Santa Casa e Montepio: ministro não falou “em modalidades, em modelos, em instrumentos”

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 6 Abril 2017

"Não me compete a mim estudar" a hipótese "porque essa tutela não é minha", afirmou hoje o ministro do Trabalho, Vieira da Silva.

O ministro do Trabalho afirmou hoje que não lhe cabe a si “estudar” uma eventual entrada da Santa Casa da Misericórdia no Montepio, garantindo que não falou “em modalidades, em modelos, em instrumentos”.

Governo e parceiros sociais reuniram-se esta quinta-feira para discutir as reformas antecipadas mas, no final da reunião, o tema Montepio também foi abordado, depois de Vieira da Silva já ter admitido que veria com bons olhos uma associação da Santa Casa à Caixa Económica. Aliás, o ministro será ouvido de urgência no Parlamento sobre o assunto.

Sobre isto, o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social disse apenas que iria repetir as suas declarações anteriores: “O Governo olha positivamente o reforço da cooperação entre instituições sociais e uma instituição financeira que é também uma instituição do setor social”. “E nessas instituições inclui-se a Santa Casa“, disse Vieira da Silva no final da reunião de concertação social.

E está a estudar a hipótese? “Não me compete a mim estudar porque essa tutela não é minha”, respondeu.

 

Vieira da Silva adiantou ainda que fala “com regularidade com o senhor Provedor da Santa Casa”, acrescentando: “a nossa conversa é sempre muito franca e muito aberta e aquilo que eu disse publicamente também o disse a ele”.

Porém, o governante nota que nunca falou “em modalidades, em modelos, em instrumentos”. “Quem é que lhe disse que a Santa Casa ia salvar um banco?”, devolveu o ministro quando questionado sobre esta hipótese.

Recorde-se que Pedro Santana Lopes, num artigo de opinião no Jornal de Negócios (acesso pago) sublinhou que a Santa Casa “não tem intenção rigorosamente nenhuma em relação ao Montepio” e que, desde que Vieira da Silva se referiu ao “reforço da cooperação”, não houve uma única conversa, reunião ou sequer leitura de documentos”. Ainda assim garante que se o ministro o vier a fazer tem “a obrigação acrescida de estudar uma possibilidade por ele aventada”.

“Tenho o ministro Vieira da Silva na conta de uma pessoa muito responsável e que, certamente, nunca pediria à Santa Casa para entrar numa aventura”, disse ainda o provedor, repetindo o que já tinha dito na entrevista à TVI.

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Montepio e Santa Casa: Vieira da Silva ouvido de urgência

  • Marta Santos Silva
  • 5 Abril 2017

Os deputados da Comissão do Trabalho e Segurança Social aprovaram por unanimidade a audição do ministro sobre a possível entrada da Santa Casa para o capital do Montepio Geral.

Os deputados da Comissão do Trabalho e Segurança Social vão chamar o ministro Vieira da Silva a ser ouvido de urgência sobre a possibilidade de a Santa Casa da Misericórdia entrar para o capital do Montepio Geral.

O deputado do CDS-PP Filipe Anacoreta Correia afirmou que o assunto deve “merecer toda a atenção” dos deputados, apelando assim a que o ministro com a tutela fosse chamado “para dar as explicações que os portugueses querem nesta altura”. O requerimento foi aprovado por unanimidade esta quarta-feira, e vai ser escolhida uma data e hora para esta audição.

Vieira da Silva, questionado pelo Diário de Notícias, afirmara que veria “com bons olhos a associação da Santa Casa da Misericórdia e de outras instituições da área social à Caixa Económica Montepio Geral”. A Santa Casa da Misericórdia é liderada por Pedro Santana Lopes, que também mostrou abertura à ideia no Twitter.

Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista, disse que o projeto tem “pernas para andar”, mas que há investidores além da Santa Casa interessados em entrar para o capital social da Caixa Económica Montepio. “Precisa de ser trabalhado, vai ser trabalhado e vai ser uma alavanca decisiva para o país e para as instituições da economia social”, disse Tomás Correia ao DN.

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Marcelo diz que Governo está a atuar com rapidez no Montepio

O Presidente da República está agradado com a ação de António Costa, mas não responde se está preocupado com o caso Montepio. Marcelo reconhece serenidade e rapidez na ação do Governo.

