Banco mau para o malparado? “Portugal não tem dinheiro”, diz a Mint

Há um problema de 120 mil milhões na banca do sul da Europa. A Mint diz que passar o malparado para bancos maus e hedge funds pode ser a solução, mas Portugal não tem dinheiro para um bad bank.

O Governo português tem “pouca margem orçamental para financiar um ‘banco mau'” que absorva os empréstimos em incumprimento no balanço dos bancos. Este veículo pode ser a solução para estes ativos tóxicos que pesam na rentabilidade das instituições financeiras no sul da Europa: o fardo é de 120 mil milhões de euros, de acordo com a Mint Partners. O Novo Banco é que tem o maior rácio de malparado em Portugal, mas os casos mais preocupantes estão no Chipre e na Grécia.

“Com um rácio dívida/PIB de 130%, a capacidade de o Governo [português] para recapitalizar e resgatar bancos, como fez com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) no final do ano passado, é limitado“, de acordo com um relatório da Mint obtido pelo ECO. O Executivo tem, por isso, “pouca margem orçamental” para a criação de um “banco mau”. Uma opção que já foi, aliás, afastada por António Costa, tendo sido apresentada uma solução aos bancos mas sobre a qual ainda pouco é conhecido.

Para Bill Blain e Ben Stheeman, responsável pelos mercados de capital e associado da Mint, respetivamente, alertam que o malparado é um fardo que deixa o setor bancário europeu “numa situação precária”. E que a solução passa precisamente pela transferências destes ativos tóxicos do balanço dos bancos para hedge funds e para “bancos maus” financiados com dinheiros públicos. Recentemente, a CGD vendeu uma carteira de quase 500 milhões de euros em malparado à Bain Capital.

Com um rácio dívida/PIB de 130%, a capacidade de o Governo [português] para recapitalizar e resgatar bancos, como fez com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) no final do ano passado, é limitado.

Mint Partners

Mas os especialistas deixam um alerta: isto não é suficiente. “Têm de ser tomadas medidas para se reduzir o peso dos Non Performing Loans (NPL, ou malparado em português), mas não se deve pensar que isto é um sinal de que o problema do malparado nos países do sul da Europa ficará resolvido”, afirmam. “Os NPL não serão eliminados, apenas deslocados. Esta estratégia pode falhar, uma vez que estes empréstimos vão continuar no sistema financeiro”, notam.

Os dois responsáveis referem que a resolução deste problema “vai exigir uma mudança das políticas”, alertando que além do malparado há outros pontos fracos a resolver na banca da Zona Euro. Defendem que ainda há diferenças significativas entre as regras de resolução europeias e as medidas adotadas por cada país. “Neste cenário, a regulação bancária do Banco Central Europeu não abordará adequadamente uma crise bancária europeia.”

Bancos portugueses à lupa

Novo Banco “deve sobreviver”

O banco de transição, que resultou da resolução do Banco Espírito Santo, “tem sido apontado como um exemplo de ‘banco mau’ na Europa”. Bill Blain e Ben Stheeman referem que, se tudo correr como o esperado, “o período de transição [do Novo Banco] vai terminar em novembro, quando for vendido ao fundo norte-americano Lone Star”.

Mas deixam algumas dúvidas no ar. “A conclusão deste acordo não está totalmente garantida”, relembram. Esta operação está neste momento dependente de uma troca de dívida que vai reforçar os rácios de capital em 500 milhões de euros. Os detalhes devem estar quase a ser conhecidos pelos investidores. Por isso, esta venda é mais uma questão de “quando” e não de “se”, salientam. Assim que o Novo Banco estiver nas mãos do fundo “as perdas com os NPL já não serão suportadas pelo Novo banco e pelo novo dono [o Lone Star]. Por isso, o banco deve sobreviver”.

