Like & Dislike: Quem vai dar a má notícia aos associados do Montepio?

O código das Mutualistas prevê um mecanismo de injeção de capital na instituição, sem recorrer a artifícios contabilísticos. Os associados podem, e se calhar devem, ser chamados a contribuir.

Todos estão a criticar o “martelanço” no balanço da Associação Mutualista Montepio Geral por deitar mãos a um esquema que, sendo legal, vem mascarar artificialmente a miséria que são as contas da instituição. O que é perigoso já que o património da Associação serve de garantia aos produtos mutualistas que são vendidos aos balcões da Caixa Económica.

Sendo uma IPSS, que poderia a Mutualista fazer, ao invés, para tapar o buraco nas contas? Existe uma resposta óbvia, mas se calhar não agrada a todos.

Depois da crise financeira, os bancos deitaram mãos a este mecanismo legal dos ativos por impostos diferidos, — DTA na sigla inglesa, — que no caso da banca até podia ser convertido em créditos fiscais para melhorar os rácios. Só que, esta é uma solução que comprou tempo, mas não resolveu o problema de fundo da banca. Para tal, os bancos tiveram mesmo de pedir dinheiro aos seus acionistas e fazer aumentos de capital.

A Associação, cujo principal ativo é o banco, deitou mãos a este artifício contabilístico que permite alindar as contas, mas sem resolver nenhum problema de fundo. Como explicava Bagão Félix, aqui no ECO, transformou “contas estruturalmente negativas em contas conjunturalmente positivas”.

Logo, para resolver o problema estrutural, é preciso pedir dinheiro aos acionistas. E quem são os acionistas da Associação Mutualista? São os mais de 600 mil associados. E estas famílias podem ser chamadas a ajudar a IPSS? Podem e, se calhar, devem.

Como recordava o economista Eugénio Rosa, o Código das Associações Mutualistas, no seu artigo 20º, afirma o seguinte: “É obrigatória a alteração do regulamento de benefícios com vista a restabelecer o necessário equilíbrio técnico-financeiro sempre que, pela análise dos balanços organizados nos termos do artigo 53.º e de outros instrumentos de gestão, se verifique a impossibilidade de concessão, atual ou futura, dos benefícios nele estabelecidos”.

Resumindo, o que este artigo refere é que os associados podem ser chamados a contribuir para capitalizar a instituição caso esta esteja numa situação de desequilíbrio financeiro, aceitando uma redução de juros dos seus produtos mutualistas, ou aceitando um haircut no capital que investiram.

Neste cenário, os mutualistas com produtos da Associação estariam a abdicar de parte da rendibilidade ou mesmo de uma fatia do que investiram para “comprar” uma espécie de seguro que protegesse o seu capital. Capital que, além de não ter a segurança do Fundo de Garantia de Depósitos, está protegido por um património artificialmente insuflado por créditos fiscais.

Dos 808 milhões de euros de ativos por impostos diferidos que a Associação Mutualista contabilizou no balanço, – e que aumentou os capitais próprios de 250 milhões de euros negativos para 510 milhões positivos –, qual é a parte que servirá para proteger o dinheiro investido nos produtos mutualistas em caso de necessidade? Zero. Porque esse dinheiro não existe.

Estando a Associação a atuar num autêntico vazio em termos de supervisão, quem deveria sugerir esta medida aos associados? O presidente da Associação, na assembleia de 28 de março. Tomás Correia deveria explicar aos associados a real situação das contas do banco que, sem esta “borla fiscal”, tem um buraco (sem contar com os interesses minoritários) de 346,6 milhões de euros. E explicar as alternativas para resolver o problema mesmo que algumas possam ser mais dolorosas a curto prazo. Se, mesmo assim, os associados decidirem manter a atual situação, então estariam por sua conta e risco. É normal ficarmos deslumbrados com um truque de magia que não percebemos; mas depois de explicado a coisa normalmente perde a piada.

Sucessivos anos a acumular prejuízos, e a oferecer retornos nos produtos mutualistas muitas vezes acima dos valores que são praticados no mercado, não se resolvem de um dia para outro com um truque de contabilidade. É preciso injetar dinheiro fresco.

