Governo avalia prémio a empresas com práticas ESG nos concursos públicos

"É preciso colocar isto [do ESG] no terreno. Vamos lutar para alcançar as metas, mantendo a competitividade", sublinhou João Rui Ferreira, secretário de Estado da Economia.

O secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, acredita que existe um alargado consenso em matérias de ESG — ou seja, de sustentabilidade ambiental, social e de governança. As maiores dúvidas surgem no momento de implementar medidas, e o Governo está a trabalhar no sentido de estimular este caminho. Em particular, para que a adoção de práticas ESG tenha uma majoração positiva nos concursos públicos.

“Estamos a trabalhar também do ponto de vista dos nossos avisos e plano de incentivos, a estudar formas para que a adoção destas matérias [ESG] possa ter uma majoração positiva. Um estímulo a quem faz melhor, não uma penalização”, avançou João Rui Ferreira, secretário de Estado da Economia, na conferência ESG Forum 2024, organizada pelo ECO, no auditório da PLMJ.

“É preciso colocar isto [do ESG] no terreno. Vamos lutar para alcançar as metas mantendo competitividade”, sublinhou João Rui Ferreira, secretário de Estado da Economia, acreditando que “é fundamental fazer esta transição encontrando valor, usando fórmulas que continuem a acrescentar valor ao negócio”.

Na ótica do governante, “há consenso alargado nestes temas”, mas as dúvidas surgem no momento de decidir a que ritmo se vai processar a mudança e como se irão adaptar os princípios de sustentabilidade em cada negócio. Recorrendo à sua experiência profissional no setor privado, sobretudo na indústria da cortiça, garante que as matérias ESG “nunca foram uma questão nem dificuldade, mas uma forma de diferenciação do negócio”.

No sentido de agilizar a mudança, o Governo está também a transpor as diretivas sem “criar mais barreiras a um processo complexo”. E a trazer a visão das empresas “para que seja exequível”. João Rui Ferreira fala da importância de existir um referencial normativo do ESG em Portugal, “um quadro comum para todas as empresas que permita harmonizar as regras do jogo”.

Na questão da capacitação, destaca o trabalho de instituições tuteladas pelo Governo, como a AICEP, e indica que têm de ser encontrados novos modelos para chegar aos cidadãos e aos empresários.

Gestores em “lugar perigoso” se ignorarem impactos do negócio

Na abertura da mesma conferência, o managing partner da PLMJ, Bruno Ferreira, indicou que “frequentemente” é abordado por gestores que afirmam: ‘temos de fazer alguma coisa no ESG’. Uma abordagem que considera “preocupante”, pois indica que não sabem ainda o que estas matérias implicam para o seu modelo de negócio. Mas ao mesmo tempo vantajosa, na medida em que mostra uma crescente preocupação com o tema.

Os gestores estão num lugar bastante perigoso se não tiverem consciência do que as suas decisões implicam“, alerta. Na sua ótica, o exercício de due dilligence era algo relativamente pontual mas que tem de começar a ser permanente, traduzindo-se num conhecimento ” de todo o impacto que o negócio está a ter a todo o momento”.

“Há esta maior consciência das empresas, faz parte da nossa missão continuar esta conversa. Tendo consciência das vantagens que isso tem no tecido empresarial”, rematou.

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Governo dá prenda de Natal aos polícias com salto extra na carreira

Tal como a GNR, a PSP beneficia do acelerador de progressões que permite uma valorização salarial adicional de cerca de 53 euros com apenas seis pontos na avaliação. Pagamento é feito este mês.

Tal como os guardas da GNR, os agentes da PSP também têm direito ao acelerador de progressões que permite dar um salto extraordinário e pontual na posição remuneratória de cerca de 53 euros com apenas seis pontos, em vez dos oito atualmente exigidos no sistema de avaliação integrado da Administração Pública (SIADAP), sem perda da pontuação remanescente para futuras progressões. A clarificação foi feita esta quinta-feira pelo Ministério da Administração Interna (MAI). O pagamento relativo a esta valorização salarial será feito ainda este mês, garante a tutela.

“Por despacho da ministra da Administração Interna, atento o quadro legal aplicável, foi reconhecido que não há qualquer impedimento legal, quanto à possibilidade de sucessiva alteração de posicionamento remuneratório dos polícias e demais trabalhadores da Polícia de Segurança Pública, que viram a sua posição remuneratória alterada por aplicação do ‘diploma acelerador’ e que ainda detêm, por via da ‘avaliação de desempenho’, os pontos necessários à sua progressão”, segundo uma nota da tutela liderada por Margarida Blasco. “A situação fica regularizada com o pagamento a realizar já no mês de dezembro”, assegura o Ministério.

O acelerador de progressões foi implementado pelo anterior Governo de maioria absoluta socialista, liderado por António Costa, e dá uma espécie de jackpot aos funcionários públicos das carreiras gerais sujeitos ao Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP) desde que cumpram os seguintes requisitos: ter 18 ou mais anos de antiguidade e ter sofrido os dois períodos de congelamento das progressões, entre 30 de agosto de 2005 e 31 de dezembro de 2007 e entre 1 de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2017. O entendimento do atual Executivo é que este acelerador também deve ser aplicado às carreiras especiais das forças de segurança.

“Às forças de segurança aplica-se, nos termos da Lei, quer o ‘diploma acelerador de carreiras’, quer o ‘diploma de progressão de carreiras’, por força da pontuação obtida resultante da avaliação anual. Esta situação já se encontrava em aplicação e execução na Guarda Nacional Republicana, que tem um modelo de avaliação distinto da Polícia de Segurança Pública. No entanto, no âmbito da Polícia de Segurança Pública, foram suscitadas dúvidas quanto à abrangência da aplicação sucessiva do ‘diploma acelerador de carreiras’, em conjugação com a ‘progressão de carreiras, por força da pontuação resultante da avaliação anual'”, sinaliza o MAI.

Assim, “esta matéria foi apreciada e decidida pela ministra da Administração Interna, no sentido de ser reconhecido o direito da sucessiva progressão dos polícias, tendo em vista o cumprimento da lei aplicável e a progressão do seu estatuto remuneratório. Os demais trabalhadores da Polícia de Segurança Pública também veem, nestes termos, cumprida a lei que lhes é aplicável”, de acordo com a mesma nota.

