Depois da subida louca, Montepio corrige 16%

As unidades de participação do Montepio estão a corrigir dos fortes ganhos registados esta semana. Estão a afundar mais de 16%, mas o ganho semanal é de quase 50%.

As unidades de participação do Montepio estão a afundar 16,33% esta sexta-feira, corrigindo dos ganhos elevados registados durante a semana e que chegaram a levantar suspeitas junto da CMVM e da bolsa. Ainda assim, o ganho semanal dos títulos do banco mutualista é de 49%, tendo sido a melhor semana do banco desde que entrou na bolsa no final de 2013.

Ninguém sabe muito bem o que se passou com o Montepio esta semana, porque não há uma explicação concreta para o fenómeno. O mesmo foi comunicado pelo banco ao mercado. O frenesim começou na terça-feira quando, subitamente, as unidades de participação registaram ganhos de 46,23%, depois de terem estado a cair. Na sessão seguinte, os títulos mantiveram ganhos que alcançaram os 50%. A cotação chegou a valorizar mais de 100% em apenas dois dias.

O Montepio está sob vigilância atenta do “polícia dos mercados” e da Euronext, porque a escalada dos títulos não foi acompanhada de grande liquidez. Aliás, a valorização assentou numa série de ordens de compra, algumas de volume elevado, que puxaram pela cotação do banco mutualista e que foram introduzidas no sistema ao longo da semana.

Desconhece-se o ou os compradores. Uma das explicações poderá estar relacionada com a expectativa da passagem do banco a sociedade anónima aprovada recentemente para permitir a entrada de novos acionistas, mas a medida ainda não está em vigor. Esta sexta-feira, soube-se também que responsáveis da Santa Casa da Misericórdia e do Montepio reuniram com o Banco de Portugal, estando em cima da mesa uma eventual parceria entre as duas instituições.

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Subida louca do Montepio faz tocar alarme na CMVM e na Bolsa

O regulador do mercado de capitais tem estado a acompanhar de perto as transações com as unidades de participação do banco que mais do que duplicaram de valor.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) está em alerta. A subida vertiginosa das unidades de participação da Caixa Económica Montepio Geral está a ser seguida de perto pelo “polícia da bolsa” que tem estado a analisar as transações. É que o banco mais do duplicou de valor em bolsa, isto apesar da reduzida liquidez registada.

“A CMVM continua a acompanhar a negociação [do Montepio] em articulação com a Euronext e o emitente”, diz fonte oficial do regulador do mercado de capitais. Esta explicação foi dada ao ECO já depois de mais um dia marcado por uma subida muito expressiva das unidades de participação do banco liderado por Félix Morgado. Os títulos chegaram a subir um máximo de 53,23%, elevando para 102,8% a subida em duas sessões.

O valor de cada unidade de participação chegou a um máximo quase desde a entrada em bolsa, em dezembro de 2013, nos 95 cêntimos, seguindo a tendência registada já na sessão anterior, dia em que os títulos terminaram o dia com um ganho de 46,23% para os 62 cêntimos, apesar de terem sido registadas no sistema ordens a preços de 1,30 euros.

A CMVM questionou o Montepio logo no inicio desta escalada dos títulos, procurando saber se haveria alguma informação importante que estivesse para ser revelada ao mercado, mas o banco rejeitou a existência de tal comunicação. Ao ECO, fonte oficial da instituição comentou a movimentação afirmando que “é o mercado a funcionar”.

A CMVM continua a acompanhar a negociação [do Montepio] em articulação com a Euronext e o emitente.

CMVM

Fonte oficial

As transações, que estão a ser alvo de escrutínio por parte do regulador para aferir se podem constituir algum crime de mercado, não movimentaram muitos títulos. Existem 400 milhões de unidades, sendo que a maioria está nas mãos da Associação Mutualista, que controla o banco. Na primeira sessão de fortes subidas trocaram de mãos 220 mil títulos. Esta quarta-feira, o volume ascendeu a 800 mil títulos. Ou seja, há fortes subidas mas sem liquidez.