O Like & Dislike é um espaço de opinião.

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Negócio core da dona do Montepio gera perdas de 374 milhões de euros

O negócio da mutualista representou perdas de 374 milhões de euros depois de ter de assumir responsabilidades superiores a mil milhões de euros no ano passado, pressionando ainda mais o banco.

O negócio core da Associação Mutualista Montepio Geral continuou a representar perdas significativas em 2017. A instituição até conseguiu aumentar bastante as receitas com os associados. Mas aquilo que teve de pagar aos sócios aumentou ainda mais. Feitas as contas, a margem da atividade associativa apresentou uma perda de 373,8 milhões de euros, pressionando ainda mais o negócio da mutualista. Estes valores constam do relatório e conta que foi publicado esta quarta-feira no site da instituição.

A associação liderada por Tomás Correia aumentou os proveitos com associados em quase 50% para os 720,5 milhões de euros. Isto “fruto da dinâmica do relacionamento associativo obtido através da rede dedicada de gestores mutualistas e do contributo da rede de balcões da Caixa Económica Montepio Geral”, segundo já havia explicado na segunda-feira, num comunicado onde dava conta dos primeiros números das contas de 2017.

Mas o bom desempenho foi manifestamente insuficiente para cobrir os custos inerentes às responsabilidades com os associados. De acordo com os resultados individuais de 2017, apresentados esta quarta-feira, a maior mutualista do país teve de assumir responsabilidades no valor de 1.094 milhões de euros. Isto representa um aumento de 80% face a 2016.

Os proveitos com os associados dizem sobretudo respeito a subscrições de produtos mutualistas que são comercializados aos balcões do banco Caixa Económica Montepio. Já os custos com os associados referem-se às prestações que a mutualista tem de pagar aos subscritores dos seus produtos. E o facto de não ter conseguido gerar receitas suficientes para fazer face ao volume de reembolsos coloca pressão adicional ao negócio principal da mutualista, que tem vindo a perder associados e subscrições.

Em 2017, a base associativa do Montepio emagreceu em 1,5%, naquilo que traduz na perda de sete mil associados num ano particularmente sensível para o grupo. Fechou o ano passado com 625 mil associados. Em relação ao número de subscrições de modalidades, a mutualista registou uma quebra de quase 4%. Houve um aumento de novas subscrições, mas não compensou o fim de subscrições existentes.

Aliás, é neste ambiente operacional desafiante que o banco está a ser pressionado pelo seu dono para colocar nos clientes 970 milhões de euros em produtos mutualistas em 2018, num contexto de muitas dúvidas em relação à eficácia da supervisão destes produtos da parte do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Sem contar com o efeito positivo dos ativos por impostos diferidos, a Associação Mutualista teve prejuízos de 220 milhões de euros.

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Depois da “borla” fiscal, Associação Mutualista pode voltar a ficar isenta de IRC. Basta querer, garantem as Finanças

  • Rita Atalaia
  • 14 Março 2018

A dona do Montepio pediu às Finanças para perder a isenção de IRC. Em troca vai beneficiar de créditos fiscais. Esgotada a "borla", poderá voltar ao regime anterior desde que cumpra três requisitos.

A Associação Mutualista Montepio Geral, como IPSS que é, estava isenta de IRC. Mas, a pedido, deixou de estar isenta para poder beneficiar de créditos fiscais que lhe permitiram sair de uma situação de aperto, passando a apresentar capitais próprios positivos. Vai continuar a tirar partido deste “bónus” fiscal nos próximos anos, mas quando este se esgotar pode voltar a ficar isenta de impostos. Basta cumprir novamente os três critérios exigidos às IPSS.

“A AMMG, no cumprimento das normas internacionais de contabilidade, refletiu nas suas demonstrações financeiras o apuramento de ativos por impostos diferidos no montante de 808,6 milhões de euros”, lê-se no comunicado da instituição sobre os resultados de 2016 (consolidados) e 2017 (individuais). Beneficiando deste crédito, a entidade teve lucros de 587,5 milhões de euros, passando de capitais próprios de -250 milhões para 510 milhões de euros.