Montepio? “Um banco a que se deve estar atento”

A rentabilidade da instituição financeira liderada por Félix Morgado “é extremamente volátil”, refere a Mint. Porquê? “Em parte devido ao rácio elevado de NPL.” O banco avançou recentemente com um aumento de capital de 250 milhões de euros, totalmente subscrito pelo único acionista, a Associação Mutualista, que tem em marcha uma OPA sobre o Montepio.

Mas, segundo a Moody’s, este reforço, apesar de ter um impacto positivo no banco, não é suficiente para compensar os desafios que a instituição continua a enfrentar, como é o caso do malparado. O Montepio parece estar a fazer melhorias, mas “não fez progressos na redução do stock de NPL. Por este motivo, é certamente um banco a que devemos estar atentos”, remata a Mint.

BCP: Bem capitalizado, mas ainda tem de reduzir malparado

O maior banco privado português teve de receber ajuda em 2012, através de CoCos que já foram integralmente pagos. Isto depois de a crise financeira ter levado o rácio de capital CET1 a cair abaixo dos requisitos impostos pela regulação. O banco tem agora um rácio de 13% e um rácio de NPL de quase 16%. Mas ainda há mais trabalho a fazer, diz a Mint.

“O BCP parece estar bem capitalizado, mas tem de continuar a reduzir o malparado. O BCP planeia reduzir o total de NPL em mil milhões de euros anuais ao longo dos próximos anos, o que deve ser gerível considerando os progressos que tem feito. Por este motivo, e apesar de ainda apresentar um défice de capital de 1,1 mil milhões, o BCP deve recuperar”, concluem os responsáveis da Mint.

CGD: Um banco “bem protegido”

A situação financeira da CGD não tem sido a mais favorável nos últimos anos. É, por isso, um dos bancos a que se deve estar atento, referem Bill Blain e Ben Stheeman. Mas, com o plano de recapitalização, que levou a uma injeção de cinco mil milhões, e de reestruturação, com o fecho de balcões e despedimentos, é de esperar “que a CGD esteja relativamente bem protegida”. Isto tendo em conta também que a CGD “já começou a vender carteiras de malparado”.

O banco estatal vendeu recentemente 476 milhões de euros em crédito malparado ao fundo de private equity Bain Capital Credit. A carteira de créditos comprada pela Bain Capital é constituída “maioritariamente por empréstimos imobiliários bilaterais garantidos por pequenas e médias empresas e algumas grandes empresas”, explicou o fundo.

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Moody’s aplaude mudanças no Montepio

Agência diz que aumento de capital e transformação da caixa económica em sociedade anónima vão reforçar os capitais da instituição. Ainda assim, elevado volume de ativos tóxicos continua a pesar.

Aumento de capital e transformação do banco em sociedade anónima. Para a agência Moody’s, as mudanças na Caixa Económica Montepio Geral têm impacto positivo para os credores da instituição. “Reforça a capacidade de absorção de perdas do banco face aos desafios muito significativos de qualidade dos ativos”, diz a vice-presidente María Viñuela, autora da nota publicada esta segunda-feira pela agência de rating.

Em primeiro lugar, o aumento de capital de 250 milhões de euros. A Moody’s estima que com este reforço de capital o banco consegue aumentar o seu rácio de força financeira de 10,7% para 12,6%, “permitindo cumprir com os requisitos de capital legais”. Mais: permite ainda aproximar os rácios do Montepio aos rácios dos outros bancos portugueses, cuja média se situava nos 12% no final de março.

Foi a 30 de junho que o Montepio Geral finalizou um aumento de capital de 250 milhões de euros, tendo sido totalmente subscrito pelo acionista único, a Associação Mutualista Montepio Geral. Na mesma ocasião, o banco anunciou uma oferta pública de aquisição sobre as unidades do fundo de participação da Caixa Económica, numa altura em que prepara a sua transformação em sociedade anónima.