“Não há notícias, de facto. É difícil de dizer o que realmente se passa, mas provavelmente terá a ver com a mudança para sociedade anónima e com as implicações que poderá ter esta transformação das unidades de participação em ações. Mas daí para a frente tenho muitas dúvidas sobre o que poderá ser”, refere Albino Oliveira, gestor da Patris Investimentos, ao ECO.

A única razão para este apetite comprador poderá “ter a ver alguma iminência ou alguma surpresa do novo acionista que pudesse entrar na estrutura de capital da Caixa Económica”, diz João Queiroz, diretor de negociação do Banco Carregosa. Ou seja, seria já o novo acionista a querer tomar posição na Caixa Económica antes da passagem do fundo a sociedade anónima.

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Ninguém sabe muito bem o que se passa com o Montepio

Regulador já pediu informações. Os analistas contextualizam subida com passagem a sociedade anónima, mas... não há explicações para a valorização de 100% dos títulos do Montepio.

O Montepio continua a brilhar na bolsa. As unidades de participação valorizaram mais de 100% nas últimas duas sessões. Duplicaram de valor em menos de duas sessões. Mas ninguém sabe muito bem o que se está a passar, incluindo o banco, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e os analistas.

A única certeza neste momento é que o fundo da Caixa Económica Montepio Geral, que está cotado no PSI-20 sob a forma de unidades de participação, vai passar em breve a sociedade anónima. Isto vai implicar a transformação destas unidades em ações. E é neste cenário que os operadores do mercados contextualizam os seus palpites quando confrontados com esta valorização acentuada em cima de um nível de liquidez bastante reduzido.

“Não há notícias, de facto. É difícil de dizer o que realmente se passa, mas provavelmente terá a ver com a mudança para sociedade anónima e com as implicações que poderá ter esta transformação das unidades de participação em ações. Mas daí para a frente tenho muitas dúvidas sobre o que poderá ser”, refere Albino Oliveira, gestor da Patris Investimentos, ao ECO.

"Não há notícias, de facto. É difícil de dizer o que realmente se passa, mas provavelmente terá a ver com a mudança para sociedade anónima e com as implicações que poderá ter esta transformação das unidades de participação em ações. Mas daí para a frente tenho muitas dúvidas sobre o que poderá ser.”

Albino Oliveira

Patris Investimentos

Para João Queiroz, diretor de negociação do Banco Carregosa, a única razão para este apetite comprador poderá “ter a ver alguma iminência ou alguma surpresa do novo acionista que pudesse entrar na estrutura de capital da Caixa Económica“. Ou seja, seria já o novo acionista a querer tomar posição na Caixa Económica antes da passagem do fundo a sociedade anónima. “Porque de resto não há mais nada além do que se vem falando acerca da necessidade de entrada de um novo acionista”, sugere Queiroz.

Unidades com mais participação

Fonte: Bloomberg

Oficialmente, não há novidades nem explicações para estes movimentos abruptos que já acionaram o mecanismo que interrompe automaticamente a negociação na bolsa perante volatilidade extrema. Contactada pelo ECO, fonte oficial do regulador do mercado de capitais adiantou que solicitou informações ao banco liderado por Félix Morgado, mas que não há factos relevantes a comunicar. Do lado do Montepio, a resposta foi: “É o mercado a funcionar”.

Os títulos do Montepio estão a subir 25% para 0,78 euros, mas estiveram a acelerar 50% a meio da manhã aproximando-se da cotação de um euro com que as unidades foram admitidas na bolsa. Ao fim da manhã desta quarta-feira, já foram transacionados praticamente 400 mil títulos, o dobro da média diária dos últimos seis meses.

"A única razão que observo para ter este apetite é poder a ver alguma iminência ou alguma surpresa do novo acionista que pudesse entrar na estrutura de capital da Caixa Económica.”