"O MGAM desenvolve, a título principal, atividades de natureza comercial, pelo que quanto à determinação da sua matéria coletável para os períodos de 2017 e seguintes.”

Associação Mutualista

Houve uma mudança de estatuto que deverá manter-se, já que Tomás Correia aponta, no comunicado dos resultados, que este regime será aplicado nos “períodos de 2017 e seguintes”. Decidindo deixar de beneficiar destes créditos fiscais, ou melhor, esgotando-se este “bónus”, pode a AMMG voltar a beneficiar da isenção atribuídas às IPSS? Pode.

O ECO questionou o Ministério das Finanças. Fonte oficial explicou que essa é uma possibilidade sempre em aberto. Basta que a Associação queira. Querendo, “é automático”, diz o gabinete de Mário Centeno. Isto, desde que cumpra cumulativamente os três requisitos previstos no Código do IRC.

A isenção de IRC aplicada às IPSS rege-se pelo art.º 10.º do Código aplicado às pessoas coletivas, que define quais são os requisitos necessários para beneficiar deste estatuto. Exige-se que seja uma instituição de utilidade pública, que pelo menos metade dos lucros tenha sido afetada a essa função e que não exista qualquer interesse, direto ou indireto, dos órgãos estatutários nos resultados registados pela entidade.

Cumpridas estas exigências, as IPSS ficam automaticamente isentas do pagamento de qualquer imposto. Mas se falharem qualquer um dos requisitos, passam a ser tributadas como qualquer outra empresa em Portugal.

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Santa Casa e outras IPSS pagam 50 milhões de euros por 2% do Montepio

Negócio está praticamente fechado. A Santa Casa e as outras misericórdias e IPSS vão pagar 50 milhões de euros por 2% do capital do Montepio. Associação mantém avaliação do banco nos 2.400 milhões.

O negócio está praticamente fechado. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e as outras instituições sociais vão ficar com 2% da Caixa Económica Montepio Geral. Por essa fatia “simbólica” vão pagar quase 50 milhões de euros, sabe o ECO. O que corresponde, no final de contas, à avaliação que a Associação Mutualista e Tomás Correia fazem do seu próprio banco.

Dentro deste conjunto de investidores estão, além da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, outras centenas de misericórdias espalhadas pelo país e outras instituições da chamada economia social, incluindo instituições particulares de solidariedade social (IPSS), tal como já havia adiantado o Público.

Para já, não se sabe ainda quantas instituições entram nesta pool, mas serão estes os moldes, segundo conseguiu apurar o ECO: a entrada destes novos acionistas será feita ao preço nominal das ações da Caixa Económica, com o valor unitário de um euro; além disso, a posição que eles vão assumir não vai exceder os 2% de capital do banco. Sucede daqui um investimento que pode chegar aos 48 milhões de euros, com a Santa Casa a assumir protagonismo no negócio.

O Jornal Económico tinha noticiado que cada uma das pequenas mutualistas poderia desembolsar um montante entre 1.000 euros e 10.000 euros. Uma fonte revelou ao ECO que existe a possibilidade deste investimento se situar no intervalo entre 5.000 euros e 10.000 euros, um esforço que está ao alcance das associações de reduzida dimensão.

Embora ainda não esteja concluído, é certo que os termos finais do negócio vão ficar muito longe daqueles que foram discutidos de início: a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa a pagar 200 milhões por 10% do capital da Caixa Económica ou investir 160 milhões por uma participação de 6% no banco, hipóteses que foram levantadas nestes últimos meses.

Por outro lado, para Tomás Correia, apesar do menor interesse assumido pelos parceiros sociais dentro de um banco que queria mais vocacionado para a terceira economia, este negócio faz-se com base num ótimo pressuposto para as contas da associação mutualista que lidera: vende uma pequena parcela do banco, mais pequena do que pretendia, mas fá-lo através de uma operação que não vai implicar o registo de mais imparidades. Acontece que o banco está avaliado, em termos contabilísticos, em cerca de 2.400 milhões de euros, no balanço da mutualista. E é esse o preço que a Santa Casa e as outras instituições vão pagar para ficar com apenas 2%.

