Se alguém quiser controlar a Pharol não haverá oposição

A administração da Pharol não se oporia a uma desblindagem dos estatutos, abrindo a porta ao controlo da empresa por parte de um acionista maioritário acima dos 10%.

Luís Palha da Silva, presidente executivo da Pharol, à saída da assembleia-geral de acionistas esta sexta-feira.Paula Nunes/ECO

O conselho de administração da Pharol não se oporia a uma desblindagem dos estatutos da empresa, caso houvesse “um mínimo de acionistas interessados”. A garantia é de Luís Palha da Silva, o presidente executivo da cotada portuguesa, à saída da assembleia-geral de acionistas esta sexta-feira, salientando, no entanto, que “é uma situação relativamente menos normal no mercado de capitais” e que iria refrear “a capacidade da empresa de se valorizar no mercado”. Isso abriria a porta ao controlo de um acionista maioritário.

A questão foi colocada pelo ECO numa altura em que 6,17% da empresa acabam de passar das mãos do BCP para as da High Bridge Unipessoal. Trata-se de uma firma da qual se desconhece o proprietário, embora fontes no mercado apontem o dedo a um nome: o de Nelson Tanure, o polémico empresário brasileiro que terá um plano para controlar a telecom brasileira Oi. Recorde-se que a Pharol é a acionista maioritária da operadora, com mais de 27% do capital.

Não é certo quanto capital da Pharol é controlado por Nelson Tanure de forma direta ou indireta, embora, quanto a isso, Palha da Silva pareça tranquilo. Falando de forma abstrata, sem se referir a esta situação específica, disse: “[Se] alguém ultrapassa uma percentagem que nós consideramos que, em conjunto com outros, pode eventualmente representar uma não comunicação de um determinado nível, temos obrigação de tentar perceber melhor.” E acrescentou: “Aqui, não me parece que seja o caso. Isto resulta apenas de algumas pessoas dizerem que se trata de um, outros dizem que se trata de outro.”

Porém, ainda que Nelson Tanure consiga controlar uma parcela elevada da Pharol, tem um desafio pela frente: os estatutos da empresa limitam os direitos de voto a 10%. Para tal, o empresário poderia ter uma via de escape: negociar com os acionistas a desblindagem desses mesmo estatutos, nomeadamente com o Novo Banco, outro acionista da Pharol, com uma percentagem de 9,56%, através do pagamento de um prémio. O Novo Banco que, aliás, tem vindo a desfazer-se de ativos não estratégicos, como fez esta semana com a venda da ex-Qimonda a uma empresa norte-americana.

Mas é neste contexto que Palha da Silva refere a não oposição à desblindagem, com a reserva de “investigar” caso haja uma aparente participação “não comunicada”, ou caso “o poder” tenha mesmo mudado de mãos, indicou. “Continua a haver outras limitações: 33% também é uma limitação. Não pode ter mais. Se tiver, tem de lançar uma OPA”, recordou.

Para já, a Pharol vê o acionista Novo Banco como um “acionista de referência altamente empenhado em ajudar a Pharol não apenas no desenvolvimento da Pharol mas dos seus próprios ativos”. “Estamos satisfeitíssimos com a confiança que o Novo Banco tem manifestado à administração da Pharol”, disse o gestor.

Estamos satisfeitíssimos com a confiança que o Novo Banco tem manifestado à administração da Pharol.

Luís Palha da Silva

Presidente executivo da Pharol

Reunião decorreu “pacificamente”

A duas assembleias-gerais de acionistas da Pharol, que decorreram entre as 10h e as 13h desta sexta-feira, terão decorrido “pacificamente”, com tudo aprovado. Houve, “no que diz respeito à apresentação de contas de 2016, algumas interrogações, que foram cabalmente respondidas e no fim acabara todas as propostas por serem aprovadas”, disse o presidente executivo da empresa. Quais, em específico? “Assuntos de pormenor sobre andamento de alguns dos processos, de alguns dos nossos ativos, questões sobe a Rioforte, questões sobre a Oi, mas nenhum de estratégia global ou de posições da empresa” disse.

Sobre os processos levantados contra a Deloitte e ex-gestores da antiga PT, Palha da Silva avançou: “Deram entrada no tribunal dentro dos prazos adequados e previstos na lei. Já sofreram respostas por parte das pessoas visadas e, agora, da nossa parte, também estamos à espera dos próximos passos que hão de ser determinados pelo normal caminho judicial.”

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