las mas gostariam de ter mais informação e 27% não o faz mais por não saber por onde começar.

Entre as apps financeiras mais utilizadas estão as calculadoras de poupança (19%), seguidas de apps de orçamentação (18%) e gestão de dinheiro (14%).

Em termos de educação financeira, menos de um terço (25%) compreende o conceito de hipotecas, face a 33% dos homens, e apenas 37% refere estar confortável a lidar com este tema, versus 44% dos homens. Já quando o assunto são as pensões, 32% dizem estar informadas, uma percentagem ligeiramente inferior face ao universo masculino (35%) e 72% planeia mesmo tomar decisões mais esclarecidas e inteligentes com os seus rendimentos para criar riqueza

Redes sociais são fonte de aconselhamento

Segundo o estudo da Mastercard, as mulheres portuguesas consideram as redes sociais (44%) como uma ótima fonte de informação financeira. Os resultados seguem a tendência das principais conclusões a nível europeu, que demonstram que uma maioria expressiva refere procurar e ver este conteúdos no Youtube(77%), Instagram (64%) e Tik Tok (62%) para aumentar os seus conhecimentos.

As mulheres de nacionalidade polaca (75%), francesa (69%) e inglesa (69%) consideram, na sua grande maioria, o Tik Tok como sendo uma fonte eficaz de informação, enquanto as suíças e austríacas ficam pelos 54% e 50% respetivamente.

35% das mulheres portuguesas dizem que gastam o que ganham todos os meses e por isso não têm dinheiro para poupar ou investir e 48% verifica o saldo todos os dias

Já quando querem tomar uma decisão financeira, as mulheres portuguesas e espanholas continuam a contar com o aconselhamento de amigos ou da família (57% e 56% respetivamente), por contraste com as mulheres de nacionalidade belga (39%) e francesa (35%) que se sentem menos apoiadas pelos mesmos.

Maria Antónia Saldanha, Country Manager da Mastercard em Portugal, sublinha a propósito destas conclusões que “nos últimos anos, temos verificado avanços positivos em direção à paridade salarial das mulheres, mas ainda há muito para ser feito. Desde logo, porque apenas uma em cada quatro mulheres se sente apoiada financeiramente no local de trabalho. Temos, por isso, de aproveitar o Dia Internacional da Mulher para trazermos este tema para o centro das atenções porque há uma oportunidade clara para continuarmos os nossos esforços para elevar o empoderamento financeiro das mulheres e garantir que as desigualdades no local de trabalho estão a ser corrigidas.

Na Mastercard, estamos focados em projetar um mundo melhor para as mulheres, no nosso local de trabalho e na sociedade. Isto inclui garantir a igualdade de remuneração, expandir as oportunidades para as trabalhadoras, apoiar as proprietárias de pequenas empresas e startups e inspirar carreiras STEM para as jovens, a fim de capacitar a próxima geração de mulheres.”

O Compromisso da Mastercard com a inclusão financeira

Em 2020, a Mastercard comprometeu-se a trazer mil milhões de pessoas e 50 milhões de pequenas e médias empresas para a economia digital até 2025. Este compromisso inclui apoiar 25 milhões de mulheres empresárias através de soluções que as possam ajudar a expandir os seus negócios. Até hoje, a Mastercard apoiou mais de 27 milhões de mulheres empreendedoras, superando a meta de 25 milhões até 2025. Na manhã do próximo dia 12 de março, a Mastercard vai apresentar nos seus escritórios o estudo “Mulheres e Finanças” e organizar uma mesa-redonda para debater as principais conclusões.

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Menos impostos e burocracia, com fundos europeus voltados para a economia. O que os empresários querem do novo governo

As associações empresariais defendem uma aposta no reforço da competitividade e uma aposta nas exportações, argumentando que a redução do IRC e do IRS pode ajudar a dinamizar a economia.

Sem falar num “choque fiscal”, os porta-vozes das principais associações empresariais do país são unânimes: é preciso baixar a carga fiscal para famílias e para empresas. Além da vertente fiscal, realçam a importância de repensar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o PT2030 e alocar uma maior fatia destes fundos à economia, apostando na inovação e na tecnologia, para reforçar a produtividade e a competitividade das empresas nacionais.

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro, reconhece que as propostas apresentadas pelos principais partidos têm mais economia, do que aconteceu em campanhas legislativas anteriores. Ainda assim, o representante dos partidos avisa que “é importante que esta discussão se faça de forma séria” e mais do que debitar medidas é preciso mostrar como se vai chegar lá, alerta.

Ao próximo Governo, os patrões pedem um conjunto de medidas que sejam capazes de dinamizar a competitividade da nossa economia e atrair investimento, sublinhando, desde logo, a necessidade de reduzir impostos. “Ser competitivo não é ter uma taxa de IRC de 31% e progressiva“, aponta Armindo Monteiro, em entrevista ao ECO. A CIP, no seu Pacto Social que apresentou aos partidos, defende a criação, de uma forma faseada até 2025, de uma taxa única de IRC de 17%, como medida para estimular e atrair o investimento.

Armindo Monteiro, presidente da CIP, em entrevista ao ECO - 15DEZ23
Armindo Monteiro, presidente da CIP, defende a redução do IRS e do IRC para aumentar o investimento.Hugo Amaral/ECO

Ainda no plano fiscal, os patrões defendem também um alívio da carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho. “Não podemos tributar apenas os rendimentos do trabalho, porque isso está claramente a penalizar os criadores de emprego, que é o que acontece hoje”, justifica em entrevista ao ECO. Em contrapartida, pede uma redução da Taxa Social Única (TSU).

A CIP propõe uma redução da TSU, de 23,75%, sobre as empresas, embora não indique valores. Mas vai mais além e quer também uma diminuição dos descontos, de 11%, que recaem sobre os trabalhadores. “Tem que conseguir-se reduzir o IRS e o IRC, mas com um objetivo. E para mim o objetivo é aumentar o investimento“, argumenta.

Não podemos tributar apenas os rendimentos do trabalho, porque isso está claramente a penalizar os criadores de emprego, que é o que acontece hoje.

Armindo Monteiro

Presidente da CIP

Mas estas são apenas algumas das 30 medidas propostas pela CIP aos governantes. Questões como isentar de IRS os primeiros 100 mil euros ganhos por um jovem até aos 35 anos, criar o 15º mês com neutralidade fiscal, implementar um regime de apoio à exportação ou desburocratizar são outras das medidas incluídas neste Pacto Social.

Tal como a CIP, também a Confederação do Comércio e Serviços (CCP) é favorável a uma redução da TSU, defendendo que o Estado deveria taxar o lucro das grandes empresas para ajudar a pagar pensões. “A CCP tem uma proposta de incorporar uma parte que incidisse sobre o valor acrescentado líquido (VAL)” na diversificação das fontes de financiamento do sistema previdencial, afirmou o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, ao ECO.

João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), em entrevista ao ECO - 27FEV24
João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), defende que se taxe o lucro das grandes empresas para pagar pensões.Hugo Amaral/ECO

“Neste momento, praticamente, só as áreas de mão-de-obra intensiva é que sustentam a Segurança Social com a Taxa Social Única (TSU). Ora, a estrutura da economia está-se alterar e é preciso encontrar aqui equilíbrios, mas não ser maximalista. Esta é uma questão estratégica para o país”, sustentou Vieira Lopes. A confederação dos patrões defende a criação de uma taxa de 5,4% sobre o VAL, taxa essa que permitiria uma redução da TSU a cargo dos patrões de 23,75% para 13,75%.

Para o líder da CCP considera fundamental “incentivar com benefícios fiscais diretos e mais claro para o investimento privado, para que os empresários coloquem capitais próprios nas empresas”.

É preciso resolver o problema da capitalização, continuamos com as empresas dependentes da banca e a fiscalidade ainda continua, em muitas situações, a ser muito mais favorável a recorrer à banca do que investir na capitalização.

João Vieira Lopes

Presidente da Confederação do Comércio e Serviços

“É preciso resolver o problema da capitalização, continuamos com as empresas dependentes da banca e a fiscalidade ainda continua, em muitas situações, a ser muito mais favorável a recorrer à banca do que investir na capitalização”, reforçou, lamentando, que neste aspeto, “nenhum partido tem propostas muito radicais”. E acrescenta: “Os programas são uma desilusão”.