João Queiroz

Banco Carregosa

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Lisboa sobe. Montepio cai 1%

A bolsa nacional abriu com uma queda ligeira, mas inverteu a tendência. Está a valorizar à boleia do setor energético, mas também da banca. O Montepio, que disparou 46%, está a cair, mas apenas 1%.

Lisboa arrancou a sessão em queda, mas rapidamente passou para terreno positivo. Está a valorizar, contrariando a tendência das restantes praças europeias, beneficiando da subida dos títulos do setor energético. O BCP dá força ao índice, já o Montepio está a corrigir da forte valorização registada na última sessão.

O índice português abriu com uma descida de 0,01%, mas está a valorizar 0,1%, numa sessão em que a generalidade dos mercados acionistas europeus está no vermelho. A EDP e EDP Renováveis estão em alta, ajudando ao desempenho da praça nacional, mas é o BCP quem está a ser determinante para a tendência positiva.

O banco liderado por Nuno Amado está a subir 0,34% para 23,27 cêntimos, mantendo assim a tendência positiva recente, com os investidores confiantes nesta nova fase da vida da instituição. Ainda na banca, destaque para o Montepio, embora pela negativa. Está a corrigir da forte subida registada na última sessão.

As unidades de participação do banco apresentaram uma valorização expressiva, encerrando a ganhar 46,23% para 62 cêntimos, um máximo de 21 de março de 2016, ou seja, mais de um ano, desempenho sem explicação aparente. Estas unidades, que em breve passarão a ações, estão em queda, mas recuam apenas 1,77% para 61 cêntimos.

Destaque pela negativa também para os CTT, depois da melhor sessão num mês. A empresa de correios registou uma valorização de mais de 5% na última sessão, mas segue com uma queda de 0,18% para 5,65 euros.

(Notícia atualizada às 8h11 com mais informação)

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Assembleia-geral do Montepio justifica prejuízos com crise no setor

  • Lusa
  • 26 Maio 2017

Avaliação dos órgãos de administração e fiscalização conclui que resultados negativos foram “condicionados pelo enquadramento macroeconómico e condições adversas em que se desenvolveu a atividade".

A assembleia-geral da Caixa Económica Montepio Geral aprovou quinta-feira as contas do banco referentes a 2016, segundo a informação enviada ao mercado, tendo considerado que os prejuízos foram resultado do enquadramento do país e do setor.

De acordo com a informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), as contas de 2016 do banco mutualista foi aprovadas por maioria.

O ano passado, a Caixa Económica Montepio Geral apresentou prejuízos de 86,5 milhões de euros, uma melhoria face ao resultado líquido negativo de 243 milhões de euros em 2015.

Ainda na reunião magna foram aprovados os outros três pontos da ordem de trabalho, todos por unanimidade.

Em causa estava a aplicação de resultados, a avaliação dos órgãos de administração e fiscalização e a política de remunerações.

No caso dos órgãos de administração e fiscalização, a apreciação destes foi feita por “unanimidade e aclamação”, tendo sido ainda “registada a evolução favorável de um conjunto de indicadores de atividade” e concluído que os resultados negativos de 2016 foram “condicionados pelo enquadramento macroeconómico e pelas condições adversas em que se desenvolveu a atividade bancária”.

A Caixa Económica Montepio Geral é a principal empresa do Grupo Montepio, sendo totalmente detida pela Associação Mutualista Montepio Geral.

A associação e o banco mutualistas têm estado em foco nos últimos meses, com uma sucessão de notícias negativas, como a constituição de António Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista, como arguido em processos-crime.

A assembleia-geral da Caixa Económica é composta pelo Conselho Geral da Associação Mutualista, que integra 23 membros, sendo que 12 são diretamente eleitos pelos associados (atualmente oito membros da lista que foi encabeçada por Tomás Correia nas últimas eleições e quatro das outras listas concorrentes) e 11 por inerência enquanto membros de órgãos sociais (cinco do Conselho de Administração, três do Conselho Fiscal e três da mesa da assembleia-geral).