De resto, depois de ter já registado imparidades de 350 milhões com o banco, a Associação Mutualista foi obrigada a assumir mais imparidades no ano passado. Segundo foi possível apurar, a Caixa Económica representou quase 150 milhões de euros dos 230 milhões de euros de imparidades adicionais que a instituição registou no ano passado, conforme anunciou esta segunda-feira a mutualista num curto comunicado onde informa sobre as contas consolidadas de 2016 e as contas individuais de 2017.

Tal como o ECO já tinha noticiado em primeira mão, a Associação Mutualista beneficiou de créditos fiscais para dar a volta aos seus capitais próprios que estavam negativos em 250 milhões de euros em 2016 e passaram a positivos em mais de 500 milhões em 2017. E tudo graças ao contributo de 830 milhões de euros de créditos fiscais autorizados pelo Ministério das Finanças.

As contas consolidadas de 2016 e as contas individuais de 2017 ainda não tiveram a aprovação do conselho geral da Associação Mutualista, que reuniu-se esta segunda-feira. Foi agendado um novo encontro para a próxima semana, tendo em vista a votação final da parte dos associados na assembleia geral de 28 de março.

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Associação Montepio perdeu sete mil associados em 2017

A Associação Mutualista Montepio perdeu sete mil associados em 2017, ano que foi particularmente sensível para o grupo. Ainda assim, a mutualista obteve receitas de 230 milhões dos seus sócios.

O número de associados da Associação Mutualista Montepio decresceu 1,5% em 2017, naquilo que traduz na perda de sete mil associados num ano particularmente sensível para o grupo.

A mutualista fechou assim o ano passado com 625 mil associados, mantendo-se como a maior associação mutualista em Portugal.

Em comunicado, a instituição diz que as receitas associativas cresceram 234 milhões de euros, para 711 milhões de euros, “fruto da dinâmica do relacionamento associativo obtido através da rede dedicada de gestores mutualistas e do contributo da rede de balcões da Caixa Económica Montepio Geral”.

A mutualista liderada por Tomás Correia apresentou esta segunda-feira as contas consolidadas de 2016 e as contas individuais de 2017, as quais esperam aprovação dos associados na próxima assembleia geral do dia 28 de março.

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Montepio fecha 2016 com capitais próprios negativos em 250 milhões. Finanças ajudam com crédito fiscal de 800 milhões

A Associação Mutualista Montepio fechou 2016 com capitais negativos em 251 milhões. Créditos fiscais de 800 milhões permitiram que contas de 2017 apresentassem capitais positivos em 500 milhões.

A Associação Mutualista Montepio fechou 2016 com capitais próprios negativos em 251 milhões de euros. Ainda assim, os créditos fiscais no valor de 808 milhões de euros permitiram que as contas individuais de 2017 apresentassem a mutualista com capitais próprios positivos em mais de 500 milhões.

“A Associação Mutualista Montepio, no cumprimento das normas internacionais de contabilidade, refletiu nas suas demonstrações financeiras o apuramento de ativos por impostos diferidos no montante de 808,6 milhões de euros“, lê-se no comunicado da instituição onde informa sobre os resultados apurados em 2016 (consolidados) e 2017 (individuais).

“Os resultados apurados em base individual vêm elevar o capital próprio em base consolidada, passando agora para um valor positivo de 510 milhões de euros. A Associação Mutualista Montepio ultrapassa a situação de capitais próprios negativos de 251 milhões de euros apresentada nas contas consolidadas de 2016”, informa a dona do Montepio.

Como avançou o ECO em primeira mão, a instituição liderada por Tomás Correia enviou nas últimas semanas um pedido de informação vinculativa ao Ministério das Finanças para avaliar a possibilidade de deixar de ficar isenta de IRC. Ou seja, a Associação Mutualista pretendia começar a pagar impostos ao Estado. Mas o objetivo final era outro: tirar partido de um regime fiscal que bancos e empresas já usufruem — dos créditos fiscais — e refletir esse efeito fiscal positivo nas suas contas de 2017.

