Nova administração do Montepio ainda à espera de ok do BdP

  • Rita Atalaia
  • 21 Fevereiro 2018

O Banco de Portugal ainda está a avaliar a idoneidade da nova administração liderada por Nuno Mota Pinto, garantindo que o processo "decorre atualmente de acordo com o disposto na lei".

O Banco de Portugal (BdP) ainda está a avaliar a idoneidade da nova administração da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), dois meses depois de Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista, ter dito que não contava com Félix Morgado à frente da instituição financeira.

“O processo de avaliação da adequação dos membros dos órgãos sociais da CEMG decorre atualmente de acordo com o disposto na lei”, lê-se na resposta do BdP quando questionado pelo ECO se já assumiu alguma posição sobre a idoneidade da nova equipa.

O supervisor ainda não “proferiu qualquer decisão”, esclarece fonte oficial. A SIC Notícias tinha avançado que o regulador já teria dado o ‘ok’ à administração, podendo esta tomar posse na semana passada, algo que não aconteceu.

O BdP poderá estar à espera de saber como será a estrutura acionista do Montepio antes de tomar uma decisão sobre a nova administração. Ou seja, que a Santa Casa decida se vai, ou não, investir na instituição financeira ainda liderada por Félix Morgado.

"O processo de avaliação da adequação dos membros dos órgãos sociais da CEMG decorre atualmente de acordo com o disposto na lei [não tendo o BdP] proferido qualquer decisão.”

Banco de Portugal

Contactada pelo ECO, a Santa Casa esclarece que ainda não foi tomada qualquer decisão, nem há um prazo para que isso aconteça. Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, tinha indicado, no Parlamento, que a instituição iria tomar uma decisão sobre o investimento no banco Montepio até ao final do mês de janeiro.

Foi em dezembro que Tomás Correia formalizou a decisão de não contar com Félix Morgado na liderança do Montepio, apesar de ainda faltar um ano para o final do mandato — terminava em dezembro de 2018. A Associação Mutualista anunciou depois que tinha escolhido Nuno Mota Pinto para assumir a presidência do banco, por ter o “perfil requerido para a execução da estratégia definida”. A restante equipa conta também com Pedro Ventaneira, antigo diretor de risco do banco Haitong, João Rosete, diretor comercial do Novo Banco, e Helena Soares Moura, jurista da seguradora Ageas.

Esta quarta-feira, o Público avança que dois membros do conselho geral da Associação Mutualista questionam as condições da nova gestão para gerir o Montepio. Em causa estão alegados créditos em atraso, que constavam, até dezembro passado, das listagens do Banco de Portugal. A denúncia partiu de Carlos Areal e Viriato Silva, que fazem parte de uma lista opositora a Tomás Correia, que não especificam a quem se referem.

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Chineses deixam seguros do Montepio em stand-by. Apostam na Partex

Grupo CEFC China Energy pretende acelerar compra da petrolífera Partex à Fundação Calouste Gulbenkian e deixou para segundo plano a entrada no negócio segurador da Associação Mutualista Montepio.

Os chineses da CEFC China Energy deixaram em “stand-by” o negócio segurador do Montepio para dar total prioridade à compra da Partex, a petrolífera colocada recentemente à venda pela Fundação Calouste Gulbenkian, sabe o ECO. Mas há dentro da Associação Mutualista Montepio Geral quem veja nesta decisão os sinais de que o grupo chinês já terá desistido por completo da aquisição da Montepio Seguros.

Ao que o ECO apurou, o negócio entre chineses e Tomás Correia, presidente da associação mutualista, está neste momento suspenso. Isto porque a CEFC China Energy encontrou outra oportunidade de investimento em Portugal, a Partex, que se tornou uma prioridade para os chineses assim que a Fundação Calouste Gulbelkian anunciou publicamente a intenção de vender 100% do seu negócio petrolífero no início de fevereiro.

Em cima da mesa está um aumento de capital na Montepio Seguros no valor de 150 milhões, a ser totalmente subscrito pelo grupo chinês, que deverá passar a deter 60% daquela seguradora. Nestes termos, o negócio segurador da mutualista estaria avaliado em cerca de 250 milhões de euros.

Ainda que o negócio possa estar, para já, em segundo plano na perspetiva chinesa, há dentro da mutualista quem veja as coisas de uma perspetiva mais negativa: que a CEFC China Energy já não estará sequer interessada em concretizar a compra de uma participação maioritária na Montepio Seguros, que inclui a Lusitânia Seguros, a Lusitânia Vida e a N Seguros, segundo confessou uma fonte contactada pelo ECO.

Aliás, mesmo do lado português há algumas reservas em relação aos termos da entrada dos chineses no Montepio, cujo acordo foi tornado público em novembro.

As dúvidas residem sobretudo no impacto em termos de imparidades nas contas da Associação Mutualista que o negócio poderá implicar caso seja o mesmo concretizado nos moldes acordados com a CEFC China Group, em novembro passado.

O tema de que o grupo chinês já estará com outra agenda para os investimentos em Portugal chegou mesmo à última reunião informal do conselho geral da mutualista, realizada esta sexta-feira, embora este dossiê esteja completamente nas mãos de Tomás Correia.