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Tomás Correia acusado por falta de vigilância a contas de clientes VIP

  • ECO
  • 23 Maio 2017

Banco de Portugal considera que Montepio não identificou Maria Cavaco Silva, Passos Coelho ou José Eduardo dos Santos como Pessoas Politicamente Expostas.

O sistema informático da Caixa Económica Montepio Geral não registou nomes como Maria Cavaco Silva, Pedro Passos Coelho e o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, como “Pessoas Politicamente Expostas”, levando o Banco de Portugal a acusar a anterior administração do banco, liderada por Tomás Correia, por não ter implementado mecanismos de prevenção ao branqueamento de capitais.

Segundo o Diário de Notícias (acesso livre), esta é uma de duas acusações feitas a Tomás Correia, que atualmente preside à Associação Mutualista Montepio Geral (o principal acionista do banco), no âmbito de dois processos de contraordenação que correm no Banco de Portugal.

No caso da prevenção ao branqueamento de capitais, o processo encontra-se em fase de contraditório, depois de a acusação do supervisor se ter limitado à identificação e descrição de um conjunto de situações após uma auditoria ao banco terminada em 2014.

Segundo a lei, as contas de Pessoas Politicamente Expostas têm de ficar sujeitas a vigilância mais apertada. Agora, a acusação do regulador pode resultar em coimas no valor de milhares de euros.

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Montepio esclarece que “não há qualquer correção a efetuar nas contas”

Gestão liderada por Félix Morgado esclareceu o mercado que não há qualquer retificação a efetuar nas contas do terceiro trimestre do ano passado, desmentindo pressão para rever uma alegada mais-valia.

Félix Morgado desmente pressão para corrigir contas do terceiro trimestre de 2016.Paula Nunes/ECO

A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) esclareceu o mercado de que “não há qualquer correção a efetuar nas contas oficiais” do terceiro trimestre de 2016. O banco acrescenta ainda que não é verdade que o Conselho Geral e de Supervisão da CEMG tenha pressionado a gestão “no sentido de rever uma alegada mais-valia (que não existiu)”.

A reação surge depois de, esta quarta-feira, o jornal Público (acesso pago) ter revelado que a comissão executiva, liderada por José Félix Morgado, recebeu instruções do conselho de supervisão do banco para corrigir os números do terceiro trimestre. Em vez de lucros de 144 mil euros, deveria ter declarado prejuízos de 23,8 milhões de euros e, a bem da transparência, deveria informar a CMVM dessa correção, mesmo que as contas anuais, entretanto divulgadas, já tenham refletido essa realidade.

Em causa está a anulação de um movimento financeiro que em setembro do ano passado “gerou lucros artificiais de 24,1 milhões de euros”, envolvendo a venda de 19% na I’m Minining (minas de Aljustrel) à Vogais Dinâmicas, uma sociedade constituída pelo banco a 29 de setembro de 2016, justamente dois dias antes do fecho do balanço do terceiro trimestre.

No entanto, no esclarecimento enviado ao regulador durante a madrugada desta quinta-feira, a CEMG reafirma as contas apresentadas no exercício do terceiro trimestre. “As contas publicadas referentes ao trimestre findo a 30 de setembro de 2016 não refletem nos resultados qualquer mais-valia extraordinária resultante da venda de participações sociais. Por consequência, não há qualquer correção a efetuar nas contas oficiais apresentadas pela CEMG”, diz a instituição.

"As contas publicadas referentes ao trimestre findo a 30 de setembro de 2016 não refletem nos resultados qualquer mais-valia extraordinária resultante da venda de participações sociais. Por consequência, não há qualquer correção a efetuar nas contas oficiais apresentadas pela CEMG.”