A Associação das Empresas Familiares refere que Portugal não precisa de um choque salarial, nem fiscal. “Precisa é de um choque de ambição. Temos de ter o objetivo de crescer 3 ou 4% ao ano, de forma sustentada, com outros países da Europa”, destaca Peter Villax, presidente da Associação das Empresas Familiares. Para o conseguir, o responsável sugere uma “colaboração” entre Governo e empresários.

Se fosse primeiro-ministro eleito no próximo mês, convidava os 100 presidentes das maiores empresas portuguesas e dizia: vamos trabalhar em conjunto para pôr este país a crescer. O que vocês querem? O que eu quero em termos de Estado Social, de receita fiscal, de serviços? O que é que vocês podem oferecer e o que precisam para chegar ao objetivo de crescemos 3 ou 4% ao ano.

Peter Villax

Presidente da Associação das Empresas Familiares

“Se fosse primeiro-ministro eleito no próximo mês, convidava os 100 presidentes das maiores empresas portuguesas e dizia: vamos trabalhar em conjunto para pôr este país a crescer. O que vocês querem? O que eu quero em termos de Estado Social, de receita fiscal, de serviços? O que é que vocês podem oferecer e o que precisam para chegar ao objetivo de crescemos 3 ou 4% ao ano”.

Peter Villax destaca ainda que “temos de olhar para as empresas como centros de criação de riqueza, prosperidade e emprego. São as empresas que fazem rodar a economia”. Dito isto, Peter Villax realça que “se ficássemos à espera do resultado das eleições abriríamos falência no fim do mês”. “As empresas têm de continuar, independentemente dos governos, porque a economia não pára e nós não paramos”.

Luis Miguel Ribeiro, presidente da AEP, em entrevista ao ECO - 13SET22
Luis Miguel Ribeiro, presidente da AEP, realça que os empresários precisam de um quadro governativo estável.Ricardo Castelo/ECO

A interrupção de um Governo em funções, qualquer que ele seja (e neste caso até estávamos perante um quadro com maioria parlamentar), com a consequente realização de eleições antecipadas, é sempre um fator gerador de instabilidade interna e de imprevisibilidade, o que não é positivo para o mundo dos negócios”, defende o presidente do conselho de administração da AEP, Luís Miguel Ribeiro.

“Os empresários precisam de contar com um quadro governativo estável, que permita assegurar políticas públicas promotoras de uma envolvente favorável ao bom desenvolvimento da atividade empresarial, algo que os empresários não têm sentido”, reforça o mesmo responsável, em respostas escritas ao ECO.

Quanto a medidas concretas, “A AEP defende uma mudança na cultura da governação da economia portuguesa, que impulsione a produtividade e a competitividade, onde a política fiscal atrativa para o investimento e para as pessoas deve fazer parte”, explica Luís Miguel Ribeiro. “Por maiores que sejam as remunerações brutas praticadas pelas empresas, a pesada e progressiva carga fiscal que incide sobre o trabalho reduz brutalmente a remuneração líquida dos trabalhadores e é um forte desincentivo aos mais qualificados, em geral com maiores níveis de remuneração bruta”, reforça.

O presidente do conselho de administração da AEP enumera ainda um conjunto de medidas que faziam parte do Orçamento do Estado para 2024 e que a associação considera “relevantes”, tais como a redução progressiva da taxa de IRC, para 17% até 2025; a redução significativa da tributação sobre o trabalho (IRS e Segurança Social), em particular nos jovens; ou a implementação de políticas adequadas no financiamento do investimento e na capitalização das empresas, nomeadamente através do Banco Português de Fomento e a alocação célere e imediata dos fundos europeus prioritariamente para as empresas.

Quem estiver a governar terá que criar condições para que o país se possa desenvolver e exportar mais.

Gualter Morgado

Diretor executivo da APIMA

Gualter Morgado, diretor executivo da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA), alinha com as restantes associações e pede medidas fiscais que permitam aliviar a carga dos impostos sobre as empresas e sobre os trabalhadores. “Quem estiver a governar terá que criar condições para que o país se possa desenvolver e exportar mais“, defende.

Por outro lado, o representante do setor do mobiliário pede uma “simplificação das cargas burocráticas a que estão sujeitas as empresas. Temos mais pessoas não produtivas a responder a inquéritos e a prestar a mesmo informação a várias entidades governamentais”, aponta.

Ainda assim, Gualter Morgado comenta que com uma “conjuntura internacional tão instável e tão complicada, as eleições não são o que mais nos preocupa”. “Já temos que ter em conta tantas adversidades a nível internacional, que isso já é o nosso mal menor“, remata.

Ao contrário da APIMA, Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP (Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal), mostra-se preocupado com a estabilidade governativa do país, argumentando que “deveriam ser privilegiados acordos ao centro” para viabilizar o governo.

Uma das prioridades do novo Executivo, diz a AIMMAP, deverão ser os fundos europeus. “Tem que ser reposta a ordem na execução do PRR e do PT2030. É preciso canalizar os fundos para a economia e não para financiar o Orçamento do Estado“.

Tem que ser reposta a ordem na execução do PRR e do PT2030. É preciso canalizar os fundos para a economia e não para financiar o Orçamento do Estado.

Rafael Campos Pereira

Vice-presidente executivo da AIMMAP

O setor dos metais defende “aliviar os impostos sobre o rendimento, para aumentar as retribuições líquidas dos trabalhadores e estimular o crescimento da produtividade. Se aumentar o rendimento líquido das famílias, isto vai estimular o trabalho“. Já a “reforma do IRC é importante”, mas deve privilegiar-se as empresas que investem”.

Foi a pior altura para o Governo cair. É uma perda enorme para o país. Temos um PT2020 para encerrar, um PRR em velocidade cruzeiro e o PT2030 para começar. Esta malta não gosta do país”, acrescenta César Araújo, presidente da ANIVEC (Associação Nacional das Industrias de Vestuário e de Confecção). “Retrocederam anos quando estávamos numa velocidade cruzeiro. Era a última coisa que a população portuguesa e o setor económico merecia”, refere.

 

Não há desenvolvimento de um país sem economia. Podem querer dar casas, aumentar salários, saúde, podem querer tudo, mas sem desenvolver uma economia forte, robusta, não vão a lado nenhum.

César Araújo

Presidente da ANIVEC

Aos novos decisores pede-lhes que “pensem economia. Não há desenvolvimento de um país sem economia. Podem querer dar casas, aumentar salários, saúde, podem querer tudo, mas sem desenvolver uma economia forte, robusta, não vão a lado nenhum“.

“Premiamos o pequeno. Temos que criar empresas de raiz portuguesa que possam competir a nível global. Não podemos excluir as empresas que têm mais de 250 trabalhadores e torná-las grandes empresas. Não são grandes empresas”, aponta, referindo que é preciso mudar o critério de identificação do que são as pequenas e médias empresas.

“A existir um empate técnico vamos andar aos trambolhões. Um ano aos trambolhões. Vamos perder anos” de desenvolvimento, antecipa César Araújo.

Álvaro Mendonça e Moura, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), em entrevista ao ECO - 04MAR24
Álvaro Mendonça e Moura, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

Álvaro Mendonça e Moura, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), lamenta a ausência da discussão de temas relacionados com a agricultura na campanha. Questionado sobre qual a primeira medida que gostaria de ver adotada pelo próximo Governo, Álvaro Mendonça e Moura não hesita: “A primeira medida era a nomeação de um ministro ou de uma ministra da Agricultura forte”, seria “um sinal de que o novo Governo, seja ele qual for, pretende que a agricultura seja um setor realmente estratégico para o país”.