Deste modo, indica a tutela, “a situação fica regularizada com o pagamento a realizar já no mês de dezembro”. “Esta decisão vem repor a justiça a um significativo número de membros da Polícia de Segurança Pública, que assim veem reconhecidos os seus direitos”, lê-se no mesmo documento. Isto significa que um agente que esteja na terceira posição remuneratória e que reúna as condições para beneficiar do acelerador de progressões vai ser aumentado, este mês, em 52,62 euros, passando de um salário de 1.122,84 euros mensais brutos para um vencimento de 1.175,46 euros.

Em agosto, o Governo aprovou o aumento do suplemento de risco para os agentes da PSP e os guardas da GNR de 100 para 400 euros brutos mensais, até 2026. Este ano, o subsídio subiu 200 euros para 300 euros e foi pago com efeitos retroativos a 1 de julho.

Depois da subida de 200 euros deste ano, esta componente do recibo de vencimento irá saltar 50 euros, atingindo os 350 euros, a 1 de janeiro de 2025 e, no ano seguinte, sobe mais 50 euros, perfazendo os 400 euros. O impacto anual deverá rondar cerca de 83,3 milhões de euros e terá um custo global de 250,6 milhões de euros.

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Regulador britânico autoriza fusão entre Vodafone e Three, criando um gigante com 27 milhões de clientes

Autoridade da concorrência do Reino Unido permite que a operação de 18 mil milhões de euros avance, desde que as duas empresas invistam "milhares de milhões" no 5G e aceitem limites nos preços.

A autoridade da concorrência do Reino Unido decidiu esta quinta-feira permitir que a Vodafone e a Three se fundam num gigante com 27 milhões de clientes, numa operação que reduzirá de quatro para três o número de operadores presentes no mercado britânico.

O negócio de 15 mil milhões de libras (18,12 mil milhões de euros) tem permissão para avançar desde que as duas empresas assumam compromissos legalmente vinculativos, incluindo investirem “milhares de milhões” na expansão do 5G em todo o país e aceitarem limites nos preços de alguns dos seus tarifários móveis pelos próximos três anos.

“A Autoridade da Concorrência e dos Mercados (CMA) decidiu que a fusão da Vodafone com a Three deve poder avançar se as duas empresas assinarem compromissos vinculativos para investirem milhares de milhões no desenvolvimento de uma rede 5G conjunta no Reino Unido”, anunciou o regulador num comunicado. A Vodafone e a Three são, respetivamente, o terceiro e quarto operador em quota de mercado no país.

A entidade tinha receio de que a fusão resultasse em preços mais altos para os consumidores e condições menos favoráveis para os operadores virtuais, outras empresas que prestam serviços de telecomunicações com base nas redes da Vodafone e da Three. Agora, na decisão final, a CMA assume que a assunção de remédios pelas duas operadoras permite resolver as preocupações, nomeadamente:

  • o cumprimento de um plano conjunto de rede que prevê a atualização e melhoria da rede móvel 5G no Reino Unido ao longo de oito anos, “beneficiando milhões de utilizadores”;
  • limites nos preços de um conjunto selecionado de tarifários e planos de dados móveis durante três anos, “diretamente protegendo” os consumidores de eventuais aumentos de preços;
  • oferta de preços e termos contratuais predefinidos ao nível grossista, durante três anos, assegurando que os operadores móveis virtuais têm acesso a condições mais competitivas no mercado.

A fiscalização do cumprimento destas obrigações será da responsabilidade da própria CMA, mas também da Ofcom, o regulador britânico das comunicações. Com esta decisão, o Reino Unido passa a ser um mercado de três operadores, com a nova operadora que resultará da fusão a ser líder de mercado e a competir diretamente com a BT/EE e a Virgin Media O2.

A Vodafone tem seguido a via da consolidação noutros mercados. Já vendeu a operação em Itália à Swisscom e em Espanha à Zegona. Em Portugal, tentou adquirir a Nowo, mas o negócio foi chumbado pela Autoridade da Concorrência. A Nowo acabou por ser vendida à Digi neste verão.

Num comunicado, a Vodafone congratula-se com o anúncio do regulador britânico da concorrência: “A decisão de hoje cria uma nova força no mercado de telecomunicações do Reino Unido e desbloqueia investimento necessário para construir a infraestrutura de rede que o país merece”, reagiu a CEO da operadora, Margherita Della Valle.

“Os consumidores e as empresas terão acesso a uma cobertura mais ampla, velocidades mais rápidas e melhor qualidade na conectividade em todo o Reino Unido, à medida que construímos a maior e melhor rede no nosso mercado doméstico”, acrescentou a gestora, citada na mesma nota.

Este negócio tinha sido anunciado por ambas as empresas no ano passado, através do qual a Vodafone ficará, inicialmente, com 51% da nova operadora, enquanto a CK Hutchison, acionista da Three, deterá com os restantes 49%. Ao fim de três anos, a Vodafone terá uma opção de compra da posição que não detém.

Com mais este passo, que era decisivo para a concretização do negócio, a fusão entre a Vodafone e a Three deverá estar formalmente concluída na primeira metade de 2025, segundo a Vodafone.

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Insolvências baixam 9% em novembro. Indústria representa um em cada quatro casos em 2024

As insolvências baixaram em novembro face ao período homólogo, mas no acumulado do ano continuam acima dos números registados em 2023. Porto e Lisboa pesam perto de metade das insolvências.

As insolvências em Portugal desceram 9% em novembro face ao período homólogo de 2023. No total, 374 empresas apresentaram pedido de insolvência, no 11.º mês do ano, menos 37 que em igual mês do ano passado, adianta a Iberinform. Apesar da descida mensal homóloga, em termos acumulados, estes processos continuam a crescer, com o setor da indústria a ser responsável por mais de um quarto das insolvências.

O mesmo estudo adianta que as declarações de insolvência apresentadas pelas próprias empresas aumentaram mais de 18% até final de novembro, com mais 120 empresas a requererem a insolvência num total de 782 pedidos.