O acordo entre a mutualista e chineses estava praticamente fechado há quatro meses, isto no seguimento de uma parceria estratégica assinada em setembro entre as duas instituições. Na altura, faltava então a luz verde do regulador, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), e também do conselho geral da Associação Mutualista Montepio Geral.

Contactada pelo ECO, a ASF não respondeu em tempo útil para perceber se já deu aval à operação. Também a Associação Mutualista foi contactada, mas não deu uma resposta até à publicação deste artigo.

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Vieira da Silva diz que Santa Casa entrar no Montepio é como “investir em imóveis e arte”

  • Rita Atalaia
  • 19 Fevereiro 2018

O ministro do Trabalho garante que investimento da Santa Casa no Montepio não é "desbaratar ativos". Trata-se de "alocar a investimentos de outra natureza", assim como já aposta em casas e quadros.

O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social considera que a aposta da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no setor financeiro é um investimento comparável à compra de casas e quadros. Uma aposta que, segundo Vieira da Silva, não afetará a capacidade de intervenção da Santa Casa na ação social, colocando no topo das prioridades acautelar os interesses desta entidade. Sobre a decisão em relação a este investimento no banco liderado por Félix Morgado, o ministro garante: “ainda não está tomada”.

“A participação financeira representará sempre um ativo da SCML. Assim, não se tratará de desbaratar ativos, mas sim os alocar os investimentos de outra natureza“, garante o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social numa resposta a várias questões colocadas pelos deputados do grupo parlamentar do CDS-PP. Isto “da mesma forma que a SCML investiu em património imobiliário e coleções de arte”, acrescenta.

Para Vieira da Silva, a possível entrada da Santa Casa no Montepio “pode ser um contributo para o setor social, atendendo a que esta última é detida, na totalidade, por entidades da economia social. A ser realizado, este investimento deve ser analisado, não a curto, mas a médio e longo prazo”.

Isto porque esta aposta “não se trata apenas de um investimento de natureza meramente financeira”, pois poderá “contribuir para o reforço de uma entidade financeira de natureza social”, referiu o ministro quando questionado se o Montepio não precisa de capital, então porque se colocou a questão de fazer este negócio.

Para quando a decisão? “Ainda não está tomada”

Ao longo da resposta do Ministério às questões dos deputados, é por várias vezes referido que a Santa Casa ainda não tomou uma decisão sobre este investimento. “A decisão não está tomada, o processo está em curso”, refere Vieira da Silva.

Nem está ainda definido o valor final. “A SCML colocou o limite máximo do investimento em 10% do capital da CEMG. Ou seja, o montante limite corresponderia a 10% de dois mil milhões de euros, se fosse esse o capital da CEMG”.

E, como as as ações do Montepio não estão no mercado, “não existe um referencial imediato para determinar o valor de cada ação. Assim, o valor referido representa o valor que aquela entidade financeira entende que cada ação vale neste momento. Isto é, o valor de referência é o valor contabilístico assumido pela MGAM [Associação Mutualista Montepio Geral] para a CEMG”.

"A decisão não está tomada, o processo está em curso, o valor final não está definido.”

Vieira da Silva

Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, disse no Parlamento que ainda persistem dúvidas, “se não tivéssemos já teríamos decidido”. E explicou que as dúvidas se colocam “não pelo interesse estratégico” que a operação possa ter, mas pelas condições em que pode vir a ser concretizada. O provedor disse também que a Santa Casa tomaria uma decisão sobre este investimento até ao final de janeiro, mas o mês terminou sem que houvesse novidades.

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Afinal, quem aumentou mais as comissões bancárias?

  • Rita Atalaia
  • 15 Fevereiro 2018

Comissões, comissões e... mais comissões. Renderam 1.876 milhões aos principais bancos no ano passado, com o BCP a ser o banco que mais arrecadou, seguido da CGD. Quem aumentou mais? O Montepio.

Os bancos têm vindo a aumentar comissões à procura de receitas. Desde as mais simples, como as de manutenção de conta, aos custos relacionados com o crédito à habitação. No espaço de apenas um ano, houve um aumento médio de 5% nas comissões líquidas, mas esta variação esconde aumentos de apenas 3% e outros que chegam aos 15%.

Os cinco principais bancos a operar no mercado nacional captaram 1.876 milhões de euros em comissões durante o ano passado, num bolo em que a maior fatia foi obtida através dos clientes particulares. Houve um aumento de praticamente 100 milhões de euros, levando a que a cada dia que passou as instituições financeiras tivessem obtido 5,14 milhões de euros.

Fonte: Bancos | Valores em euros

O aumento médio nas receitas com comissões foi de cerca de 5%, mas houve quem tenha aumentado muito mais: três vezes mais. É o caso do Montepio. O banco liderado por Félix Morgado definiu no plano estratégico aumentar as comissões como fonte de geração de receita. E foi o que fez: as receitas subiram 15,3% para 117 milhões, “beneficiando da dinâmica comercial na adequação do preçário à proposta de valor do grupo”. Apesar deste aumento, foi o banco que arrecadou menos em comissões.