O Presidente da República tomou como “boa” a ação do Governo no Montepio, numa altura em que se equaciona a entrada da Santa Casa na estrutura acionista do banco. À saída da reunião de trabalho com instituições de apoio a sem-abrigo, em declarações transmitidas pela RTP3, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o Executivo está a tratar da situação de forma serena, mas rápida. Questionado sobre se está descansado com o caso Montepio, Marcelo não respondeu.

São várias as polémicas que envolvem o Montepio, com administradores a serem convidados a sair e o presidente da dona do banco sobre suspeita da justiça portuguesa. Para Marcelo esta é “uma realidade muito precisa” em que o Governo está a intervir em duas frentes”, a frente da Associação Mutualista (a única acionista do banco), através do Ministério do Trabalho, e a frente financeira. “Tomo como boa a ação do Governo”, disse o Presidente, esta terça-feira, considerando que o Executivo está a tratar da situação “serenamente mas com rapidez”.

Já sobre a venda do Novo Banco, decidida na passada sexta-feira, o Presidente da República voltou a reforçar que “não havia boas soluções, só havia menos más”. Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de dizer que as intervenções do Governo no sistema financeira tiveram a aprovação da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu. Já esta segunda-feira, Marcelo tinha dito que os portugueses “podem ficar descansados de que a solução encontrada, que é na linha do Governo anterior, é de não haver garantia do Estado, não haver responsabilidade do Estado, mas do fundo de resolução”.

Depois do que foi feito no BPI, BCP, CGD e Novo Banco, o Presidente avalia: “O saldo global é mais positivo do que negativo, claramente“. Contudo, o Presidente da República lembrou que “esta consolidação ainda é um desafio para os próximos anos para o país”. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que é necessário mais financiamento na economia, o que só acontecerá com um sistema financeiro “mais forte”.

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Montepio melhora estimativa para crescimento do PIB para 1,8% em 2017

  • Lusa
  • 3 Abril 2017

O Governo definiu como meta de crescimento económico para este ano 1,5%. Depois de 1,4% em 2016, prevê-se que o Executivo reveja em alta a estimativa no Programa de Estabilidade.

O Montepio reviu esta segunda-feira em alta a estimativa do crescimento da economia portuguesa no primeiro trimestre, prevendo agora que avance até 0,5% em cadeia, e para o conjunto do ano, antecipando que o PIB melhore 1,8%. Na semana passada, o ministro das Finanças, Mário Centeno, referiu que o Governo vai rever a meta do crescimento económico de 1,5% — o número do OE2017 — para perto de 2% em abril.

No semanal de economia divulgado hoje, o departamento de estudos do Montepio revê em alta ligeira a estimativa de crescimento em cadeia do PIB no primeiro trimestre, em 0,1 pontos percentuais, apontando agora para um “acréscimo entre 0,3% e 0,5%”, o que pode significar uma ligeira desaceleração face ao trimestre anterior, que registou uma subida em cadeia de 0,6%.

Isso faz com que os economistas do banco voltem a rever em alta também a previsão de crescimento anual, também em 0,1 pontos percentuais, de 1,7% para 1,8% – coincidindo com a estimativa do Banco de Portugal, divulgada na semana passada.

O Montepio justifica esta revisão com “os dados robustos sobre atividade retalhista e industrial em fevereiro (forte subida mensal no primeiro caso, com uma descida no segundo caso, mas recaindo sobre dados fortemente revistos em alta), bem como a nova subida do indicador de sentimento económico no mês de março, superando, pela primeira vez, os níveis pré crise de 2008/2009)”.

Os economistas do departamento de estudos do Montepio já tinham revisto a sua estimativa de crescimento do PIB de 1,5% para 1,7% (depois do crescimento verificado no último trimestre de 2016 e fruto do efeito de ‘carry-over’ ou arrastamento).

A estimativa fica acima da antecipada pelo Governo (1,5%) prevista no Orçamento do Estado para 2017 (OE2017), divulgado em outubro, embora o ministro das Finanças, Mário Centeno, tenha já admitido rever (no Programa de Estabilidade, que será apresentado no parlamento a 19 de abril) em alta a previsão de crescimento para um valor mais perto de 2%.

