Imposto adicional sobre a banca é inconstitucional. E agora, quid iuris?

Desde 2020 que o Governo já arrecadou 100 milhões com o que chamou de Adicional de Solidariedade sobre o Sector Bancário, um imposto aplicado sobre o setor financeiro e criado na pandemia.

Desde 2020 que o Governo já arrecadou 100 milhões de euros com o que chamou de Adicional de Solidariedade sobre o Sector Bancário (ASSB), um imposto aplicado sobre o setor financeiro, criado para acomodar a pandemia da Covid-19 nas contas públicas.

Depois de, em 2022, o Tribunal Constitucional já ter declarado que este vai contra a lei fundamental do Estado, em março e abril deste ano juntaram-se mais duas decisões nesse sentido, ambas de tribunais arbitrais. A mais recente surge na sequência de um pedido de anulação do imposto pago por uma sucursal de uma instituição financeira estrangeira. O tribunal entendeu que o ASSB viola os princípios da igualdade e da proporcionalidade, considerando que “o setor bancário é vítima de uma discriminação negativa face aos restantes setores de atividade económica”. Fala em “arbítrio legislativo” de uma medida que, diz, apenas visou obter mais receita.

A primeira decisão de inconstitucionalidade entendeu que era inconstitucional por violar a norma proibitiva da retroatividade dos impostos, pois incidia sobre factos tributários anteriores à data da entrada em vigor da norma.

Os vários especialistas contactados pelo ECO/Advocatus falam em “imposto persecutório, feito à pressa e impaciente”, “totalmente desproporcional” e não têm dúvidas sobre a sua inconstitucionalidade. E consideram que esta terceira decisão deve ser considerada como “um aviso sério ao legislador e ao Ministério das Finanças e ao da Segurança Social”. Mas, agora, só uma decisão final do Tribunal Constitucional poderá acabar de vez com esta tributação.

Mas estas novas decisões arbitrais de 2023 “dão um passo mais além, ao também julgarem inconstitucionais as próprias normas que criaram o imposto por violação dos princípios da igualdade tributária e da proporcionalidade, por violação da proibição do arbítrio e da capacidade contributiva, para além de se poderem caracterizar como desproporcionais, pois entendeu-se que se poderia obter o mesmo efeito de uma forma menos onerosa, sem criar mais um novo imposto (poderia alterar-se o âmbito do imposto de selo aplicável às operações bancárias), não havendo até uma especial relação da banca (o âmbito subjetivo do imposto) com a segurança social (sendo este o fim da nova receita gerada)”, explica José Luís Moreira da Silva, advogado e sócio da SRS Legal.

“Não se pode criar um imposto que seja relativo a factos tributários ocorridos no passado, isto é, criar uma lei que incida sobre situações ou factos que os contribuintes não sabiam, nem poderiam saber, que estavam sujeitos a imposto”, explica o fiscalista Tiago Caiado Guerreiro, sócio da Caiado Guerreiro.A Constituição obriga a que para não violar o princípio da segurança jurídica e confiança dos contribuintes não possam existir leis retroativas, a presente lei foi aplicada retroativamente e, portanto, o Tribunal arbitral considerou a lei, e bem, inconstitucional”.

O fiscalista diz ainda que esta solução legislativa arbitrária é totalmente “desproporcionada relativamente ao fim que o legislador afirma que com ela pretendeu obter (reforço do financiamento da Segurança Social). Acrescendo ainda que a questão que o Adicional de Solidariedade sobre o Setor Bancário pretendia resolver, a isenção de IVA no setor bancário, nem sequer se compreende uma vez que tal, em nada, constitui um benefício, visto que é sempre mais benéfico ser sujeito a IVA do que ter uma isenção simples, porquê? Porque apesar da Banca não liquidar IVA aos seus clientes, não pode deduzir o IVA de todos os seus custos e operações feitas com os seus fornecedores, o que cria uma situação de cascata de imposto altamente penalizadora para a banca”.

Pelo que, “a lei encontra-se também ferida de inconstitucionalidade por manifesta violação do princípio da proporcionalidade, tal como julga o Tribunal Arbitral”. A lei viola também o “princípio da generalidade pois a Constituição prevê que os impostos não possam ser aplicados especificamente a um conjunto de pessoas ou empresas em discriminação positiva ou negativa relativamente a outros setores de atividade ou contribuintes, procura com isto defender setores ou pessoas de tratamentos desiguais ou punitivos”.

A existência de já três decisões todas no mesmo sentido da inconstitucionalidade de normas fundamentais do imposto, “embora ainda não transitadas em julgado, pois delas cabe recurso obrigatório para o Tribunal Constitucional em matéria de constitucionalidade, pode e deve ser considerado um aviso sério ao legislador e ao Ministério das Finanças e ao da Segurança Social. O Relator da decisão de março de 2023 foi até antigo Juiz Conselheiro do Tribunal Constitucional”, explica o advogado José Luís Moreira da Silva.

E adianta que a questão só ficará resolvida “com uma decisão final do Tribunal Constitucional, embora nos pareça que as decisões arbitrais até agora emitidas são fundamentadas e contêm argumentos sólidos. Para nós a questão da inconstitucionalidade da norma transitória parece evidente, por tributar matérias anteriores à vigência da norma (a norma é de julho 2020 e pretendeu aplicar-se logo ao primeiro semestre de 2020). Já a questão mais ampla da constitucionalidade do imposto, por violação da proporcionalidade e da igualdade tributária, pode merecer alguma discussão, não sendo líquida”.

Mas a questão de se tributar umas entidades em especial (a banca) para financiar a segurança social, pode realmente pôr em causa “a igualdade tributária e a proporcionalidade. Sendo que o argumento do Governo de se estar apenas a equilibrar a banca com outras empresas, por aquela não estar sujeita a IVA, esquece que isso não é sempre uma vantagem, pelo contrário, e que a banca está sujeita a um especial imposto de selo”, concluiu.