Para a Moody’s, a instituição liderada por Félix Morgado vai beneficiar com esta transformação da caixa económica em sociedade anónima. Porque “vai permitir aceder ao mercado de capitais em caso de necessidade” quando até ao momento se encontrava exclusivamente dependente da Associação Mutualista. E depois porque, assim que se transformar numa sociedade anónima, será permitido ao Montepio aderir ao regime especial de DTA (ativos por impostos diferidos).

“Isto terá um impacto positivo de 50 pontos base no seu rácio de capital phased-in CET 1 e de 120 pontos base no seu rácio fully loaded CET1”, calcula a agência de notação, adiantando, porém, que o impacto da adesão aos DTA será limitado dado o elevado montante de ativos problemáticos.

Para resolver os seus problemas, o banco tem empreendido mudanças significativas. Além do aumento de capital e da transformação da caixa económica em sociedade anónima, a Associação Mutualista decidiu lançar uma oferta pública de aquisição sobre as unidades do fundo de investimento para tirar o banco de bolsa.

Tratam-se de medidas que visam abrir o capital da instituição a novos investidores, nomeadamente a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com quem assinou um memorando de entendimento para a criação de um banco de vertente social.

Atualmente, a Moody’s atribui um rating de “B3” negativo à Caixa Económica Montepio Geral.

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Montepio dispara 99% após OPA da Associação Mutualista

Unidades de participação do Montepio Geral disparam na bolsa depois de a Associação Mutualista ter lançado uma oferta para comprar títulos por um euro cada.

As unidades de participação da Caixa Económica Montepio Geral disparam quase 100% na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Associação Mutualista Montepio Geral para tirar o banco de bolsa com uma contrapartida de um euro por unidade.

Os títulos do Montepio valorizam 98,99%% para 0,989 euros no arranque da sessão desta quarta-feira, cotando-se assim 1,1 cêntimos aquém do preço oferecido pela associação mutualista que é o acionista único do banco.

A sessão está a ser marcada por um forte apetite comprador em torno do Montepio: já foram trocados mais de 1,4 milhões de unidades de participação em apenas duas horas de negociação, um volume sete vezes superior à média diária dos últimos 12 meses.

A Associação Mutualista vai pagar um euro por cada unidade de participação da Caixa Económica MPIO 0,00% , o que avalia esta oferta em mais de 100 milhões de euros. Paga um prémio de quase 100% face ao fecho desta terça-feira. A contrapartida que a entidade oferece por cada unidade do banco é igual ao valor a que estes títulos foram vendidos numa primeira fase a investidores de retalho. Ou seja, os pequenos investidores que compraram estas unidades nos balcões do Montepio não perdem dinheiro na OPA.

Esta operação acontece antes de estas unidades de participação serem transformadas em ações, perante a passagem do banco mutualista a sociedade anónima, o que permitirá abrir o capital da instituição financeira a novos investidores.

Foi em dezembro de 2013 que as unidades de participação do banco Montepio começaram a negociar em bolsa. Os 23.916 pequenos investidores deram um euro por cada título — a maioria comprou até mil unidades, mas mais de 200 aplicaram mais de 100 mil euros. Agora estas unidades vão ser transformadas em ações que deixarão de estar cotadas na bolsa se a OPA for bem-sucedida.

Para Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista, a OPA sobre o Montepio é “um importante passo para dar corpo à estratégia de tornar a Caixa Económica Montepio Geral na Instituição Financeira da Economia Social, podendo assim contribuir ativamente para o desenvolvimento do país”.

(Notícia atualizada às 10h07 com novas cotações)

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Tomás Correia: “OPA serve para transformar Montepio num banco social”

A Associação Mutualista vai tirar o banco de bolsa. A medida, diz o presidente, é vital para "dar corpo à estratégia de tornar a CEMG na Instituição Financeira da Economia Social".

O Montepio vai sair de bolsa. Depois de entrar no mercado de capitais e no final de 2013, as unidades de participação são agora alvo de uma OPA a um preço de um euro, operação que visa “dar corpo à estratégia de tornar a CEMG [Caixa Económica Montepio Geral] na Instituição Financeira da Economia Social”, refere Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista Montepio Geral.