Montepio Geral

Esclarecimento à CMVM

Logo de seguida, desmente “que o Conselho Geral e de Supervisão tenha tomado qualquer posição no sentido de se rever uma alegada mais-valia (que não existiu), não tendo obviamente este Conselho de Administração Executivo recebido nenhuma solicitação nesse sentido do Conselho Geral e de Supervisão”.

Informa ainda que o lucro declarado de 144 mil euros “assentou no crescimento da margem financeira de +10,3% e na redução de 8,4% dos custos operacionais”.

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Euronext avalia permanência do Montepio no PSI-20

  • ECO
  • 12 Maio 2017

Gestora da bolsa portuguesa estuda continuidade do Montepio após a transformação da caixa económica em sociedade anónima converter as unidades de participação do fundo em ações.

A Euronext está a avaliar a permanência do Montepio no PSI-20, o principal índice português, na sequência da passagem de caixa económica para sociedade anónima transformar as unidades de participação com que atualmente cota em bolsa em ações.

“Relativamente ao PSI-20, a situação está a ser acompanhada pelo comité do PSI. Se alguma alteração tiver de ocorrer face à situação presente, comunicaremos de imediato”, disse o gabinete de imprensa da Euronext Lisbon questionado pelo Jornal de Negócios (acesso pago) acerca do futuro do Montepio no índice de referência nacional.

O fundo do Montepio foi promovido à principal montra do mercado português em 2016. Agora, com a transformação da caixa económica em sociedade anónima, as unidades de participação do fundo são convertidas em ações da nova sociedade, que passará a ser controlada em quase 95% pelo principal acionista, a Associação Mutualista Montepio Geral.

Ou seja, pouco mais de 5% ficará disperso por outros investidores, o que colocará o Montepio numa situação de incumprimento em relação a um dos requisitos do Euronext para figurar no PSI-20: ter mais de 15% dispersos em bolsa.

A mutualista liderada por António Tomás Correia diz que essa análise cabe à gestora a bolsa, não adiantando mais comentários.

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Montepio corta custos e passa de prejuízos a lucros

O banco liderado por Félix Morgado revelou lucros de mais de 11 milhões de euros nos primeiros três meses deste ano. Uma recuperação face aos prejuízos de quase 20 milhões no período homólogo.

A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) regressou aos lucros no primeiro trimestre deste ano. O banco liderado por Félix Morgado registou um lucro de mais de 11 milhões de euros, depois de ter apresentado um resultado negativo no mesmo período do ano passado. Esta recuperação deve-se, sobretudo, à redução dos custos e ao aumento da margem financeira.

“O resultado líquido melhorou em 30,9 milhões de euros, para 11,1 milhões de euros, assente na recuperação dos resultados do negócio core e na melhoria da eficiência da estrutura operacional”, lê-se no comunicado enviado pelo Montepio .No primeiro trimestre de 2016, o banco registou um prejuízo de 19,8 milhões.

O banco apresenta três motivos fundamentais para este regresso aos lucros: aumento das poupanças de custos, melhoria da margem financeira e crescimento dos proveitos complementares de crédito, designadamente nas comissões líquidas. Desde dezembro do ano passado, o Montepio duplicou as comissões associadas ao crédito à habitação. Os encargos dos clientes estão agora perto dos quatro euros por mês. Neste sentido, as comissões líquidas subiram 23,7% para 26,1 milhões de euros, “beneficiando da maior dinâmica de negócio”.

"O resultado líquido melhorou em 30,9 milhões de euros, para 11,1 milhões de euros, assente na recuperação dos resultados do negócio core e na melhoria da eficiência da estrutura operativa.”

Montepio

A margem financeira aumentou 35,6% para 18,7 milhões. “Para este desempenho contribuiu a redução dos custos de financiamento”, refere o banco. Mas a redução dos custos também contribuiu para este resultado. “Os custos operacionais do primeiro trimestre de 2017 evidenciam uma redução homóloga de 19,3%, tendo atingido 67 milhões de euros, para o qual contribuiu a conclusão” da reestruturação, refere o Montepio. Excluindo os impactos associados ao programa de reestruturação no primeiro trimestre de 2016, a diminuição seria de 9,3%.