Nuno de Oliveira Garcia, fiscalista e sócio responsável pelo departamento Fiscal da Gómez-Acebo & Pombo defende que “em situações de crise, primeiro na recessão de 2008-2013 e, mais recentemente, na Pandemia COVID, existe sempre a tentação de criar-se contribuições ou adicionais, quase sempre verdadeiros impostos seletivos nos seus destinatários, geralmente setores de atividade em relação aos quais existe a perceção de liquidez crescente e até de lucros. Em muitos casos, esses tributos têm um propósito político e/ou financeiro”, que até pode ser “eventualmente louvável, mas são concebidos à margem do direito fiscal enquanto elemento garantístico dos particulares”. Em bom rigor, o ‘Adicional sobre o Banca’ trata-se de um “tributo seletivo (e até persecutório, se pensarmos que já existe uma contribuição, supostamente extraordinária, sobre o mesmo sector) cuja receita é, inesperadamente e sem sentido, dirigida ao financiamento da Segurança Social. É, como referi, um bom exemplo; e é o resultado de políticas que se baseiam na mera cobrança de tributos, criados à pressa e cobrados de forma impaciente”.

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KPMG Portugal prepara mudanças na Comissão Executiva

Nasser Sattar deixa o cargo de head of advisory, que passa a ser assumido por João Sousa Leal, até aqui head of deal advisory. Mudanças estão previstas para outubro.

A KPMG prepara-se para ter uma nova composição da Comissão Executiva em outubro. Nasser Sattar deixa o cargo de head of advisory, que passa a ser assumido por João Sousa Leal, até aqui head of deal advisory, confirmou o Trabalho by ECO junto de fonte oficial da companhia.

“Com efeitos a partir de 30 de setembro de 2023, por ter atingido o limite de idade para a reforma definido nas regras internas de governance da KPMG Portugal, e aplicáveis a todos os partners, Nasser Sattar deixará de ser head of advisory da KPMG Portugal”, confirma fonte oficial da consultora. Nasser Sattar ocupava esta função desde 2014.

Nasser Satta

“O CEO Vitor Ribeirinho nomeou João Sousa Leal como o novo head of advisory da KPMG Portugal, com efeitos a partir de 1 de outubro de 2023, passando também por inerência a integrar a respetiva Comissão Executiva”, refere ainda a mesma fonte.

Desde 2009 na KPMG, João Sousa Leal junta-se assim à Comissão Executiva liderada por Vitor Ribeirinho, juntando-se aos administradores executivos Sílvia Gomes (COO/CFO), Ana Dourado (risk management), Luís Magalhães (head of tax), Miguel Afonso (head of markets) e Paulo Paixão (head of audit & assurance).

João Sousa Leal da KPMG.

O futuro head of avisory entrou na consultora como diretor na área de corporate finance, tendo sido promovido a partner em 2013. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da KPMG Portugal e desde 1 de outubro de 2021 é o head of deal advisory e membro do Comité de Advisory da KPMG Portugal.

Em Portugal, a KPMG tem cerca de 1.400 pessoas.

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia em que o "Governo Mais Próximo" chega a Évora e o secretário de Estado das Finanças é ouvido na AR sobre os Certificados de Aforro, a GreenVolt divulga os resultados completos do 1.º trimestre.

O dia é marcado pelo arranque da iniciativa do “Governo Mais Próximo” em Évora e o secretário de Estado das Finanças vai ser ouvido no Parlamento sobre as mudanças nos Certificados de Aforro. Esta quarta-feira, os sindicatos da Função Pública reúnem-se com o Executivo para discutir o “acelerador” das carreiras. A GreenVolt apresenta os resultados relativos ao primeiro trimestre.

“Governo Mais Próximo” em Évora

Esta quarta e quinta-feira, o Executivo liderado por António Costa estará em peso no distrito de Évora, no âmbito da iniciativa “Governo Mais Próximo”, que já passou por várias regiões do país. Durante estes dois dias, o Governo vai estar presente em mais de 60 iniciativas, com especial destaque para as áreas da cultura, eficiência hídrica, saúde e infraestruturas.

Certificados de Aforro levam Nuno Mendes à Assembleia da República

O secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, vai ser ouvido esta quarta-feira na Assembleia da República sobre a decisão do Governo de ter suspendido a série E dos Certificados de Aforro, tendo criado uma nova com uns juros mais baixos. Audição vai decorrer na Comissão de Orçamento e Finanças, a pedido do Bloco de Esquerda e PCP.

Governo e sindicatos discutem “acelerador” de carreiras da Função Pública

Os sindicatos da Administração Pública vão reunir-se com o Executivo, tendo em vista discutir o acelerador de carreiras dos trabalhadores da Administração Pública e a reestruturação das carreiras de informática. No que toca ao “acelerador”, o objetivo é permitir, que, a partir do próximo ano, os cerca de 349 mil trabalhadores que foram afetados pelos dois períodos de congelamento das carreiras (de 2005 a 2007 e de 2011 a 2017) tenham uma progressão mais rápida.

GreenVolt apresenta contas ao mercado

Esta quarta-feira, a GreenVolt divulga os resultados financeiros relativos ao primeiro trimestre deste ano. A empresa de energias renováveis fechou o ano passado com lucros de 16,6 milhões de euros, o que representou uma subida de 114,3% face ao período homólogo.

INE apresenta previsões agrícolas

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai apresentar dados relativos às previsões agrícolas referentes a maio deste ano. O mau tempo do mês passado deixou vários prejuízos aos agricultores da região Norte e Centro, sendo que o levantamento das ocorrências está a ser feito em conjunto com os autarcas. O PSD enviou seis questões ao Executivo sobre os apoios que estão a ser preparados e defende que há “outros mecanismos”, além do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), para apoiar o setor.