Fonte: Caixa Económica Montepio Geral

Foram os bancos que menos subiram comissões que conseguiram arrecadar mais dinheiro, o que se justifica pela base de clientes que é bastante superior. O BCP, que aumentou 3,6% as comissões líquidas, foi o que arrecadou mais dinheiro: 666,7 milhões de euros. Uma subida “impulsionada pelo desempenho da atividade internacional, principalmente da operação na Polónia”, de acordo com o banco.

A CGD, que tem estado em foco devido ao aumento das comissões bancárias, nomeadamente para os jovens e os mais idosos, revelou um aumento de 3% das comissões líquidas, para 465 milhões — mas a subida “fica muito aquém” em comparação com os anos da crise e com os concorrentes, disse o presidente do banco público, Paulo Macedo, durante a apresentação dos resultados para 2017.

Espanhóis aumentam mais

Olhando para os bancos espanhóis, os aumentos das comissões rondam os 8%. No caso do Santander Totta, este cobrou 331,1 milhões de euros em comissões em 2017, mais 25,4 milhões do que em 2016.

Quanto ao BPI, o banco liderado por Pablo Forero registou um aumento nas comissões líquidas de 8,3%. Mas nas comissões bancárias, aquelas que são efetivamente cobradas aos clientes particulares, esta subida foi menos pronunciada: 4,4%. Uma evolução que permitiu à instituição financeira arrecadar 180 milhões de euros no ano passado. No total, estas receitas ascenderam a 297 milhões.

Fonte: BPI

Aumentos futuros? Nem todos

Comissões, comissões… e mais comissões. Alguns dos bancos não afastam a possibilidade de virem a aumentar ainda mais o que cobram aos clientes. É o caso do BCP. Na apresentação das contas, Nuno Amado afirmou que as comissões estão “estáveis em Portugal”, mas que estas podem vir a subir este ano. “É possível que em 2018 haja algum aumento de comissões”, disse o presidente da entidade.

É possível que em 2018 haja algum aumento de comissões.

Nuno Amado

Presidente do BCP

No caso da CGD, os clientes entre os 26 e os 29 anos vão deixar de estar isento da cobrança de comissão de manutenção de conta a partir de maio. E quem fizer levantamentos ao balcão com a caderneta vai passar a pagar um euro.

Mas o presidente do banco estatal não prevê mais alterações este ano. “Temos claramente a intenção de aumentar o volume de comissões, mas não de alterar o preçário este ano”, esclareceu o gestor na apresentação das contas, reforçando a ideia de que a instituição financeira “continua a ter o maior número de isentos no país e a não cobrar qualquer valor nos serviços mínimos bancários”.

O Santander Totta deve seguir o mesmo caminho. António Vieira Monteiro afirmou que as comissões do Totta estão num nível “razoável”, garantindo que a instituição financeira não deve avançar com mais alterações neste âmbito. Mas relembrou que é o mercado que vai determinar se o banco volta a mexer nas comissões.

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Morgado garante que Montepio não tem problemas de capital

  • Lusa
  • 8 Fevereiro 2018

Presidente do Montepio diz que banco vai emitir este ano entre 200 e 250 milhões de euros de dívida para cumprir orientações europeias.

O presidente da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) disse esta quinta-feira que o banco não tem problemas de capital e que irá emitir este ano entre 200 e 250 milhões de euros de dívida para cumprir orientações europeias.

“O que a Caixa [Económica] tem previsto é, na sequência de recomendações da Autoridade Bancária Europeia [EBA] e como outros bancos já fizeram, a colocação de obrigações subordinadas”, afirmou à Lusa o presidente do banco Montepio, Félix Morgado.

O gestor estimou entre “200 a 250 milhões de euros” o montante de dívida que o banco Montepio irá emitir este ano, referindo que este servirá para cumprir a recomendação da EBA, que obriga os bancos a terem várias qualidades de capital, e ainda para substituir parcialmente uma emissão de dívida que vence no segundo trimestre.

Félix Morgado destacou a melhoria dos rácios de solvabilidade com que o banco fechou 2017 – rácio de capital Common Equity Tier 1 (CET1) de 13,5% e rácio de capital total de 13,6% – para considerar que a Caixa Económica Montepio Geral tem uma situação sólida.

“Estes rácios demonstram que aquilo que se tem falado de necessidades de capital da Caixa Económica Montepio Geral não tem aderência à realidade”, vincou.

As melhorias conseguidas nos rácios de capital em 2017, deveram-se ao aumento de capital feito em meados do ano passado pela Associação Mutualista Montepio Geral (único acionista da CEMG), à “geração orgânica de capital” e à “redução dos ativos ponderados pelo risco”, disse o gestor.

O banco Montepio anunciou hoje que conseguiu lucros de 30,1 milhões de euros em 2017, que comparam com os prejuízos de 86,5 milhões de euros de 2016.

Há meses que se fala na possibilidade de a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa entrar no capital do banco Montepio, mas ainda nada aconteceu. As últimas informações dão conta de que decorre um estudo da Santa Casa ao Montepio para avaliar o valor do eventual investimento.