Os resultados de operações financeiras também se destacaram pela positiva. Esta rubrica regressou igualmente para o verde, com ganhos de 7,5 milhões de euros, em comparação com uma perda de 4,8 milhões de euros, “os quais incorporaram a realização de mais-valias na carteira de dívida soberana e ganhos na carteira de negociação”, explica a instituição liderada por Félix Morgado. Por outro lado, o produto bancário cresceu 22,7% nos primeiros três meses do ano, “sustentado pelo desempenho positivo da margem financeira comercial”.

Olhando para os rácios de capital, houve um agravamento da posição de capital. O rácio CET1, faseado, situou-se nos 10,2%. No primeiro trimestre de 2016, este rácio era de 10,4%. Esta diminuição traduz “o efeito agrupado da descida dos ativos ponderados pelo risco”. O banco realça que os rácios de capital não incluem os efeitos positivos associados à adesão ao regime dos Ativos por Impostos Diferidos.

Os resultados são apresentados no mesmo dia em que os associados da Associação Mutualista Montepio Geral decidem sobre a passagem do banco Montepio a sociedade anónima. Na prática, quem detém unidades de participação passará a ter em carteira ações do banco liderado por Félix Morgado, caso esta mudança seja aprovada. Esta alteração já teve luz verde na assembleia-geral do banco, assim como os novos estatutos, e falta agora a ratificação dos associados da casa-mãe para concluir o processo.

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Bolsa está em bull market. Olé!

PSI-20 já avança mais de 20% face ao mínimo de novembro, entrando em bull market. O ataque do touro na bolsa portuguesa está para ficar? Analistas acreditam que sim. Olé, touro lindo!

Touro chegou à bolsa portuguesa.Fotomontagem: Raquel Sá Martins

O touro está de volta à arena da bolsa nacional. O PSI-20 já avança mais de 20% desde que tocou mínimos de seis meses em novembro do ano passado, correspondendo à definição clássica do bull market. Há vários fatores que têm alimentado o movimento ascendente do mercado — o mesmo movimento com que aquele animal ataca através dos seus cornos. A vitória de Macron neste domingo reforçou o ambiente de otimismo nas bolsas. Lisboa será capaz de aguentar o ataque do touro? Os analistas acreditam que sim.

Desde o dia 14 de novembro, em que atingiu o nível mais baixo do último semestre, o benchmark nacional protagoniza uma rally imparável superior a 20%. Isto compara com o avanço de 16,6% do índice de referência europeu Stoxx 600 e de 10% do índice que funciona como um farol para investidores em todo o mundo, o S&P 500. Melhor só mesmo a bolsa de nuestros hermanos: o Ibex-35 ganha mais de 28% no mesmo período.

O facto de o PSI-20 partir de um nível mais baixo que os pares ajuda a explicar o bom momento da praça lisboeta. Mas há mais motivos. A começar pelo desempenho da economia e por fatores específicos das cotadas portuguesas, até ao maior otimismo no cenário internacional, criando o habitat perfeito para a convivência com o touro.

Madrid alcança melhor desempenho desde novembro

Fonte: Bloomberg (valores em %)

“O desempenho positivo do PSI-20 decorre do desempenho positivo do mercado europeu, com o ‘ponto de partida’ mais deprimido do PSI-20 face às congéneres a justificar a outperformance recente face a este, da resolução de algumas ‘histórias’ que estavam a pressionar o índice, de um período de M&A mais ativo no mercado português (conclusão da OPA sobre o BPI, lançamento da OPA da EDP sobre a EDP Renováveis), e da conjuntura económica ‘mais forte’ em Portugal, que consequentemente reflete-se num melhor desempenho operacional pelas cotadas com maior exposição à economia nacional”, diz a equipa de research do Banco BiG.