“Sei é exatamente o perfil de pessoa que é necessário: uma pessoa que conheça a agricultura em profundidade, que tenha o apoio político do primeiro-ministro dentro do Governo, porque a agricultura não se faz só do Ministério da Agricultura, mas da relação com o Ministério do Ambiente, da Economia, e até com o Ministério da Administração Interna, por causa das questões de segurança. Depois tem de ser alguém apoiado pelo primeiro-ministro que tenha possibilidade de ter uma posição assertiva forte nas discussões a nível europeu”

A CAP enquanto parceiro social sublinha a importância de se discutir a sustentabilidade da Segurança Social, um tema que não teve o destaque devido nos debates dada a sua “importância estratégica”. Álvaro Mendonça e Moura gostaria de ver reaberta a discussão da redução da Taxa Social Única (TSU), “mas tem de ser visto de uma forma equilibrada”. “Julgo que é tempo de os governos, em sede de Concertação Social, discutirem com os parceiros sociais sem medo. Como é que podemos baixar a TSU sem pôr em causa a Segurança Social. Esse é um diálogo que espero que o Governo futuro, seja qual for, traga para a mesa da concertação social, com ambição, com coragem. Mas tem de ser discutida em sede de Concertação Social”, diz Mendonça e Moura.

Ainda em matéria fiscal, a Associação Portuguesa de Contribuintes desafia “os protagonistas políticos da próxima legislatura a assumirem o compromisso de nunca implementar medidas que conduzam ao aumento da receita fiscal, em novos impostos ou em impostos existente, sem que tenham sido devidamente ponderadas e privilegiadas medidas do lado da despesa, com impacto orçamental equivalente.

“Em benefício da transparência, desafiamos igualmente a que qualquer proposta de medidas que conduzam ao aumento da receita fiscal seja acompanhada de um enquadramento das medidas do lado da despesa que foram equacionadas e o racional que impediu a sua implementação em detrimento da medida com impacto no aumento da receita fiscal”, acrescenta a mesma associação.

A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) publicou um conjunto de 14 medidas que queria que o governo implementasse, propostas direcionadas para o setor em específico e para as empresas em geral. No que diz respeito ao setor, a AHRESP pede, por exemplo, a reposição integral a todas as bebidas sem exceção da taxa intermédia do IVA, imposto que ainda exclui os refrigerantes e as bebidas alcoólicas, taxadas a 23%.

Por outro lado, gostaria de ver uma “redução da carga fiscal sobre a atividade de Alojamento Local (AL), que, por via da legislação do pacote Mais Habitação, é obrigada a pagar a nova contribuição extraordinária sobre os apartamentos e estabelecimentos de hospedagem integrados numa fração autónoma de edifício em Alojamento Local (CEAL).

Ao nível da coesão social, a associação defende um programa de dinamização à economia nos territórios de baixa densidade, a reversão/suspensão total da aplicação das medidas relativas ao AL do pacote Mais Habitação e um programa para promover a dinamização de produtos regionais/locais.

No setor agroalimentar, a FIPA defende que o país necessita de ter uma visão clara para a criação de uma rede de infraestruturas sólida e competitiva, particularmente ao nível portuário, de forma a garantir o regular abastecimento de matérias-primas e o regular fluxo de exportações, e reforçar as capacidades necessárias para a criação de stocks de segurança. A redução da dependência externa no abastecimento de matérias-primas deverá ser uma prioridade, argumenta.

A FIPA realça ainda que a “conjuntura, nacional e internacional é desafiante e embora os números deixem perceber um incremento ao nível das exportações o setor ambiciona mais. Para tal é necessário um maior empenho no eliminar de barreiras alfandegárias em várias latitudes”, refere em comunicado.

“Nesta ronda pelos partidos políticos ficou lançado, entre outros, o desafio de enquadramento, durante a próxima legislatura, dos produtos alimentares na taxa reduzida de IVA, 6%. Acreditamos, por isso, que o setor será finalmente compreendido e as suas reivindicações atendidas. Afinal, numa economia mundial bastante agressiva, a indústria agroalimentar que opera em Portugal dá cartas e pode contribuir para o equilíbrio da respetiva balança comercial”, conclui Jorge Henriques, presidente da FIPA.

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O francês, o consórcio do português e os sauditas. Quem são os candidatos à compra da Meo?

Grupo Iliad de Xavier Niel, um consórcio que envolve António Horta Osório e a operadora estatal saudita STC são os três principais candidatos à compra dos ativos da Altice em Portugal.

Fotomontagem com António Horta Osório, Xavier Niel e Olayan Mohammed AlwetaidPaula Nunes / François Tancré / STC

Os contornos da venda da Altice Portugal são pouco claros: Patrick Drahi, dono do grupo Altice, tem gerido o processo longe dos holofotes e está a pedir 8.000 milhões a 10.000 milhões de euros pelos ativos neste mercado, escrevem as agências internacionais. Perfila-se, assim, para ser o maior negócio luso deste ano. Mas quem poderá querer comprar a dona da Meo?

Os fundos Apollo Global Management e CVC Capital Partners já terão desistido do negócio e três interessados destacam-se por continuarem na corrida: o grupo Iliad, a Saudi Telecom (STC) e um consórcio liderado pela Warburg Pincus que envolve o antigo banqueiro António Horta Osório e um investidor português que se estreou no ano passado no sigiloso Clube de Bilderberg.

Contactadas pela imprensa internacional, nenhuma das partes tem feito comentários — até porque, oficialmente, a Altice Portugal não confirma estar a trabalhar na venda. Mas os três nomes, que a Bloomberg noticiou no princípio de fevereiro terem passado à fase seguinte da venda, mostram que são possíveis sinergias com outras empresas do setor, porém, não isentas de desafios.

Um negócio que fala francês

O grupo Iliad tem um peso relevante no panorama europeu das comunicações. A sede é em França, onde opera sob a marca Free, mas também está presente noutros mercados do continente, nomeadamente Itália e Polónia. Emprega cerca de 17.400 pessoas e presta serviços a 47,8 milhões de subscritores ativos.

Em 2022, gerou receitas de 8,4 mil milhões de euros, um crescimento a dois dígitos. Ainda não apresentou os resultados do ano completo de 2023 (vai fazê-lo no próximo dia 14), mas as receitas consolidadas subiram 10,1% nos primeiros nove meses de 2023, em comparação com o ano anterior, atingindo 6,8 mil milhões. Para tal contribuíram os aumentos de 12,5% em Itália, 8,3% em França e 4,4% na Polónia.

Fonte: Relatório financeiro – 3.º trimestre de 2023, Iliad Group

O Iliad foi fundado nos anos 90 por Xavier Niel, que tem sido o rosto desta proposta pelos ativos da Altice Portugal, noticiada em dezembro pela Bloomberg. Niel não é só um multimilionário francês. É genro de Bernard Arnault, o dono da marca Louis Vuitton e um dos homens mais ricos do mundo. Atualmente, ocupa o cargo de chairman da companhia. Thomas Reynaud, ex-diretor-geral de telecomunicações e media da Société Génerale, é CEO desde 2018.

Niel tem ambições de expansão na Europa: já por duas vezes tentou unir esforços com a Vodafone Itália, porém, sem sucesso. Primeiro em 2022, quando apresentou uma proposta através de um consórcio que liderava. A mais recente tentativa caiu por terra já neste ano de 2024.

Nos termos da proposta revista, originalmente apresentada em dezembro, Xavier Niel pretendia constituir uma joint venture detida a meias pela Iliad e pela Vodafone. A Vodafone receberia 6,6 mil milhões de euros em cash e um empréstimo acionista de dois mil milhões, o que avaliava a Vodafone Itália em 10,45 mil milhões de euros. Por sua vez, o grupo Iliad receberia 400 milhões em cash e um empréstimo acionista de dois mil milhões, ficando o negócio em Itália avaliado em 4,25 mil milhões.

Contudo, no dia 31 de janeiro, a Vodafone recusou. “O Grupo Vodafone falhou na aceitação desta oferta. (…) O grupo Iliad está confiante de que a oferta atual era a melhor combinação possível para beneficiar o mercado italiano em dificuldades e a indústria de telecomunicações”, notou a empresa num comunicado. Entretanto, soube-se que a Vodafone está a negociar a venda em Itália aos suíços da Swisscom.

Contactada pelo ECO sobre o alegado interesse na Altice Portugal, fonte oficial disse que o grupo Iliad “não comenta rumores do mercado”.

Xavier Niel, chairman do grupo IliadEPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

Em Portugal, onde se perspetiva a entrada dos romenos da Digi, as empresas já estabelecidas, principalmente a Vodafone, têm sido bastante vocais ao declararem que o mercado português não tem dimensão suficiente para abarcar cinco operadoras (Meo, Nos, Vodafone, Nowo e Digi). Isso é sinónimo de consolidação, que é precisamente o que a Vodafone está a tentar fazer ao propor comprar a Nowo. Mas a operação está retida na Autoridade da Concorrência, porque a Vodafone ainda não conseguiu convencer o regulador de que tem solução para mitigar eventuais ameaças à concorrência.