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Montepio regressa aos lucros. Ganha 30 milhões em 2017

Menos imparidades para crédito problemático e disparo nas comissões explicam regresso do banco aos lucros. Montepio fechou 2017 com resultado líquido de 30 milhões de euros.

A Caixa Económica Montepio Geral regressou aos lucros no ano passado. O banco liderado por José Félix Morgado registou um resultado líquido de 30,1 milhões de euros em 2017. Menos imparidades para crédito e aumento das receitas com comissões ajudam a explicar esta inversão nos resultados, depois dos prejuízos de 86 milhões em 2016.

Mais concretamente, o banco da Associação Mutualista Montepio Geral obteve um lucro de 30,1 milhões de euros, num ano de melhoria evidente na vertente comercial: isto é, aumentou as receitas. E muito.

Por exemplo, a margem financeira — que resulta da diferença entre os juros recebidos nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos — aumentou 4% para 263,9 milhões de euros, “suportada da redução dos custos dos depósitos a prazo e da dívida emitida”, explica o Montepio na demonstração de resultados publicada esta quinta-feira.

Adicionalmente, os ganhos com comissões dispararam 15% para os 117 milhões de euros, resultado do agravamento das taxas de comissionamento do banco no ano passado, como aquelas que estão previstas no crédito para compra de habitação.

Feitas as contas, o produto bancário aumentou 36% para 505,2 milhões de euros.

Por outro lado, a Caixa Económica Montepio também observou melhorias nos custos operacionais, que caíram 5,5% para 268,3 milhões de euros, “refletindo impactos do redimensionamento do quadro de colaboradores e das sinergias ao nível dos fornecimentos e dos serviços externos”. Os custos com pessoal baixaram 5,5% para 156,4 milhões.

Outras poupanças resultaram também do facto de o banco ter colocado menos dinheiro de lado para fazer face a imparidades de crédito e de outros ativos financeiros. As imparidades para crédito problemático reduziram-se em 25% para apenas 138 milhões, face aos 182,5 milhões registados há um ano nesta rubrica.

Depósitos aceleram e qualidade do crédito melhora

A Caixa Económica destaca ainda o “forte crescimento dos depósitos de clientes na segunda metade de 2017″, um desempenho que permitiu atingir depósitos de 12.561 milhões de euros, traduzindo um aumento de quase 1% face a 2016, “refletindo o reforço da dinâmica comercial imprimida até final do ano” passado.

Em sentido contrário, o crédito concedido a clientes baixou cerca de 1.000 milhões de euros, passando dos 15 mil milhões para os 14 mil milhões.

De resto, 2017 foi um ano de melhoria da qualidade dos empréstimos do banco, “sustentada na redução do custo do risco de crédito” em 25 pontos base, “beneficiando das alterações introduzidas na política de análise de risco para a concessão de crédito”.

Tal como já tinha anunciado, o banco fechou 2017 cumprindo os rácios de força financeira exigidos pelo Banco Central Europeu (BCE). O rácio de capital Common Equity Tier 1 subiu no ano passado para 13,5%.

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Governo passa supervisão da Associação Montepio para o regulador dos seguros

Regulador dos seguros vai ter funções de supervisão financeira das mutualistas de grande dimensão, como a Associação Mutualista Montepio Geral. E quem vai inspecionar os produtos das mutualistas?

As grandes mutualistas, como a Associação Mutualista Montepio Geral, vão passar a responder perante a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundo de Pensões (ASF), apurou o ECO. É desta forma que o Governo tenta preencher o vazio de supervisão que existe em relação à atividade financeira destas instituições sociais que escapa ao controlo dos reguladores financeiros e à tutela administrativa do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS).

Esta mudança faz parte da revisão do Código das Associações Mutualistas (CAM), cujo anteprojeto o MTSSS coloca, a partir desta sexta-feira, em consulta pública, adiantou fonte governamental.

Para fazer face a essa ausência de supervisão, será criado um novo regime de autoridade de supervisão financeira, ao qual ficam sujeitas as associações mutualistas de grandes dimensões, que apresentem um volume de quotas acima de cinco milhões de euros e fundos superiores a 25 milhões. Esse é o caso da Associação Mutualista Montepio Geral e de um número residual de outras mútuas que o Governo se encontra ainda a apurar e que passarão a ser supervisionadas pelo regulador dos seguros liderado por José Almaça.

Atualmente, as mútuas não respondem perante nenhum supervisor, isto apesar de captarem poupanças junto dos seus associados e de procederem às respetivas aplicações em produtos mutualistas que, em muitos casos, apresentam grandes semelhanças com produtos financeiros vendidos pelos bancos. Só que há diferenças. Por exemplo, o Banco de Portugal inspeciona os produtos financeiros vendidos pelos bancos, mas não controla os produtos mutualistas. Além disso, em termos de garantias, um depósito bancário até 100 mil euros está totalmente protegido pelo Fundo de Garantia de Depósitos, mas os investimentos através das mutualistas não dispõem de qualquer garantia, deixando os associados mais desprotegidos.

