Isabel dos Santos em liquidação. Estes são os negócios à venda (e as incógnitas)

EuroBic e Efacec estão no olho do furacão Luanda Leaks. Isabel dos Santos pôs as duas empresas empresas à venda, depois das revelações da imprensa. Nos e Galp são pontos de interrogação.

Continuam a sentir-se as ondas de choque dos Luanda Leaks. Depois de Isabel dos Santos ter sido constituída arguida em Angola, e de várias figuras ligadas à empresária terem optado por sair de cena, a mulher mais rica de África pôs à venda posições que detém em empresas portuguesas.

Há processos de alienação em curso, casos do EuroBic e, agora, também da Efacec. Mas também há ainda participações sobre as quais não se sabe qual o futuro.

Os negócios à venda:

EuroBic

Isabel dos Santos controla 42,5% do banco liderado por Teixeira dos Santos, através da Santoro e Finisantoro. Mas desde esta quarta-feira que não controla os direitos de voto correspondentes, por ter renunciado aos mesmos. Já anunciou que quer vender a posição “a muito breve prazo”, revelou o EuroBic.

Não se conhecem os interessados em comprar o banco, mas o processo está em curso e alguns bancos de investimento já terão sido mandatados para vender a posição. De acordo com cálculos do ECO, o negócio poderia gerar cerca de 100 milhões de euros. Mas, dadas as circunstâncias, poderá, no limite, render a Isabel dos Santos entre 50 milhões e 65 milhões de euros.

Logo na segunda-feira, no rescaldo das notícias sobre os esquemas financeiros que terão enriquecido Isabel dos Santos à custa do Estado angolano, o banco EuroBic, que está no olho do furacão, anunciou um corte na “relação comercial” com a sua maior acionista.

É no EuroBic que se concentram algumas das renúncias que têm sido noticiadas ao longo desta semana. Jorge Brito Pereira, advogado de Isabel dos Santos, deixou a presidência da mesa da assembleia geral do EuroBic. Os administradores não executivos com ligações à empresária, Vanessa Loureiro e Rui Lopes, também renunciaram aos cargos.

Indiretamente ligado ao banco, há ainda o caso da morte de Nuno Ribeiro da Cunha, diretor de private banking do EuroBic, suspeitando-se de suicídio. Era o gestor da conta da Sonangol no banco, mas não se sabe os casos estão relacionados.

Efacec Power Solutions

Isabel dos Santos entrou na Efacec em meados de 2015, após comprar 66,1% da empresa de soluções energéticas aos grupos José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves. Cerca de cinco anos depois, a empresária angolana está de saída e pôs a empresa à venda.

“A engenheira Isabel dos Santos informou o conselho de administração que decidiu sair da estrutura acionista da Efacec Power Solutions, com efeitos definitivos”, revelou a Efacec, num comunicado divulgado esta sexta-feira.

A companhia anunciou ainda que Isabel dos Santos solicitou à empresa que tome “as diligências necessárias” para concretizar a sua saída da estrutura acionista da empresa.

De saída da Efacec está também Mário Leite da Silva, visto como “braço-direito” da empresária angolana. Já renunciou ao cargo de presidente do conselho de administração, dias depois de ter sido constituído arguido no processo que envolve Isabel dos Santos em Angola, foi também anunciado.

Decisão semelhante foi tomada por Jorge Brito Pereira, advogado de Isabel dos Santos e suspeito de também ter estado envolvido em negócios suspeitos da empresária. Renunciou ao cargo de presidente da mesa da assembleia geral, tal como no EuroBic.

As incógnitas

Nos

As revelações publicadas pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) também estão a ter impacto na operadora Nos NOS 0,33% , cujas ações chegaram a derrapar mais de 5% em bolsa esta sexta-feira.

Em conjunto com a Sonae, Isabel dos Santos detém 50% da Zopt. Esta, por sua vez, controla 52,15% da Nos, uma posição que, tendo em conta a cotação atual de 4,8 euros na bolsa, deverá valer cerca de 1,3 mil milhões de euros.

Mas ainda não há qualquer indicação sobre o futuro do consórcio. Ou, por outras palavras, não se sabe se Isabel dos Santos se vai manter no capital da operadora. O valor da posição indireta da empresária ronda os 645 milhões de euros.

Esta quinta-feira, Jorge Brito Pereira, até aqui chairman da Nos, anunciou a renúncia ao cargo na empresa liderada por Miguel Almeida. Mário Leite da Silva, gestor de Isabel dos Santos, e Paula Oliveira, suspeita de controlar a offshore no Dubai para a qual foram transferidos milhões de euros da Sonangol, também renunciaram aos cargos de administradores não executivos.

Galp Energia

Tal como no caso da Nos, não se sabe o que pode acontecer com a participação de Isabel dos Santos na Galp Energia GALP 1,19% . Se é que vai acontecer alguma coisa.

Isabel dos Santos controla 40% da Esperaza, em parceria com a Sonangol, que detém 60%. A Esperaza é acionista da holding Amorim Energia, com 45%, sendo que os restantes 55% pertencem à família Amorim. Esta holding detém 33,44% do capital da Galp. Contas feitas, é atribuída à empresária uma “fatia” de 6% na petrolífera portuguesa.

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