A compra da Altice Portugal pela Iliad não ajudaria, diretamente, a resolver esse problema. Mas, enquanto player do setor, o grupo Iliad poderia dar nova dinâmica a um mercado que apresenta ofertas pouco diversificadas. Além disso, o ex-presidente da Anacom, João Cadete de Matos, disse em dezembro de 2023, quando ainda estava em funções, que “a Meo não tem investido ao mesmo ritmo” que a Nos e a Vodafone no 5G (as declarações foram muito criticadas pela presidente executiva da Altice Portugal, Ana Figueiredo).

Sinergias com Espanha via Médio Oriente

A Saudi Telecom (STC), liderada por Olayan Mohammed Alwetaid, também é candidata à compra dos ativos da Altice em Portugal. A empresa estatal da Arábia Saudita quer ter influência no mercado europeu e até já pôs uma estratégia em marcha, tendo comprado, no ano passado, 4,9% das ações da Telefónica em Espanha, destronando o banco BBVA e tornando-se no maior acionista. Além disso, comprou outros 5% em instrumentos derivados, mas ainda aguarda aprovação para conseguir exercer os respetivos direitos de voto.

As possíveis sinergias entre Portugal e Espanha foram notícia no país vizinho esta semana, com o jornal El Economista a sinalizar, citando fontes anónimas, que o grupo de Riade pretende “criar uma aliança ibérica na qual convergiriam os seus possíveis ativos na Altice Portugal com os da Telefónica”. O ECO já tentou chegar ao contacto da STC, mas sem sucesso.

O principal obstáculo é geopolítico. Em Espanha, a entrada da STC no capital da Telefónica foi uma operação feita em segredo e apanhou todo o mercado de surpresa. Além disso, com a STC a pretender chegar aos 9,9% dos direitos de voto na Telefónica, o Governo espanhol viu-se obrigado a intervir, anunciando depois a intenção de comprar 10% da operadora com dinheiros públicos para tentar blindar a empresa.

Em causa está a elevada importância estratégica das redes de telecomunicações numa economia cada vez mais digital. E Portugal não é exceção, com a Altice Portugal a deter importantes ativos, como o centro de dados da Covilhã, pontos de amarração de cabos submarinos ou, por exemplo, a ser a principal prestadora de serviços do SIRESP, a rede de comunicações de emergência do Estado, pela qual passa informação crítica para a segurança nacional.

Sauditas da STC tornaram-se nos maiores acionistas da Telefónica em setembro de 2023EPA/YAZEED ALDHAWAIHI

Tal como em Espanha, a lei portuguesa confere algum poder de intervenção ao Governo nesta matéria e, apesar de o país estar em período de eleições legislativas, Mário Campolargo, secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, já sinalizou, sem mencionar diretamente a STC, que o Executivo português, “respeitando as normas de direito, tomará uma decisão impactante que contrarie uma compra por algum investidor que não cumpra o quadro regulamentar do quadro europeu”, afirmou ao Jornal de Negócios.

Mas a própria Comissão Europeia poderia intervir. Fonte oficial de Bruxelas recusou ao ECO “comentar sobre transações individuais”, mas lembrou que existe um regulamento em vigor sobre Investimento Direto Estrangeiro que permite “identificar e dar resposta a potenciais ameaças à segurança ou ordem pública na União Europeia que possam ser causadas por certos investimentos”.

“Os Estados-membros e a Comissão avaliam, numa lógica caso a caso, se uma aquisição específica ameaça a segurança ou a ordem pública e, se assim for, sugerem medidas apropriadas para mitigar esses riscos”, continua a fonte oficial da Comissão Europeia, ressalvando que não está excluído proibir totalmente um determinado investimento se não for possível mitigar esses riscos.

O regresso da Portugal Telecom

O alegado interesse da Warburg Pincus nos ativos de telecomunicações da Altice Portugal foi tornado público em dezembro pelo Financial Times, que noticiou uma oferta de mais de seis mil milhões de euros por este conjunto de ativos. No entanto, segundo o jornal britânico, este investidor de private equity não vai a jogo sozinho, mas sim num consórcio com outra private equity, a Zeno Partners.

Mais surpreendente foi a notícia de que António Horta Osório, ex-banqueiro português com carreira internacional, está envolvido nesse projeto, e não apenas como consultor. O FT diz que o gestor poderia mesmo assumir um papel na empresa depois da compra. A poucos dias do Natal, o Expresso avançou que o consórcio da Warburg quer toda a Altice Portugal e tem um projeto para reativar a antiga marca Portugal Telecom.

Fundada em 1966, a Warburg Pincus diz ser a “mais antiga empresa de private equity” do mundo, gerindo ativos avaliados em 83 mil milhões de dólares. Anunciou em outubro ter conseguido levantar 17,3 mil milhões de dólares em capital para um novo fundo, “apesar do ambiente desafiante para a captação de fundos pelas empresas de private equity em geral”, a maior soma da sua história.

Se conseguisse comprar a Altice Portugal, não seria o primeiro negócio da Warburg Pincus no setor das telecomunicações. Em setembro de 2021, comprou, em conjunto com a Apax Partners, a operação da T-Mobile nos Países Baixos. A transação avaliou a operadora em 5,1 mil milhões de euros, que, em 2023, mudou de nome para Odido, mantendo-se no portefólio da Warburg.

Entre as empresas de telecomunicações em que a Warburg investiu encontram-se ainda a Vero, fornecedor independente de fibra ótica com sede em São Paulo, Brasil; a Viasat, ex-Inmarsat, baseada no Reino Unido, que fornece comunicações de alta velocidade por satélite; a Community Fibre, uma rede de fibra no mercado britânico; e a Circles.Life, operadora digital da Singapura, que também está presente em Taiwan e na Austrália.

O know-how da Warburg Pincus em telecomunicações estende-se ainda à própria gestão. O co-head da Warburg Pincus na Europa é René Obermann, que ocupou o cargo de presidente executivo da Deutsche Telekom entre 2006 e 2013.

Money Conference/EY - 22NOV19
O ex-banqueiro português António Horta OsórioHugo Amaral/ECO

Do lado da Zeno Partners, encontramos ADN português. Duarte Moreira, de nacionalidade portuguesa e suíça, é cofundador e CEO da empresa, que gere seis fundos, não tendo sido possível apurar o montante dos ativos sob gestão.

Duarte Moreira foi um dos convidados da reunião de Bilderberg que teve lugar em maio do ano passado em Lisboa. Ocupa também cargos de gestão em vários outros negócios, incluindo o de chairman do grupo Vangest, uma empresa de moldes da Marinha Grande, que partilha com a Zeno Partners parte do Conselho de Administração.

Nas últimas semanas, alguns rumores colocam o consórcio fora da corrida. Mas, a 20 de fevereiro, fonte familiarizada com o assunto disse ao ECO que a Warburg e a Zeno continuavam na corrida, sendo apoiadas pelo UBS.

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Portugal escapa a despedimentos na divisão de eletrodomésticos da Bosch

Grupo alemão assegura ao ECO que “Portugal não irá ser afetado porque conseguiu gerir o forte crescimento dos últimos anos sem aumentar a estrutura” da BSH, sediada em Lisboa com 126 trabalhadores.

A gigante alemã Bosch avançou com um plano de corte de custos na divisão de eletrodomésticos BSH que implica o despedimento de cerca de 3.500 pessoas até ao final de 2027, incluindo 1.000 já durante este ano. No entanto, o responsável desta unidade em Lisboa garante ao ECO que “Portugal não irá ser afetado por estas medidas”.

João Santos explica que a operação portuguesa “conseguiu gerir o forte crescimento dos últimos anos sem aumentar a sua estrutura”. “A operação local é extremamente eficiente e essencial para manter os elevados padrões de serviço que disponibilizamos aos nossos consumidores e clientes”, acrescenta o CEO da BSH Portugal.