Já as declarações de insolvência requeridas por terceiros também aumentaram de 597 em 2023 para 667 em 2024 (+12%). Os encerramentos com plano de insolvência tiveram um incremento de 28,9% para atingirem um total de 49 ações. Até final de novembro, foram concluídos 1.965 processos de insolvência, menos 165 que em igual período do ano passado.

No acumulado dos 11 meses, as insolvências registam um aumento de 1,1% face ao período homólogo, com 3.463 processos registados.

A Iberinform realça ainda que os distritos do Porto e de Lisboa são os que registam o maior número de insolvências, 845 e 791, respetivamente. Face a 2023, o Porto tem um acréscimo de mais de 8% enquanto Lisboa vê as insolvências aumentarem 0,8% no comparativo.

Por setores, os maiores aumentos nas insolvências registaram-se nas atividades de eletricidade, gás e água (+83%) e indústria transformadora (+16%). Já os principais decréscimos foram registados nos setores da indústria extrativa (-11%), no comércio de veículos (-9,2%) e no comércio a retalho (-7,1%).

A indústria transformadora é, em 2024, o setor com o maior número de insolvências, representando 26% do total. Segue-se a construção e obras, com 16%, e o comércio a retalho, com 10%.

Menos novas empresas

A constituição de novas empresas também baixou, em novembro. Foram constituídas 3.091 novas empresas, menos 1.204 que em igual período do ano passado (-28%). No total do ano foram já criadas 46.293 novas empresas o que representa um decréscimo de 3,5% face a 2023.

Por distrito, Lisboa regista o maior número de constituições (14.585), embora com um decréscimo de 10% face aos valores apurados em 2023.

Já as atividades de telecomunicações (+42%), indústria extrativa (+22%) e construção e obras Públicas (+6,5%) são os setores que lideram os aumentos na criação de novas empresas.

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Portugal reforça quota no FMI em 1,3 mil milhões de euros

  • ECO
  • 5 Dezembro 2024

Fundo Monetário Internacional aprovou um aumento geral de 50% das quotas aos seus membros. Portugal vai reforçar a sua posição em cerca 1,3 mil milhões de euros.

Portugal vai aumentar a sua quota no Fundo Monetário Internacional (FMI) em 50%, um aumento que será acompanhado pelos outros países membros e reforçará a capacidade de empréstimos do fundo.

A nova quota de Portugal junto do Fundo está avaliada em mais de 3,8 mil milhões de euros, após este reforço no montante de cerca de 1,3 mil milhões de euros.

Há um ano, a assembleia de governadores do FMI aprovou um aumento das quotas de todos os membros em 50% na 16.ª revisão geral de quotas da instituição.

No caso de Portugal representa um aumento de 2060,1 milhões de direitos de saque especiais (DSE) para 3.090,2 milhões DSE, que foi agora autorizado pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento.

O DSE é o ativo de reserva do FMI criado em 1969 e calculado com base num cesto de moedas: dólar, euro, renminbi chinês, iene e libra inglesa. Cada DSE vale 1,25 euros.

Com este aumento de 50%, o país também reforça a sua capacidade de poder pedir emprestado junto do fundo na mesma medida. Como aconteceu em 2011 no pedido de resgate internacional e cujo empréstimo de 26,3 mil milhões do FMI acabou por ser saldado em 2018.

Para o FMI, vai robustecer a sua capacidade financeira sem recorrer a financiamento externo, permitindo maior ajuda aos países em situação de maior fragilidade económica e financeira.

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Mercados de ações e obrigações indiferentes (para já) ao caos político em França

  • Joana Abrantes Gomes
  • 5 Dezembro 2024

Apesar da queda do governo, o CAC 40, principal índice da Bolsa de Paris, negoceia em alta de 0,26%, enquanto o spread das obrigações francesas face às da Alemanha baixou para os 81,4 pontos

Michel Barnier avisou que derrubar o seu Governo traria uma “tempestade” económica e financeira à França. Mas, nas primeiras horas após se confirmar a queda do Executivo nomeado pelo Presidente Emmanuel Macron há menos de três meses, as ações e os títulos da dívida da segunda maior economia da Zona Euro negoceiam estáveis.

Cerca das 11h05 (mais uma hora em França) desta quinta-feira, o principal índice da Bolsa de Valores de Paris, o CAC 40, sobe 0,26%, com as ações dos maiores bancos, designadamente o BNP Paribas, o Credit Agricole e o Societe Generale, a valorizarem entre 2% e 3,1%.

Mesmo os seus congéneres na Europa, como o pan-europeu Stoxx 600, o alemão DAX, o espanhol IBEX 35 e o britânico FTSE 100, não dão sinais de estarem a ser impactados pela crise política gaulesa, ao negociarem em terreno positivo. Em Lisboa, o PSI soma ganhos de 0,26%, tendo recuado face aos 0,75% a que negociava nos primeiros minutos após a abertura da sessão.

Já o spread entre as obrigações soberanas de França a 10 anos e as bunds alemãs — que serve de barómetro da confiança dos investidores na fiabilidade creditícia da segunda maior economia da Zona Euro — está nos 81,4 pontos de base, distanciando-se dos 88 pontos de base registados no início da semana. A taxa de rendibilidade, por sua vez, recua para os 2,892% face a quarta-feira.

Desde junho, quando Macron anunciou legislativas antecipadas na sequência da vitória da extrema-direita francesa nas eleições europeias, o diferencial dos títulos da dívida gaulesa face às da Alemanha tem-se mantido em níveis só comparáveis aos da crise da dívida da Zona Euro.

Sem Governo e sem Orçamento, a melhoria das finanças públicas é adiada

Agora, o país confronta-se com a possibilidade de não ter Orçamento para o próximo ano. “Penso que o risco é o seguinte: quem é que quer comprar a França com uma dimensão material a estes níveis? Parece barato, mas será que queremos fazê-lo se, de repente, tivermos um Governo que alivia o Orçamento e formos objeto de uma descida [de rating]? As pessoas querem ter clareza“, disse Jens Peter Sorensen, analista-chefe do Danske Bank, citado pela Reuters.