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Desde a troika que Portugal não estava tanto tempo sem ir ao mercado

Tesouro vai no terceiro mês sem realizar emissões de obrigações. Certificados de Aforro substituíram mercado e ajudaram a reduzir risco para o nível da Bélgica. Analistas antecipam emissão sindicada.

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Comissão de Orçamento e Finanças, audição do presidente do IGCP, Miguel Martin.Hugo Amaral/ECO

Já lá vão mais de três meses sem Portugal ir aos mercados para se financiar. É preciso recuar a 2014, ainda durante o período da troika, para encontrar uma ausência tão prolongada dos mercados de dívida. As famílias substituíram os grandes investidores no financiamento do Estado, por via dos aclamados Certificados de Aforro. E até ajudaram a reduzir o risco. Com as necessidades de financiamento ainda por suprir, os analistas antecipam uma emissão sindicada.

A última vez que o IGCP testou o apetite do mercado foi no início de março, numa operação que permitiu um financiamento de 915 milhões de euros com títulos a 9 e 12 anos e pelos quais pagou taxas de juro acima dos 3,5%. Desde então, a agência que gere a dívida pública não mais lá voltou – sem contar com a operação de troca realizada em maio. Pelo meio, cancelou mesmo leilões de Bilhetes do Tesouro.

Só no período do resgate financeiro internacional é que Portugal esteve mais tempo sem ir aos mercados, mas nessa altura por razões bem diferentes, relacionadas com a desconfiança dos investidores internacionais em relação à capacidade do país de honrar os seus compromissos. Um problema que chegou mesmo a afetar outras economias, como a Grécia, Irlanda e Espanha — e colocou em causa a própria Zona Euro.

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Agora, o cenário é diferente. O que se passou? Basicamente, a corrida das famílias aos Certificados de Aforro permitiu ao Tesouro evitar os mercados numa altura particularmente sensível, em que os juros estão a disparar devido ao aperto das condições financeiras promovidas pelo Banco Central Europeu (BCE).

Portugal chegou a abril com dois terços das necessidades de financiamento de 24 mil milhões de euros já devidamente cobertas, sobretudo com obrigações e medium term notes (na ordem dos 7,7 mil milhões) e certificados (8,5 mil milhões).

Famílias ajudam a conter pressão dos mercados

É certo que o primeiro semestre costuma ser geralmente mais ativo, dado o período de menor atividade na segunda metade do ano devido às férias de verão (agosto) e ao final do ano (dezembro). Mas os certificados deram uma ajuda preciosa na tarefa de Miguel Martin, o gestor da dívida pública, permitindo mesmo que o risco de Portugal recuasse para o mesmo nível da Bélgica: as obrigações a 10 anos dos dois países chegaram a ter um mesmo diferencial de 65 pontos base face à Alemanha.

Na apresentação aos investidores de junho, o IGCP deixou a pergunta: o desempenho melhor do que os pares nos spreads da dívida deveu-se à baixa liquidez ou à melhoria do quadro macro e orçamental? “É um fenómeno muito parecido com aquele que vimos em Itália, portanto não me surpreende”, observou Lyn Graham-Taylor, analista do Rabobank.

“Acreditamos que o retalho tem sido responsável pelo forte desempenho das obrigações italianas desde outubro. Vemos o apoio doméstico a continuar a isolar Itália dos receios com os fundamentais e o aperto da política do BCE no curto prazo pelo menos, o que significa que os prémios de risco não deverão alargar-se. Isto inclui Portugal também, claro”, acrescentou o seu colega Richard McGuire.

Ainda este mês o Tesouro italiano teve uma nova prova da fidelização das famílias italianas através da poupança pública: levantou mais de 18 mil milhões de euros através de obrigações dirigidas para o retalho com uma taxa de juro que vai além dos 4%.

Filipe Silva concorda com os analistas do Rabobank. “A subscrição de Certificados de Aforro diminuiu as necessidades de financiamento por outras vias”, nota. Ainda assim, o diretor do Banco Carregosa lembrou que é fundamental diversificar as fontes e os prazos. “O Estado português não pode ficar refém de apenas uma fonte de financiamento, sobretudo de curto prazo. Itália tem uma tradição de financiamento via povo italiano e paga taxas de juro bastante atrativas”, sublinhou.

O IGCP admite que a falta de emissões de obrigações este ano – que tem sido compensada com o recurso às famílias – está a afetar a liquidez do mercado secundário português: os níveis de negociação caíram para mínimos de mais de oito anos.

Quanto à melhoria da situação económica do país, o Boletim de junho do Banco de Portugal aponta para um crescimento de 2,7% este ano, três vezes mais do que a média da Zona Euro, enquanto o Governo deverá registar um equilíbrio nas contas públicas este ano e nos próximos.

Risco em queda acentuada

Diferencial das obrigações a 10 anos face à AlemanhaIGCP

Vem aí nova emissão sindicada?

De acordo com o plano do IGCP, ainda estão por executar 8,6 mil milhões até final do ano, um montante ainda considerável e que provavelmente não será preenchida pelos Certificados de Aforro. Sobretudo depois da decisão do Governo de cortar a taxa de remuneração deste produto e quando os bancos começam a disputar as poupanças das famílias com juros dos depósitos mais atrativos.

Por outro lado, em outubro vence-se uma importante linha de obrigações que foram emitidas em 2008 (15 anos) e o Tesouro terá de devolver aos investidores quase 9,4 mil milhões de uma assentada.

Para Filipe Silva, “dificilmente antes do verão” Portugal regressará aos mercados. Se voltar em setembro, serão cinco meses de ausência. Mas, em virtude do reembolso de outubro, “sendo um montante elevado, provavelmente o Estado português recorrerá ao mercado ou a uma operação sindicada para amortizar e rolar parte dessa dívida”, apontou.

“Com um volume ainda significativo de necessidades por preencher, isso faz-me pensar que outra operação sindicada poderá surgir em breve”, disse Lyn Graham-Taylor.