A subsidiária portuguesa da BSH Eletrodomésticos, criada em 2022 quando foi transferida a comercialização dos eletrodomésticos da marca Bosch para a filial, está situada em Lisboa. Conta atualmente com 126 trabalhadores, distribuídos pelas áreas administrativa, de vendas e de serviços técnicos.

Portugal não irá ser afetado por estas medidas porque conseguiu gerir o forte crescimento dos últimos anos sem aumentar a sua estrutura.

João Santos

CEO da BSH Portugal

Fundada em 1967, a fabricante de eletrodomésticos Bosch und Siemens Hausgeräte (BSH) resultou de uma joint-venture entre as duas gigantes de origem alemã. No final de fevereiro, um porta-voz da empresa em Munique justificou a redução no número de empregos como um movimento para cortar custos, a fim de manter a competitividade e financiar investimentos.

“Os ajustes à estrutura da BSH que irão ocorrer nos próximos anos resultam das novas condições do mercado. Depois de fortes crescimentos dos mercados, tornou-se necessário reavaliar a estrutura organizacional por forma a reduzir custos e complexidade para fazer face a uma concorrência cada vez mais dinâmica e consumidores mais exigentes”, expõe João Santos, CEO da BSH Portugal.

Negócio afeta 1.200 na fábrica de Ovar

Com fábricas em Aveiro, Braga e Ovar, a Bosch fechou o ano de 2022 com vendas superiores a 2.000 milhões de euros em Portugal, 17% acima do período homólogo. No final desse ano, o último para o qual já divulgou resultados desagregados por país, empregava 6.500 pessoas, das quais 1.000 em Investigação & Desenvolvimento (I&D). A exportação para mais de 50 países assegurou 97% das vendas da filial, que é liderada por Carlos Ribas e planeava investir 200 milhões em 2023.

Em outubro, a multinacional colocou à venda a maior parte do negócio de produtos da divisão Building Technologies, prevendo afetar 4.300 colaboradores em mais de 90 localizações, incluindo cerca de 1.200 na fábrica de Ovar, especializada em sistemas de segurança. Nessa altura, Ribas frisou que a decisão tomada pela Bosch “nada tem a ver com o desempenho do negócio ou dos colaboradores, mas antes com a estratégia da empresa para o futuro”.

O representante da Bosch em Portugal prometeu que o grupo iria continuar a investir no país e a “trazer desenvolvimento e produção de tecnologias-chave para a empresa”. E logo na semana seguinte avançou com o anúncio de um investimento de 100 milhões de euros até 2026 para aumentar a produção de bombas de calor na fábrica de Aveiro e construir mais dois edifícios e novos laboratórios nesse complexo industrial.

A gigante alemã justificou este investimento com o facto de a fábrica de Aveiro, em conjunto com a de Eibelshausen (Alemanha) e a de Tranås (Suécia), ser “um elemento importante da rede europeia de desenvolvimento e produção de bombas de calor”. É na unidade portuguesa que está baseado o centro de desenvolvimento destes produtos para o sul da Europa.

No entanto, o “porta-aviões” do grupo em Portugal continua a ser a bracarense Bosch Car Multimedia, focada no desenvolvimento e produção de soluções de multimédia e sensores automóvel, e que acolhe também equipas de outras divisões da área da mobilidade. Pertence à divisão Automotive Electronics e em 2022 ocupou o quinto lugar na lista das maiores exportadoras nacionais, apenas atrás da Petrogal, da Autoeuropa, da Navigator e da vizinha minhota Continental Mabor.

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BCE dá passo em frente para cortar juros em junho

Ao deixar a porta bem aberta para aliviar a política monetária em junho, o BCE volta a colocar em cima da mesa o cenário de as taxas de juro baixarem para 3% até ao final do ano.

O Banco Central Europeu (BCE) e Christine Lagarde foram surpreendentemente mais brandos do que o esperado na reunião desta quinta-feira, deixando bem vivas as expetativas dos mercados e generalidade dos economistas de que o ciclo de alívio da política monetária vai começar em breve e poderá contemplar quatro cortes de juros este ano, o que deixará a taxa dos depósitos nos 3% em dezembro.

O banco central reduziu as estimativas para o crescimento económico da Zona Euro (PIB cresce apenas 0,6% este ano) e, mais relevante, baixou a previsão da inflação de 2025 para 2%, em linha com a meta do banco central. O comunicado com a decisão do BCE contém alterações apenas ligeiras, mas também dá um passo em frente em direção à inversão da política monetária.

Embora sem se afastar da mensagem de que o BCE não tem pressa em baixar os juros, continua dependente dos dados económicos para definir a política monetária e recusa compromissos com o ritmo e magnitude da potencial descida de juros, a presidente do BCE adotou um discurso mais consonante com corte de juros, admitindo este cenário “nos próximos meses”.

Numa só frase, Lagarde reduziu as já baixas probabilidades de cortes na reunião de 11 de abril, mas deixou a porta bem aberta a descidas a 6 de junho. “Estamos a registar bons progressos em direção à meta da inflação e, em resultado, estamos mais confiantes. Mas não estamos suficientemente confiantes. Necessitamos claramente de mais dados e mais evidências. Saberemos um pouco mais em abril, mas saberemos muito mais em junho”, disse a líder do BCE na conferência de imprensa.

Em junho, o BCE já terá no seu poder os dados da inflação de cinco meses de 2024 e o impacto das negociações salariais do primeiro trimestre na Zona Euro. Se o alívio da alta dos preços prosseguir e a evolução dos salários continuar a abrandar (tal como já aconteceu no quarto trimestre), o caminho fica aberto para a primeira descida de juros em junho.

Os economistas entendem que um corte de juros em abril só com uma descida muito pronunciada da inflação, acompanhada de uma degradação acentuada da atividade económica. Para continuar com a taxa dos depósitos em máximos além de junho, será necessária uma interrupção na tendência de desinflação, taxas de crescimento elevadas nos salários e/ou uma pouco provável recuperação rápida e acentuada da atividade económica.

A confirmar-se este cenário de cortes em junho, a taxa dos depósitos da Zona Euro ficará no máximo histórico durante 10 meses. Isto depois de o BCE ter demorado pouco mais de um ano a levar a taxa de terreno negativo (-0,5%) em 2022 para os 4% em setembro do ano passado, com 10 agravamentos consecutivos num total de 450 pontos base.

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Tendo em conta as revisões nas projeções do staff [do BCE] e a alteração ligeira na linguagem do comunicado, o BCE fica mais perto do primeiro corte de juros”, refere o economista-chefe do Deutsche Bank para a Europa, Mark Wall, salientando que “não surpreende o mercado que o BCE esteja a adotar uma abordagem reunião a reunião e dependente dos dados”.

Nick Kounis, head of macro research do ABN Amro, adianta que as novas estimativas para PIB e inflação “lançam as bases para o início de um ciclo de flexibilização monetária nos próximos meses”. Andrew Kenningham, economista-chefe para a Europa da Capital Economics considera que “a decisão de hoje saiu em linha com o esperado e os comentários de Lagarde reforçam a nossa perspetiva de que junho será a primeira data em que o BCE começará a descer os juros”.

Mário Martins, analista da ActivTrades, destaca a “mudança significativa” no outlook do BCE, com uma “redução substancial das expectativas para a inflação”, o que em conjunto com o “menor fulgor na economia da zona euro, clarifica substancialmente o caminho do BCE, que deverá passar por um corte dos juros antes da Fed, podendo tal ocorrer ainda no primeiro semestre”.

Mercado aponta a 3% no final do ano

O ING conclui que Lagarde “abriu ligeiramente a porta para cortes nas taxas na reunião de junho”, embora alerte que “com a inflação a baixar gradualmente, mas sem ficar abaixo da meta, e o crescimento a regressar ao potencial ainda este ano, a perspetiva macroeconómica do banco central não oferece muito espaço para uma série mais longa de cortes nas taxas de juro”.

Entre os investidores as perspetivas são mais otimistas. Após Lagarde terminar a conferência de imprensa, no mercado de futuros o corte de juros em junho já estava a ser descontado a 100%. As expetativas apontam agora para quatro descidas de 25 pontos base em 2024, com a taxa dos depósitos a baixar para 3% em dezembro. O euro perdeu terreno, as yields das obrigações aliviaram e as ações reforçaram a tendência positiva, validando que o mercado gostou da mensagem que foi transmitida pelo BCE.