“Trata-se de uma medida fundamental para que, após a sua transformação em sociedade anónima, o capital social da CEMG venha a ser detido, na maior extensão possível, por entidades da economia social. É um importante passo para dar corpo à estratégia de tornar a CEMG na Instituição Financeira da Economia Social, podendo assim contribuir ativamente para o desenvolvimento do nosso país”, refere em comunicado.

A Associação Mutualista anunciou no final da semana passada uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. No entanto, à data, Tomás Correia disse que o Montepio estava aberto a outros investidores. “O projeto estratégico de transformação da CEMG na Instituição Financeira Nacional da Economia Social está aberto às instituições sociais que, livremente, nela pretendam participar”, notou.

É um importante passo para dar corpo à estratégia de tornar a CEMG na Instituição Financeira da Economia Social, podendo assim contribuir ativamente para o desenvolvimento do nosso país.

Tomás Correia

Presidente da Associação Mutualista Montepio Geral

Santana Lopes, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, salientou que a SCML só participará num processo estratégico, amplo, de todo o setor social, não aparecerá sozinha individualmente em nada”. “Se nisso estiver incluído uma participação de todos numa entidade financeira, muito bem, só no âmbito desse processo é que se poderá pôr a hipótese de participação da Santa Casa”, destacou.

Este acordo foi seguido do anúncio de um aumento de capital, havendo agora a OPA. A MGAM reforçou, sozinha, o capital do banco, tal como já o tinha feito há alguns anos, isto depois da venda de unidades de participação a pequenos investidores. Foram mais 250 milhões que elevaram o capital para mais de dois mil milhões de euros, dinheiro este pertencente à Associação que conta com mais de 600 mil associados.

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União das Misericórdias aberta a entrar no Montepio, mas quer banco social

  • Lusa
  • 3 Julho 2017

Na sexta-feira o Montepio fez um aumento de capital de 250 milhões de euros subscrito pela Associação Mutualista. Foi anunciado ainda que existe um memorando de entendimento com a Santa Casa.

O presidente da União das Misericórdias, Manuel Lemos, admitiu esta segunda-feira estar aberto a entrar no capital do Montepio, mas não quer “por o carro à frente dos bois” e é preciso que se torne num banco de economia social.

Após uma audiência, no Palácio de Belém, em Lisboa, com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em que o ‘dossier’ Montepio não foi analisado, Manuel Lemos disse que já teve contactos, há cerca de duas semanas, com Pedro Santana Lopes, da Misericórdia de Lisboa, sobre o assunto.

“Vemos interesse num banco de economia social. Estamos abertos a conversar, com certeza”, afirmou Manuel Lemos, evitando dar muitos pormenores sobre os prazos em que poderá existir uma decisão sobre este assunto.

Manuel Lemos disse que as Misericórdias preferem “fazer as coisas com calma e em estreita cooperação com todas as entidades”, incluindo a direção do Montepio. Estas declarações do responsável da União das Misericórdias Portuguesas surgem três dias depois de ter sido assinado, na sexta-feira, um memorando de entendimento entre a Montepio Geral Associação Mutualista (MGAM) e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que possibilita a participação da Santa Casa no capital do banco da associação.

Lemos defende que à União das Misericórdias interessa um “banco de economia social”, que “apoie as Pequenas e Médias Empresas (PME), instituições de economia social e pessoas que precisam de pequenos empréstimos”. “Falamos de um banco de economia social. O Montepio pode ser instrumento. Vamos ver como é”, resumiu.

Também na sexta-feira, a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) informou ter realizado um aumento do seu capital institucional, no valor de 250 milhões de euros, integralmente realizado pelo Montepio Geral Associação Mutualista (MGAM).

No final de março, o ministro Vieira da Silva disse que o Governo vê com “simpatia e naturalidade” a eventual entrada da SCML e de outras instituições da área social no capital da Caixa Económica Montepio Geral.