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Vem aí uma app oficial para subscrever Certificados de Aforro no telemóvel

Agência que gere a dívida pública portuguesa tem um plano de transformação digital que prevê melhorias e novas funcionalidades na plataforma AforroNet, incluindo uma app para telemóveis.

A nova série de Certificados de Aforro, lançada no início deste mês pelo Governo, é menos atrativa do que a linha anterior, que já não pode ser subscrita. Mas o IGCP, a agência que gere a dívida pública portuguesa, tem em marcha um plano para facilitar o acesso dos cidadãos investidores a este instrumento de poupança do Estado, apurou o ECO.

Fonte oficial diz que o IGCP está a dar os primeiros passos para melhorar a plataforma AforroNet, incluindo desenvolver uma aplicação para telemóveis, que não existe atualmente. Este “projeto global de transformação digital” prevê ainda a oferta de novas funcionalidades digitais aos aforradores. Não se conhece o calendário para a implementação destas novidades.

Neste momento, a plataforma AforroNet permite subscrever produtos de aforro do Estado e resgatar certificados. Mas, além de terem surgido receios quanto à segurança da autenticação no site do IGCP, no contexto das melhores práticas de cibersegurança, os cidadãos têm de abrir primeiro uma Conta Aforro num balcão dos CTT, o que provoca atrito no processo.

Dentro do projeto global de transformação digital do IGCP estará o desenvolvimento do site e da plataforma AforroNet com mais funcionalidades, e o desenvolvimento de uma aplicação AforroNet para smartphones.

Fonte oficial do IGCP

A estas novidades junta-se a decisão do Governo de permitir que os bancos vendam Certificados de Aforro e outra nova plataforma que estará a ser desenvolvida pelos CTT. Em janeiro, os Correios e o IGCP renovaram o contrato de distribuição de dívida pública que, segundo a empresa, passa a incluir “níveis adicionais de satisfação dos aforradores, entre os quais o desenvolvimento dos canais online pelos CTT, além do tradicional canal presencial”.

AforroNet terá “mais funcionalidades”

O IGCP ainda está a definir a estratégia, mas já está decidido que a agência precisa de se modernizar. É no âmbito de um plano mais abrangente que surgem as melhorias à plataforma onde se vendem Certificados de Aforro.

“Dentro do projeto global de transformação digital do IGCP estará o desenvolvimento do site e da plataforma AforroNet com mais funcionalidades, e o desenvolvimento de uma aplicação AforroNet para smartphones, revela ao ECO fonte oficial da agência liderada por Miguel Martín.

A 12 de junho, o IGCP abriu um concurso internacional para encontrar uma empresa que preste “serviços de consultoria para a definição da estratégia e do plano de trabalhos em vista da transformação digital do IGCP”. O preço base do procedimento foi estipulado em 600 mil euros, com um prazo de execução de quatro meses.

O IGCP aceita candidaturas até ao final do dia 9 de julho, o 30.º dia a contar da data de envio do anúncio para publicação no site do Diário da República (DRE).

“O concurso lançado no dia 12 de junho em DRE e JOUE [Jornal Oficial da União Europeia] abrange os primeiros trabalhos da definição estratégica do projeto de transformação digital da agência e a execução de reformas e investimentos significativos nas áreas da digitalização de empresas do Estado, assim como o fornecimento de competências digitais na esfera do financiamento da República, incluindo a literacia financeira e a melhoria da experiência de todas as partes interessadas e nomeadamente dos aforristas”, explica fonte oficial do IGCP.

A agência não vai mais além na resposta ao ECO, mas o Plano de Atividades e Orçamento 2023-2025 já fazia referência à modernização do IGCP ao nível dos processos, do software e do hardware. “O sucesso desta transformação dependerá, também, da capacidade da organização em abraçar a mudança, o que exigirá um programa de formação no sentido da melhoria das competências digitais dos colaboradores do IGCP“, lê-se no documento.

Enquanto entidade habituada a lidar com investimentos e retornos, o IGCP define ainda o que acredita serem os “retornos” deste “investimento” para a agência e para o Estado. Entre os benefícios está o aumento da “eficiência e eficácia dos processos internos”, “reduzir os riscos atuais de falência dos sistemas (nomeadamente em resultado de ciberataques)” e a melhoria do “atendimento a clientes”, mas também “aumentar a base de clientes de retalho e por conseguinte o financiamento do Estado”. Outro retorno identificado é a redução dos “custos de colocação e gestão da dívida de retalho”.

A resposta do IGCP ao ECO sugere ainda que também será desenvolvido um novo site para a própria agência. A aparência do atual portugal remete para uma página dos anos 1990, com a agravante de não se adaptar aos ecrãs dos smartphones, por não ser responsivo.

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Alentejana HiJiffy capta financiamento de 3,8 milhões e expande para Alemanha

Startup que usa assistentes de voz com inteligência artificial na hotelaria, somando 1.800 clientes em 50 países, vai expandir negócio para a Alemanha e abrir novos escritório na Vidigueira e Lisboa.

A HiJiffy recebeu um investimento de 3,8 milhões de euros. A startup que desenvolve assistentes de voz com inteligência artificial para hotéis vai em novos mercados no centro da Europa e contratar mais de 20 pessoas nos próximos meses.

A ronda de investimento foi liderada pela Caixa Capital e também contou com a participação da Lince Capital e da Portugal Ventures. As três capitais de risco contribuíram com 2,5 milhões de euros. Nesta operação também entraram 1,3 milhões de euros através da agenda mobilizadora “Acelerar e Transformar o Turismo” do Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal.

“Agora queremos entrar em força nos mercados alemão, suíço e austríaco para confirmar a HiJiffy como maior fornecedor europeu de inteligência artificial conversacional para hotéis”, salienta o presidente executivo da empresa, Tiago Araújo.