Apesar do avanço previsto no anteprojeto, não é ainda claro quem ficará responsável e em que moldes será feita supervisão dos produtos mutualistas, que têm estado no centro das atenções no caso do Montepio. O ECO tentou obter mais esclarecimentos junto do Ministério das Finanças, mas não obteve resposta em tempo útil.

Na verdade, o tema das supervisão financeira das mutualistas ganhou relevância e maior sensibilidade pública e política nos últimos anos com o avolumar de preocupações em torno da sustentabilidade da Associação Mutualista Montepio Geral, liderada por Tomás Correia e que tem procurado reforçar a posição financeira do seu banco Caixa Económica Montepio Geral através de novos acionistas — nomeadamente a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Acima destas dúvidas sobre a solvabilidade, o facto da mutualista de vender produtos — cuja garantia de capital está dependente da solvabilidade da instituição — aos balcões do banco sem qualquer fiscalização apenas veio gerar um risco acrescido para os cerca de 650 mil associados.

Este ano, a associação quer que o banco capte 970 milhões de euros em recursos através de produtos mutualistas. O elevado montante causou apreensão junto do sindicato dos bancários do norte.

Sobre os produtos mutualistas, o código, que vai agora para consulta pública, estabelece que as modalidades devem reger-se pelo princípio do equilíbrio técnico e financeiro. Isto é, cada modalidade deve ter um volume de quotizações correspondente aos benefícios previstos e, no caso de algum défice na modalidade, a mutualista será obrigada a proceder a uma correção seja através de um aumento do volume de quotizações ou de uma diminuição dos benefícios.

Transição de 12 anos

Roma não se construiu num dia. E também as associações mutualistas de grandes dimensões vão ter um largo período de transição para se adaptarem ao novo regime de supervisão que será criado: 12 anos. Fonte do Governo diz tratar-se de um tempo “razoável e adequado”.

Este regime transitório aplica-se às associações mutualistas existentes. Caberá aos serviços da Segurança Social comunicar à ASF as instituições que reúnem os dois requisitos — cinco milhões de quotizações e 25 milhões de fundos. Depois, o regulador tratará de apresentar a sua proposta (se a mútua reúne ou não os requisitos) aos responsáveis do Governo pelas áreas das Finanças e da Segurança Social. No final, só depois da decisão ministerial é que começa a contar o prazo da transição para o novo regime e que a ASF passa a dispor de poderes sobre as associações mutualistas abrangidas pelo regime. E que poderes são esses?

Entre outros, a ASF vai poder exigir às mutualistas um plano detalhado que inclua as fases e medidas essenciais para a adaptação ao novo regime de supervisão dentro do prazo máximo de 12 anos. Além disso, bastará pedir para ter acesso a informações pormenorizadas sobre a situação de determinada associação mutualista e das suas atividades. Verificação de cumprimento de exigências em matéria de provisões técnicas, de requisitos de capital e de avaliação dos elementos do ativo e do passivo também fará parte do leque de novos poderes que serão entregues ao regulador. A ASF também terá a seu cargo a inspeção do sistema de governação e dos riscos a que as associações podem estar expostas.

Em caso de incumprimento destes deveres durante o período transitório, as associações mutualistas ficam impedidas de conceder novas modalidades de benefício de segurança social (ou seja, comercializar novos produtos) ou de permitir novas subscrições de modalidades já existentes.

Além desta mudança de fundo ao atribuir funções de supervisão financeira à ASF, o anteprojeto que revê o Código das Associações Mutualistas vai alterar o modo de funcionamento e a vida destas instituições. Por exemplo, vai passar a existir uma limitação no número de mandatos (três mandatos). Além disso, são introduzidos critérios de elegibilidade mais exigentes para os titulares dos órgãos sociais. Neste caso, as mutualistas dispõem de um ano para adaptarem os seus estatutos às novas normas.

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Carlos César: Santa Casa não pode ser “serviçal do interesse do Estado”

  • ECO
  • 24 Janeiro 2018

A entrada da Santa Casa no Montepio continua a gerar reações por parte de figuras políticas. À TSF, Carlos César, presidente do PS, defendeu que instituição "pode e deve fazer um bom negócio".

O presidente do PS, Carlos César, considera que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não pode ser uma “serviçal dos interesses do Estado”. O socialista falava num programa da rádio TSF acerca da entrada da instituição no capital do Montepio Geral. No entanto, Carlos César considerou que a Santa Casa “pode e deve fazer um bom negócio”.

À rádio, Carlos César afirmou: “A Santa Casa da Misericórdia pode e deve fazer um bom negócio. Não pode, evidentemente, confinar-se a uma posição serviçal do interesse do Estado”. Isto para mais à frente considerar “longe de ser novidade” em Portugal a presença de instituições como a Santa Casa “no setor financeiro”. Para Carlos César, este dossiê é “o último dos casos das desgraças que este Governo recebeu” do PSD/CDS.

Por fim, o presidente do PS disse ver com bons olhos a “contenção” de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, em relação a este tema. E acrescentou uma crítica implícita ao ex-Presidente Cavaco Silva: “É importante que o sr. Presidente da República tenha a contenção que outros Presidentes da República, no passado, não tiveram quando falaram de instituições bancárias e o induziram os portugueses a confiar em produtos e em instituições nas quais não tinham razão para confiar.”