Depois, em maio, o provedor da SCML, Pedro Santana Lopes, disse que teria uma decisão fundamentada sobre uma eventual entrada no capital da Caixa Económica Montepio Geral até ao final de junho.

(Atualizado às 18h09 com mais declarações)

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Montepio acelera 10% à espera da Santa Casa

Os títulos do banco mutualista aceleram após o aumento de capital de 250 milhões de euros totalmente subscrito pelo único acionista. E isto antes de instituição abrir o capital a outros investidores.

A Caixa Económica Montepio Geral é um dos destaques da bolsa nacional. As unidades do fundo de participação do banco mutualista chegaram a acelerar cerca de 10% durante a manhã, depois de na sexta-feira passada a instituição ter anunciado um aumento de capital de 250 milhões de euros totalmente subscrição pela Associação Mutualista. Isto numa altura em que está a ser negociada a entrada no capital por parte da Santa Casa.

Os títulos do Montepio Geral estão a valorizar 3,94% para 0,501 euros, estando a valer praticamente metade do que valiam aquando da entrada em bolsa. Mas durante a manhã, estes títulos já dispararam 9,54%. Ajudam assim o principal índice português a alcançar ganhos de 0,39% para 5.172,94 pontos.

O comportamento do banco segue-se aos anúncios feitos na tarde de sexta-feira, após o fecho dos mercados. Desde logo o aumento de capital de 250 milhões de euros, totalmente subscrito pelo único acionista, a Associação Mutualista, “para acabar com as dúvidas”, conforme afirmou José Félix Morgado ao ECO. Félix Morgado adiantou que este reforço foi uma exigência do Banco de Portugal e vai permitir elevar os rácios da Caixa Económica para o “nível dos demais bancos do sistema com melhores rácios de capital”.

Ao mesmo tempo, foi anunciado um memorando de entendimento entre a Associação Mutualista Montepio Geral e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para “estabelecer uma parceria entre as entidades no âmbito do desenvolvimento nacional da economia social”, abrindo a porta à entrada da Santa Casa no capital do Montepio.

Tratam-se de desenvolvimentos que surgem em vésperas de as unidades de participação do fundo da Montepio Geral se transformarem em ações, no âmbito da passada caixa económica a uma sociedade anónima aprovada em maio passado e que vai permitir a entrada de novos acionistas. Santana Lopes, o Provedor da Santa Casa, diz que só entra no capital no âmbito de um processo de todo o setor social.

Evolução dos títulos do Montepio

 

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Santa Casa só poderá entrar no Montepio “num processo estratégico de todo o setor social”

  • Lusa
  • 2 Julho 2017

Pedro Santana Lopes diz que a instituição só poderá entrar no capital do Montepio "num processo estratégico, amplo, de todo o setor social".

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Pedro Santana Lopes, reiterou que a instituição só poderá entrar no capital do Montepio “num processo estratégico, amplo, de todo o setor social”.

No final da inauguração de um novo edifício do Hospital de Sant’ana (no concelho de Cascais), que pertence à SCML, Santana Lopes foi questionado sobre o comunicado emitido na sexta-feira e que dá conta de que esta instituição e a Montepio Geral Associação Mutualista (MGAM) assinaram um memorando de entendimento que possibilita a participação da Santa Casa no capital do banco da associação.

“Nós continuamos onde estávamos, apesar dos comunicados que saíram. Foi assinado um memorando que permite a abertura de negociações, não quer dizer mais nada do que isso”, afirmou.

O provedor da Santa Casa salientou que têm existido “boas notícias” em relação ao Montepio, referindo-se ao aumento de capital e ao crescimento de economia nacional, e considerou que “já não há aquela emergência de que se falava”.

Nós continuamos onde estávamos, apesar dos comunicados que saíram. Foi assinado um memorando que permite a abertura de negociações, não quer dizer mais nada do que isso.