Atualmente com perto de 30 trabalhadores, a equipa da HiJiffy terá mais de 20 novos elementos até ao final deste ano. Há vagas disponíveis para as áreas de produto, vendas, marketing, apoio ao cliente e recursos humanos. A empresa vai abrir um novo escritório na Vidigueira (distrito de Beja), onde está sediada, e também terá um novo espaço em Lisboa, no espaço de cowork Heden Santa Apolónia.

Fundada em 2016, a HiJiffy usa a tecnologia para responder automaticamente às perguntas mais frequentes dos hóspedes. Em vez de um funcionário, um concierge digital dá todas as respostas necessárias, ajuda a fazer check-in e check-out online, marcar serviços ou realizar avaliações. A HiJiffy também desenvolveu um assistente de reservas digital, que funciona por e-mail ou então em plataformas e redes sociais como Google, WhatsApp, Instagram e Booking.

Mais recentemente, a empresa usou a ferramenta de inteligência artificial GPT-4 para lidar com maior precisão e automação as perguntas e pedidos dos hóspedes.

A tecnológica conta com mais de 1.800 hotéis como clientes em mais de 50 países. Pestana, Vila Galé ou Nau Hotels são os principais grupos nacionais. Ainda assim, a maioria das receitas da HiJiffy já vem do estrangeiro.

Contando já com esta injeção de capital, a HiJiffy já obteve um total de 6,2 milhões de euros em rondas de investimento.

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Pré-aviso de greve no Porto de Lisboa a partir de 5 de julho

  • Lusa
  • 20 Junho 2023

Estão em causa as violações do direito à greve, nos últimos três anos, pelas empresas que operam no porto de Lisboa, colocando trabalhadores de empresas terceiras a realizar trabalho abrangido pelos p

O Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL) apresentou nesta terça-feira um pré-aviso de greve a partir de 05 de julho para o porto de Lisboa, que se refletirá também no porto de Setúbal.

“O Sindicato Nacional dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego, Conferentes Marítimos e Outros, em nome e em representação dos trabalhadores portuários integrados no respetivo âmbito estatutário, que exercem a sua atividade profissional nas áreas dos Portos de Lisboa e de Setúbal, declara greve à prestação de trabalho nestes portos, a partir das 08:00 do dia 05 de julho de 2023 até às 08:00 do dia 05 de novembro de 2023“, indicou o SEAL em comunicado.

Estão em causa as violações do direito à greve, nos últimos três anos, pelas empresas que operam no porto de Lisboa, colocando trabalhadores de empresas terceiras a realizar trabalho abrangido pelos pré-avisos de greve, assim minando a eficácia de qualquer paralisação dos trabalhadores portuários para obterem um Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) mais justo.

O SEAL recordou que a sua presente luta “começou porque todas as empresas de operação portuária decidiram, em conjunto, de forma totalmente concertada, apresentar à insolvência a empresa de cedência de mão-de-obra portuária de que eram as únicas associadas e, simultaneamente, únicas clientes, a A-ETPL”, e sublinhou que essa luta “não terminará enquanto o problema não for resolvido, pelas empresas ou pelos tribunais”.

“Neste momento, é já um dado adquirido que a reabertura do estabelecimento comercial da A-ETPL comprovou em pleno o plano de todas as empresas de se livrarem dos trabalhadores daquela sem qualquer custo, tendo-se chegado ao ponto de alegarem desconhecer trabalhadores que, durante anos a fio, foram por elas requisitados”, afirmou o sindicato.

Para “permitir que os trabalhadores da A-ETPL pudessem regressar ao setor”, o SEAL explicou “ter sempre optado por permitir uma enorme ampliação dos serviços mínimos, muito para além daquilo que legalmente seria exigível e, ainda assim, haver navios abrangidos por serviços mínimos operados por trabalhadores de outras empresas sem que previamente fosse feita qualquer requisição de trabalhadores ao sindicato”.

“Além disso — prosseguiu – há inúmeros casos, todos já documentados, de navios que, não estando abrangidos pelos serviços mínimos, foram operados por trabalhadores temporários especificamente contratados para o efeito”.

“Todos os Grupos de Operadores portuários que operam no porto de Lisboa estão a utilizar este ‘estratagema’, numa clara manifestação de fraude à lei (o Grupo ETE opera todos os navios ao largo neste sistema), com a total conivência do ACT que, no porto de Lisboa, não atua de todo, razão pela qual as ações de responsabilização civil e criminal pelas violações do direito à greve que estavam a ser preparadas antes do início da negociação com o Grupo Yildirim irão agora prosseguir”, referiu o sindicato do setor.

Segundo o SEAL, “a greve envolverá todos os trabalhadores portuários efetivos e também aqueles que possuam vínculo contratual de trabalho portuário de duração limitada, cujas entidades empregadoras ou utilizadoras sejam as empresas de trabalho portuário ou empresas de estiva em atividade nos referidos portos, compreendendo-se ainda no âmbito da greve as empresas titulares de direitos de uso privativo nas respetivas áreas portuárias”.

Quanto à incidência operacional e períodos de duração diária da paralisação, o sindicato precisou que “a greve se materializará na abstenção da prestação de trabalho em todas as empresas de estiva do porto de Lisboa (…) em todas as operações realizadas, seja qual for o período de trabalho, normal ou suplementar, para a execução das quais as entidades empregadoras ou utilizadoras de mão-de-obra portuária contratem ou coloquem trabalhadores estranhos à profissão e que não integrassem o contingente efetivo e eventual à data de 04 de fevereiro de 2020”.

Efeitos em Setúbal

No porto de Setúbal, precisou o SEAL, a greve “restringir-se-á à abstenção da prestação do trabalho incidente sobre navios ou cargas que, neste contexto de greve, sejam desviados do porto de Lisboa para este porto desde o dia 04 de fevereiro de 2020 até ao limite final fixado neste aviso prévio de greve”.

