O dia em direto nos mercados e na economia – 24 de novembro

  • ECO
  • 24 Novembro 2023

Ao longo desta sexta-feira, 24 de novembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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A Seramount reconhece a MetLife pelos seus esforços em inclusão

  • Servimedia
  • 24 Novembro 2023

A empresa de seguros MetLife foi reconhecida pelas suas práticas de contratação, programas de desenvolvimento de talento, cultura no local de trabalho e compromisso para um ambiente inclusivo.

Os prémios foram concedidos pela Seramount, uma consultoria de pesquisa e serviços profissionais estratégicos dedicada a apoiar ambientes de trabalho inclusivos e de alto desempenho.

A empresa avaliou várias práticas e programas da MetLife focados na diversidade, equidade e inclusão (DEI) e responsabilidade de liderança para determinar sua inclusão em listas e índices.

As operações da MetLife em Portugal e Espanha foram incluídas no Índice de Inclusão Global, que avalia os esforços e o compromisso da empresa em termos demográficos, melhores práticas de contratação, retenção e progressão, e cultura corporativa.

A empresa também foi reconhecida como uma das Melhores Empresas para Mulheres Executivas. A MetLife foi avaliada em todos os aspetos da progressão da mulher, incluindo planejamento de sucessão, funções com impacto em perdas e ganhos, equidade salarial entre homens e mulheres, programas de apoio e programas de flexibilidade.

“Na MetLife, sempre acreditamos que uma cultura de trabalho forte e diversa é a base do sucesso sustentável”, afirma Oscar Herencia, vice-presidente da MetLife para o Sul da Europa e diretor-geral da MetLife na Ibéria. “Por isso, não apenas buscamos desenvolver práticas de RH líderes, mas também acreditamos na contribuição e no potencial de todos que fazem parte desta organização: com as oportunidades adequadas, as pessoas crescem, e o fato de estarmos incluídos no Índice de Inclusão da Seramount valida nossas crenças e destaca nosso compromisso compartilhado de construir um ambiente em que cada indivíduo se sinta valorizado, respeitado e capacitado”.

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Ministério Público debaixo de fogo. São justas as críticas?

Quinze dias depois da demissão de Costa, a PGR quebrou o silêncio e diz que não vai qualificar se a decisão do juiz de instrução foi ou não uma derrota para o MP. Serão justas as críticas ao DCIAP?

Nos últimos dias, assistimos a inúmeras posições públicas e políticas à atuação do Ministério Público (MP) no que toca à ‘Operação Influencer’. Foram apontados erros à investigação e o juiz de instrução deixou cair o crime de corrupção de que eram acusados vários arguidos. A ECO/Advocatus ouviu procuradores, advogados e juízes, que esgrimem argumentos a favor e contra a atuação do MP.

Por um lado, o parágrafo do comunicado do gabinete de imprensa da PGR, enviado às redações um minuto depois da saída de Lucília Gago do gabinete de Marcelo Rebelo de Sousa, revelava que o primeiro-ministro António Costa estava a ser investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça. O que acabou por provocar a sua demissão e a convocação de eleições antecipadas por parte do Presidente da República.

A que se juntaram três erros no despacho de indiciação feito pelos três magistrados do DCIAP e a posterior libertação dos detidos, decidida pelo juiz de instrução – e contra a proposta do MP. Tudo isto causou um mau estar no seio desta magistratura, o que levou a procuradora-geral da República a pedir explicações ao diretor do DCIAP. Embora, publicamente, Luícilia Gago se tenha mantido em silêncio durante quinze dias, na quarta-feira, questionada sobre os erros do Ministério Público nesta operação, disse que se trata de “uma pergunta complexa”. E perante essa complexidade, refugiou-se no silêncio: “A pergunta envolve várias vertentes relativamente às quais não me vou pronunciar, nomeadamente a referência a erros”.

A propósito das medidas de coação determinadas pelo juiz de instrução – que mandou todos os arguidos detidos para casa e que deixou cair os crimes de corrupção imputados pelo Ministério Público – Lucília Gago disse: “não vou qualificar, as medidas falam por si”. E a seguir riu-se. Refira-se que o Ministério Público tinha pedido prisão preventiva para os principais arguidos.

E que erros fez o Ministério Público?

Em causa está a confusão com o apelido do primeiro-ministro e do ministro da Economia numa escuta, a que se juntou o local de encontro entre o chefe de gabinete, um empresário e Lacerda Machado, que não aconteceu na sede do PS mas em São Bento, residência oficial do primeiro-ministro. E ainda uma portaria constante no despacho que dizia que a Start Campus tinha alegadamente interesse em aprovar mas veio a saber-se que, afinal, a portaria em nada estava relacionada com o data center de Sines.

Desde então, levantaram-se vozes a minimizar os indícios criminais na investigação em causa e a denegrir o trabalho dos três procuradores do DCIAP.

A Operação Influencer

A operação de 7 de novembro do Ministério Público levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa. Que acabaram todos em liberdade, depois do juiz de instrução ter deixado cair os crimes de corrupção da indiciação do MP.

No total, há nove arguidos no processo, entre eles o ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

Segundo o Ministério Público, na investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados de Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

Após o interrogatório aos detidos na operação Influencer, o juiz de instrução criminal considerou Diogo Lacerda Machado (consultor e amigo do primeiro-ministro) fortemente indiciado por tráfico de influência e sujeitou-o a prestar uma caução de 150 mil euros e a entregar o respetivo passaporte.

Diogo Lacerda Machado, Vitor Escária, Nuno Mascarenhas, Afonso Salema, Rui de Oliveira Neves

Já quanto a Vítor Escária (chefe de gabinete de António Costa, demitido na sequência da investigação), foram validados fortes indícios do crime de tráfico de influência, ficando proibido de se ausentar para o estrangeiro.

O autarca Nuno Mascarenhas e os administradores Rui Oliveira Neves e Afonso Salema, da Start Campus, ficaram sujeitos unicamente a Termo de Identidade e Residência (TIR), tendo a empresa ficado obrigada a prestar caução de 600 mil euros. Para o autarca não foram validados indícios de quaisquer crimes, enquanto os dois administradores estão indiciados por tráfico de influência e oferta indevida de vantagem.

O juiz não validou os indícios apontados pelo MP da prática de corrupção e prevaricação que recaíam sobre os arguidos. Esta investigação motivou a abertura de um inquérito conexo junto do MP no Supremo Tribunal de Justiça, relacionado com escutas de conversas entre arguidos e o primeiro-ministro demissionário, António Costa.