Com o voto favorável de 331 deputados da Assembleia Nacional a uma das moções de censura apresentadas contra o Governo minoritário de Michel Barnier, a consequência, além da queda do Executivo, é a (provável) entrada em 2025 sem um Orçamento aprovado.

O risco é o seguinte: quem é que quer comprar a França com uma dimensão material a estes níveis? Parece barato, mas será que queremos fazê-lo se, de repente, tivermos um Governo que alivia o Orçamento e formos objeto de uma descida [de rating]? As pessoas querem ter clareza.

Jens Peter Sorensen

Analista-chefe do Danske Bank

Tendo em conta que a Constituição estipula um período mínimo de um ano entre eleições, Macron não pode dissolver a Assembleia Nacional nem agendar novas legislativas até julho de 2025, pelo que o passo seguinte é nomear um novo primeiro-ministro e formar um novo Governo.

Mas a polarização e a divisão entre três grandes grupos — esquerda, centro-direita e extrema-direita — na Assembleia Nacional dificulta a tarefa do Presidente francês, arriscando o país ficar sem Governo durante semanas ou até meses.

Sem a possibilidade de votar o Orçamento de Estado e o Orçamento da Segurança Social para 2025 propostos pelo Governo agora derrubado, será preciso esperar que um novo Executivo tome posse para que sejam submetidas novas propostas orçamentais para apreciação dos deputados franceses.

Perante este cenário, os analistas preveem a adoção de um Orçamento provisório, que consiste em que os limites de despesas inscritos no Orçamento do ano anterior transitem para o novo ano enquanto não é aprovado um novo Orçamento.

Ainda assim, esta “lei especial” inscrita na Constituição tem de receber ‘luz verde’ da Assembleia Nacional — o que os diferentes grupos políticos já disseram que fariam, para evitar que os funcionários públicos fiquem sem salário.

No entanto, fica em causa o caminho para a redução do défice e da dívida pública — que, em 2023, se fixaram em 5,5% do PIB e 110,6% do PIB, respetivamente. O Governo de Barnier esperava reduzir o défice para 5% até 2025, mas este objetivo está agora fora de alcance.

O prolongamento do orçamento de 2024 para 2025 significa também que a tabela do imposto sobre o rendimento não será alterada para ter em conta a inflação, ao contrário do que estava previsto

Analistas do banco neerlandês ING

Com a queda do Executivo, cerca de 30 mil milhões de euros das receitas adicionais previstas não serão aprovadas pelo Parlamento, além de que, segundo o banco ING, o “prolongamento do orçamento de 2024 para 2025 significa também que a tabela do imposto sobre o rendimento não será alterada para ter em conta a inflação, ao contrário do que estava previsto”.

“Isto trará 4 mil milhões de euros de receitas adicionais, apenas o suficiente para compensar a indexação das pensões, que deveria ter sido adiada mas não o será, com um custo de 3 mil milhões de euros. Assim, os trabalhadores verão os seus impostos aumentar, enquanto os reformados ficarão em melhor situação”, aponta o banco neerlandês, numa análise às consequências do impasse político francês.

Do lado da despesa pública, “a renovação do orçamento de 2024 exigirá uma redução da despesa pública real, que normalmente deveria ter aumentado cerca de 3% para compensar a inflação e o crescimento”, indica também o ING, assinalando que “representa uma poupança entre 15 mil milhões e 18 mil milhões de euros, um valor bastante próximo do proposto no projeto de orçamento para 2025”.

Acresce que a queda do Governo e o consequente impasse político vai continuar a pesar sobre a confiança das empresas e dos consumidores, mesmo que a política orçamental possa ser ligeiramente menos restritiva. O banco ING estima um crescimento do PIB francês de 1,1% este ano e de 0,6% em 2025, mas não exclui uma revisão em baixa “se a instabilidade persistir, especialmente se os rendimentos das obrigações subirem ainda mais devido ao atual imbróglio político”.

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PJ desmantelou grupo criminoso e maior laboratório de droga da Europa

  • Lusa
  • 5 Dezembro 2024

A PJ desmantelou na zona Oeste "o maior" laboratório industrial de extração, transformação e empacotamento de cocaína da Europa, deteve sete pessoas e apreendeu cerca de 1.500 quilos de droga.

A Polícia Judiciária (PJ) desmantelou durante uma operação na zona Oeste “o maior” laboratório industrial de extração, transformação e empacotamento de cocaína da Europa, deteve sete pessoas e apreendeu cerca de 1.500 quilos de droga.

Em comunicado, a PJ indica que no âmbito da operação “Pacoba” foi desmantelado um grupo criminoso altamente organizado, que se dedicava à introdução de grandes quantidades de cocaína no continente europeu.

“O resultado final da operação ‘Pacoba’ traduziu-se na detenção de sete suspeitos (quatro cidadãos portugueses, dois colombianos e um marroquino), na apreensão de 1.478,5 quilos (Kg) de cocaína, três armas de fogo, elevadas quantidades de dinheiro, várias viaturas ligeiras e pesadas e no desmantelamento do laboratório”, adianta a PJ.

Os detidos, com idades compreendidas entre os 29 e os 56 anos, vão ser presentes à autoridade judiciária competente para efeitos de primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coação.

A PJ conta que a investigação iniciou-se na sequência de troca de informação no quadro da cooperação internacional e em estreita colaboração e articulação com as autoridades policiais e judiciárias da Colômbia (Polícia Nacional), Espanha (Polícia Nacional) e Estados Unidos (DEA – Drug Enforcement Administration, HSI – Homeland Security Investigations e CBP – Customs and Border Protection).

Posteriormente, em maio deste ano, a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ apreendeu 986 quilos de cocaína, transportados num contentor marítimo proveniente da Colômbia e que entrou em território nacional através do Porto de Setúbal.

De acordo com a PJ, no interior do contentor eram transportadas cerca de 20 toneladas de bananas, encontrando-se a droga dissimulada no fundo das caixas de cartão onde a fruta vinha acondicionada.

“No decurso da investigação desenvolvida pela PJ foi possível identificar os responsáveis pela importação da cocaína, tendo, igualmente, sido possível proceder à identificação de outros suspeitos”, é referido na nota.