Por outro lado, o Montepio mantém inalterada a previsão para o défice orçamental nos 1,8% do PIB (acima dos 1,6% estimados pelo Governo no OE2017), considerando que os dados já conhecidos da Direção-Geral de Orçamento (DGO) sobre a execução orçamental deste ano (até fevereiro) “revelaram resultados menos favoráveis do que os apresentados um ano antes, mas sendo influenciados por fatores temporários”.

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Santa Casa: “Temos obrigação de estudar” entrada no Montepio

  • ECO
  • 31 Março 2017

O ministro Vieira da Silva, que vê "com bons olhos a associação da Santa Casa" ao Montepio, convocou Pedro Santana Lopes, provedor da instituição, ao Ministério do Trabalho na semana passada.

Para a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, é uma “obrigação” estudar a entrada no capital da Caixa Económica Montepio Geral, um dossiê que está inclusivamente a ser promovido pelo Governo.

Em declarações ao Jornal de Negócios (acesso pago), o provedor Pedro Santana Lopes disse que “se o Governo manifesta essa intenção, a Santa Casa tem, naturalmente, a obrigação de estudar o dossiê”.

Foi na semana passada que o ministro Vieira da Silva convocou ao Ministério do Trabalho e Segurança Social, que tutela a Associação Mutualista Montepio Geral, o provedor da Santa Casa, Pedro Santana Lopes, e o vice-provedor, Edmundo Martinho, conta o Público (acesso pago). A equipa de Santana Lopes já deu início ao processo de avaliação da proposta apresentada pelo Governo, avança ainda o Jornal de Negócios. E a intenção da Santa Casa é solicitar pareceres a consultores jurídicos e financeiros para analisar em que termos a instituição poderá tornar-se acionista do Montepio, hoje detido a 100% pela Associação Mutualista Montepio Geral.

O Diário de Notícias avançou esta quinta-feira que Tomás Correia, presidente da Associação, tem estado em múltiplas reuniões quer com o Executivo, quer com o Banco de Portugal e a própria Santa Casa da Misericórdia, liderada por Santana Lopes, no sentido de chegar a um acordo que “poderá estar para breve”.

O ministro do Trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva, disse àquele jornal que vê “com bons olhos a associação da Santa Casa da Misericórdia e de outras instituições da área social à Caixa Económica Montepio Geral“.

O Montepio anunciou esta quarta-feira que registou prejuízos de 86,5 milhões de euros em 2016, um resultado bem menos negativo do que o alcançado no ano anterior, beneficiando da quebra nas dotações para o crédito malparado.

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Montepio: Associação aprova contas de 2016

  • Lusa
  • 31 Março 2017

A Montepio Geral Associação Mutualista revelou em meados de março que obteve um lucro de 7,4 milhões de euros em 2016, quando tinha registado um prejuízo de 393 milhões de euros em 2015.

As contas individuais da Associação Mutualista Montepio, relativas a 2016, foram aprovadas na quinta-feira, em assembleia-geral, com um lucro de 7,4 milhões de euros, informou a instituição, em comunicado. No texto, adiantou-se que a reunião, realizada no Coliseu de Lisboa, contou com mais de 1.400 associados, os quais aprovaram, “por larga maioria de 95,8%”, os pontos constantes da ordem de trabalhos.

Para António Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista e do Grupo Montepio, adianta o comunicado, a elevada participação representou “uma prova inequívoca do interesse, motivação e envolvimento dos associados com esta instituição, que tiveram também a oportunidade de ver esclarecidas todas as suas dúvidas sobre temas relacionados com a vida associativa”.

A Montepio Geral Associação Mutualista (MGAM) revelou em meados de março que, a nível individual, obteve um lucro de 7,4 milhões de euros em 2016, quando tinha registado um prejuízo de 393 milhões de euros em 2015.

A MGAM é a dona da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), que apresentou na quarta-feira um prejuízo de 86,5 milhões relativo ao exercício do ano passado, uma melhoria face ao resultado líquido negativo de 243 milhões de euros em 2015.

A associação e o banco mutualistas têm estado em foco, com uma sucessão de notícias negativas, como a constituição de António Tomás Correia como arguido num processo em que é suspeito de ter recebido indevidamente 1,5 milhões de euros do empresário da construção civil José Guilherme.