Pedro Santana Lopes

Provedor da SCML

“Uma garantia quero dar: a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa só participará num processo estratégico, amplo, de todo o setor social, não aparecerá sozinha individualmente em nada”, assegurou.

O antigo primeiro-ministro defendeu que o momento que Portugal vive “exige que o setor da economia social se reorganize”, incluindo aqui instituições de solidariedade social, misericórdias ou Caixas Agrícolas.

“Se nisso estiver incluído uma participação de todos numa entidade financeira, muito bem, só no âmbito desse processo é que se poderá pôr a hipótese de participação da Santa Casa“, frisou, acrescentando que não prevê um desfecho para este processo antes do outono e que, até agora, nunca se encontrou com ninguém do Montepio.

“Calculo que a minha palavra há de ter alguma importância”, disse.

No final de março, o ministro Vieira da Silva disse que o Governo vê com “simpatia e naturalidade” a eventual entrada da SCML e de outras instituições da área social no capital da Caixa Económica Montepio Geral.

Depois, em maio, Pedro Santana Lopes disse que teria uma decisão fundamentada sobre uma eventual entrada no capital da Caixa Económica Montepio Geral até ao final de junho.

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Tomás Correia: Montepio está “sólido” e “aberto às instituições sociais”

O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral deixa aberta a porta à entrada de outras "instituições sociais" num banco "estável e sólido".

A Associação Mutualista Montepio Geral (MGAM) injetou mais 250 milhões de euros no Montepio antes da abertura do capital da instituição liderada por Félix Morgado a outros investidores. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa assinou um memorando de entendimento que a levará a entrar no capital do banco, mas António Tomás Correia deixa aberta a porta à entrada de outras “instituições sociais” num banco “estável e sólido”.

A MGAM reforçou, sozinha, o capital do banco, tal como já o tinha feito há alguns anos, isto depois da venda de unidades de participação a pequenos investidores. Foram mais 250 milhões que elevaram o capital para mais de dois mil milhões de euros, dinheiro este pertencente à Associação que conta com mais de 600 mil associados.

A CEMG está dotada dos meios necessários para o desenvolvimento da sua atividade, de forma estável e sólida.

Tomás Correia

Presidente da Associação Mutualista do Montepio Geral

“É uma iniciativa leal aos nossos princípios”, diz Tomás Correia relativamente ao novo aumento capital. “Ao longo de todos os anos da mais profunda crise financeira das nossas gerações, o Montepio prova a sua solidez, através dos seus próprios meios, sem necessidade de recorrer a ajudas públicas e, portanto, não onerando o contribuinte”, salienta em comunicado.

Com esta operação, “a CEMG está dotada dos meios necessários para o desenvolvimento da sua atividade, de forma estável e sólida“. O banco tinha encerrado o último exercício anual com prejuízos, mas conseguiu regressar a lucros no primeiro trimestre (11 milhões de euros). No entanto, os rácios de capital continuaram a degradar-se desde então.

Após este reforço de capital, e depois de anunciada a parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (embora não se sabendo ainda que participação poderá ter no capital), o presidente da associação diz que o Montepio está aberto a outros investidores. “O projeto estratégico de transformação da CEMG na Instituição Financeira Nacional da Economia Social está aberto às instituições sociais que, livremente, nela pretendam participar”, refere. O banco está em processo de passagem a sociedade anónima.

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Elisa Ferreira: Ainda falta “estabilizar o Montepio”

A administradora do Banco de Portugal, nomeada para ocupar o cargo de vice-governadora, afirma que o setor bancário está a recuperar. Mas falta "estabilizar o Montepio" e "vender o Novo Banco".

Elisa Ferreira, administradora do Banco de PortugalPaula Nunes/ECO

“Falta estabilizar o Montepio.” A declaração é feita por Elisa Ferreira, administradora do Banco de Portugal (BdP), na comissão de Orçamento e Finanças sobre a sua nomeação a vice-governadora do banco central liderado por Carlos Costa. Apesar de reconhecer que foram feitos progressos no setor bancário, a administradora considera que, para além do Montepio, falta vender o Novo Banco para se concretizar a estabilização do setor financeiro.