É um facto. Portugal apresenta níveis de confiança reforçados. As últimas notícias em relação ao défice, ao Produto Interno Bruto (PIB) e ao desemprego são positivas. A perceção de risco do país junto dos investidores internacionais está em queda livre — razão pela qual o IGCP já arrisca a ir ao mercado com leilões de dívida a dez anos. Da Europa sopram também ventos favoráveis e que saíram reforçados com a vitória de Emmanuel Macron nas eleições presidenciais francesas deste fim de semana, afastando Marine Le Pen do poder.

“Há um sentimento geral dos investidores, sobretudo ativos de risco como as ações, de diminuição da aversão ao risco e aumento da complacência perante a incerteza. Este fenómeno ficou mais visível desde o resultado da primeira volta das eleições francesas, com as sondagens a afastarem Marine Le Pen do Eliseu”, comenta João Queiroz, diretor de banca online do Banco Carregosa.

“A perceção do risco soberano dos países da periferia também melhorou. Mas não foi só isso: o calendário de apresentação de resultados nos EUA, em média, surpreendeu pela positiva com estimativas de crescimento de dois dígitos nos lucros”, reforça Queiroz.

"Há um sentimento geral dos investidores, sobretudo ativos de risco como as ações, de diminuição da aversão ao risco e aumento da complacência perante a incerteza. A perceção do risco soberano dos países da periferia também melhorou. Mas não foi só isso: o calendário de apresentação de resultados nos EUA, em média, surpreendeu pela positiva.”

João Queiroz

Banco Carregosa

Winners e laggers

No plano empresarial, também há motivos para pegar o touro pelos cornos. Algum do otimismo dos investidores em relação às cotadas está de regresso. Ou, pelo menos, a reputação do mercado nacional parece ter superado o trauma que foram as falências em catadupa do império Espírito Santo e Banif e ainda o caso da Portugal Telecom.

O próprio índice registou alguns ajustamentos nos últimos meses. Saiu o BPI depois da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank, entraram dois novos sócios para o PSI-20: Novabase e Ibersol.

Albino Oliveira, gestor de ativos da Patris Investimentos, nota que há um “regresso da confiança por parte dos investidores a algumas cotadas do PSI-20”. De facto, empresas como Mota-Engil, Navigator, Corticeira Amorim e Pharol têm estado em plena evidência na principal montra do mercado português: desde meados de novembro as ações acumulam ganhos entre 40% e 50%. Em relação à Novabase, a tecnológica liderada por Luís Paulo Salvado só chegou ao PSI-20 em março e o primeiro mês foi pautado por alguma ausência do mercado.

Winners da bolsa

Fonte: Bloomberg (valores em %)

Em sentido contrário, Nos Montepio e CTT não conseguiram aproveitar o sentimento mais favorável que o mercado português tem evidenciado desde novembro e são as exceções na bolsa nacional, enquanto REN e BCP têm estado aquém do desempenho do PSI-20, ainda assim mantendo-se em terreno positivo.

Importa salientar, porém, que o banco liderado por Nuno Amado valoriza aproximadamente 25% desde o início do ano. “Está a beneficiar do comportamento do setor na Europa, mas o desempenho traduz também uma maior confiança dos investidores relativamente ao balanço da instituição após a realização do aumento de capital”, argumenta Albino Oliveira. O BCP apresenta contas trimestrais esta segunda-feira após o fecho da bolsa.

Laggers da bolsa

Fonte: Bloomberg (valores em %)

Os riscos

O apetite no mercado nacional existe e pode durar, admitem os especialistas consultados pelo ECO. Mas este sentimento pode mudar de forma brusca a qualquer momento. E o touro vai embora.

“Por exemplo, uma deterioração no enquadramento económico, tendo em conta as atuais elevadas expectativas. Os indicadores de sentimento e atividade registaram nos últimos meses uma forte subida. Por outro lado, o movimento nas yields portuguesas foi também já bastante significativo…”, lembra Albino Oliveira. “Uma inversão no movimento (mesmo que temporária) em ambos os casos poderia ter um impacto negativo”, frisa o responsável.