No âmbito da investigação, foram emitidos pelas autoridades judiciárias competentes 20 mandados de busca domiciliária e não domiciliária assim como quatro mandados de detenção, cumpridos na passada terça-feira.

Num dos armazéns, alvo das buscas realizadas, encontrava-se em funcionamento um laboratório industrial, no interior do qual foram apreendidos cerca de 460 Kg cocaína já processada e 32,5 Kg em processo de transformação.

No local, estavam três homens a trabalhar que foram detidos em flagrante delito.

Foram também apreendidas duas armas de fogo, uma prensa, diverso equipamento laboratorial, elevadas quantidades de produtos químicos e uma elevada quantidade de dinheiro em numerário, segundo a PJ.

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Publicidade em televisão direciona consumidores para os sites das marcas, segundo estudo

De acordo com a análise, as 173 marcas que mediram previamente o tráfego dos seus sites registaram, em média, um aumento de 12% no tráfego durante o mês em que anunciaram na televisão.

A televisão e a publicidade continuam a enfrentar desafios como a fragmentação de audiências ou as dificuldades na medição dessas mesmas audiências. No entanto, a publicidade televisiva pode ser uma boa ferramenta para ajudar as marcas a direcionarem os consumidores para os seus sites e a transformá-los em clientes.

As conclusões são do estudo “Breaking Through – How New Advertisers Are Using TV To Ignite Interest & Turn Consumers Into Customers”, do Video Advertising Bureau, que analisou 201 marcas que anunciaram em televisão pela primeira vez entre abril de 2020 e abril de 2024 nos EUA, sendo que 173 mediram o tráfego do seu site antes do lançamento do anúncio televisivo (28 não o fizeram).

De acordo com o estudo, a televisão continua a ser encarada como um meio importante para a publicidade — nos Estados Unidos foram investidos 4 mil milhões de dólares desde 2021 por um total de 931 novos anunciantes — e as marcas (pelo menos as estreantes a anunciar neste meio) conseguem levar mais consumidores a visitarem os seus sites com este tipo de comunicação.

De acordo com a análise, as 173 marcas que mediram previamente o tráfego dos seus sites registaram, em média, um aumento de 12% no tráfego durante o mês em que anunciaram na televisão, comparativamente com os seis meses anteriores.

A presença em televisão ajudou também a sustentar o aumento deste tráfego mesmo após o mês de lançamento do anúncio, com um aumento de 20% de visitantes únicos mensais, em média, nos meses seguintes, em comparação com os seis meses anteriores ao lançamento da campanha.

No entanto, estes resultados variam consoante o investimento feito. Entre 35 marcas que investiram 500 mil dólares ou menos foi registado um aumento médio de 8% de utilizadores únicos mensais durante o mês de lançamento do anúncio e um aumento médio mensal de 20% ao longo dos restantes meses em que a marca esteve na televisão.

Já 35 marcas que gastaram entre dois e cinco milhões de dólares tiveram um aumento médio de 9% durante o mês de lançamento, e um crescimento médio mensal de 25%. Por outro lado, para as 44 marcas que gastaram 10 milhões ou mais, o aumento foi de 36% no mês de lançamento, enquanto o aumento médio mensal se cifrou em 42% ao longo da campanha.

A televisão ajuda a construir reconhecimento e interesse instantâneo para marcas em crescimento, o que se traduziu em centenas de milhares de potenciais novos clientes para as suas plataformas digitais“, refere-se no estudo.

Mas além do valor investido, o tipo de empresa também tem impacto nos resultados obtidos, com as marcas DTC (direct-to-consumer) – ou seja, as que vendem os seus produtos preferencialmente ou em exclusivo através dos seus próprios canais — a superar a média. As marcas DTC registaram um aumento médio mensal de 622 mil utilizadores únicos nos seus sites, quase o dobro da média geral que se cifrou num aumento de 387 mil.

O estudo sublinha ainda que o investimento das marcas aumentou ao longo do tempo, com os anunciantes que anunciaram pela primeira vez em 2021 a aumentarem os seus investimentos neste meio em 70% nos meses seguintes à estreia. No entanto, cada ano levou a um aumento dos investimentos cada vez menor nos meses seguintes pelos anunciantes – enquanto em 2022, os investimentos aumentaram em 54%, em 2023 o crescimento foi de 37%.

O conteúdo de vídeo longo e produzido profissionalmente mostra consistentemente uma forte capacidade de gerar resultados no ‘mid-funnel‘ [quando os potenciais clientes passam da fase de reconhecimento da marca e ponderam fazer uma compra] através do aumento de pesquisas online pela marca e pelos aumentos significativos no tráfego mensal do seu site“, refere-se ainda no estudo.

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Trabalhadores da dona da Visão protestaram em Lisboa em defesa dos postos de trabalho

  • Lusa
  • 5 Dezembro 2024

"Acima de tudo pretendemos neste momento chamar à atenção pública, política e de eventuais investidores para aquilo que é a situação difícil dos trabalhadores", explicou a Comissão de Trabalhadores.

Trabalhadores da Trust in News (TiN) concentraram-se esta quarta-feira em Lisboa, na Praça de Luís de Camões, para exigir o pagamento dos salários em atraso e em defesa dos postos de trabalho, do jornalismo e da democracia.

Envergando cartazes onde se podia ler “Os teclados não pararão”, “Manchetes de promessas, salários em atraso” ou “Para que a democracia não morra na escuridão”, várias dezenas de trabalhadores da TiN (dona da Visão, Exame, Jornal de Letras, entre outros títulos), manifestaram-se para apelarem a “toda a sociedade, aos leitores e anunciantes e também a potenciais investidores” para a situação do grupo.

Em causa estão “títulos históricos que muito têm contribuído para o pluralismo da informação” e que “são viáveis e têm condições para continuarem a ser publicados“, afirmou Clara Teixeira, que trabalha na revista Visão há 20 anos.

Segundo a também delegada sindical, “a primeira vez que o pagamento dos salários se atrasou foi em final de novembro do ano passado” e desde então a situação tem-se degradado. “Os salários têm sido sempre pagos com atraso, os subsídios de férias e de Natal não foram pagos e até o subsídio de refeição desde junho não nos é pago”, apontou.