Contudo, as expetativas dos mercados são muito voláteis e um desvio mais acentuado dos indicadores económicos face ao estimado poderá voltar a baralhar as previsões para a evolução dos juros. No início do ano os mercados chegaram a descontar seis cortes de juros em 2024, sendo que mais recentemente só esperavam três descidas.

“Os participantes dos mercados financeiros ainda parecem estar a apostar numa inversão simples e rápida dos aumentos de juros dos últimos dois anos”, alerta Carsten Brzeski, global head of macro do ING, assinalando que “este tipo de reversão tradicionalmente só acontece se a economia entrar numa recessão grave”, pelo que “faz mais sentido esperar um ciclo de redução muito gradual assim que este começar”.

Se voltar a manter os juros em abril, o Conselho do BCE terá mais cinco oportunidades para alterar a política monetária até ao final ano. Se iniciar em junho e repetir o corte em todas as reuniões seguintes, a taxa dos depósitos ficará abaixo de 3% em dezembro.

O ABN aposta neste cenário, estimando cortes de 125 pontos base até ao final do ano. “Vemos esta atuação como uma normalização gradual, uma vez que as taxas de juro ainda estariam em níveis restritivos no final do ano”, assinala Nick Kounis.

O Goldman Sachs também não alterou a sua estimativa após a reunião do BCE, continuando a apontar para a primeira descida de juros em junho e cortes subsequentes de 25 pontos base em todas as reuniões seguintes, até a taxa dos depósitos atingir 3,25% em março de 2025.

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Novobanco sem interessados para terrenos que eram de Luís Filipe Vieira

Banco quer vender 11 terrenos até ao final de 2024 e está a auscultar informalmente potenciais interessados. Mas a falta de licenciamento, alvarás caducados e solos contaminados afastam investidores.

O Novobanco quer vender até ao final deste ano por cerca de 110 milhões os onze terrenos que eram propriedade das empresas do antigo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira. Fontes do mercado contaram ao ECO que o banco já está informalmente a consultar potenciais investidores, mas com as atuais condições dos imóveis, dificilmente o negócio será fechado em 2024 por vários problemas. Esta não é, contudo, a primeira tentativa do banco para vender estes imóveis localizados, sobretudo, na região de Lisboa e no Algarve.

“Os terrenos ainda não estão no mercado e o Novobanco tem feito uma sondagem, diretamente, junto dos potenciais interessados, mas a recetividade dos investidores tem sido muito baixa”, diz ao ECO uma fonte conhecedora do processo.

Um dos problemas que está a afastar os investidores é a falta de projetos licenciados para construção nos terrenos. “Nenhum terreno tem licenciamento aprovado”. E, apesar de estarem em curso algumas conversas com as câmaras, onde se localizam os terrenos, e de ter sido feito algum trabalho para submeter projetos para aprovação de licenciamento, ainda está tudo “em fase embrionária”, diz a mesma fonte.

Além da falta de licenciamento, conta outra fonte ouvida pelo ECO, os alvarás de loteamento emitidos em alguns destes terrenos “já estarão caducados”.

Além disso, em alguns destes terrenos funcionavam antigas instalações fabris e os solos não foram descontaminados sendo desconhecido que resíduos se encontram nos mesmos. É o caso, por exemplo, do ativo mais valioso deste leque, localizado no Parque Oriente, em Santa Iria da Azoia, na zona da Expo, ao lado do terreno onde, em 2023, foi construído o palco para a visita do Papa.

Por tudo isto, os 110 milhões que estão a ser pedidos pelo Novobanco são um valor “elevado” para os investidores que, depois de terem sido consultados pelo banco, estão longe de terem ficado tentados com o negócio.

“Os terrenos, tal como estão, não são atrativos, não são localizações prime e nenhum tem licenciamento”, remata ainda ao ECO a fonte conhecedora do processo.

O presidente do Conselho de Administração da Promovalor, Luís Filipe Vieira, falou perante a Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novobanco e imputadas ao Fundo de Resolução, na Assembleia da República, em Lisboa.António Cotrim/Lusa 10 maio, 2021

Enquanto decorre esta operação, o banco liderado por Mark Bourke já pediu autorização ao Fundo de Resolução (FdR) para aprovar o Processo Especial de Revitalização (PER) das empresas de Vieira incluídas no fundo de investimento alternativo especializado (FIAE), que estão em risco de falência, escreveu o Correio da Manhã. A entrada das empresas de Luís Filipe Vieira em PER vai permitir ao Novobanco, que detém 96% do FIAE, receber os terrenos em dação em pagamento de parte da dívida e possibilita que sejam vendidos.

Por isso, só depois de aprovado o PER destas empresas de Vieira os terrenos podem entrar no mercado, o que não deverá acontecer antes do verão. Além disso, o valor pedido pelos terrenos será condicionado pelos problemas apontados pelos investidores, como a falta de licenciamento, sabe o ECO.

O banco acabou por ficar com as unidades de participação do FIAE gerido pela C2 Capital Partners (atualmente Gaw Capital) no âmbito de uma reestruturação de dívida valor de cerca de 220 milhões de euros realizada entre 2016 e 2017, e que envolveu a entrega de ativos imobiliários em Portugal, Espanha, Brasil e Moçambique por parte de Vieira. A operação foi duramente criticada pelo Banco de Portugal.

Com as verbas arrecadadas com a venda dos terrenos ficará paga parte da dívida do grupo de Vieira, o Promovalor, ao Novobanco, que em 2017 ascendia a cerca de 400 milhões de euros (incluindo os chamados VMOC no valor de 160 milhões da Promovalor e da Inland).

Entre as antigas proprietárias dos onze terrenos estão empresas como a Muscateinvest Portugal, a Imocachão, a Quinta dos Fidalgos, a Overbrick ou a Royal Iberia e do leque dos onze terrenos, há seis que em 2021 tinham um valor comercial de 70 milhões:

  • Parque Oriente (Overbrick): terreno com 383 mil metros quadrados, localizado em Santa Iria da Azoia (Loures), que previa a construção de 248 moradias, 574 apartamentos e zona de comércio, em 2021 tinha alvará de loteamento emitido;
  • Portas Santa Luzia (Royal Iberia): Terreno com 98 mil metros quadrados, localizado em Tavira, que prevê a construção de 17 moradias, 456 apartamentos, 9 espaços comerciais e 2 lotes destinados a estacionamento, em 2021 tinha alvará de loteamento emitido;
  • Quinta do Cochão (Imocochão): Terreno com 191 mil metros quadrados, localizado em Vila Franca de Xira, que prevê a construção de 99 moradias, 481 apartamentos e zona de comércio, em 2021 tinha alvará de loteamento emitido;
  • Quinta dos Fidalgos (Quinta dos Fidalgos): Terreno com 183 mil metros quadrados, localização em Vila Franca de Xira, que prevê a construção de 198 moradias e zona de comércio, em 2021 estava em fase de licenciamento;
  • Páteos da Luz: Terreno rústico com 77 mil metros quadrados, localizado em Tavira, que se encontra disponível para venda sem projeto;
  • Sesmarias: Terreno rústico com 128 mil metros quadrados, localizado em Tavira, que se encontra disponível para venda sem projeto;
  • Também foram integrados estes ativos no FIAE: Urbanização Lagar, Urbanização Azur Vila, Brancanes, Frações Nisa, Terreno Agrícola Samora Correia, Terreno Rústico Monte Gordo, Urbanização Lagar 44+Azur Villa 84.

Além destes onze terrenos, o Novobanco também está com dificuldades em vender os ativos da carteira Eleanor que entraram no mercado em 2023. A meta do banco era vender os cinco terrenos incluídos neste portfólio até ao final de 2023, mas também por problemas com o licenciamento e de arquitetura só vendeu dois ativos e os investidores interessados nos outros três terrenos – dois em Lisboa (Amoreiras e no Parque das Nações) e um em Benagil – decidiram aguardar pela aprovação dos projetos pelas autarquias, não fechando o negócio. Estes três processos estão, para já, suspensos, sabe ainda o ECO.

Desta forma, dos 365 milhões pedidos pelo banco pela carteira Eleanor, só ainda foram arrecadados cerca de 70 milhões.