"Uma inversão no movimento (mesmo que temporária) económico ou dos juros poderia ter um impacto negativo na bolsa portuguesa.”

Albino Oliveira

Patris Investimentos

Para João Queiroz, as maiores preocupações que enfrenta a bolsa nacional neste momento são sobretudo exportadas. “No fundo, temos sempre receio de uma crise sistémica do setor bancário, de um resultado inesperado de processos eleitorais (dentro de um mês haverá três processos eleitorais), de um cisne negro ou de uma das dez bolhas dos EUA suscitar preocupações relevantes”, elenca o gestor do Banco Carregosa.

Seja como for, o touro chegou à bolsa portuguesa e parece estar bem alimentado. Olé, touro lindo!

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MP investiga créditos do Montepio ao GES e Ongoing

  • ECO
  • 28 Abril 2017

Tanto os montantes envolvidos como a forma como as transferências internacionais tiveram lugar levantaram suspeitas do DIAP. Ministério Público está a investigar.

O Ministério Público está a investigar créditos do Montepio a clientes como o Grupo Espírito Santo (GES) e a Ongoing, que já faliram, assim como as garantias desses créditos, escreve esta sexta-feira o Jornal Económico (acesso livre). Também créditos concedidos ao construtor José Guilherme está visado no inquérito que, segundo o jornal, foi aberto há mais de um ano no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

As suspeitas surgiram devido a transações com origem no Finibanco Angola, cujos valores elevados e procedimentos invulgares fizeram com que as autoridades decidissem investigar a possibilidade de branqueamento de capitais.

Além dos créditos à Ongoing e ao GES, também estão a ser investigados financiamentos a José Guilherme, construtor civil que terá oferecido 14 milhões de euros a Ricardo Salgado.

As operações consideradas suspeitas pelo DIAP e que levaram à abertura de uma investigação foram efetuadas quando Tomás Correia liderava o Montepio, e não foram comunicadas às autoridades, escreve o jornal.

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Montepio já está no PSI-20. Ações chegam em maio

  • ECO
  • 10 Abril 2017

A entrada de novos acionistas no capital do banco liderado por Félix Morgado acontece já no próximo mês. Isto depois de a assembleia-geral do Montepio ter aprovado a passagem a sociedade anónima.

OMontepio não é novo no PSI-20, mas as ações do banco só chegam ao índice de referência em maio. No próximo mês, quem for titular de unidades de participação da Caixa Económica passa a a ser acionista da instituição financeira liderada por Félix Morgado. Uma alteração que acontece depois de a assembleia-geral ter aprovado, por unanimidade, a transformação do banco em sociedade anónima e a alteração dos estatutos. A conversão será automática, sem que os investidores tenham de fazer qualquer operação.

Foi no início deste mês que o Montepio aprovou a passagem a sociedade anónima. Isto permitirá a entrada no capital do banco de novos acionistas, limitada a acionistas de caráter social, tal como é o caso da Santa Casa que já demonstrou o seu interesse. O Jornal de Negócios (acesso pago) refere que esta mudança vai acontecer já no próximo mês. Ou seja, quem for titular de unidades de participação da Caixa Económica passa a ser acionista do banco. Isto numa altura em que uma ação vale 42 cêntimos.

“Com a entrada em vigor dos novos estatutos da Caixa Económica Montepio Geral, após a transformação jurídica em sociedade anónima, as unidades de participação do fundo de participação passam a ações ordinárias com direito a voto, logo que esteja concluído o processo de transformação”, diz o banco, citado pelo jornal.

Esta alteração faz com que o capital do Montepio passe a ser de 2.170 milhões. Deste valor, a Associação Mutualista, a dona do Montepio, detém 2.055 milhões, ficando com 94,7% do capital do banco. Já o restante capital, referente às unidades de participação, será disperso por pequenos investidores, que não deverão ficar com participações superiores a 2%.

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