Esta segunda-feira soube-se que as Finanças autorizaram esse pedido. Deste modo, de capitais próprios negativos em 251 milhões de euros em 2016, a Associação Mutualista terminou 2017 com capitais próprios positivos em 510 milhões de euros.

Seguros e banco criam imparidades de 230 milhões

Segundo a mutualista, no exercício de 2017 foi apurado um lucro de 587,5 milhões de euros, um resultado fortemente influenciado por estes créditos fiscais.

Já o ativo líquido teve uma variação positiva de 5,5%. Isto apesar de a instituição ter incorporado “uma posição conservadora na avaliação dos seus ativos, reconhecendo imparidades adicionais” nas participações na Montepio Seguros e na Caixa Económica Montepio Geral no valor de 233,4 milhões de euros.

Sem grande detalhe em relação às demonstrações financeiras, a associação indica ainda que o grau de cobertura de responsabilidades assumidas com os associados ascende a 1,059, acima dos 1,052 registados em 2016, “estando acima dos valores médios de mercado”.

A mutualista liderada por Tomás Correia apresentou esta segunda-feira as contas consolidadas de 2016 e as contas individuais de 2017, as quais esperam aprovação dos associados na próxima assembleia geral do dia 28 de março.

Menos sete mil associados

Por outro lado, o número de associados decresceu 1,5% em 2017, naquilo que traduz na perda de sete mil associados num ano particularmente sensível para o grupo. Fechou assim o ano passado com 625 mil associados, mantendo-se, ainda assim, como maior associação mutualista em Portugal.

No mesmo comunicado, diz que as receitas associativas cresceram 234 milhões de euros, para 711 milhões, “fruto da dinâmica do relacionamento associativo obtido através da rede dedicada de gestores mutualistas e do contributo da rede de balcões da Caixa Económica Montepio Geral”.

(Notícia atualizada às 20h35)

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Carlos Tavares vai acumular cargos de CEO e chairman no Montepio

Será uma solução temporária até que a dona do Montepio encontre um novo CEO com experiência no retalho. Mota Pinto será administrador. Lista vai incompleta para o Banco de Portugal até segunda-feira.

Carlos Tavares vai acumular os cargos de presidente do conselho de administração e de presidente executivo da Caixa Económica Montepio Geral, sabe o ECO. Nuno Mota Pinto, indicado inicialmente por Tomás Correia para as funções de CEO do banco, será “despromovido” a administrador executivo. A lista dos nomes da nova administração do banco seguirá para o Banco de Portugal até à próxima segunda-feira. Mas ainda está incompleta.

Ao que o ECO apurou, a acumulação de funções por parte do antigo presidente da CMVM será transitória. O Jornal Económico já tinha avançado que Tavares seria chairman do banco, em substituição do primeiro nome proposta, o de Francisco Fonseca da Silva, chumbado pelo Banco de Portugal por ter relações comerciais com o próprio banco. Com este novo modelode governação, a Associação Mutualista, dona do banco, cria uma solução temporária que permite ganhar tempo até encontrar um novo CEO com um perfil diferente do de Nuno Mota Pinto: isto é, com maior experiência na banca de retalho.

Em princípio, o Banco de Portugal não vai opor-se a este cenário. Até porque ainda há pouco mais de um ano foi o próprio Banco Central Europeu (BCE) a autorizar que António Domingues pudesse vir a assumir funções de CEO e chairman na Caixa Geral de Depósitos durante seis meses. Assim, se o regulador máximo aceita, então Carlos Costa também deverá ir pela mesma bitola: Tomás Correia terá meio ano para selecionar um novo presidente da Comissão Executiva.

Quanto a Nuno Mota Pinto, esta “despromoção” para administrador executivo face ao cargo para o qual tinha sido apontando desde início (de CEO) tem sobretudo a ver com a falta de vocação do ex-administrador do Banco Mundial para aquilo que é o negócio core da Caixa Económica Montepio: o retalho. E questões relacionadas com incumprimento de crédito pouco ou nada tiveram a ver com isto.