O artigo de opinião ‘demolidor’

Mas se as declarações dos (vários) políticos ligados à (forte) máquina socialista não causaram tanto burburinho no seio do DCIAP, já o artigo de opinião da vice-PGR, Maria João Fernandes, publicado no jornal Público na segunda-feira sob o título “Ministério Público: como chegamos aqui? , serviu para acordar todo um setor.

Não se referindo diretamente à ‘Operação Influencer’, a procuradora-geral adjunta Maria José Fernandes defendeu que existe no Ministério Público quem entenda que “a investigação criminal pode ser uma extensão de poder”, denunciando situações de recolha de meios de prova por vezes “intrusivas e humilhantes”.

“No DCIAP deveria privilegiar-se o pensamento crítico, a discussão interdisciplinar, nomeadamente com colegas de outras jurisdições tocantes ou conexas”, escreve, dizendo temer que se “tornem cabines herméticas, onde pontuam algumas ‘prima donnas’ intocáveis e inamovíveis”. O tom crítico vai ainda mais longe quando a procuradora-geral adjunta defende que se permitiu a criação de “uma bruma de auto-suficiência totalmente nefasta e contrária ao que deve ser a qualidade e a excelência desta profissão” na carreira de procurador.

“Os desfechos de vários casos já julgados permitem extrair que há aspetos do trabalho dos procuradores de investigação a carecer de revisão e aprimoramento pelo exercício da autocrítica”, assinala.

As críticas ao trabalho do Ministério Público são justas?

O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), Adão Carvalho, usou desde logo o cargo que ocupa como representante sindical para defender a corporação. “O MP tem exercido as suas funções no estrito cumprimento da lei, exercendo a ação penal sem avaliar qualquer cenário político hipotético ou qualquer desfecho governativo, tal como tem de ser em obediência à Constituição da República e às regras de um Estado de direito democrático. É nisto que consiste o respeito pela separação de poderes e a não sobreposição de um poder em relação a outro. Os magistrados não são fazedores de opinião pública ou comentadores de serviço”, disse, em declarações à Advocatus. Que acrescentou que “toda a atividade do Ministério Público é devidamente escrutinada no processo”.

"O MP tem exercido as suas funções no estrito cumprimento da lei, exercendo a ação penal sem avaliar qualquer cenário político hipotético ou qualquer desfecho governativo.”

Adão Carvalho

Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público

Relembrando que, para além disso, “os magistrados do Ministério Público são avaliados regularmente através de inspeções ordinárias ou extraordinárias, por um órgão – o Conselho Superior do Ministério Público – de que fazem parte cinco elementos indicados pela Assembleia da República e dois pelo Ministério da Justiça”. Assegurando que os magistrados do Ministério Público têm, “pois, formas de escrutínio da sua atuação legalmente estabelecidos e dos mais exigentes que existem ao nível dos países da Europa”.

Já o advogado Dantas Rodrigues critica o excessivo poder que o MP tem, atualmente. Depositar tanto poder em apenas um único órgão não beneficia os cidadãos e nem sequer os próprios procuradores, desacreditando a sua autonomia avaliativa e o seu sentido de independência”.

“Será mesmo que poderemos confiar no Ministério Público, que cometeu três erros fatais? O rombo provocado no casco do navio da execução da política criminal afeta – e muito – o nosso sistema judicial. A brusca manobra do leme, executada pelos Procuradores do Ministério Público, constitui causa suficiente para se reformular o Código do Processo Penal, o Estatuto do Ministério Público e o Código de Conduta dos Magistrados do Ministério Público antes que o sistema de justiça vá a pique”, defende, em declarações ao ECO/Advocatus.

"É suposto que a atividade do Ministério Público, como sucede aliás com qualquer órgão do Estado, se sujeite a escrutínio público, desde logo através dos órgãos de comunicação social.”

Miguel Pereira Coutinho

Advogado da Cuatrecasas

Miguel Pereira Coutinho, advogado da Cuatrecasas, já é mais cauteloso nas críticas, defendendo que “é evidente que o Ministério Público não está isento de erros. Aliás, nem os advogados ou os juízes o estão. E entendo também que é suposto que a atividade do Ministério Público, como sucede aliás com qualquer órgão do Estado, se sujeite a escrutínio público, desde logo através dos órgãos de comunicação social”.

Mas avisa: “uma coisa é escrutínio, outra coisa é ingerência. É importante não perder de vista que a Constituição atribui ao Ministério Público autonomia e estatuto próprio, o que não pode deixar de ser respeitado”. Acrescentando que temos de ter em mente que, dentro de um processo criminal, a atividade do Ministério Público já é sujeita a controlo. O simples facto, por exemplo, de haver um despacho do juiz de instrução criminal que, diante das promoções do Ministério Público, não valida determinados indícios ou que opta por aplicar medidas de coação mais leves em vez da prisão preventiva, é uma prova que essa sindicância existe. É uma demonstração de que o sistema de checks and balances funciona e que não há poderes ilimitados”.

Miguel Pereira Coutinho, Associado Sénior da Cuatrecasas, em entrevista ao ECO/Advocatus - 03MAR23
Miguel Pereira Coutinho, Associado Sénior da Cuatrecasas, em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral/ECO

Juízes e Eurojust comentam o caso

Esta semana, também o ex-membro nacional do Eurojust, António Cluny, considerou que certos casos judiciais deviam levar a “uma profunda reflexão do Ministério Público sobre o seu desempenho”, mas também de “autocrítica” do poder político sobre as leis produzidas. “Já defendo há muito tempo que sempre que há um caso importante era essencial discutir internamente [no MP] e extrair dele as lições necessárias, tendo em vista aproveitar tais ensinamentos para processos futuros da mesma natureza”, disse António Cluny, acrescentando que “a natureza do MP enquanto magistratura e nas condições dos inquéritos criminais tem a ver com a sua orgânica mais elástica do que a dos juízes”.

“Os juízes são um órgão jurisdicional por si próprio, enquanto o MP pode constituir equipas de magistrados para investigar e acompanhar um novo processo”, precisou.

Em sua opinião, a “questão está em saber quando há um insucesso, o que é que correu mal”, acrescentando: “Se analisarmos vários casos que não terão corrido bem, podemos chegar (ou não) à conclusão que as causas são as mesmas, assim como é importante tirar ensinamentos do processo que correram bem”.