Por outro lado, Clara Teixeira indica que ao nível das condições de trabalho tem existido “uma degradação contínua”, com perda de profissionais, o que tem “dificultado o nosso trabalho”.

“Acima de tudo o que pretendemos neste momento é chamar à atenção pública, política e de eventuais investidores para aquilo que é a situação difícil dos trabalhadores”, acrescentou da Rui da Rocha Ferreira, da Comissão de Trabalhadores da TiN, vincando que o objetivo é “preservar o maior número de postos de trabalho e de publicações possível”.

Se não for possível continuar a empresa, pelo menos, que se consiga que alguns títulos ou se possível todos, mesmo que separadamente, possam ter uma nova vida“, corroborou Manuel Halpern, que trabalha no Jornal de Letras há 26 anos.

O delegado sindical sublinha ainda que é necessário “algum apoio do sistema político“, dado que sem ele “é muito difícil viabilizar empresas de comunicação social”. “Há um preconceito em relação aos media com a ideia de que poderá pôr em causa a sua independência”, critica.

Também Paula Barroso, que trabalha há duas décadas nos títulos do grupo, e nos últimos anos na Visão Júnior, realçou que a concentração é um grito de alerta para a importância dos títulos e sublinha que a Visão Júnior “é há 20 anos a única revista de informação geral para crianças e jovens em Portugal”, estando, por isso, a “formar novos leitores”.

O protesto contou ainda com jornalistas de outros órgãos de comunicação social, bem como com representantes de partidos políticos, entre os quais a deputada socialista Mara Lagriminha, Francisco Louça e José Soeiro, do Bloco de Esquerda, João Ferreira, do PCP, e Filipa Pinto, do Livre.

A TiN, que detém 16 títulos, entre os quais a Visão, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Caras, Activa, TV Mais, viu o seu Processo Especial de Revitalização (PER) ser reprovado em 05 de novembro, tendo em 12 de novembro a administração anunciado a sua intenção de apresentar um plano de insolvência.

O grupo foi considerado insolvente, tendo o tribunal fixado em 30 dias o prazo para reclamação dos créditos e assembleia de credores para 29 de janeiro.

O futuro do grupo permanece assim em aberto. “Caminhos existem, não é necessariamente o caminho da liquidação” explicou André Fernando de Sá Correia Pais, administrador de insolvência da TiN, ao +M.

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Seis em cada dez mulheres já tiveram uma ideia de negócio, mas só 11% a concretizou

Metade das mulheres em Lisboa não chegou a avançar com a ideia de negócio, devido a desafios a nível financeiro, falta de segurança, conhecimento e desmotivação, aponta o “Women & Wealth".

Seis em cada dez mulheres em Lisboa já tiveram uma ideia de negócio, mas apenas 11,4% conseguiu concretizar o projeto. Metade nem chegou a avançar com a ideia. Motivos? Desafios a nível financeiro, falta de segurança, conhecimento e desmotivação.

Uma esmagadora maioria das mulheres (81,9%) está aquém das suas ambições financeiras e 42% admite ter conhecimentos básicos de literacia financeira, conclui a 2ª edição do relatório “Women & Wealth – Literacia Financeira no Feminino”, da Portuguese Women in Tech.

“A baixa literacia financeira das mulheres em Portugal leva a um maior risco de endividamento, menor capacidade de planeamento a longo prazo e maior dependência de terceiros nas decisões financeiras. Estes pontos contribuem também para uma menor segurança e menos ambição no momento de criação de negócios“, aponta Inês Santos Silva, cofundadora da Portuguese Women in Tech, ao ECO.

Baixa literacia financeira

Depois de no ano passado ter sido inquirida uma amostra de cerca de 100 mulheres na região Norte, nesta edição do relatório “Women & Health” foram questionadas, entre 20 de maio a 19 de julho, 138 mulheres entre os 23 e 57 anos, no distrito de Lisboa.

“É interessante verificar que, apesar de os dois inquéritos terem sido efetuados em anos diferentes e considerado dois diferentes perfis geográficos, os resultados no geral são muito semelhantes aos mais diversos níveis, nomeadamente no que diz respeito aos níveis de literacia e segurança financeiras destas mulheres. Isto valida o nosso entendimento de que se trata de uma questão que é urgente trabalhar a nível nacional”, defende Inês Santos Silva.

“Uma das principais diferenças verificadas neste novo inquérito passa pelo facto de o bolo estar mais dividido no que toca à autoperceção que as mulheres, em Lisboa, têm acerca da sua literacia financeira, sendo que a maioria afirma ter conhecimentos intermédios (44,9%). No Porto, a maioria afirmava ter conhecimentos básicos (53,9%). Ainda assim, continua a ser significativa a fatia correspondente às mulheres, em Lisboa, que afirmam ter conhecimentos básicos neste âmbito (42%)”, detalha.

Outra das diferenças, “tem a ver com a existência de mais mulheres a contribuírem para as decisões financeiras no seu contexto profissional (31,2% vs 18,8% no Porto, em 2023)“, aponta ainda.

Mais de 30% nunca tentou negociar salário

No que toca ao tema “negociar salário” destaca-se igualmente diferenças entre as duas regiões. “Em Lisboa, há muito mais mulheres a afirmarem já ter tentado negociar o seu salário (71% vs 48,7% no Porto, em 2023)“, refere.

Neste campo da remuneração, quase quatro em cada dez inquiridas considera injusto o seu salário atual, tendo em conta as suas capacidades/conhecimentos/função. Destas, duas em cada dez sentem que ser mulher pesou nesta questão. Mas, dentro do grupo de mulheres que não consideram o seu salário justo, 37% confessa nunca ter tentado negociá-lo.

Entre as duas regiões há diferenças no que toca a investimentos, “com 58,7% das mulheres em Lisboa a afirmar ter dinheiro investido em um ou mais produtos financeiros e a fazer a total gestão desse investimento. No Porto, estas mulheres representavam 42,2% do total”, sintetiza Inês Santos Silva.