Fonte ligada à investigação precisou na quarta-feira à Lusa que Tomás Correia não é arguido na “Operação Marquês”, mas num outro inquérito autónomo resultante de elementos recolhidos naquela investigação em que o ex-primeiro-ministro José Sócrates é um dos arguidos.

Tomás Correia reiterou na quarta-feira, em comunicado, que abdicará das suas funções se se colocar a possibilidade de transitar em julgado algo a seu desfavor.

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Centeno sobre Montepio: “Estou descansado em relação ao meu trabalho”

  • ECO
  • 30 Março 2017

O ministro das Finanças garantiu estar "descansado" sobre o caso Montepio, tal como tinha dito na passada sexta-feira. Mário Centeno não quis comentar a idoneidade de Tomás Correia.

“Estou descansado em relação ao meu trabalho em relação a essas situações”. É com esta frase que o ministro das Finanças responde, em entrevista do jornal Público, quando questionado sobre a situação que o Montepio enfrenta. Mário Centeno não quis responder a perguntas relacionadas com os problemas do banco, nomeadamente sobre a idoneidade de Tomás Correia, o presidente do Associação Mutualista Montepio Geral. Mas não perdeu a oportunidade para criticar novamente a saída limpa da troika que, argumenta, ignorou a situação do sistema bancário português.

“Aquilo que aconteceu em Portugal, a que me referi como uma saída limpa pequena [do programa da troika], foi que o sistema financeiro não estava preparado para acompanhar o crescimento económico“, atacou Mário Centeno, referindo que um dos erros do passado foi esquecer a ligação entre a economia e o sistema financeiro. “A consistência do sistema financeiro depende da consistência da economia, e o inverso também é verdade”, afirmou. Para o ministro das Finanças os indicadores económico dão “consistência” aos processos da área financeira.

Mário Centeno defende que “todas as instituições financeiras portuguesas, para terem uma situação estável, quando projetada no futuro, precisam de uma economia que as sustente, e o inverso também é necessário”, referindo que um bom sinal foi a emissão de dívida perpétua da CGD na semana passada. O titular da pasta das Finanças diz que a falta de estabilização do sistema financeiro provocou uma desaceleração da economia na segunda meta de 2015. “Era necessário, para ganhar um ritmo de crescimento forte, que o sistema financeiro fosse estabilizado“, argumenta.

O atual Governo está neste momento a finalizar duas frente em bancos: a primeira é a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, processo que deve estar concluído esta quinta-feira; a segunda é a venda do Novo Banco ao Lone Star que, segundo o primeiro-ministro, é uma operação que estará concluída ainda esta semana, ou seja, no máximo amanhã, sexta-feira. “O que temos estado a fazer reforça o sistema financeiro“, garante Centeno em entrevista. Mas existe um outro banco com problemas, o Montepio, que encerrou o ano de 2016 com 86,5 milhões de euros de prejuízos.

O banco vai ter de apresentar um plano para mudar a marca — garantiu o atual presidente executivo Félix Morgado — uma exigência do Banco de Portugal que encontrou várias falhas na gestão do Montepio. O supervisor quer acelerar o processo de separação entre a Associação Mutualista e o banco Montepio, tendo dado o prazo de um mês. A intenção é afastar o banco de riscos de reputação caso haja problemas em resgates de produtos financeiros de clientes da Mutualista.

O problema adensou-se esta quarta-feira depois de a imprensa ter noticiado que Tomás Correia teria sido constituído arguido na Operação Marquês. Entretanto, o presidente da Associação já veio negar as notícias, dizendo que desmente “categoricamente qualquer envolvimento com a referida Operação Marquês, não estando constituído como parte no citado processo”, de acordo com um comunicado enviado às redações. Sobre este caso, Centeno foi claro: “Não estou a emitir nenhuma opinião sobre Tomás Correia, nem sobre o Montepio, estou a falar do conjunto do sistema”.

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Santa Casa prepara entrada no banco Montepio

  • ECO
  • 30 Março 2017

Governo vê entrada da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa no capital do Montepio Geral "com bons olhos". Solução permite dar maior solidez ao banco.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e outras instituições da área social poderão entrar no capital da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), numa solução que tem o aval do Governo e também da dona do banco, a Associação Mutualista.