Frisando que “a intenção do SEAL sempre foi o regresso ao setor portuário dos trabalhadores da A-ETPL, sendo-lhe indiferente se retornam para a empresa A ou B, desde que todos os seus direitos sejam salvaguardados”, o sindicato indicou que, por essa razão, “a prestação de trabalho pelos trabalhadores oriundos dessa empresa no porto de Lisboa não está abrangida pelo presente pré-aviso de greve”.

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Mariana França Gouveia integra a VdA como sócia

Mariana França Gouveia saiu da PLMJ este mês, onde estava como sócia da área de Resolução de Litígios. Entre setembro de 2018 e outubro de 2022 foi diretora da Nova School of Law.

Mariana França Gouveia é a nova sócia da Vieira de Almeida. Mariana França Gouveia saiu da PLMJ este mês, onde estava como sócia da área de Resolução de Litígios. A VdA integra a advogada como sócia da área de Prática de Contencioso & Arbitragem.

Mariana França Gouveia é doutorada em Direito. A sua área de especialização incluiu, para além do Direito Processual Civil, a Resolução Alternativa de Litígios, a Arbitragem e a Mediação. Neste âmbito criou e dirige o NOVA Dispute Resolution Forum, um centro de conhecimento que investiga e forma nas matérias do Processo Civil e Resolução Alternativa de Litígios.

Entre setembro de 2018 e outubro de 2022 foi a Diretora da NOVA School of Law.

Na sua carreira, destaca-se como advogada e árbitra em processos arbitrais domésticos e internacionais, com sedes em diversos lugares do mundo e nas mais importantes instituições arbitrais. Dedica-se ainda e a lecionação e investigação académicas, com trabalhos reconhecidos na área da Justiça e da Resolução Alternativa de Litígios.

João Vieira de Almeida, senior partner da VdA avançou que “a vinda da Mariana França Gouveia para a VdA é motivo de enorme orgulho e satisfação, pelas suas qualidades pessoais e pela reconhecida experiência e reputação na área que vem desenvolver”.

Para Mariana França Gouveia “é um privilégio e uma enorme alegria juntar-me a uma equipa de excelência como a VdA, para fortalecer a área da arbitragem. A arbitragem é uma área da litigância de enorme exigência e a VdA é sem dúvida o local ideal para continuar a desenvolver um projeto capaz de servir os clientes ao mais alto nível, tanto em Portugal como em qualquer parte do mundo”.

 

Sede da Vieira de Almeida em Santos, Lisboa.José Campos

A sua carreira divide-se entre a gestão, ensino e investigação académicas, com trabalhos na área da Justiça (em especial Justiça Económica, FFMS, 2012) e da Resolução Alternativa de Litígios (em especial, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, Almedina, 2014) e a prática como advogada e árbitra, em complexos processos arbitrais domésticos e internacionais.

Foi assessora jurídica da Unidade de Mediação e Acompanhamento de Conflitos de Consumo, fundada pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e pelo Instituto do Consumidor, de Julho de 2001 a Junho de 2003. E coordenadora da Unidade de Mediação e Acompanhamento de Conflitos de Consumo, fundada pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e pelo Instituto do Consumidor, de Fevereiro de 2004
a Maio de 2006.

Fez o estágio de advocacia ia na sociedade Soares Machado, Andrade Ramos, Athayde de Tavares & Associados, entre setembro de 1997 e Maio de 1999. Foi também assessora da Ministra da Justiça entre Maio e Outubro de 2002, consultora do Gabinete de Política Legislativa e Planeamento do Ministério da Justiça de Novembro de 2002 e Janeiro de 2004, diretora do Gabinete de Auditoria e Modernização do Ministério da Justiça, de Fevereiro de 2004 a Janeiro de 2005.

Passou a consultora da sociedade de advogados Soares Machado & Associados em Outubro de 2006 e membro do Conselho de Prática Arbitral da Associação Portuguesa de Arbitragem, em Novembro de 2009. Esteve como consultora da SRS Advogados (à data com este nome) desde Outubro de 2010 e vogal do Conselho do Centro de Arbitragem Comercial da Câmara de Comércio e Indústria desde Maio de 2012.

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Isabel dos Santos condenada por desvio ilegal de 52,6 milhões da Sonangol

  • Lusa
  • 20 Junho 2023

Tribunal de recurso concluiu que o dinheiro foi desviado da Sonangol através de sociedades anónimas neerlandesas para beneficiar a empresária angolana Isabel dos Santos e o marido, Sindika Dokolo.

A empresária Isabel dos Santos desviou ilegalmente, com recurso a documentos falsificados, 52,6 milhões de euros da petrolífera estatal angolana Sonangol para uma empresa sua, concluiu um tribunal de recurso neerlandês.

A sentença é citada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla em inglês) que esteve na origem do caso que ficou conhecido como “Luanda Leaks” e teve acesso ao documento – ainda não publicado – através do jornal neerlandês NRC.

A decisão foi ditada pela Câmara Empresarial, um departamento especial do Tribunal de Recurso de Amesterdão que concluiu que o dinheiro foi desviado da Sonangol através de sociedades anónimas neerlandesas para beneficiar Isabel dos Santos e o seu marido, Sindika Dokolo, que morreu em 2020, no Dubai, devido a um acidente quando mergulhava.

Isabel dos Santos já avançou que vai recorrer da decisão. A empresária angolana justificou o recurso realçando que o tribunal não analisou “documentos relevantes submetidos pela defesa, documentos estes que poderiam alterar, de forma significativa e substancial, a decisão proferida, demonstrando de forma inequívoca a veracidade material dos factos em questão”.

No recurso serão apresentados estes documentos, demonstrando a verdade e a existência das atas da Sonangol, incluindo as correspondentes e reais deliberações que, por razões que se desconhece, foram ignoradas”, frisou Isabel dos Santos numa publicação na rede social Instagram.

A filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos sublinhou ainda que a decisão do tribunal resulta de “uma falta de conhecimento do normal funcionamento empresarial”.

