Mudanças oficializadas. Alexandre Fonseca é o novo CEO da PT, Paulo Neves demite-se, Goya passa a chairman
As mudanças na PT estão oficializadas. Alexandre Fonseca é o novo CEO, Paulo Neves demite-se, Cláudia Goya passa a chairman sem quaisquer funções executivas.
As mudanças na gestão da PT Portugal, que o ECO avançou em primeira mão esta segunda e terça-feira, foram finalmente oficializadas pela Altice. Alexandre Fonseca é o novo presidente executivo da PT/Meo, Paulo Neves cessa funções na empresa e Cláudia Goya sobe ao cargo de chairman, sem quaisquer funções executivas.
“Alexandre Fonseca é o novo presidente executivo da Portugal Telecom e, com efeito imediato, passa a liderar a empresa de telecomunicações da Altice em Portugal”, lê-se na nota remetida à comunicação social. “Claudia Goya, que se juntou ao grupo no verão passado, e que soube gerir com sucesso a empresa durante os últimos meses, passará a ocupar o cargo de chairwoman da PT Portugal”, sublinha a nota. E acrescenta ainda: “Reconhecido no grupo pela sua postura e desempenho, Paulo Neves cessa funções na Altice.”
Esta segunda-feira, o ECO avançou que Cláudia Goya tinha sido demitida da presidência executiva da PT/Meo na sequência da também saída do líder do grupo a nível internacional, Michel Combes. No entanto, a demissão de Paulo Neves, chairman executivo da empresa, deixou vago o lugar. A PT acabou por escolher Goya para ocupar a cadeira vazia. Alexandre Fonseca, até aqui o diretor tecnológico da companhia, acabou assim nomeado o novo líder da PT/Meo, como o ECO também já tinha avançado.
“Esta nomeação ocorre de acordo com a reorganização do grupo recentemente anunciada, com uma nova estrutura de gestão e modelo de governance, reforçando assim os compromissos oportunamente assumidos com Portugal, em particular, a clara e inequívoca aposta na aquisição da Media Capital, processo que aguarda, serenamente, as decisões dos reguladores competentes. Esta nova estrutura representa um retorno à organização inicial que fez crescer e credibilizou o grupo Altice no mundo”, indica o grupo.
Sobre o novo CEO, a PT sublinha: “Alexandre Fonseca é o rosto da execução do projeto de infraestruturação em fibra ótica que em dois anos já cobriu mais de quatro milhões de casas em Portugal, recorrendo a tecnologia quase 100% portuguesa, bem como sob o seu comando, mais de 650 engenheiros portugueses, na Altice Labs, têm criado e levado a tecnologia nacional a quase 40 países em todo o mundo.”
A direção tecnológica da PT vai agora ser ocupada por Luís Alveirinho, que tem sido diretor de engenharia e operações de rede na empresa. Posto isto, a empresa conclui: “Esta é uma reorganização que pretende ter líderes experientes e conhecedores da história do grupo, privilegiando a proximidade, o conhecimento, a eficiência na ação e a satisfação do cliente.”
Alexandre Fonseca é o novo presidente executivo da Portugal Telecom e, com efeito imediato, passa a liderar a empresa de telecomunicações da Altice em Portugal.
Dança das cadeiras no grupo Altice
As mudanças na gestão da PT surgem na sequência de uma outra reorganização da empresa ao nível dos altos cargos do grupo Altice. No início deste mês foi conhecida a saída de Michel Combes da presidência executiva do grupo Altice, em rutura com os fundadores da empresa, Patrick Drahi e Armando Pereira, como confirmou o ECO na altura, junto de fontes do mercado. Dexter Goei substituiu Michel Combes e Dennis Okhuijsen passou a líder da Altice Europa.
E porquê? Porque o grupo vive um período especialmente conturbado. Vamos por partes. A Altice comprou a Portugal Telecom aos brasileiros da Oi em 2015 num negócio que superou os cinco mil milhões de euros. Esta tem sido a estratégia do grupo ao longo dos últimos anos: crescer através da aquisição de outras empresas. Como fonte de financiamento, Patrick Drahi tem recorrido à dívida. Dívida essa que ultrapassa já os 50 mil milhões de euros.
Até aqui tudo bem. A empresa parecia rumar de vento em popa e, este verão, apresentou uma oferta de 440 milhões pela Media Capital, a dona da TVI, um negócio que ainda precisa de luz verde do regulador da concorrência. Em agosto, chegou mesmo a ser noticiado na imprensa internacional que a Altice poderia avançar com uma proposta multimilionária — histórica, até — pela norte-americana Charter Communications, no valor de 185 mil milhões de dólares, de acordo com o jornal Financial Times [acesso pago].
No entanto, os resultados do terceiro trimestre pregaram uma dispendiosa partida à Altice. A empresa reduziu as receitas, perdeu clientes em França e, em Portugal, gerou receitas de apenas 566,2 milhões de euros com a Meo. Trata-se de uma queda de 3,1% em relação aos mesmos três meses do ano passado. Ao mesmo tempo, emitiu um profit warning, alertando os investidores de que os resultados do ano de 2017 deverão ficar no “limite mínimo” das suas previsões.
A notícia caiu que nem uma bomba no mercado de capitais, face às dúvidas quanto à capacidade da empresa de pagar a avultada dívida, superior aos 15 mil milhões de capitalização bolsista da companhia e cinco vezes o EBITDA da empresa [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações]. As ações da Altice na bolsa de Amesterdão, que cotavam perto dos 16 euros, iniciaram uma queda vertiginosa sem sinal de ter fim. Atualmente, cada título vale pouco mais de oito euros, acumulando uma desvalorização total que já chega aos 50% desde 2 de novembro.
O que fez a empresa? Reuniu com investidores e analistas em Barcelona e anunciou uma mudança de estratégia: um maior foco nos problemas operacionais do grupo e na liquidação do elevado passivo, assim como a venda de alguns ativos fora do coreresponsáveis do grupo terão reunião marcada com uma empresa espanhola e outra francesa das operações. Esta terça-feira, soube-se que , ambas interessadas em algumas das torres de telecomunicações da Altice. As torres em Portugal e França possuem uma avaliação máxima de quatro mil milhões de euros.
A missão do novo líder
É neste contexto que a PT se apresenta ao mercado com uma nova liderança. Alexandre Fonseca é conhecido pela sua postura irreverente e conhecimento tecnológico. Além disso, nem é a primeira vez que lidera uma operadora de telecomunicações: já o fez na Oni Telecomunicações e na Oni Moçambique.
Terá pela frente a tarefa de ajudar a reconquistar a confiança dos investidores, um esforço conjunto que terá de passar a prova de fogo dos mercados: o sarar da ferida nas ações da Altice e eventual recuperação de valor, um fator que só aumenta a a pressão para os gestores e acionistas da companhia.
Alexandre Fonseca terá nas mãos, para além da compra da Media Capital, o dossiê das queixas dos trabalhadores. Como o ECO revelou em primeira mão, um relatório da inspeção do trabalho aponta 150 infrações na PT Portugal, que poderão resultar em coimas avultadas para a operadora.
(Notícia atualizada pela última vez às 19h38 com mais informações e outras informações contextuais)
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