Para António Cluny, numa e noutra situação (de sucesso ou insucesso) há que procurar “aproveitar essa experiência” e os ensinamentos retirados para procedimentos futuros. “Essa é a grande riqueza que o MP tem de aproveitamento do conhecimento”, adiantou, notando que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e as Procuradorias Regionais podem colher tais ensinamentos para novos processos da mesma natureza.

Já da parte dos juízes, a resposta foi em defesa do MP. O presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), Ramos Soares considerou “excessivo e prematuro” nesta fase “pendurar já o Ministério Público no pelourinho ou endeusá-lo“, porque se desconhece como vai terminar a investigação.

Perante as muitas críticas que têm sido feitas ao processo, que “provocou indiretamente uma crise política” com a demissão do primeiro-ministro, o dirigente da ASJP disse “não embarcar na tese de ninharia penal”, ao assinalar que estão em causa “pessoas com responsabilidades governativas ou próximas de pessoas com responsabilidades governativas que podem ter cometido crimes de tráfico de influência e recebimento indevido de vantagem”, sublinhando que “os factos conhecidos pela imprensa são graves”.

Quanto à polémica gerada pelo último parágrafo do comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente da ASJP defendeu que “o parágrafo não caiu do céu“.

“Uma pessoa reage a um parágrafo não por causa da sequência de palavras e letras, mas porque o parágrafo tem um determinado significado. E o significado daquele parágrafo e dos parágrafos todos daquele comunicado da PGR é que certas pessoas podiam ter praticado atos que, tendo chegado ao conhecimento do MP, foram considerados suspeitos, e o MP foi obrigado, porque a lei obriga, a abrir uma investigação para confirmar ou não essas suspeitas e esses atos”, disse.

O juiz desembargador traçou uma linha divisória entre lobbying e “a chamada cunha”, frisando que tais conceitos não são confundíveis, desde logo pela lei portuguesa, onde o lobbying não está regulado, mas em que existe a tipificação criminal de determinados comportamentos enquadrados no que se designa como “cunha”.

Até se conhecerem todos os factos do processo, Manuel Soares considera que “ninguém responsável consegue dizer que o MP está a perseguir criminalmente pessoas por factos que não são crime”.

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Desemprego sobe há quatro meses, mas economistas afastam rutura do “dique”

Desde julho que o número de desempregados no IEFP está a subir. Economistas não estão surpreendidos, tendo em conta o abrandamento da economia. Veem novos agravamentos (ainda que limitados) em 2024.

Apesar das provas de resiliência já dadas pelo mercado de trabalho português, desde o verão que o número de desempregados inscritos nos centros do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) está a aumentar. Com duas guerras em curso no globo e a economia nacional a abrandar, os economistas não estão surpreendidos. E já apontam para novos aumentos em 2024, embora o Governo esteja a contar com estabilidade. O risco de rutura desse “dique”, nas palavras do Governo e do Banco de Portugal, não é, pelo menos por agora, significativo.

“Com a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre e debilidade em outubro, é natural esperar uma deterioração do mercado de trabalho. Estes valores não são surpreendentes“, sublinha Pedro Braz Teixeira, economista que lidera o gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade.

Esta semana, o IEFP deu a conhecer os dados do desemprego registados em outubro e verificou-se um agravamento em cadeia pelo quarto mês consecutivo [ver tabela abaixo].

Há quatro meses que desemprego registado está a subir

Fonte: IEFP

Depois de subidas de 2,3%, 3,9% e 1,6% em julho, agosto e setembro, respetivamente, em outubro estivavam inscritos 303.356 desempregados nos centros do IEFP, mais 3.243 do que no mês anterior, o equivalente a um aumento de 1,1%.

Já em comparação com o desemprego registado há um ano, verificou-se um agravamento de quase 5%, estando em causa mais 14 mil novos desempregados face ao universo contabilizado em outubro de 2022.

Apesar desses agravamentos consecutivos, Pedro Braz Teixeira não parece alarmado. Antes, faz questão de lembrar que no verão do ano passado (em julho) o número de desempregados inscritos tinha atingido o valor mais baixo em duas décadas, o que pode estar agora a causa um “efeito de base significativo“.

E também Tiago Sequeira, professor da Universidade de Coimbra, não sinaliza estar preocupado com esta evolução dos dados registados pelo IEFP, sublinhando que a medida oficial é a divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística. E esta tem conservado a estabilidade como tendência, embora seja “expectável que ao abrandamento da atividade económica nos dois últimos trimestre de 2023 corresponda um aumento do desemprego” medido pelo gabinete de estatísticas, admite o economista.

Estabilidade em 2024? Economistas mais inclinados para agravamento do desemprego

Apesar de não estarem alarmados quanto à evolução recente do desemprego registado, tanto um economista como outro concordam que o próximo ano poderá ser menos tranquilo do que o esperado pelo Governo.

Na proposta de Orçamento do Estado para 2024, o Executivo projeta uma taxa de desemprego de 6,7% para 2024, valor idêntico ao deste ano. Mas os economistas acreditam que poderão estar agravamentos (ainda que limitados) no horizonte.

“As previsões do governo ficaram desatualizadas com a guerra em Israel e pela própria queda do Executivo. É mais razoável que haja uma subida da taxa de desemprego, embora limitada“, antecipa o responsável do Fórum para a Competitividade.

Aliás, Pedro Braz Teixeira identifica a indefinição política e a guerra como principais riscos para o mercado de trabalho, já que, se houver um alastramento do conflito, os preços da energia irão aumentar e o Banco Central Europeu (BCE) poderá ver-se “obrigado” a voltar a subir as taxas de juro, agravando o abrandamento das economias europeias. Tiago Sequeira concorda e aponta para um crescimento “ligeiro a moderado do desemprego” em 2024.

A estas vozes juntam-se a de João Cerejeira, professor da Universidade do Minho, e de Pedro Martins, professor da Universidade Nova de Lisboa.

“É de esperar que o desemprego continue a crescer nos próximos meses, nomeadamente pela diminuição de novas contratações e pela não renovação de contratos a termo. Não sendo um cenário de catástrofe (longe disso), é um cenário que merece atenção“, antevê o primeiro. “Há claramente nuvens negras no horizonte. A incerteza política nacional, os conflitos internacionais, as previsões de crescimento mais baixo são tudo fatores que apontam para o aumento do desemprego“, confirma o segundo.