A decisão vai ao encontro da investigação do ICIJ e valida um relatório condenatório de um diretor nomeado pelo tribunal para a Esperaza Holding BV — um veículo usado pela Sonangol para comprar ações na portuguesa Galp. O relatório concluiu que a venda, em 2006, de 40% da Esperaza à Exem Energy BV, uma empresa detida por Sindika Dokolo, tinha resultado de um “ato de corrupção” e deveria ser anulada.

No final de 2006, a Sonangol vendeu 40% das ações que detinha na Esperaza e entregou-as à Exem, empresa cujos beneficiários finais eram Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, e o seu marido.

O ICIJ aponta que Isabel dos Santos e os seus parceiros beneficiaram de negócios lucrativos ligados ao petróleo, diamantes, telecomunicações, bancos e imóveis sob o governo de José Eduardo dos Santos, que permaneceu no poder quase 40 anos.

Após o pai ter saído da presidência, cargo assumido pelo seu sucessor João Lourenço, atualmente no segundo mandato, a Sonangol contestou em tribunal a legalidade da aquisição da participação de 40% da Exem na Esperaza, disputa resolvida a favor da Sonangol, em 2022, por uma instância arbitral neerlandesa, que anulou a aquisição por ser “contrária à ordem e aos bons costumes públicos”.

Em 15 de novembro de 2017, o recém-eleito Presidente angolano João Lourenço demitiu Isabel dos Santos do cargo de presidente da Sonangol, no âmbito do combate à corrupção que assumiu como bandeira eleitoral. A pedido da Sonangol, em 2020, a Câmara Empresarial ordenou uma investigação dos negócios da Esperaza a partir de 01 de janeiro de 2017.

O tribunal concluiu que a empresária assinou falsas deliberações para canalizar 52,6 milhões de euros em dividendos da Esperaza Holding BV para sua própria empresa e que tentou ocultar essas transferências ilegais, com datas anteriores à demissão.

O tribunal disse que ficou estabelecido que “todas as pessoas que assinaram um ou mais decretos sabiam que estes eram retroativos” e que os diretores da empresa deveriam ter percebido que Isabel dos Santos estava a tentar fazer um pagamento rápido de dividendos, através de resoluções forjadas e retroativas.

“A decisão é um passo intercalar na longa tentativa da estatal Sonangol para recuperar os milhões roubados”, acrescenta o ICIJ.

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Grupo espanhol de reboques investe três milhões em Mangualde

  • Lusa
  • 20 Junho 2023

A Lecitrailer, que lidera o setor dos reboques e semirreboques no mercado espanhol, passa a ter em Mangualde a sua primeira base de serviço pós-venda em Portugal, criando 20 novos postos de trabalho.

O grupo espanhol LeciTrailer investiu cerca de três milhões de euros e criou 20 postos de trabalho em Água Levada, no concelho de Mangualde, de acordo com o anúncio feito pela autarquia local.

“Mangualde continua a atrair investimento de qualidade, que ajuda a projetar ainda mais a dimensão económica e empresarial do concelho, colocando-nos no patamar de excelência do setor no país”, considerou o presidente da Câmara, Marco Almeida, congratulando-se com a constante expansão do cluster da indústria automóvel neste concelho do distrito de Viseu.

Segundo Marco Almeida, “a escolha de Mangualde para este investimento vem potenciar a política definida há mais de uma década, e que continua a ser trilhada ao longo deste mandato, de fazer do concelho um território atrativo para o investimento e capaz de criar postos de trabalho e gerar riqueza económica e social”.

A Lecitrailer, que lidera a lista de fabricantes de reboques e semirreboques do mercado espanhol, passa a ter em Água Levada a sua primeira base de serviço pós-venda em Portugal, na qual é possível reparar todo o tipo de chassis e carroçarias de todas as marcas.

A autarquia avançou ainda que “a base de Mangualde da LeciTrailer conta atualmente com cerca de 20 funcionários”, mas a empresa pretende “chegar à meia centena de postos de trabalho”.

“Instalada numa superfície com cerca de 36 mil metros quadrados e equipada com a tecnologia mais avançada do mercado, a base de serviço pós-venda LeciTrailer dispõe de desempeno de chassis, cabine de decapagem em jato de granalha, cabine de pintura, frenómetro, sistema de alinhamento de pneus a laser e fossas de reparação”, explicou.

A fabricante de reboques e semirreboques passa, assim, a contar com sete bases pós-venda próprias (cinco em Espanha, uma em França e uma em Portugal), numa superfície combinada de mais de 500 mil metros quadrados.

No último ano, Mangualde recebeu o grupo de vestuário Valérius, que criou 110 postos de trabalho, e o grupo da área do calçado Magnanni, que pretende criar até 50 postos de trabalho.

Marco Almeida garantiu que “Mangualde está sempre disponível para ser um agente facilitador no acolhimento de novos investimentos, criadores de novos postos de emprego e, consequentemente, geradores de riqueza para o concelho”.

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Axa Investment Managers reorganiza responsabilidades

  • ECO Seguros
  • 20 Junho 2023

Na sociedade gestora de ativos do grupo segurador internacional Axa, o Client Group vai ter um novo corresponsável. Ambos os diretores são internos da empresa.

A Axa Investment Managers, filial de fundos do grupo segurador Axa, nomeou André Thali e Pietro Martorella como co-responsáveis do Client Group da Axa IM Core.

A nomeação é uma promoção para Pietro Martorella, atual responsável pelos mercados ibéricos e de Itália da Axa IM. Para além de manter as suas atuais funções para o sul da Europa, será também responsável pelas áreas da Europa (Ocidental), Europa (Sul), Américas e Marketing.

A partir de 1 de julho, os dois gestores serão responsáveis pelos serviços aos clientes e pela estratégia de crescimento da AXA IM. De acordo com comunicado publicado na segunda-feira, os dois diretores responderão perante Hans Stoter, responsável mundial da AXA IM Core.