Os nomes seguirão para o Banco de Portugal entre hoje e segunda-feira. Mas será uma lista incompleta porque vão faltar alguns administradores não executivos. Aliás, tanto do lado da Associação Mutualista e como do Banco de Portugal há uma espécie de consenso: não vale a pena fechar a lista sem que os nomes apresentem total credibilidade e confiança dos responsáveis.

O ECO tentou contactar a Associação Mutualista, mas não esteve disponível para responder imediatamente.

Passaram-se quase três meses desde que Tomás Correia anunciou que a atual administração liderada por José Félix Morgado estava de saída. Foi em dezembro passado. Embora não coloque em causa o normal funcionamento do banco, este atraso tem impedido a Caixa Económica de avançar com outras operações de relevo, seja a venda de carteiras de crédito, seja a emissão de títulos de dívida de alta subordinação, como exigido pelo BCE.

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Chineses da CEFC negam que presidente esteja a ser investigado

  • Rita Atalaia
  • 2 Março 2018

A CEFC China Energy, grupo chinês que quer comprar o Montepio Seguros e a Partex, nega que o seu presidente tenha sido detido este ano para interrogatório por suspeita de crimes económicos.

A CEFC China Energy, grupo chinês que quer comprar o Montepio Seguros e a Partex, a petrolífera colocada recentemente à venda pela Fundação Calouste Gulbenkian, nega que o seu presidente esteja a ser investigado. Na quinta-feira, a Reuters avançou que Ye Jianming foi detido este ano para ser alvo de um interrogatório por suspeita de crimes económicos.

Num comunicado publicado no site da empresa e citado pela Reuters, a CEFC China Energy diz que as notícias que dão conta da investigação ao presidente do grupo chinês “não têm fundamento”, sem avançar mais detalhes.

Ye Jianming, fundador e presidente da CEFC China Energy, foi detido este ano para ser alvo de um interrogatório, avançou uma fonte próxima do processo citada pela Reuters. A mesma fonte não disse, contudo, que autoridades estavam envolvidas e se a investigação ainda decorria.

As ações foram penalizadas pelas notícias. A CEFC Anhui International Holding, a subsidiária da CEFC China Energy que está cotada em bolsa, chegou a cair 10% durante a sessão. Esta sexta-feira, a empresa recuou quase 4%.

A CEFC China Energy tem feito várias apostas em Portugal, nomeadamente na Partex, mas também no Montepio Seguros. Ao ECO, a empresa reiterou o compromisso em comprar uma participação de 60% no ramo segurador do banco ainda liderado por Félix Morgado, garantindo que “não há obstáculos” na comunicação com o regulador.

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Presidente do grupo chinês que quer o Montepio Seguros e a Partex está a ser investigado por crimes económicos

  • Rita Atalaia
  • 1 Março 2018

Ye Jianming, fundador e presidente da CEFC China Energy, empresa que quer ficar com o Montepio Seguros e Partex, foi detido para interrogatório por suspeita de crimes económicos.

O presidente da CEFC China Energy, grupo chinês que quer comprar o Montepio Seguros e a Partex, está a ser investigado por suspeita de crimes económicos. Isto depois de a empresa ter assegurado ao ECO que mantém o compromisso em adquirir uma participação de 60% no ramo de seguros do banco português, “não havendo obstáculos” nas negociações com o regulador.

Ye Jianming, fundador e presidente da CEFC China Energy, empresa que também se mostrou interessada em ficar com a Partex, a petrolífera colocada recentemente à venda pela Fundação Calouste Gulbenkian, foi detido este ano para ser alvo de um interrogatório, avança uma fonte próxima do processo citada pela Reuters. A mesma fonte não disse, contudo, que autoridades estão envolvidas e se a investigação ainda decorre.

As ações foram penalizadas pelas notícias. A CEFC Anhui International Holding, a subsidiária da CEFC China Energy que está cotada em bolsa, chegou a cair 10% durante a sessão.

Contactada pela Reuters, a CEFC China Energy não respondeu aos pedidos de comentário sobre a investigação. Isto depois de os chineses da CEFC Energy Company Limited terem garantido ao ECO que “não há obstáculos” nas discussões com o regulador para a compra de uma participação de 60% no Montepio Seguros, salientando que tem mantido uma “comunicação frequente”.