Com o Governo prestes a cair, João Cerejeira salienta que essa crise afetará as perspetivas do mercado de trabalho, “principalmente na componente do investimento público“. E acrescenta como riscos a retração da procura externa, o elevado preço da habitação — o que prejudica a mobilidade da força de trabalho, fator especialmente relevante num mercado caracterizado por falta de mão de obra adequada — e a manutenção da carga fiscal sobre o trabalho elevada, o que “retira capacidade às empresas de competirem por quadros técnicos em profissões com mercado global”.

Também Pedro Martins, que foi secretário de Estado do Emprego, identifica a concorrência de empresas estrangeiras junto dos trabalhadores como um dos maiores obstáculos colocados aos empregadores nacionais. “Tanto via emigração como trabalho remoto a partir de Portugal”, detalha.

Mercado de trabalho será dique ou primeira peça do dominó?

ANDRÉ KOSTERS/LUSAANDRÉ KOSTERS/LUSA

Apesar das incertezas e de todos os desafios, de modo global, o mercado de trabalho português tem conseguido um bom desempenho até agora: o emprego tem crescido e o desemprego continua próximo dos níveis mais baixos já registados. Tanto que o governador do Banco de Portugal considerou-o “o ponto-chave que ditará o sucesso do ajustamento” da economia, após o período de elevada inflação e quando se sentir o efeito total da política monetária.

Continuará a funcionar como um dique para conter as tensões que se vão criando em todas as dimensões da economia ou vai ser primeira peça do dominó e gerar uma aterragem que não seja aquela com que contamos?”, questionou Mário Centeno.

Ora, apesar dos dados negativos do IEFP, das previsões de agravamento do desemprego e até do disparo dos trabalhadores em layoff — isto é, com contratos de trabalho suspensos ou horários de trabalho reduzidos –, os economistas acreditam que esse dique não está, por agora, em grande risco de rutura.

Surgem algumas fissuras no dique que podem evoluir para uma situação mais preocupante, nomeadamente se as economias europeias, nomeadamente (Espanha, França e Alemanha) não recuperarem no próximo ano.

João Cerejeira

Professor da Universidade do Minho

“A desaceleração da economia portuguesa está diretamente relacionada com a evolução da economia europeia, que, por sua vez, está dependente da conjuntura internacional. O abrandamento da economia chinesa e o conflito no médio oriente são os fatores com maior potencial desestabilizador para a economia e, em consequência, para o mercado de trabalho”, descreve Tiago Sequeira.

Mais assertivo, Pedro Braz Teixeira deixa claro: “o perigo de rutura do dique, neste momento, não parece significativo“. João Cerejeira também não vê esse perigo, mas assinala que “surgem algumas fissuras que podem evoluir para uma situação mais preocupante, nomeadamente se as economias europeias, nomeadamente (Espanha, França e Alemanha) não recuperarem no próximo ano”.

nuvens no horizonte, mas, a menos que expluda uma crise internacional, provavelmente não trarão uma tempestade demasiadamente severa.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 24 Novembro 2023

No segundo dia de votações na especialidade do Orçamento do Estado, há dados do Banco de Portugal e termina a cimeira entre a UE e o Canadá. É também a Black Friday.

A semana termina com mais uma ronda de votações no Parlamento das propostas do Orçamento do Estado para o próximo ano. Num dia em que os descontos da Black Friday prometem concentrar atenções, há dados do Banco de Portugal e um estudo sobre o setor do vinho em Portugal. Lá fora, termina a 19.ª cimeira UE-Canadá.

Hoje é dia de Black Friday

Embora várias lojas já estejam com descontos nos seus produtos desde o início do mês, a Black Friday é oficialmente esta sexta-feira, iniciando o período das compras do Natal. Um estudo anual da plataforma blackfriday.pt, levado a cabo pela consultora GfK, adiantou que este ano 72% dos portugueses planeiam gastar uma média de 290 euros nesta mega campanha de promoções, 11% acima do valor de 2022.

Mais votações na especialidade do OE2024

O Parlamento continua esta sexta-feira a maratona de votações das mais de 1.800 propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) no âmbito da discussão na especialidade. O processo estende-se até à próxima quarta-feira, 29 de novembro, dia em que será feita a votação final global do documento.

Quanto investimento atraiu o país?

O Banco de Portugal atualiza esta sexta-feira as estatísticas sobre o investimento direto. No primeiro semestre do ano, as transações de investimento direto estrangeiro em Portugal totalizaram dois mil milhões de euros, o que atirou o stock para 174 mil milhões de euros, o equivalente a 69% do Produto Interno Bruto (PIB). O banco central também revelou que o investimento direto de Portugal no exterior foi de 3,4 mil milhões de euros.

Estudo faz raio-X ao setor do vinho

A ACIBEV – Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal e a NOVA School of Business and Economics apresentam esta sexta-feira o estudo “Setor do Vinho – Avaliação de Impacto Socioeconómico em Portugal”, coordenado pelo professor Pedro Brinca. Em 2022, segundo dados da associação ViniPortugal, as exportações de vinhos portugueses atingiram um novo recorde, atingindo 941 milhões de euros, mais 1,52% face a 2021. Além disso, esta semana, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que desde 2006 que não se produzia tanto vinho em Portugal.

Termina a cimeira UE-Canadá

A cimeira entre a União Europeia (UE) e o Canadá, que está a decorrer desde ontem em St John’s, naquele país, termina esta sexta-feira. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, são os representantes do bloco comunitário naquela que é a 19.ª cimeira UE-Canadá. Está previsto que os dirigentes emitam uma declaração conjunta no final do encontro, no qual esteve em discussão o apoio à Ucrânia, a crise no Médio Oriente e as relações económicas entre as duas partes.

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Luz Saúde faz aumento até 20% do capital no âmbito da entrada em bolsa

Grupo de saúde liderado por Isabel Vaz irá realizar um aumento correspondente a um máximo de 20% do capital dirigido aos investidores que forem selecionados pela Fidelidade para o IPO.

PWC CEO Survey Portugal - 09MAI2019
Isabel Vaz, CEO do grupo Luz Saúde.Hugo Amaral/ECO

A Luz Saúde pretende realizar um aumento de capital até um máximo de 20% do seu capital no âmbito do processo da oferta pública inicial (IPO, sigla inglesa) que está em curso pela Fidelidade e que irá levar o grupo de saúde de novo para a bolsa de Lisboa no próximo ano.