Mulheres e empreendedorismo

Num ano, verifica-se igualmente diferenças no que se refere a ideias de negócio e a sua concretização. Em Lisboa, 63,8% das mulheres vs 51,3% de há um ano no Porto diz ter tido, pelo menos, uma ideia de negócio, com pouco mais de um terço (36,2%) a admitir que nunca teve nenhuma. Há um ano esse valor era de 48,7%.

Mas da ideia à sua concretização vai uma larga distância. “Das mulheres que afirmam já ter tido uma ideia de negócio, exatamente metade (50%) confirma não ter avançado de todo com essa ideia”, pode ler-se no estudo. Das que decidiram avançar 22,7% ainda a estão a concretizar e 15,9% não chegou a concretizar. “Apenas uma em cada 10 (11,4%) destas mulheres avançou com a sua ideia de negócio e conseguiu concretizá-la“, detalha o relatório.

No Porto, a percentagem de mulheres que não avançou de todo com a sua ideia de negócio era ligeiramente superior (53,2%), com 17,6% das que avançaram com a ideia a não o conseguirem concretizar; 12,7% ainda a estavam a concretizar e 16,5% conseguiram concretizar.

Avançou de algum modo com a ideia de negócio?

Quando questionadas acerca das razões pelas quais nunca chegaram a concretizar ou a avançar de todo com a sua ideia de negócio, metade (53,4%) das mulheres inquiridas em Lisboa “alega desafios a nível financeiro, 51,7% falta de segurança e 43,1% falta de conhecimento”. Mas não só. Desmotivação é a razão apontada por 32,8% destas mulheres e falta de apoio do mercado é referida por 20,7% delas. “Ainda há quem afirme que não foi levada a sério por ser mulher (10,3%)”, aponta o estudo.

Há um ano, no Porto, mais de metade (64,3%) das mulheres “confessava falta de segurança, 58,9% desafios a nível financeiro e 44,6% falta de conhecimento” e “falta de apoio do mercado (26,8%) e desmotivação (21,4%) eram outras das razões apontadas”.

Mais de 80% aquém das ambições financeiras

Uma larga maioria (81,9%) das inquiridas em Lisboa diz estar aquém das suas ambições financeiras vs 79,2% no Porto; com apenas 11,6% em Lisboa admitir ter atingido essas ambições (vs 11% no Porto) e 5,1% estar além delas, valor ligeiramente há um ano a Norte, 6,6%.

Em Lisboa, “dentro da fatia das mulheres que concretizaram a sua ideia de negócio, 80% continua a assumir-se aquém das suas ambições financeiras”, refere o inquérito.

“Já olhando para as mulheres que dizem ter atingido as suas ambições financeiras ou estar além destas, 91,3% tem dinheiro investido em um ou mais produtos financeiros. De notar ainda que, considerando a amostra de mulheres que afirmam ter conhecimentos avançados de literacia financeira, 92,9% não só tem dinheiro investido em algum produto financeiro, como faz a total
gestão desse investimento”, destaca o estudo relativamente aos resultados em Lisboa.

Já entre as mulheres que afirmam ter conhecimentos básicos ou nenhuns de literacia financeira, 40,3% não tem qualquer dinheiro investido.

“Os números do nosso estudo são um pouco melhores do que a média nacional, uma vez que a conferência Women & Wealth se dirige a mulheres com formação superior, a trabalhar em tecnologia. Mas o potencial de progresso é enorme”, conclui Inês Santos Silva.

“Em Portugal, a baixa literacia financeira não está circunscrita a mulheres. Ainda recentemente, Portugal foi considerado o segundo pior país da União Europeia em termos de conhecimento financeiro”, lembra a cofundadora da Portuguese Women in Tech.

Outro estudo do Doutor Finanças, levado a cabo este ano, “concluía que mais de metade da população (64%) tem baixos níveis de conhecimento financeiro. Isto é evidente, uma vez que 45% da população nunca realizou qualquer tipo de investimento, quase metade dos portugueses não possui um fundo de emergência e Portugal tem consistentemente apresentado taxas de poupança equivalentes a metade da média da Zona Euro“, elenca.

Face as estes baixos valores de literacia financeira do país, mais do que medidas dirigidas ao público feminino, “Portugal precisa, acima de tudo, de iniciativas dirigidas a todos”, defende a Inês Santos Silva.

“Precisamos de aumentar os nossos conhecimentos financeiros, uma vez que este é um dos fatores que nos mantêm mais pobres do que os nossos congéneres europeus. Para isso, a introdução de conteúdos de literacia financeira nas escolas é essencial. Para os mais velhos, acredito que as empresas podem ter um papel importante de capacitar os seus trabalhadores com estes conhecimentos, uma vez que beneficia todos”, diz. “É urgente aumentar a literacia financeira dos portugueses.”

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Arábia Saudita reforça o seu compromisso com a sustentabilidade na Conferência da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação

  • Servimedia
  • 5 Dezembro 2024

Riade torna-se o epicentro do debate mundial sobre a desertificação e a sustentabilidade, reunindo delegados de 196 países e da UE para a COP16.

A Arábia Saudita está a acolher a 16ª Conferência das Partes (COP16) da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) até 13 de dezembro. Este evento, realizado pela primeira vez na região do Médio Oriente e Norte de África, reúne delegados de 196 países e da União Europeia, consolidando o papel do país como líder na agenda global da sustentabilidade.

A cimeira visa chegar a acordo sobre medidas concretas para combater a seca, recuperar terras degradadas e atenuar o impacto das alterações climáticas nos ecossistemas terrestres. Atualmente, 40 por cento das terras do mundo estão degradadas, afetando cerca de 3,2 mil milhões de pessoas. A frequência das secas aumentou 29% desde 2000 e, até 2050, prevê-se que as secas afetem três em cada quatro pessoas no mundo. Perante este cenário, a Arábia Saudita assume um papel estratégico como anfitriã para promover uma ação imediata e coordenada.

Com esta reunião, a ONU culminará em 2024 as cimeiras dos três tratados ambientais nascidos na Cimeira da Terra no Rio de Janeiro (Brasil) em 1992, conhecidos como as Convenções do Rio, que tratam das alterações climáticas, da desertificação e da perda de biodiversidade. Cada reunião é conhecida como Conferência das Partes (COP) e conta com a participação de representantes de cerca de 200 países de todo o mundo.