Depois de ter sido avançado que o grupo tinha deixado esta operação em stand by, a CEFC veio agora reforçar ao ECO a ideia de que mantém o compromisso e que está preparada “para dar o próximo passo” neste processo, sem especificar qual será este passo.

(Notícia atualizada às 11h18 com a reação das ações)

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Dona do Montepio quer ter créditos fiscais para equilibrar contas

Associação Mutualista Montepio Geral quer beneficiar de créditos fiscais, tal como os bancos e as empresas já usufruem. Vantagem fiscal equilibraria capitais nas contas de 2017.

A Associação Mutualista Montepio Geral está a estudar a possibilidade de também beneficiar de créditos fiscais, tal como acontece com bancos e empresas, com o objetivo de equilibrar as contas do grupo que em 2016 terão resultado em 300 milhões a 350 milhões de euros em capitais próprios negativos, sabe o ECO. Já terá sido enviado um pedido de informação vinculativo ao Ministério das Finanças para examinar esta possibilidade.

O que acontece até agora é que, como IPSS, a Associação Mutualista Montepio Geral está isenta do pagamento de impostos. Mas também não pode tirar partido de um regime que bancos e empresas já usufruem: o dos créditos fiscais. Em termos práticos, em cima da mesa está a possibilidade de a própria mutualista renunciar ao regime de isenção fiscal para passar a pagar também ela impostos. Mas isto sem alterar a sua natureza de instituição social.

Já terá sido enviado um pedido de informação vinculativa às Finanças para assegurar que não há qualquer obstáculo a este processo. Esta opção só avançará a partir do momento em que houver luz verde do Terreiro do Paço. O Ministério das Finanças recusou comentar esta informação por dever de sigilo fiscal.

Seja como for, nada está ainda decidido e fechado neste momento. Em boa verdade, as discussões dentro da Associação Mutualista Montepio ainda não passaram do simples plano teórico e os técnicos que estão a trabalhar neste dossiê podem até chegar à conclusão de que não é viável seguir este caminho. Mas querem deixar esta porta aberta.

Dentro de alguns dias haverá nova reunião extraordinária do Conselho Geral da associação e mais detalhes poderão ser anunciados nessa altura.

O ECO confrontou a Associação com estas informações, mas ainda aguarda resposta.

Qual o impacto deste “efeito fiscal”?

Na reunião informal desta quarta-feira, que juntou os 21 conselheiros da associação, não foram avançados dados concretos em relação ao efeito que poderá ter nas contas da associação, segundo apurou o ECO.

Ainda assim, depois de 2016 ter terminado com um défice nos capitais próprios entre 300 e 350 milhões de euros naquilo que são as contas consolidadas da mutualista, conforme avançou o Público, é expectável que esta solução produza um efeito fiscal que venha a corrigir a insuficiência nos capitais da associação… ao ponto de se repor um cenário de equilíbrio entre passivo e ativo nas contas consolidadas de 2017. Isto é, o património da associação liderada por Tomás Correia passaria a igualar as responsabilidades, algo que não acontece neste momento.

Assim, além do efeito fiscal positivo, a associação aproveitaria o “efeito calendário” para apresentar resultados mais positivos. Isto porque as contas consolidadas de 2016 (onde deverão registar os tais capitais próprios negativos à volta dos 300 milhões de euros) deverão ser aprovadas na assembleia geral marcada para o final de março. Mas logo a seguir seriam apresentadas as contas consolidadas de 2017, mas já com um enquadramento mais favorável.

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Montepio: Costa diz que Santa Casa existe “para servir os pobres”. Para Negrão, “é o Robin dos Bosques ao contrário”

Enquanto o novo líder parlamentar do PSD afirma que a entrada da Santa Casa no Montepio "é tirar dinheiro dos pobres para pôr nos bancos", para Costa, esta entidade continua a "servir os pobres".