O aumento será realizado por novas entradas em dinheiro, através da emissão de novas ações que serão subscritas pelo grupo de investidores institucionais nacionais e estrangeiros que for selecionado pela Fidelidade para participar na sua oferta particular de ações, segundo se pode ler na proposta que vai ser votada na assembleia extraordinária marcada para 22 de dezembro e onde a Fidelidade irá aprovar os planos do IPO.

O conselho de administração liderado por Isabel Vaz considerou que é “vantajoso” avançar com o aumento de capital em simultâneo com o IPO. O aumento de capital servirá para a Luz Saúde “obter capitais próprios adicionais para o desenvolvimento da sua atividade”.

De acordo com a proposta, “o preço de subscrição das novas ações no âmbito do aumento de capital deverá coincidir com o preço de venda das ações por parte da Fidelidade na oferta de venda, tendo como limite o valor nominal de cada nova ação, ou seja, um euro, sendo, todavia, tal preço fixado em face dos resultados do processo de bookbuilding”, adianta a Luz Saúde.

No aumento de capital, a Luz Saúde irá emitir até um montante máximo de 23,9 milhões de novas ações ordinárias, mas o montante concreto e a quantidade de novos títulos a emitir ainda vão ser determinados pelo conselho de administração “em função da procura verificada” no IPO.

Esta operação ainda se encontra sujeita ao cumprimento de várias condições, nomeadamente o sucesso do próprio IPO.

Aliás, fonte oficial revelou esta semana ao ECO que “a publicação da convocatória da assembleia geral e inclusive a aprovação das propostas que venham a ser submetidas não determinam a concretização do processo de venda”.

“Apenas terá lugar se estiverem reunidas as condições que o acionista vendedor considera adequadas para tal”, acrescentou a mesma fonte.

"A publicação da convocatória da assembleia geral e inclusive a aprovação das propostas que venham a ser submetidas não determinam a concretização do processo de venda. Apenas terá lugar se estiverem reunidas as condições que o acionista vendedor considera adequadas para tal.”

Fidelidade

No âmbito deste processo, a seguradora detida pelo grupo chinês Fosun deverá avançar para a venda de uma participação entre 30% a 45% do capital do grupo de saúde e que poderá permitir um encaixe entre 300 milhões e 450 milhões de euros. A Fidelidade espera obter uma avaliação de mais de mil milhões de euros para o grupo que tem 28 unidades hospitalares e clínicas e perto de 14 mil funcionários em Portugal.

O grupo chinês informou esta terça-feira que obteve a autorização do regulador da bolsa de Hong Kong para avançar com a operação e indicou que, sujeito à aprovação das autoridades portuguesas, será submetido um prospeto na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) “no devido tempo”.

Como o ECO revelou em maio, Citi e UBS lideram um sindicato bancário para concretizar um IPO da Luz Saúde que vem sendo trabalhado num ambiente de mercado desafiante devido à subida das taxas de juro e, mais recentemente, aos riscos geopolíticos relacionados com a guerra no Médio Oriente.

A Luz Saúde registou rendimentos operacionais de 600 milhões de euros em 2022, um aumento de 10,6% em comparação com 2021. Fechou o ano passado com lucros de 26,9 milhões de euros, mais 62% em termos homólogos.

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Principal taxa do crédito da casa vai ter primeira queda em dois anos

Taxas usadas no crédito da casa vão cair em novembro, após BCE anunciar uma pausa na subida dos juros. Ainda assim, a prestação irá agravar-se novamente no próximo mês.

A principal taxa que serve de base para o cálculo da prestação da casa, a Euribor a seis meses, vai a caminho da primeira queda mensal em dois anos, sendo que também irá cair no prazo a 12 meses, de acordo com a evolução que estes indexantes registam desde o início do mês até esta quinta-feira. Ainda assim, apesar das boas notícias, quem vai ver as condições do contrato revistas pelo banco nos próximos meses ainda não vai sentir um alívio da mensalidade do empréstimo.

Depois de 22 meses a subir, a Euribor a seis meses, que está associada a mais de 40% dos contratos de crédito à habitação com taxa variável, deverá recuar em novembro para uma média mensal de perto de 4,07%, abaixo da média de 4,115% registada no mês passado.

Em relação à Euribor a 12 meses, que tem sido a mais utilizada nos contratos mais recentes (onde mais se sente o impacto da escalada dos juros nos últimos dois anos), vai voltar a cair este mês para a média mais baixa desde junho, à volta dos 4,02%, isto depois da queda observada em agosto.

Este comportamento das Euribor, que são fixadas diariamente por um conjunto de bancos da Zona Euro, reflete não só a pausa na subida das taxas de juro diretoras do Banco Central Europeu (BCE) anunciada em outubro, mas também as expectativas do mercado de que o banco central irá começar a descer os juros no próximo ano.

Só mesmo a Euribor a 3 meses, que serve de indexante para cerca de 30% dos empréstimos da casa, deverá manter a tendência de subida este mês, embora se prepare para registar o menor aumento mensal desde dezembro de 2021.

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Prestação agrava-se até 100 euros em dezembro

É com base na média mensal da Euribor do mês anterior que os bancos calculam a prestação da casa. Apesar de estas taxas se prepararem para cair nos prazos a seis e 12 meses este mês, isso não significa que a prestação da casa vai cair em dezembro. Ou até mesmo nos próximos meses.

Os contratos com taxa variável são atualizados com a periodicidade do indexante. Por exemplo, no caso de quem tem crédito associado à Euribor a seis meses, a revisão do contrato faz-se a cada seis meses. Ora, os contratos revistos em dezembro — e que vão passar a ter por base a média mensal de novembro – tiveram a última atualização em junho. Nesse mês, a média da Euribor foi de 3,68%. Ou seja, quando o contrato for revisto no próximo mês, a prestação vai naturalmente sofrer um agravamento por conta de uma média da Euribor mais elevada do que a de há seis meses.

Vamos às contas, dando como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos e com um spread de 1%. Em junho, a prestação foi atualizada para 776,33 euros. Com a revisão das condições no próximo mês, a prestação irá subir para cerca de 812 euros, mais 35 euros em relação à prestação dos últimos seis meses.