O ECO questionou o Novobanco sobre os detalhes da venda dos terrenos que eram das empresas de Luís Filipe Vieira mas até à hora de publicação deste texto não teve qualquer resposta.

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Faltam duas câmaras aceitar competências na Saúde para cumprir meta do PRR

Para cumprir meta estabelecida no PRR faltam aderir à transferência de competências na saúde dois municípios. Governo espera que em março existam acordos estabelecidos com, pelo menos, 191 municípios.

Há 12 municípios que ainda não aceitaram a transferência de competências na área da Saúde, de acordo com o mais recente balanço enviado ao ECO pelo Ministério da Saúde. Mas basta que mais dois o façam para que seja cumprida a meta definida no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“A informação mais recente indica um total de 189 municípios a aceitarem a transferência de competências na área da Saúde, 94% do universo”, atualizou a mesma fonte, precisando que a última Câmara a “aprovar a adesão nos órgãos autárquicos” foi Viseu.

O que está estabelecido com Bruxelas, no PRR, é que 201 câmaras que não estavam integradas em unidades locais de saúde aceitassem as competências na área da saúde. Mas basta que 191 municípios aceitem, já que Bruxelas dá uma margem de 5% de flexibilização no cumprimento de todas as metas.

Assim, “para o cumprimento da meta estabelecida, faltam aderir à transferência de competências dois municípios”, diz fonte oficial do Ministério liderado por Manuel Pizarro. “Estimamos que durante o mês de março existam acordos estabelecidos com, pelo menos, 191 municípios”, acrescenta a mesma fonte.

A maioria das Câmaras que não aceita a descentralização de competências continua a estar na região de Lisboa e Vale do Tejo. Mas há quatro outros resistentes: Vila Real a Norte; Ovar no Centro; Arraiolos no Alentejo e Silves no Algarve.

Desde o início do ano, aceitaram as competências Rio Maior (PSD/CDS), Tondela (PSD), Viseu (PSD); Estarreja (PSD/CDS), Murtosa (PSD) e Nelas (PSD).

A Comissão Europeia pagou a Portugal, no final do ano passado, 2,46 mil milhões de euros referentes ao terceiro e quarto cheques do PRR, mas reteve 710 milhões devido ao incumprimento de três metas e marcos.

Uma das falhas, e a única que persiste, foi precisamente a incapacidade de concluir o processo de descentralização de competências da Saúde para os municípios.

Portugal tem seis meses para responder à suspensão do pagamento das metas e marcos não cumpridos do PRR, mas deverá fazê-lo antes do prazo terminar, como avançou o ECO. A expectativa de que durante o mês de março sejam concluídos acordos com, pelo menos, 191 municípios corrobora esta convicção de que Portugal solicitará a verificação do cumprimento das três metas antes de concluído o prazo de seis meses. A criação dos centros de responsabilidade integrados nos hospitais entrou em vigor a 1 de janeiro e a lei relativa às profissões reguladas (ordens profissionais) também entrou em vigor em janeiro.

Veja os 12 municípios que ainda não aceitaram a descentralização de competências:

Norte

  • Vila Real

Centro

  • Ovar

Lisboa e Vale do Tejo

  • Sesimbra
  • Lisboa
  • Sobral de Monte Agraço
  • Setúbal
  • Seixal
  • Sintra
  • Óbidos
  • Caldas da Rainha

Alentejo

  • Arraiolos

Algarve

  • Silves

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Teixeira Duarte à frente dos espanhóis no concurso para as obras do IP3

Apesar de Ferrovial e Acciona terem apresentado os valores mais baixos, é a proposta do consórcio português liderado pela Teixeira Duarte que encabeça o relatório preliminar de avaliação da IP.

A Teixeira Duarte está na linha da frente para vencer o concurso público internacional para obras de reabilitação no IP3, entre Santa Comba Dão e Viseu, apurou o ECO. Apesar de os espanhóis da Ferrovial e da Acciona terem apresentado os valores mais baixos, a proposta de 118 milhões da construtora portuguesa, em parceria com a Gabriel Couto e a Embeiral, foi a mais bem classificada pela Infraestruturas de Portugal (IP).

Este foi o resultado do relatório preliminar de análise e de avaliação de propostas divulgado junto das dez empresas ou consórcios que se candidataram ao procedimento lançado em julho do ano passado, num investimento avaliado em 130 milhões de euros. O organismo liderado por Miguel Cruz disse ao ECO que o processo ainda se encontra em fase de audiência prévia (cinco dias úteis), “não se [encontrando], assim, terminado”.

Os espanhóis da Ferrovial apresentaram o valor mais baixo para a obra no IP3, tendo avançado com uma proposta de 103,3 milhões de euros (20,6% abaixo do valor base para esta empreitada). Na lista, a que o ECO teve acesso, seguem-se a proposta liderada pela também espanhola Acciona, em consórcio com a DST de Braga, com um preço de 109,2 milhões de euros.

A espanhola FCC, em consórcio com a Alberto Couto Alves (ACA) de Vila Nova de Famalicão, apresentou a terceira melhor oferta para a construção (114,99 milhões de euros), seguindo-se a também minhota ABB – Alexandre Barbosa Borges (117,99 milhões de euros) e só depois o grupo formado pela Teixeira Duarte, pela Gabriel Couto e pela Embeiral (118,15 milhões de euros) e a candidatura da Mota-Engil (128,9 milhões de euros).

As outras quatro construtoras que manifestaram interesse no concurso (Ilhaugusto, Sacyr Somague, Fernando L. Gaspar e Conduril) apresentaram montantes acima do valor base fixado para esta empreitada. Esta última empresa, que tem sede em Ermesinde e é liderada por Benedita Amorim Martins, foi a que apresentou a proposta mais elevada, acima de 175 milhões de euros.

No relatório [preliminar de avaliação e apreciação de propostas], sujeito agora a audiência prévia no espaço de cinco dias úteis, a IP classifica e ordena as propostas, mas não efetuou ainda qualquer adjudicação.

Fonte oficial da Teixeira Duarte

Contactada pelo ECO, a Teixeira Duarte confirmou apenas a participação no concurso com a Gabriel Couto e a Embeiral, assinalando que ainda “não ganhou nenhum concurso”. “Em bom rigor, a obra não foi sequer adjudicada”, acrescentou através de fonte oficial, recordando que ainda decorre o prazo de cinco dias úteis para a audiência prévia a que o relatório da IP está sujeito nos termos do Código dos Contratos Públicos.

Foi em julho do ano passado que o Governo liderado por António Costa lançou este concurso para uma intervenção no IP3. O então ministro das Infraestruturas, João Galamba, esperava “ter máquinas no terreno” no final de 2024 e “a obra pronta o mais rapidamente possível”.

Em causa está a ligação entre Santa Comba Dão e Viseu, com “perfil de autoestrada”, ou seja, duas faixas de cada lado. “Terminaremos estas intervenções no IP3 com mais de 85% com perfil de autoestrada e uma percentagem muito reduzida, por impossibilidade física de duplicação, sem ser com duas faixas de cada lado”, frisou Galamba nessa altura.

Confronto ibérico em Alta Velocidade

O último grande concurso ganho em Portugal pela Ferrovial foi a adjudicação da expansão do Metro do Porto (construção da Linha Rosa e prolongamento da Linha Amarela), confirmada em 2020, num investimento de 288 milhões de euros. Já a Acciona foi a empresa escolhida para a construção do Hospital de Évora, em abril desse mesmo ano, tendo-se proposto realizar a obra por 148,9 milhões de euros. Contudo, em outubro de 2022, pediu uma compensação adicional de 50 milhões de euros ao Estado para concretizar o projeto.

Na reta final do ano passado, o conselho de administração da Metro do Porto aprovou a adjudicação da empreitada relativa à construção da Linha Rubi à “melhor proposta”, que foi apresentada pelo consórcio formado pelas espanholas FCC Construcción e Contratas y Ventas, com a participação da ACA, no valor de 379,5 milhões de euros. É, em termos de investimento, o maior projeto no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A concorrência feroz das empresas espanholas nos concursos públicos em Portugal tem estado no topo das preocupações e dos discursos dos líderes das empresas nacionais e dos representantes do setor. As próximas grandes “batalhas ibéricas” vão ser travadas nos troços da linha de Alta Velocidade entre Lisboa e Porto, em que a IP espera “meia dúzia” de consórcios. A armada lusitana vai junta com seis empresas: Mota-Engil, Teixeira Duarte, Casais, Gabriel Couto, Alves Ribeiro e Conduril.