António Costa defende que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) existe “para servir os pobres”. Para o primeiro-ministro, é uma instituição com “elevada liquidez” e deve usá-la para servir quem mais precisa. Mas, para Fernando Negrão, esta entidade é um “Robin dos Bosques ao contrário”. O novo líder parlamentar do PSD mostra-se totalmente contra a entrada da Santa Casa no Montepio.

A Santa Casa de Misericórdia de Lisboa existe para servir os pobres. As fontes de rendimento são muito diversificados”, responde António Costa no debate quinzenal, destacando que uma dessas fontes é o monopólio do jogo, o que lhe dá “elevada liquidez”. Essas receitas devem ser aplicadas em instrumentos que multipliquem a receita para servir os pobres, argumenta o primeiro-ministro.

Para António Costa, “se for um bom investimento é desejável que seja feito. Se não for um bom investimento é desejável que não seja feito”, concluiu, rejeitando “precipitar-se” numa opinião antes de ter acesso à auditoria. “A administração do Banco de Portugal, consultada, não demonstrou uma apreciação negativa”, disse, revelando ainda que há “outras instituições do terceiro setor que têm demonstrado interesse em participar nesta operação”.

"[A entrada da Santa Casa no Montepio] faz-me lembrar o Robin dos Bosques, mas ao contrário. É tirar dinheiro aos pobres para pôr nos bancos, o que não parece nada bem.”

Fernando Negrão

Líder parlamentar do PSD

Mas esta posição não é partilhada por Fernando Negrão. Na sua primeira intervenção enquanto líder parlamentar do PSD, afirma que a entrada da SCML no Montepio faz “lembrar o Robin dos Bosques, mas ao contrário. É tirar dinheiro aos pobres para pôr nos bancos, o que não parece nada bem”.

“Somos contra [a entrada da Santa Casa no Montepio] e eu diria em qualquer circunstância. Rui Rio já disse que era contra esta operação. Esta é uma operação de grande risco”, afirmou Fernando Negrão.

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Tomás Correia “muito convicto” de que banco da economia social vai avançar

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2018

O presidente da Associação Mutualista diz estar "muito convicto" de que o banco de economia social vai avançar. Tomás Correia diz que "será decisivo para o país".

O presidente da associação mutualista Montepio Geral, António Tomás Correia, disse estar “muito convicto” de que o banco de economia social vai avançar.

“Acredito que um banco detido por instituições da economia social que sirva a economia social, mas que sirva também outros setores da economia, as micro, as pequenas e as médias empresas, as famílias, os setores mais inovadores, é decisivo para o país”, afirmou Tomás Correia aos jornalistas, à margem de uma conferência em Lisboa, vincando: “Isto vai acontecer, estou muito convicto”.

Tomás Correia disse estar “pouco preocupado com quem entra ou não entra”, defendendo que quer ter no futuro como grupo financeiro “todos os parceiros da economia social”, independentemente do valor da sua participação. O presidente da mutualista assumiu que o banco de economia social “não vai beneficiar fundamentalmente o Montepio, pelo contrário”.

"Acredito que um banco detido por instituições da economia social que sirva a economia social, mas que sirva também outros setores da economia, as micro, as pequenas e as médias empresas, as famílias, os setores mais inovadores, é decisivo para o país.”

Tomás Correia

Presidente da Associação Mutalista

“Temos aqui uma plataforma que está bem capitalizada, com níveis de liquidez interessantíssimos e estamos disponíveis para colocar esta plataforma ao serviço de uma ideia para o país, não é para o Montepio”, sublinhou.

Sobre a polémica que envolve o candidato a presidente executivo Nuno Mota Pinto, que terá uma dívida à banca, pela qual esteve na lista de devedores do Banco de Portugal até dezembro, Tomás Correia não quis comentar.

“Deixemos que o regulador faça o seu trabalho, que analise e decida”, disse o presidente do Montepio, acrescentando que está “confiante no nome” indicado. Tomás Correia revelou ainda que os estatutos da caixa económica “já estão aprovados pelo regulador há alguns dias”.

Questionado sobre se se irá candidatar nas próximas eleições em dezembro, o mesmo responsável considerou ser cedo ainda para tomar uma decisão, mas considerou que os candidatos até ao momento “não estão à altura do Montepio”.

 

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