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O mesmo empréstimo, mas indexado à Euribor a 12 meses – e cuja última atualização foi realizada em dezembro do ano passado –, vai ver a prestação agravada em 106 euros, para 807,62 euros.

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No caso de o contrato estar associado à Euribor a 3 meses, prevê-se um aumento de quase 18 euros, para 803 euros.

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O impacto da subida das Euribor no aumento da prestação da casa será tanto maior ou menor consoante o valor do capital que ainda está em dívida. Para o ajudar a calcular a prestação do seu crédito à habitação, o ECO preparou um simulador. Faça as contas à sua situação e, caso o seu contrato seja revisto em agora, saiba quando irá pagar a mais.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o artigo no browser e ver os gráficos e o simulador.

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PS viabiliza 21 propostas da oposição sem impacto orçamental

É um empate no primeiro dia de votações do OE, já que foram igualmente aprovadas 21 alterações do PS. Bancada estava para aprovar a retirada da TOS da fatura dos clientes, mas acabou por chumbar.

No primeiro dia da maratona de votações do Orçamento do Estado para 2024, que terminou esta quinta-feira à noite, PS e oposição empataram no número de alteração aprovadas: 21. Apesar deste score, a bancada socialista ganha de longe no custo das medidas, já que as propostas dos restantes partidos não terão praticamente impacto orçamental.

Ao fim de mais de seis horas de votações de um guião com quase 1.300 páginas, o PS acabou por viabilizar três propostas do PSD, oito do Livre, cinco do PCP, quatro do PAN e uma do BE, num total de 21. No início do dia, o PS já tinha anunciado que iria aprovar mais de 20 iniciativas das outras bancadas parlamentares. Não foi aprovada nenhuma proposta do Chega nem da Iniciativa Liberal neste primeiro dia de votações.

No conjunto das propostas viabilizadas, os pontos que de alguma forma comprometiam o Governo com reforço de verbas ou na elaboração de planos a submeter à Assembleia da República acabaram chumbadas. Por exemplo, foram aprovadas propostas do PAN, Livre e BE relacionadas com apoio a vítimas de violência doméstica e pessoas sem-abrigo, mas sem afetação de verbas.

Ou seja, as propostas da oposição que tiveram luz verde são praticamente inócuas para os cofres do Estado, como seja a iniciativa do PSD que transfere as Casas do Povo e as Casas dos Pescadores para as autarquias, ou a do PCP que permite que os presidentes das juntas de freguesia decidam se ficam a tempo inteiro com salário sem uma solicitação prévia à Direção-Geral das Autarquias Locais (DGAL). Assim como a iniciativa do Livre que determina que o “Governo pode contratar médicos e outros profissionais estrangeiros nas mesmas condições de qualidade, segurança e equidade em que são contratados os profissionais portugueses”.

O PCP até conseguiu aprovar propostas para a promoção da segurança e saúde no trabalho nas forças e serviços de segurança, mas o ponto que determina a contratação de 30 psicólogos acabou por ser rejeitado pelo PS.

Além disso, o PS até estava para aprovar uma medida emblemática e polémica como o fim da repercussão da taxa de ocupação do subsolo (TOS) sobre os consumidores finais de gás natural, apresentada pelo PCP, mas acabou por rejeitar essa proposta no final das votações.

Assim, as propostas com maior impacto orçamental são mesmo as do PS, até porque foram autorizadas pelas Finanças. Neste sentido, é de destacar a renovação do programa Converte+ proposto pela bancada liderada por Eurico Brilhante Dias. Trata-se de um apoio às empresas que convertam os contratos de trabalho a prazo em vínculos permanentes.

“Em 2024, o Governo renova o programa Converte+ e reabre as candidaturas, prosseguindo o apoio à conversão de contratos a termo em contratos sem termo. São elegíveis os contratos a termo celebrados até 14 de novembro de 2023“, lê-se na proposta socialista.

De salientar ainda medidas do PS como a criação de um subsídio mensal de 40 euros para despesas de deslocação de universitários com bolsa de estudos e que não tenham residência. Também foi criado aquilo a que os socialistas batizaram de “ação social indireta”, que vai apoiar residências e cantinas universitárias em 40 euros por cama ocupada e em 1 euro por refeição.

Para além disso, os socialistas corrigiram as transferências para os municípios, que passam a ser de 556,56 milhões e não de 508,27 milhões euros como está na proposta orçamental. O valor que consta na proposta de Orçamento do Estado é significativamente inferior, em 48 milhões de euros, porque o Governo esqueceu-se de contabilizar a participação no IRS de um conjunto de câmaras que não comunicaram qual percentagem da receita do imposto pretendida. Nestes casos, o município tem direito a uma participação de 5%, que é o valor máximo.

O PS aprovou ainda o alargamento do teto para garantias do Estado em 100 milhões de euros para créditos de exportação, de 2,5 mil milhões para 2,6 mil milhões de euros.

Oposição critica OE “órfão” e “eleitoralista”

De manhã, o debate foi marcado por uma discussão sobre o OE que será “órfão”, como apelidou o PSD, enquanto se lançavam também críticas ao PS pelas 100 propostas de alteração “eleitoralistas” entregues à última hora. Ana Catarina Mendes, a única ministra presente no Parlamento, decidiu citar as palavras de Pedro Passos Coelho em 2016: “se pudéssemos todos, sem dinheiro, devolver salários, pensões e impostos e, no fim, as contas batessem todas certas, isso seria fantástico”, mas seria um milagre. “O milagre decorre de muito trabalho, das escolhas que fizemos”, reiterou a ministra. João Galamba, depois da sua demissão de ministro das Infraestruturas, sentou-se na bancada dos deputados do PS.

À direita, o PSD apontou que “o Orçamento em poucas semanas será órfão e terá de ser alterado pelo próximo Governo”, com Hugo Carneiro a apontar que “se o primeiro-ministro estivesse aqui hoje tinha de reconhecer que as vacas não têm asas”. Já a IL disse ser bizarro e absurdo ter 1.800 propostas de alteração, caracterizando as propostas de última hora do PS como “eleitoralistas”. O Chega defendeu que o PS “nunca governa a pensar nas próximas gerações, mas sim nas próximas eleições”.

Nas bancadas da esquerda, os partidos defenderam medidas em áreas como saúde, habitação e educação, com o Bloco a defender que este era um “OE dos tubarões”. O Livre e o PAN tentaram também perceber a abertura do PS para aprovar medidas.