Durante uma intervenção na 6.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO no Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, no Porto, o presidente executivo da Mota-Engil, Carlos Mota Santos, salientou que as construtoras espanholas “combatem com armas diferentes”, beneficiando de uma fiscalidade mais baixa, custos de financiamento inferiores e acesso mais facilitado a mão-de-obra. Além disso, têm “muita experiência em infraestruturas de Alta Velocidade e equipamentos já amortizados”.

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Peritos ultimam vistoria das obras de arte das Coleções Ellipse e do BPP

  • Lusa
  • 7 Março 2024

O acordo para o Estado português passar a ser proprietário das duas coleções de arte foi conseguido através de uma troca de créditos, no valor de 34,86 milhões de euros.

Os últimos processos de vistoria, iniciada em 2023, de peças das coleções de arte Ellipse e BPP adquiridas pelo Estado devem iniciar-se na próxima semana, estimando-se que esteja concluída em seis meses, indicou esta quinta-feira fonte oficial. Contactada pela agência Lusa sobre a notícia avançada pelo Expresso relativa àquela vistoria, fonte da comunicação da Museus e Monumentos de Portugal (MMP) indicou que “esta semana foram acordados os processos de vistoria das peças em falta, os quais devem iniciar-se na próxima semana”.

A mesma fonte indicou que “os processos de vistoria das Coleções Ellipse e BPP iniciaram-se em 2023, precedendo a realização das exposições da Coleção BBP no Museu de Arte Contemporânea de Serralves (entre 3 de maio e 5 de novembro de 2023), e da Coleção Ellipse no MAC/CCB (a decorrer neste momento)”. Em novembro de 2022, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que as coleções de arte Ellipse e do falido Banco Privado Português (BPP) iriam passar para a tutela pública, e ser incluídas na Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE).

O acordo para o Estado português passar a ser proprietário daquelas duas coleções de arte foi conseguido através de uma troca de créditos, no valor de 34,86 milhões de euros, que tem junto da comissão liquidatária do BPP, depois de esta instituição bancária, liderada pelo banqueiro João Rendeiro (1952-2022), ter entrado em falência.

De acordo com o semanário Expresso, que cita a comissão liquidatária do BPP, “para fechar o valor das coleções é preciso que seja concluída a vistoria das obras de arte por parte de uma comissão tripartida, que inclui um representante da Museus e Monumentos de Portugal, outro da Holma [holding detentora da Coleção Ellipse], e um terceiro independente apontado pelas duas entidades”.

Sobre esta matéria, a Comissão Liquidatária do BPP indicou ao semanário que “a vistoria começou esta semana e que o objetivo é não só acertar o valor final das coleções como verificar o estado das obras de arte”. À Lusa, a MMP indicou, numa resposta por e-mail a várias questões, que “esta semana foram acordados os processos de vistoria das peças em falta, os quais devem iniciar-se na próxima semana. Estima-se que a vistoria esteja concluída no prazo máximo de seis meses”.

“A avaliação do valor destas coleções já foi feito, sendo agora necessário verificar o efetivo estado de conservação de cada obra e o eventual ajuste do valor da avaliação”, acrescenta a mesma fonte da MMP na resposta. A MMP recorda ainda que a Coleção Ellipse “é composta por 858 obras, e a Coleção BPP integra 385 obras”.

Em relação às obras já verificadas, as da Coleção Ellipse encontram-se no MAC/CCB e as da Coleção BPP no Museu de Serralves. As obras de arte que estão por verificar encontram-se no armazém em Alcabideche que é propriedade da Comissão Liquidatária”, indicou a mesma fonte questionada sobre o paradeiro das obras.

“Quando ocorrer a transmissão de propriedade para o Estado, estas obras serão integradas na Coleção de Arte Contemporânea do Estado, tutelada pela Museus e Monumentos de Portugal, ficando as obras da Coleção Ellipse (858 obras) depositadas no MAC/CCB, e as obras de arte da Coleção BPP (385) em depósito no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto”, indicou ainda a MMP.

Ao Expresso, Manuel Mendes Paulo, que preside à Comissão Liquidatária (CL) do falido BPP, afirmou que quando estiver concluída a vistoria, “as obras passam definitivamente para o universo estatal e com isso fica saldada a dívida garantida pelo Estado em 2008, no valor de 450 milhões de euros, quando um conjunto de bancos financiaram uma ajuda ao BPP”.

Em 2022, o Ministério da Cultura indicou que a coleção Ellipse passaria para a tutela pública por contrapartida de cessão da sociedade de consultoria Holma, de um crédito no valor de 30,1 milhões de euros, enquanto a coleção de arte do BPP seria incorporada por um valor de 4,76 milhões de euros. As duas coleções, que somam 1.243 obras de arte contemporânea, incluem peças de artistas como Nan Goldin, William Kentridge, Pedro cabrita Reis, Stan Douglas, Gabriel Orozco, Julião Sarmento, Douglas Gordon, Helena Almeida, Lourdes Castro e Pedro Calapez.

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Noruega contribui com 140 milhões de euros para plano checo de munições para a Ucrânia

  • Lusa
  • 7 Março 2024

Presidente checo anunciou que a Ucrânia poderá receber dentro de algumas semanas 800.000 projéteis de artilharia adquiridos a países terceiros como parte da iniciativa financiada por de 18 nações.

A Noruega vai contribuir com 1,6 mil milhões de coroas (140 milhões de euros) para o plano checo de aquisição de munições para a Ucrânia se defender da agressão russa, anunciou esta quinta-feira o Governo de Oslo.

Lembrando que já apoiava a Ucrânia com equipamento militar proveniente dos seus próprios stocks e diretamente da indústria, o chefe do executivo norueguês, Jonas Gahr Støre, disse, em comunicado, que decidiu “contribuir ainda mais, com 1,6 mil milhões de coroas norueguesas, para uma iniciativa liderada pela República Checa, para garantir as tão necessárias munições de artilharia à Ucrânia o mais rapidamente possível”.

O Presidente checo, Petr Pavel, anunciou que a Ucrânia poderá receber dentro de algumas semanas 800.000 projéteis de artilharia adquiridos a países terceiros como parte da iniciativa financiada por uma coligação de 18 nações. Com outros parceiros da NATO, incluindo a Dinamarca e o Canadá, a República Checa detetou meio milhão de munições calibre 155 e 300.000 munições calibre 122, que estavam disponíveis em países terceiros.

Bélgica, Reino Unido, Dinamarca, França, Alemanha, Lituânia, Países Baixos, Noruega e Suécia estão entre os países contribuintes. De acordo com o jornal Financial Times, a coligação de 18 países precisou de angariar 1,3 mil milhões de euros para financiar esta compra. O Governo de Oslo indicou que cerca de dois mil milhões de coroas (175 milhões de euros) já tinham sido anteriormente alocados para aumentar a capacidade da indústria de defesa norueguesa, dos quais mil milhões serão utilizados para medidas específicas para alcançar maior produção de armamento.

“A Ucrânia tem uma necessidade premente de grandes quantidades de munições de artilharia e esperamos que o apoio norueguês e europeu à iniciativa checa ajude a Ucrânia a receber grandes quantidades de novas munições o mais rapidamente possível”, comentou o ministro da Defesa, Bjørn Arild Gram, citado no comunicado. A União Europeia comprometeu-se a entregar um milhão de projéteis a Kiev até março, mas apenas 30% deles foram entregues, segundo as autoridades ucranianas.

De acordo com dados compilados pelo Instituto Kiel sobre apoio público à Ucrânia desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022, e até outubro do ano passado, a Noruega está entre os cinco maiores doadores bilaterais de Kiev, com cerca de 7,5 mil milhões de euros, metade em apoio militar. A Noruega faz igualmente parte da coligação internacional de formação de pilotos e técnicos ucranianos em caças de combate F-16 e é um dos quatro países que já prometeu fornecer estes aparelhos à Força Aérea de Kiev.

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