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Montepio recusa fornecer informação para a avaliação pedida pela Santa Casa

  • ECO
  • 17 Janeiro 2018

Final do primeiro trimestre é a data indicada pelo Banco de Portugal para a Caixa Económica Montepio concretizar a separação da marca face à sua acionista, a Associação Mutualista.

A Associação Mutualista não facultou informação sobre a Caixa Económica Montepio aos analistas do Haitong, que ainda não realizaram a sua análise aprofundada (due dilligence) ao banco no âmbito da avaliação independente encomendada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

O jornal Público (acesso pago) revela esta quarta-feira que o banco de investimento terá requerido à associação mutualista presidida por Tomás Correia diversos dados financeiros relacionados com algumas operações do Montepio para uma análise mais completa sobre a situação financeira do banco. O pedido foi recusado com o argumento de que as contas de 2017 ainda não estão fechadas e porque a gestão do banco liderada por Félix Morgado está de saída.

Adicionalmente, a associação mutualista argumentou que uma aquisição de 10% de uma empresa não tem de implicar a realização de uma due dilligence, considerando-se que a informação que se encontra hoje disponível publicamente é suficiente para fazer uma análise de risco adequada.

Fonte oficial da Associação Mutualista clarificou ao Público que “desmente categoricamente quando se afirma que ‘…não disponibilizou informação sobre a CEMG…'” e acrescentou que “não tem quaisquer comentários adicionais a fazer, obrigando-se a respeitar escrupulosamente os acordos contratuais de confidencialidade existentes entre as partes”.

A avaliação é crucial para a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital do Montepio.

Separação da marca até final de março

O Montepio tem até final do primeiro trimestre de apresentar junto do Banco de Portugal medidas adicionais para finalizar a separação da marca face à sua acionista, a Associação Mutualista.

De acordo com o Jornal de Negócios (acesso pago), o supervisor admite que “determinou à Caixa Económica Montepio Geral a apresentação de um plano de ação que assegurasse a separação entre ambas as marcas, de modo a tornar publicamente percetível, de forma clara e inequívoca, as diferenças entre as duas instituições”.

Félix Morgado já apresentou um plano no passado e progressivamente tem vindo a implementar algumas medidas que visam responder às recomendações do Banco de Portugal. Entre outras medidas, em cima da mesa está a distinção das insígnias entre banco e dono — Montepio.

"O Banco de Portugal determinou à Caixa Económica Montepio Geral a apresentação de um plano de ação que assegurasse a separação entre ambas as marcas, de modo a tornar publicamente percetível, de forma clara e inequívoca, as diferenças entre as duas instituições.”

Banco de Portugal

Jornal de Negócios

Ainda assim, continua a ser pouco clara a distinção entre o que são os produtos mutualistas (que se referem ao acionista Associação Mutualista) e os produtos bancários (da Caixa Económica), acabando por criar confusão junto dos clientes do banco.

A supervisão da associação mutualista cabe ao Ministério da Segurança Social, a quem compete também supervisionar a sua atividade e produtos. Já o Banco de Portugal tem vindo a atuar junto do banco de forma a “acautelar, de forma preventiva, o risco de uma perceção incorreta da natureza dos produtos emitidos pela Associação Mutualista por parte dos clientes e do público em geral”.

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Quanto vale o Montepio? Muito menos do que a Associação diz que vale

Quanto vale o Montepio? Tomás Correia avalia o banco em 2.000 milhões. Mas o mercado torce o nariz. Múltiplos apontam para um valor de mercado de 1.300 milhões. E não dão mais do que 1.700 milhões.

Tomás Correia não quer dar descontos, mas investidores torcem o nariz à avaliação que a Associação Mutualista faz do Montepio.Paula Nunes / ECO

Afinal, quanto vale o Montepio? A julgar pelo valor que o mercado está a atribuir ao BCP e ao setor financeiro europeu, o banco da Associação Mutualista deverá valer aproximadamente 1.300 milhões de euros. Até pode estar avaliado em 1.700 milhões, nas melhores estimativas. Mas, seja como for, os investidores torcem o nariz à avaliação que Tomás Correia faz da Caixa Económica: 2.000 mil milhões de euros. É muito dinheiro e a Santa Casa já disse que vai querer um desconto.

À espera da avaliação independente do Haitong, que deverá trazer maior clareza em relação àquilo que a Santa Casa poderá investir no Montepio, a Associação Mutualista tem já um valor fixado pelos 10% do banco que quer alienar à instituição liderada por Edmundo Martinho: 200 milhões de euros. E Tomás Correia parece pouco disponível para rever esta avaliação que tem implícita uma regra de três simples — se o banco está contabilizado no balanço da Mutualista em cerca de 2.000 milhões de euros, logo 10% custam 200 milhões. Simples? Não é bem assim.