O segundo dia de votações do Orçamento do Estado na especialidade arranca esta sexta-feira às 15h. A votação final global está marcada para a próxima quarta-feira, dia 29.

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Aumento do custo de vida traz consequências em forma de roubo

  • Conteúdo Patrocinado
  • 24 Novembro 2023

O aumento do custo de vida, começado com a pandemia e agravado ainda mais devido ao aumento da inflação, tem sido uma realidade na vida dos portugueses.

O aumento do “custo de vida” pode ocorrer devido a diversos fatores, como aumento dos custos de produção, políticas económicas, oscilações no mercado internacional, entre outros, sem que a maioria possa ser controlada pelo próprio indivíduo. Contudo, este aumento do custo de vida influencia diretamente o poder de compra das pessoas – prejudicando a sua capacidade de responder às suas necessidades básicas e, muitas vezes, levando-as a tomar medidas desesperadas e, como último recurso, optar por assaltos.

Desemprego, desigualdade social, falta de investimentos em segurança pública e falta de proteção das instalações podem ser alguns dos fatores que podem levar alguém a optar por um assalto. Naturalmente, são as pessoas em situação de vulnerabilidade que tendem a ser mais propensas a cometer crimes como assaltos, como forma de obter recursos para suprir as suas necessidades mais básicas.

Carlos Dias, presidente da APSEI

 

O aumento dos assaltos e o aumento do custo de vida são problemas aparentemente distintos, mas podem estar interligados em algumas situações, como podemos constatar na sociedade em que vivemos. Apesar de vivermos num dos países mais seguros, os assaltos continuam a ocorrer a um nível demasiado alto para o desejável por todos. Sendo a segurança uma tarefa e desafio nacional e não apenas das autoridades ou entidade A ou B.

No entanto, é importante salientar que a larga maioria das pessoas em situação de vulnerabilidade nunca escolhem o caminho do crime como alternativa para enfrentar dificuldades financeiras. Para combater esses problemas, é preciso que o Estado, organizações e indivíduos invistam em segurança, políticas sociais ativas e geração de empregos capazes de proporcionar uma vida digna aos trabalhadores.

Além disso, o aumento do custo dos bens e serviços, geralmente chamado “custo de vida”, acentua as desigualdades sociais e há indivíduos que praticam crimes em grupo ou de forma isolada, com resultados muito penalizadores para quem é afetado pelas visitas indesejadas, que trazem grandes prejuízos aos negócios visados, com roubos de comida ou outros bens, e que levam poupanças, recordações e sonhos. Cada vez mais se observa o alastrar de crimes de assaltos para zonas periféricas das grandes cidades, não sendo um fenómeno exclusivo das cidades ou pela existência de qualquer tipo de vizinhança.

Os assaltos são, muitas vezes, induzidos pelo conjunto da necessidade e da oportunidade. Basta que ao sair do seu negócio, o proprietário se esqueça de tapar alguma das montras, deixe objetos de valor visíveis ou não feche uma janela de um espaço adjacente e está criada a “oportunidade perfeita” para que elementos de valor que estejam no interior despertem a atenção indesejada. Isto leva a um grande impacto negativo não só pelo material que pode ser levado ou pelo dinheiro roubado, mas também pelos danos causados no stock dos negócios. Este dano significa muitas vezes que o proprietário não pode ganhar dinheiro ou satisfazer a procura habitual devido a esse roubo.

Esses assaltos são geralmente praticados por motivos como a ocasião, porque detetam um negócio onde a entrada e saída estão temporariamente muito facilitadas e a vantagem está do lado de quem vai praticar o crime; na escolha entre uma instalação que possui um sistema de segurança e outro local sem alarme, o infrator vai optar pelo local onde as hipóteses de praticar o crime sem ser detetado são maiores, o que leva um negócio que não possui um sistema de segurança instalado a ter maiores probabilidades de ser vítima de um assalto; e a existência de objetos valiosos visíveis ou mesmo objetos que respondam às necessidades básicas de quem mais precisa, como comida, que sejam visíveis do exterior e atraiam olhares e oportunidades.

Carlos Dias, presidente da APSEI

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Global Media avalia despedimento coletivo de 150 trabalhadores

"Equacionamos várias hipóteses, mas não está decidido", afirma o novo CEO do grupo dono do DN, do JN e da TSF, José Paulo Fafe. Em causa podem estar 150 trabalhadores, de um universo de 530.

José Paulo Fafe é presidente executivo da Global Media, em representação do WOF (World Opportuny Fund).

A Global Media está avaliar a hipótese de avançar para um despedimento coletivo. Em causa podem estar 150 trabalhadores. José Paulo Fafe, formalmente CEO do grupo desde a última semana, confirma ao +M a hipótese do despedimento coletivo, mas garante que a decisão não está tomada.

Não há decisão nenhuma. Há a necessidade de conter despesas, de aumentar receitas e de racionar os custos. Há várias medidas que podem ser implementadas, estamos a estudá-las”, afirma. “Equacionamos várias hipóteses, mas não está decidido”, reforça o novo CEO do grupo dono do Diário de Notícias, do Jornal de Notícias e da TSF, reafirmando que a hipótese do despedimento coletivo “está em cima da mesa, assim como outras alternativas”.

A possibilidade do despedimento coletivo terá sido avançada esta quinta-feira às delegadas sindicais do Jornal de Noticias. Também esta terça-feira representantes da TSF terão sido informados de que o grupo estaria a numa situação particularmente difícil. Na sequência do encontro no JN, as delegadas sindicais do jornal enviaram um comunicado à redação a partilhar as informações prestadas por José Paulo Fafe. A “intenção de proceder a um despedimento coletivo, para “contrariar uma situação financeira muito complicada”. Ao ECO, José Fafe confirma conversas com representantes tanto do JN como da TSF, mas reforça que “foram aventadas várias soluções, de uma forma teórica“. O despedimento coletivo “é a solução menos desejável, há outras“, frisa o gestor sem concretizar outras alternativas.

Atualmente a Global Media tem cerca de 530 trabalhadores. “Há regras. Se avançássemos para o despedimento coletivo, a primeira coisa que faríamos seria avisar os trabalhadores”, começou por referir José Paulo Fafe.

José Paulo Fafe, até ao final de maio administrador do Tal & Qual, foi indicado para a administração da Global Media pelo WOF (World Opportuny Fund), fundo que começou por entrar com uma participação de 38%, no capital da Páginas Civilizadas, empresa de Marco Galinha, que por sua vez reforçou na altura para 50,25% a sua participação no Global Media Group.