Pietro Martorella será ainda responsável pela Europa Ocidental, Europa do Sul, Américas e Marketing como Diretor do Core Client Group Southern Europe. Entrou para a AXA IM em 2004 como Diretor da Distribuição de Retalho e Grossista e foi nomeado Diretor-Geral do escritório italiano em 2009. Antes disso, ocupou vários cargos na distribuição de retalho e de fundos no BNP Paribas AM.

Como Diretor do Grupo de Clientes DACH (Alemanha e Suíça), Thali assumirá também a responsabilidade pelo Norte da Europa, Alemanha, Áustria e Suíça, Ásia, Japão, ETF e estratégia de produtos. Desde 2017 que é Diretor do Grupo de Clientes Core DACH na AXA IM e Diretor Executivo Adjunto da AXA IM Switzerland. Anteriormente, foi Diretor do Grupo de Clientes da Suíça e do Liechtenstein de 2013 a 2017. Antes de se juntar à AXA IM, desempenhou a função de responsável pelas vendas a terceiros na Europa na atual marca Swisscanto do Zürcher-Kantonalbank.

Matt Lovatt, atualmente responsável pelo Grupo de Clientes da AXA IM Core a nível mundial, reformar-se-á em 1 de julho de 2023, informa ainda a nota.

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Allianz Partners revela que maioria dos condutores querem elétricos

  • ECO Seguros
  • 20 Junho 2023

A tendência para transportes mais ecológicos está a tornar-se popular. O relatório 'States of Mind New Mobility' da Allianz Partners revela 3 mudanças de perspetiva que estão a liderar a mobilidade.

A crescente adoção de veículos privados, mais ecológicos, a transição da propriedade de veículos (partilha) e a micro-mobilidade são três tendências futuras que a Allianz Partners, líder mundial em seguros e serviços de assistência, apurou, no seu mais recente relatório da série ‘States of Mind’.

O estudo é baseado nos insights de Michael Maicher, Global Partner & Director e Global Chief Sales Officer for New & Micro-Mobility da Allianz Partners, e de Alejandro Agag, Presidente e fundador da Fórmula E e Extreme E, bem como em dados de opinião pública da própria Allianz Partners. O relatório analisa três mudanças de mentalidade que estão a impulsionar o que se prevê como um futuro mais ecológico para a mobilidade.

“A última década foi transformadora para os veículos elétricos, tanto em termos de avanços tecnológicos como da crescente adesão das pessoas” afirma Alejando Agag, Presidente e fundador da Fórmula E e da Extreme E.

Adoção de transportes mais ecológicos

A primeira mudança de mentalidade destaca a crescente adoção de veículos privados mais ecológicos, com 60% dos condutores a expressar a intenção de compra de um veículo elétrico ou híbrido como sua próxima aquisição automotiva, de acordo com o estudo da Allianz Partners em 10 mercados-chave. A tendência é ainda mais acentuada entre pessoas com famílias jovens, com 75% dos indivíduos entre 26 e 40 anos com filhos a querer adquirir um veículo elétrico ou híbrido na sua próxima compra. O relatório destaca a necessidade de políticas intensivas, maior investimento em infraestrutura e inovações revolucionárias para promover a adoção em grande escala.

Da propriedade do veículo à sua utilização

Em relação à segunda mudança de mentalidade, o relatório destaca a transição da propriedade do veículo para sua utilização. Com os automóveis privados estacionados 92% do tempo, o crescimento da mobilidade compartilhada oferece uma utilização mais eficiente de recursos. Além disso, o desenvolvimento de veículos autónomos, como os ‘robô-táxis’, tem o potencial de revolucionar as ofertas de mobilidade como serviço e aumentar ainda mais os níveis de adoção.

A micro-mobilidade passa a ser uma realidade

A terceira mudança de mentalidade aborda a micro-mobilidade como uma realidade em ascensão. Embora o uso de trotinetes, ciclomotores e bicicletas elétricas tenha aumentado significativamente, seu crescimento tem sido complexo e, por vezes, controverso. A regulamentação tem enfrentado desafios para acompanhar os avanços tecnológicos, e a perceção do público também precisa de melhorias. Por exemplo, 32% das pessoas desconhecem se é obrigatório possuir um seguro ao usar uma trotinete elétrica, e 31% não têm certeza se é necessário um seguro para utilizar uma bicicleta elétrica.

Alejandro Agag, Presidente e fundador da Fórmula E e Extreme E, destaca a transformação dos veículos elétricos ao longo da última década e reforça que a redução de custos, melhor experiência de utilização e mais veículos mais atraentes no mercado são importantes para o público. Agag menciona o potencial dos avanços na tecnologia das baterias impulsionados pela Inteligência Artificial (IA) e computação quântica, que podem acelerar ainda mais a revolução dos elétricos.

Michael Maicher, Global Partner & Director e Global Chief Sales Officer for New & Micro-Mobility na Allianz Partners, acrescenta que um ponto chave no desenrolar da mobilidade. Os condutores já estão a efetuar mudanças comportamentais significativas, quer na compra de veículos elétricos, quer na adoção de trotinetes e bicicletas elétricas, bem como na forma como os veículos são utilizados.

Maicher destaca a importância de criação de infraestruturas eficientes na transição para a mobilidade verde. A falta de postos de carregamento é um obstáculo significativo que impede muitas pessoas de adotarem opções mais sustentáveis. Enfatiza que mais investimentos, tanto públicos como privados, na mobilidade criarão um ciclo positivo, acelerando mudanças tecnológicas e soluções sustentáveis mais acessíveis e atraentes.

O relatório da Allianz Partners destaca a necessidade da abordagem holística para impulsionar uma mobilidade mais ecológica, com colaboração entre governos, empresas, fabricantes de automóveis e provedores de serviços de mobilidade. A adoção em massa de veículos verdes, a transição para a utilização partilhada de veículos e o desenvolvimento da micro-mobilidade são aspetos fundamentais.

 

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