Fontes do mercado explicaram ao ECO que valor contabilístico do Montepio não é o indicador mais razoável para calcular o valor justo do banco. Isto porque o valor patrimonial resulta de uma avaliação que a própria associação fez do banco num determinado momento no tempo. Além disso, também incorpora ativos intangíveis (como a marca e reputação, por exemplo) e que são de difícil mensuração, trazendo subjetividade a um exercício de avaliação de uma empresa.

Alternativamente, o mercado recorre com frequência a indicadores financeiros mais objetivos para isolar essa análise de elementos de dúvida. Desse modo, os investidores conseguem comparar determinada empresa com a avaliação que se faz dos pares: são os chamados múltiplos. Foi esse exercício que fizemos, com a ajuda de analistas.

Afinal, quanto vale?

Um analista esclareceu que o total dos capitais próprios do Montepio “é um bom proxy, uma boa aproximação ao valor do banco em termos daquilo que está a ser negociado nos mercados”. “Mas depois há muitas especificidades em cada banco, e isso pode fazer toda a diferença”, sinalizou a mesma fonte. Ou seja, este exercício também não está isento de “impurezas”.

Em todo o caso, essa informação está disponível na demonstração de resultados trimestrais do banco — aliás, é com base em dados na sua maioria já conhecidos que os especialistas do Haitong estão a fazer a sua análise. O Expresso revelou que não foi feita qualquer due dilligence, um procedimento habitual nestas avaliações e que iria permitir verificar toda e qualquer informação financeira.

Adiante. A 30 de setembro, o total dos capitais próprios do Montepio situava-se nos 1.764 milhões de euros. A partir deste valor é possível comparar com o BCP, por exemplo, que está cotado na bolsa portuguesa. O banco liderado por Nuno Amado apresentava-se na mesma data com capitais próprios de cerca de seis mil milhões de euros. Mas os investidores avaliam-no em apenas 4,3 mil milhões. Isto quer dizer que o mercado dá apenas 72% pelo banco face ao total dos capitais próprios, incorporando um múltiplo de 0,72.

Se aplicássemos o múltiplo do BCP ao Montepio, o banco da mutualista apresentar-se-ia com uma avaliação de 1.270 milhões de euros se estivesse cotado na bolsa. E, nesse caso, os 10% custariam aos cofres da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa aproximadamente 127 milhões de euros — acima, ainda assim, do teto de 75 milhões estabelecido pelo parecer não vinculativo da Santa Casa que recomenda que a Misericórdia não aplique mais do que 10% do seu ativo de 743 milhões de euros num único investimento.

Múltiplos para Santa Casa ver

Fonte: BCP e Reuters

Na Europa, o setor da banca está a negociar com um múltiplo mais alto, de 0,87 — o que na prática quer dizer que os investidores avaliam o setor a um nível mais próximo dos capitais próprios. Num exercício semelhante, este múltiplo europeu aplicado ao Montepio permitiria chegar a um valor de mercado de 1.500 milhões de euros. E, comparando com o setor espanhol, o múltiplo de 0,97 daria uma avaliação de 1.700 milhões de euros à Caixa Económica, a melhor avaliação de todas.

Explicou uma fonte do setor ao ECO: “Aplicando o múltiplo do BCP e da média espanhola e europeia, conseguimos ter uma amplitude razoável relativamente à avaliação do banco”. A Santa Casa decide até final do mês.

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Bancos passam no teste do BCE. Novo Banco não foi a exame

  • Rita Atalaia
  • 15 Janeiro 2018

CGD, BCP, BPI, Santander e Montepio revelaram os resultados do teste à sua solidez. Todos passaram no exame do BCE. O carimbo de banco de transição deixou o Novo Banco de fora desta avaliação.

O Banco Central Europeu (BCE) levou os bancos europeus a exame. Os portugueses — excluindo o Novo Banco por ser uma instituição financeira de transição — não faltaram à chamada, nem chumbaram no teste. CGD, BCP, BPI, Santander e, finalmente, o Montepio demonstraram, todos, uma solidez acima do mínimo exigido, tendo uns notas melhores do que os outros. E, apesar de não serem obrigados a comunicá-lo, vieram publicamente dar esse sinal ao mercado, procurando conquistar a confiança de investidores e aforradores.

O BPI foi o primeiro a revelar os resultados do Supervisory Review and Evaluation Process, ou simplesmente SREP, ainda em dezembro. Mas, apesar de tal como os restantes bancos do sistema, ter passado, não foi aquele que conseguiu a melhor nota — avaliando o diferencial entre o rácio Common Equity Tier 1 (CET1) faseado apresentado e o mínimo exigido pela instituição liderada por Mario Draghi. Quem brilhou? O BCP. A entidade liderada por Nuno Amado tem um rácio Common Equity Tier 1 (CET1) de 13,2%, face ao mínimo de 8,8125%. Ou seja, fica 4,39% acima dos mínimos impostos.

A CGD, por seu lado, supera as exigências do BCE por uma margem “significativa”, disse o banco liderado por Paulo Macedo quando apresentou o resultado desta avaliação. E confirma-se. A instituição financeira tem um rácio de 13%, mais de quatro pontos percentuais acima do que é pedido pelo regulador.