“Sem tibiezas, assumimos que queremos e vamos concretizar um dos mais ambiciosos projetos de crescimento de um grupo Media em Portugal, convictamente independente, plural e com os olhos postos no futuro“, lia-se na nota enviada aos trabalhadores do grupo em setembro, e à qual a Lusa teve acesso. Era também dito que estava a ser traçado um plano estratégico para o grupo e que com esse plano a Global Media pretendia modernizar-se e expandir-se “a todo o espaço de língua portuguesa”.

Já em outubro a ERC informou que o fundo de investimento World Opportunity detinha 51% do capital social da Páginas Civilizadas, a qual controla, diretamente e indiretamente, 50,25% da Global Media e 22,35% da Lusa.

Na sequência da questão colocada pela Lusa sobre a alteração de estrutura de propriedade da Global Media Group (GMG), a Entidade Reguladora para a Comunicação Social informou “que a entidade WorldOpportunityFundLtd, com sede nas Bahamas, registada na Bahamas InternationalSecurity Exchange como fundo de investimento aberto com a abreviatura ‘WOF’, comunicou ao regulador que, por contrato de divisão e cessão de quotas, celebrado em 25 de julho de 2023, adquiriu à sociedade Palavras de Prestígio, Lda, uma quota representativa de 38% do capital social da Páginas Civilizadas, Lda“. Posteriormente, “por contrato de divisão e cessão de quotas, celebrado em 21 de setembro de 2023, apresentado a registo em 05 de outubro, a World Opportunity Fund Ltd adquiriu à sociedade Grupo Bel uma quota representativa de 38% do capital social da Páginas Civilizadas, Lda”, prosseguia a ERC.

Mais recentemente, segundo o jornal Expresso, a ERC estará a analisar a informação prestada pelo fundo que controla a Global Media.

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Governo terá que fazer lista de edifícios públicos que possam ser residências estudantis

  • Lusa
  • 23 Novembro 2023

O levantamento exaustivo por parte do Governo dos edifícios devolutos do Estado que possam ser adaptados para residências de estudantes foi incluído no OE2024 graças a uma proposta do Livre.

O levantamento exaustivo por parte do Governo dos edifícios devolutos do Estado que possam ser adaptados para residências de estudantes foi incluído no Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) graças a uma proposta do Livre.

No primeiro dia de votações na especialidade, esta proposta do Livre foi parcialmente aprovada por unanimidade, já que o PS pediu a sua votação desagregada e ‘chumbou’ o ponto que previa que fosse apresentado ao parlamento “um plano circunstanciado e realista de adaptação e ocupação do património do Estado com residências estudantis”.

Assim, ficou estabelecido que o Governo tem de fazer, até ao fim do próximo ano, um “levantamento exaustivo e inventariação das instalações e infraestruturas do Estado com tipologia adequada à adaptação e ocupação com residências estudantis temporárias ou definitivas”.

O executivo terá ainda que criar um grupo de trabalho interministerial para que seja definido aquilo que é preciso fazer para adaptar estas infraestruturas a residências para estudantes.

Já o BE conseguiu ver aprovada uma medida para que o Governo, “em diálogo com as associações feministas e de apoio às vítimas de violência sexista e sexual”, faça uma revisão do modelo de financiamento da Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica e das demais respostas de prevenção e combate à violência sexista para que sejam garantidas fontes de financiamento “estáveis e regulares”.

Esta proposta dos bloquistas foi aprovada com os votos contra do PSD e da IL e os votos a favor das restantes bancadas.

Já o PAN teve luz verde a uma proposta de reforço das medidas de segurança em contexto universitário, segundo a qual o executivo implementa um programa “universidade segura” e alarga o seu âmbito territorial.

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PS rejeita tirar taxa do gás da fatura dos consumidores

A bancada socialista chumbou a proposta de aditamento ao Orçamento do Estado do PCP que determina que a taxa de ocupação do subsolo é paga pelas empresas e não pode ser repercutida sobre os clientes.

O PS rejeitou uma proposta de aditamento do PCP ao Orçamento do Estado para 2024 que determinava que a taxa de ocupação do subsolo (TOS) não deve ser repercutida nos consumidores de gás natural, como acontece atualmente. A proposta foi rejeitada pelo PS e Iniciativa Liberal e contou com a abstenção do PSD.

A polémica taxa de ocupação do subsolo (TOS) é paga pelos consumidores de gás natural, apesar de o Orçamento de Estado de 2017 ter determinado que esse encargo deveria ser suportado pelas operadoras.

“A taxa municipal de direitos de passagem e a taxa municipal de ocupação do subsolo são pagas pelas empresas operadoras de infraestruturas, não podendo ser refletidas na fatura dos consumidores”, de acordo com o texto da iniciativa dos comunistas.

Em maio, o Governo adiantou que estaria a preparar uma clarificação, através de proposta de lei, sobre a proibição de cobrança da taxa municipal de ocupação do subsolo na fatura de gás natural dos clientes.

O Orçamento do Estado (OE) de 2017 já proibia a cobrança daquela taxa na fatura do gás, mas os comercializadores continuaram a repercutir o custo da ocupação do subsolo aos clientes, por falta da respetiva regulamentação.

Em fevereiro e março, o Supremo Tribunal Administrativo considerou, em três acórdãos, que a norma do OE para 2017 que proíbe os fornecedores do serviço de repercutirem os custos daquela taxa aos consumidores é “clara e incondicional” e, por isso, já devia estar a ser cumprida há sete anos.

O Ministério da Coesão Territorial numa resposta ao PS na Assembleia da República realçou que a proibição, expressa no referido OE, “é válida e eficaz, não dependendo de qualquer circunstância para passar a ser aplicável”, escreveu, na altura, o Jornal de Notícias. Nesse sentido, as empresas “não podem refletir” essa taxa na fatura dos clientes, reforçou.

Apesar de não ser necessária para que a lei seja aplicada, o Governo diz estar a preparar uma clarificação através de proposta de lei, que já está em circuito legislativo. O diploma visa “clarificar a existência de tal proibição e assegurar a vigência de um regime adequado à proteção dos direitos e dos interesses dos consumidores, autarquias e operadores económicos”, segundo o Executivo. Diploma que nunca chegou a ver a luz do dia.

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