Avança o Diário de Notícias (acesso livre) que Tomás Correia, presidente da Associação, tem estado em múltiplas reuniões quer com o Executivo, quer com o Banco de Portugal e a própria Santa Casa da Misericórdia, liderada por Santana Lopes, no sentido de chegar a um acordo que “poderá estar para breve”.

Contactado pelo jornal, o ministro do Trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva, disse que vê “com bons olhos a associação da Santa Casa da Misericórdia e de outras instituições da área social à Caixa Económica Montepio Geral”.

"Vemos com bons olhos a associação da Santa Casa da Misericórdia e de outras instituições da área social à Caixa Económica Montepio Geral.”

Vieira da Silva

Ministro da Solidariedade e Segurança Social

O Montepio anunciou esta quarta-feira que registou prejuízos de 86,5 milhões de euros em 2016, um resultado bem menos negativo do que o alcançado no ano anterior, beneficiando da quebra nas dotações para o crédito malparado.

Banco tem 10% do grupo dos antigos sócios de Salgado

A CEMG detém 10,3% do grupo brasileiro Monteiro Aranha, que foi sócio de Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, em vários negócios, adianta o Jornal de Negócios (acesso pago). Esta participação acionista foi herdada pelo banco na sequência dos empréstimos que concedeu ao Grupo Espírito Santo (GES) no primeiro semestre de 2014, quando o grupo já apresentava dificuldades financeiras.

Esta participação, diz o mesmo jornal, estava avaliada em 68 milhões de euros no final do ano passado, não tendo registado grandes alterações no seu valor até hoje. Porém, com a desvalorização do real, o banco tem registado perdas cambiais com este negócio que está denominado na divida brasileira — vale cerca de 228 milhões de reais.

A Monteiro Aranha desenvolve atividades sobretudo no setor imobiliário, petroquímica e papel.

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Félix Morgado: “Montepio vai apresentar plano para mudar a marca”

Apesar da oposição da Associação Mutualista, o banco Montepio vai mesmo avançar com a mudança de nome. Félix Morgado diz que a administração vai propor esse tema em assembleia-geral.

A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) vai mesmo mudar de nome. A recomendação é do Banco de Portugal, que deu um mês para que o banco apresente uma alternativa. Félix Morgado refere, na apresentação dos resultados do banco para 2016, que o Montepio tem de cumprir a orientação, mas que a alteração da marca cabe à assembleia-geral decidir. O banco terá de respeitar a orientação do regulador do mercado, apesar de a Associação Mutualista, a dona da instituição financeira, se opor a esta mudança.

Presidente da Caixa Económica Montepio Geral, Félix Morgado, na apresentação dos resultados para 2016Paula Nunes/ECO

O presidente do Montepio Geral confirmou na conferência de imprensa dos resultados para 2016 que a mudança da marca, recomendada pelo Banco de Portugal, vai mesmo avançar. Isto apesar de a dona do banco, a Associação Mutualista Montepio Geral já ter dito que se opõe a esta alteração. “Aquilo que existe é uma orientação do Banco de Portugal no sentido de ser preparado um plano para a alteração da marca” e o “conselho de administração vai apresentar esse plano e entregá-lo” ao regulador, afirma José Félix Morgado.

"Aquilo que existe é uma orientação do Banco de Portugal no sentido de ser preparado um plano para a alteração da marca.”

Félix Morgado

Presidente do Montepio Geral

O presidente do Montepio esclarece que “sendo uma orientação tem de ser cumprida, mas a alteração em termos efetivos da marca tem de ser decidida em assembleia-geral”.

O Banco de Portugal quer acelerar o processo de separação entre a Associação Mutualista e o banco Montepio. O banco liderado por Carlos Costa deu apenas um mês para que o Montepio apresente um novo novo. A intenção é afastar o banco de riscos de reputação caso haja problemas em resgates de produtos financeiros de clientes da Mutualista.

As declarações são feitas depois de o Montepio apresentar os resultados referentes ao ano anterior. O banco teve prejuízos, mas conseguiu fechar o ano com um resultado bem menos negativo. Passou de 243,4 milhões de euros negativos para 86,5 milhões, beneficiando da quebra nas dotações para o crédito malparado. O rácio de capital subiu, ficando acima dos 10%.