O BPI, o primeiro banco a apresentar o SREP, pode não ter um diferencial tão elevado como a CGD ou o BCP, mas tem igualmente níveis confortáveis. “Tendo em conta os rácios observados em 30 de setembro de 2017, o Banco BPI cumpre os novos rácios mínimos exigidos em matéria de CET 1 (Common Equity Tier 1), Tier 1 e rácio total”, revelou a entidade, que apresenta um CET1 de 12,5%, faseado, e um rácio total de 13,9%. O mínimo exigido pelo BCE era 8,75% e 12,25%, respetivamente.

O Grupo Santander, onde se inclui o Santander Totta (que tem um CET1 faseado de 16,6%, mas não revelou o mínimo exigido pelo BCE), conseguiu igualmente passar no exame, embora o diferencial face ao mínimo de exigência do BCE tenha sido menor do que o apresentado pelo Montepio, o último a comunicar aos investidores o resultado do teste.

Enquanto o Santander, com um rácio CET1 faseado de 12,18% apresenta uma margem de 3,52 pontos percentuais face aos 8,655% exigidos por Mario Draghi, o banco ainda liderado por Félix Morgado garantiu um diferencial de 3,6 pontos. O banco, agora totalmente controlado pela Associação Mutualista, revelou um CET1 faseado de 13% (só superado pelo BCP), acima do limite mínimo de 9,4%, o mais alto de todos os bancos portugueses que participaram no exame.

O Novo Banco não foi ao teste. O banco liderado por António Ramalho ainda era um banco de transição quando este exame foi feito, pelo que foi dispensado. Ainda assim, o BCE exige que a instituição tenha, durante o próximo ano, um rácio CET1 faseado de 10,5% e um rácio total de 14%, sabe o ECO. Até ao final do ano passado, o banco recebeu mil milhões de euros com a entrada do Lone Star.

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Montepio passa no teste. “Não está previsto aumento de capital em 2018”, afirma José Morgado

O banco passou no teste do BCE que avalia a solidez da instituição financeira, o SREP. Ao ECO, José Morgado afirma: "Não está previsto aumento de capital em 2018".

Supervisory Review and Evaluation Process ou, simplesmente, SREP. Este é o mais recente exame imposto pelo Banco Central Europeu (BCE) aos bancos. E o Montepio passou. Tal como os restantes bancos, também a instituição financeira liderada por Félix Morgado cumpre os requisitos mínimos de capital exigidos pela entidade liderado por Mario Draghi. “Não está previsto um aumento de capital [do Montepio] em 2018”, assegura José Félix Morgado ao ECO.

“Os rácios observados a 30 de setembro de 2017 pela Caixa Económica Montepio Geral encontram-se acima dos novos rácios prudenciais exigidos, considerando os requisitos em termos de Pilar 2 e as demais reservas aplicáveis, quer em termos de CET1 (Common Equity Tier 1), Tier 1 e rácio total”, refere o Montepio num comunicado. O banco liderado por Félix Morgado diz que o o rácio CET1 faseado ficou nos 13% e o rácio total fixou-se nos 13,2%, face ao mínimo exigido pelo BCE de 9,4% e de 12,9%, respetivamente. O rácio phaing in pro-forma – que inclui os chamados os ativos por impostos diferidos, ou DTAs, comparável com os outros bancos – fixou-se nos 13,7%, claramente acima do mínimo exigido. Este regime só está disponível para as sociedades anónimas, estatuto que só agora o Montepio tem. E já terá solicitado ao Ministério das Finanças o acesso àquele regime fiscal.

Além do rácio pro-forma, isto é, incluindo os DTAs, o Montepio vai também avançar nos próximos meses com uma emissão de obrigações imposta pela supervisão europeia, à semelhança do que foi decidido para os outros bancos. E que contará, depois, para o rácio total do banco. O valor ainda não está definido, mas a administração de José Morgado estava a trabalhar numa emissão superior a 200 milhões de euros. A decisão final, claro, caberá ao novo presidente indigitado, Nuno Mota Pinto.

José Félix Morgado – cuja saída da presidência do Montepio já está anunciada para as próximas semanas – não comenta as notícias sobre a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital do banco detido hoje a 100% pela Associação Mutualista, mas a sua posição acaba por ficar, implicitamente, clara: “Reforçámos os rácios de capital e a posição de liquidez e diminuímos o recurso ao BCE, para um valor inferior a 1,5 mil milhões de euros”. E, sem falar nos resultados de 2017, revela que tem perspetivas positivas em linha com o que se passou nos três primeiros trimestres do ano, com resultados líquidos positivos.

O anúncio do Montepio é feito depois de a Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, BPI e Totta terem revelado, no final do ano passado, os resultados deste teste à sua solidez. Todos passaram com nota positiva no teste que o BCE realiza para avaliar a situação de uma instituição de crédito em termos de requisitos de fundos próprios e o modo como responde a riscos.

O SREP sintetiza, segundo o banco central, “todas as conclusões retiradas pelas autoridades de supervisão ao longo de determinado ano e dita o ‘trabalho de casa’ das instituições de crédito”. Depois cabe a cada banco decidir se revela o resultado deste exame. Até agora, todas as instituições financeiras têm decidido divulgar.

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