A Arábia Saudita está a passar por uma transformação histórica rumo à sustentabilidade através de projetos como o programa Visão 2030, que se centra particularmente na proteção do ambiente, na recuperação dos ecossistemas e na transição para uma economia verde. Iniciativas como a Saudi Green Initiative e a Middle East Green Initiative são indicativas dos esforços do país para liderar a luta contra as alterações climáticas na região, incluindo projetos maciços de reflorestação, a expansão de áreas protegidas e a promoção de soluções de energia limpa.

As autoridades do país indicam que, no âmbito da COP16, a Arábia Saudita procura não só proporcionar uma plataforma de diálogo para a cooperação internacional, mas também posicionar-se como um modelo de como os países podem integrar a sustentabilidade nas suas estratégias de desenvolvimento económico e social. Pela primeira vez este ano, a COP16 introduz uma abordagem dupla com uma “via de negociação” e uma “agenda de ação”, ambas interligadas para alcançar resultados arrojados nas negociações formais e facilitar a implementação das decisões da COP.

A 16ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação é um evento internacional fundamental, onde os Estados membros e as organizações se reúnem para discutir os esforços globais de combate à desertificação. Também novidade para 2024, as três cimeiras realizar-se-ão entre outubro e dezembro do mesmo ano. Primeiro a COP16 sobre biodiversidade em Cali (Colômbia), que decorreu entre 21 de outubro e 1 de novembro; depois a COP29 sobre clima em Baku (Azerbaijão), que decorreu de 11 a 22 de novembro, e agora a COP16 sobre desertificação em Riade, que começou a 2 de dezembro e decorrerá até 13 de dezembro.

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LALIGA Studios, Blend Studios e MContent vão desenvolver “Veleta”, o filme biográfico da primeira futebolista espanhola

  • Servimedia
  • 5 Dezembro 2024

Nos anos 20 e 30 do século passado, Nita Carmona ‘Veleta’ teve de se fazer passar por homem para seguir a sua paixão e enfrentar acusações de perturbação da ordem pública.

LALIGA Studios, a joint venture entre Banijay Iberia e LALIGA, anunciou um acordo com Blend Studios, uma produtora andaluza fundada pelo realizador Paco Torres e M Content, a produtora da showrunner Amaya Muruzábal, para realizar o filme “que retratará a fascinante história de Nita Carmona ‘Veleta’, a primeira futebolista espanhola que, nos anos 20 e 30 do século passado, teve de se fazer passar por homem para seguir a sua paixão e enfrentar acusações de perturbação da ordem pública”, segundo um comunicado.

‘Veleta’ centra-se numa história de sobrevivência e coragem num mundo de homens, ambientada na Málaga dos anos 20, que conta a vida de Nita, desconhecida até 2020, quando o autor, jornalista e colecionador desportivo Jesús Hurtado, após a morte da protagonista, “a sua identidade permaneceu um mistério, uma vez que os adeptos do Málaga, a equipa onde jogava, fizeram um pacto de silêncio tácito com um único objetivo: mantê-la a jogar”, segundo o comunicado.

O realizador Paco Torres comenta que o objetivo “é fazer um filme que comova, mobilize e conte ao mundo inteiro a história praticamente desconhecida de Anita Carmona”. Por seu lado, Amaya Muruzábal sublinha que “Veleta é uma personagem excecionalmente combativa e determinada, uma figura raramente vista no grande ecrã, uma vez que foi a primeira mulher futebolista do mundo”.

Chalo Bonifacino Cooke, Diretor Executivo dos Estúdios LALIGA, salienta que “falamos sempre das histórias que merecem ser contadas. O mundo do desporto está cheio delas. Estamos aqui para falar das questões que todos sabemos que precisam de ser faladas. O futebol ainda arrasta coisas como o racismo, o sexismo, a homofobia… e, por vezes, a ficção é o melhor veículo para contar a verdade”.

A LALIGA Studios, a Blend Studios e a M Content estão a trabalhar em vários projectos. A LALIGA Studios anunciou dois projetos, um com a Little Spain (propriedade do artista C. Tangana) para criar uma série de ficção ambientada no universo LALIGA; e outro acordo com a produtora de Hollywood MTP, liderada por Mike Tollin, produtor executivo da aclamada série documental The Last Dance.

A Blend Studios está a produzir a série de animação Jesterina em conjunto com a produtora indiana Toonzstation, com distribuição pela Digitoonz. Entre os projetos já desenvolvidos está a curta-metragem Leviticus 20:13, um thriller criminal selecionado para festivais como o Seville European Film Festival (SEFF), o Elche Film Festival, Islantilla, Flickers, Sombras e BARS (Buenos Aires Rojo Sangre). Assim, Paco Torres enfrenta a sua segunda longa-metragem depois da sua interessante estreia com “El vuelo del tren”, e após o lançamento no Festival de Cinema de Cork do seu filme experimental rodado em 14 horas na Irlanda, “Saol”, e das suas curtas-metragens multi-premiadas “The Rattle of Benghazi”, “Halowin” e “Setenta”.

A produtora M Content, fundada em março de 2023, encontra-se em fase avançada de desenvolvimento dos seus dois primeiros filmes, sob a batuta da showrunner Amaya Muruzábal como produtora executiva, após o sucesso internacional da série Red Queen no início deste ano. A M Content – uma marca de ficção que nasceu da Mandarina Contenidos, criadora de outro êxito argentino, El amor después del amor (Netflix) – está empenhada em criar conteúdos sociais de grande impacto, em espanhol, em ambos os lados do Atlântico.

Desde a sua recente fundação, em março de 2023, a M Content encontra-se em fase avançada de desenvolvimento dos seus dois primeiros filmes, sob a batuta de Amaya Muruzábal como produtora executiva, após o sucesso internacional da série “Reina Roja” (Rainha Vermelha) no início deste ano. A M Content – uma marca de ficção que nasceu da Mandarina Contenidos, criadora de outro êxito argentino, “El amor después del amor” (Netflix) – está empenhada em criar conteúdos sociais de grande impacto, em espanhol, em ambos os lados do Atlântico.

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