Relação “correta” com Tomás Correia

Félix Morgado diz que a relação com o presidente da Associação Mutualista é “correta, do ponto de vista profissional e do ponto de vista societário“. É assim que o presidente do Montepio responde aos jornalistas depois de ter sido avançado que Tomás Correia foi constituído arguido num processo que deriva da Operação Marquês.

Entretanto, o presidente da Associação já veio negar as notícias, dizendo que desmente “categoricamente qualquer envolvimento com a referida Operação Marquês, não estando constituído como parte no citado processo”, de acordo com um comunicado enviado às redações.

(Atualizada às 17h53 com declarações de Félix Morgado sobre Tomás Correia)

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Montepio encolhe prejuízos para 86,5 milhões

A Caixa Económica Montepio fechou 2016 no vermelho, mas conseguiu encolher os prejuízos. O banco registou prejuízos de 86,5 milhões de euros.

O Montepio teve prejuízos, mas conseguiu fechar o ano com um resultado bem menos negativo. Passou de 243,4 milhões de euros negativos para 86,5 milhões, beneficiando da quebra nas dotações para o crédito malparado. O rácio de capital subiu, ficando acima dos 10%.

“O resultado líquido de 2016 apresentou uma melhoria de 156,9 milhões de euros para -86,5 milhões de euros, face ao resultado de -243,4 milhões de euros, registado em 2015″, refere o banco liderado por Félix Morgado. O presidente do Montepio refere, na apresentação dos resultados, que a “recuperação dos resultados foi significativa” no ano passado e que isso “permite confirmar a ambição de ter resultados positivos já no primeiro trimestre de 2017″.

Nas contas do último ano a margem financeira cresceu ao mesmo tempo que o peso das imparidades diminuiu. “Em 2016 a margem financeira, num contexto de taxas de juro historicamente baixas, apresentou um crescimento homólogo de 29,2% ao atingir 253,2 milhões de euros, beneficiando da diminuição do custo dos depósitos de clientes, dos menores custos com a dívida emitida e da política de repricing da carteira de crédito“, diz o banco. As comissões cresceram 5,6% para 101,5 milhões.

“O valor das entradas de créditos em incumprimento, no ano de 2016, registou uma diminuição homóloga de 33,9%, resultante de uma redução de 0,9% do número de contratos que entraram em incumprimento”, nota o banco. Assim, “o total das dotações para imparidades em 2016 atingiu o montante de 243,2 milhões de euros, o qual representa um decréscimo homólogo de 29,3% face a valor de 343,8 milhões de euros, registado em 2015″.

Mais capital

Apesar dos prejuízos, o Montepio aumentou os rácios de capital, “beneficiando do aumento do capital institucional de 270 milhões
de euros, realizado pelo Montepio Geral – Associação Mutualista (MGAM), em março de 2016″, mas também fruto da redução dos ativos ponderados pelo risco.

Face a 2015, os rácios Common Equity Tier 1 (CET1) e Capital Total evoluíram de 8,8% para 10,4% e de 9,7% para 10,9%, respetivamente”. “Os rácios de capital não incluem o efeito positivo associado ao Regime Especial dos Ativos por Impostos Diferidos (estimado em +30pb), cuja adesão foi aprovada na Assembleia Geral Extraordinária da CEMG realizada no dia 6 de julho de 2016”, diz o banco.

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Tomás Correia arguido em processo que deriva da Operação Marquês

O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral é suspeito de ter recebido 1,5 milhões de José Guilherme, um construtor civil de Amadora. O processo investiga burla qualificada e branqueamento.

O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral é suspeito de ter recebido mais de um milhão de euros para aprovar o financiamento de José Guilherme, um construtor civil da Amadora. Isto depois de o Diário de Noticias ter dito que o Ministério Público está a investigar outros banqueiros por burla qualificada num processo que surge a partir da Operação Marquês.

A Sic Notícias avança que Tomás Correia, o atual líder da Associação Mutualista e ex-presidente do Montepio, é acusado de ter recebido 1,5 milhões de euros de José Guilherme, construtor civil da Amadora que ficou conhecido por ter dado 14 milhões de dólares “de presente” a Ricardo Salgado. No início do ano, o ex-banqueiro foi envolvido num inquérito-crime do DCIAP sobre burla qualificada, abuso de confiança, branqueamento de capitais, fraude fiscal e “eventualmente corrupção”, de acordo com um comunicado oficial.

O Diário de Notícias já tinha avançado que o Ministério Público tinha na mira novos suspeitos ligados ao setor da banca. São “pessoas distintas” das já constituídas arguidas no processo, de nacionalidade portuguesa e que “tinham responsabilidades em instituições financeiras e na concessão de crédito”, podendo estar em causa o crime de burla qualificada, de acordo com o jornal.

Estas novas suspeitas sobre banqueiros e recebimentos de comissões ilegais resultam dos últimos dados bancários enviados pela Suíça para o Ministério Público português. Segundo o procurador Rosário Teixeira, os movimentos financeiros detetados na Suíça nas contas bancárias dos responsáveis por instituições financeiras são “contemporâneos com intervenções e procedimentos de financiamento a clientes”.

A Operação Marquês envolve o antigo primeiro-ministro José Sócrates que, alegadamente, terá recebido dinheiro dos promotores do Grupo Vale do Lobo e do Grupo Espírito Santo através de Carlos Santos Silva.

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Like & Dislike: O processo de BESificação do Montepio

A Associação não só não cumpre as obrigações impostas pelo Banco de Portugal, como ainda faz alarde em não as cumprir.

Numa entrevista recente ao jornal Público, o governador do Banco de Portugal foi confrontado com a seguinte pergunta: não o preocupa que haja produtos da associação mutualista que são vendidos aos balcões da Caixa Económica Montepio Geral?

A resposta de Carlos Costa não foi propriamente reconfortante: “Os produtos não são supervisionados por nós. Em qualquer caso, no sentido de separar as entidades, nós requeremos a separação de marcas.”

A exigência de separação das marcas é para que ninguém compre gato por lebre. Ainda há dias a Deco alertava para o facto de haver quem esteja a comprar produtos com rendibilidades acima de 1% “e às vezes até pensam que é um depósito”.

Por isso é que o Banco de Portugal veio exigir que ao gato chamem gato, e à lebre chamem lebre.

Isto é uma forma de evitar que um cliente ou um associado compre um produto mutualista da Associação presidida por Tomás Correia, muitos dos quais dizem ter capital garantido, a pensar que está a fazer um depósito bancário da Caixa Económica com uma remuneração mais simpática.

Tratando-se de um produto mutualista, não existe qualquer garantia exterior (tal como o Fundo de Garantia de Depósitos) que assegure o reembolso das quantias aplicadas em caso de dificuldades da Associação Mutualista. A proteção é estritamente interna e dependente da respetiva solvência.

Ainda este fim de semana, fonte do Banco de Portugal dizia ao Expresso que existe muita confusão por parte dos clientes, sendo por isso necessária uma clara separação entre as duas entidades. “Por isso, é fundamental a mudança de marca”, explicava.

Hoje, em declarações ao Jornal de Negócios, uma fonte da Associação Mutualista vem dizer que não. “É algo que não está em cima da mesa. E se algum dia vier a estar, tratando-se de um assunto de natureza estratégica, teria de ser aprovado em assembleia-geral”.

Ou seja, a Associação diz que vai continuar a vender nos seus balcões um animal de quatro patas, e que vai continuar a chamar-lhe de gato. Mesmo que alguns possam ter umas orelhas compridas e umas pernas mais longas.

Resumindo, a Associação Mutualista não só não acata a recomendação do Banco de Portugal, como ainda faz questão de o vir dizer publicamente. São episódios que nos fazem lembrar outros de má memória, quando Carlos Costa tentava fazer um ring fencing entre o BES e o grupo GES e era olimpicamente ignorado por Ricardo Salgado.

Perante a resposta que a Associação dá hoje ao Jornal de Negócios, o Banco de Portugal vai continuar a fazer a sua supervisão ao estilo do gato (ou lebre) escondido com o rabo de fora, ou vai obrigar o banco a cumprir a sua determinação para que o processo de ring fencing desta vez seja eficaz?

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