“Falta estabilizar um banco que não é sistémico, mas que é prioritário, que é a Caixa Económica Montepio Geral“, afirma Elisa Ferreira, salientando que a estabilização do setor bancário está em curso com a conclusão dos casos da Caixa Geral de Depósitos, BCP e BPI. A administradora do BdP já tinha afirmado que o caso do Montepio “é um processo normal e gradual”.

Mas, para além do banco liderado por Félix Morgado, ainda “falta vender o Novo Banco”. Sobre este tema, a candidata a vice-governadora do banco central referiu anteriormente que estava convencida de que tudo vai correr “muito bem”. “Pode acontecer um percalço mas não estamos a antecipá-lo”. Elisa Ferreira afirmou que os prazos do processo estão a ser cumpridos como previsto. “Acredito completamente que a assinatura vai ser cumprida”, afirmou.

Isto num cenário em que o setor bancário está a fazer progressos. “Olhando para a banca agora e pondo as coisas em perspetiva, em termos de ativos totais, há uma desalavancagem em relação a 2010”, salienta. “Os níveis de solvência aumentaram” e os rácios de capital também melhoraram. Há um “robustecimento do capital”, afirma, relembrando ainda que há, também, “uma maior eficiência”, com a descida dos rácios de transformação de níveis perto de 150% para os 96% em sete anos.

“Temos de acelerar limpeza dos NPL”

Na mesma audição, Elisa Ferreira aproveita para realçar a importância de “acelerar a limpeza dos NPL”. Ou seja, do crédito malparado. “Cabe-nos apoiar a aceleração deste processo”, refere, e é por isso que estão a “criar o enquadramento mais adequado para que este processo decorra com celeridade”.

Isto depois de ter dito que não há condições para criar um veículo contra estes empréstimos em incumprimento. A administradora do Banco de Portugal revelou que 34% da riqueza dos países da Zona Euro foi usada para financiar e “segurar” a banca e que as instituições devem libertar-se do malparado à medida que a economia permita. No entanto, segundo Elisa Ferreira, a falta de condições prende-se com a “legislação europeia”.

“Acho que é um assunto crítico para toda a Europa. Acontece que, neste processo, alguns países limparam esse crédito malparado”, afirmou, sublinhando as “intervenções brutais” feitas na banca de países como a Irlanda ou até o Reino Unido, onde cinco bancos foram nacionalizados. “Isto não quer dizer que o dinheiro que foi usado, foi perdido”.

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Depois das subidas recorde, Montepio já perde quase 50%

Os títulos do banco estão em queda há seis sessões consecutivas. Uma desvalorização que já anulou quase 50% dos ganhos conseguidos na semana passada, quando tocou máximos de 2013.

O Montepio MPIO 0,00% está a corrigir há seis sessões consecutivas. O banco liderado por Félix Morgado já perdeu quase 50% desde que alcançou máximos de 2013, quando as unidades de participação começaram a negociar em bolsa. Esta subida deixou muitos pequenos investidores que participaram na oferta pública de subscrição perto de conseguirem anular as perdas acumuladas desde então. Mas a correção que se seguiu afastou esta possibilidade.

Depois de chegarem a mais do que duplicar de valor num curto espaço de tempo, chegando aos 95 cêntimos — tendo encerrado a sessão nos 75,2 cêntimos –, os títulos acabaram por corrigir. As unidades de participação da Caixa Económica Montepio Geral seguem em queda de 5,68% para 53 cêntimos. Ou seja, já perdem 44% desde que tocaram máximos de quase quatro anos. Está avaliado em bolsa em 212 milhões de euros.

Montepio chegou aos 95 cêntimos. Correção tirou quase metade do valor

Fonte: Bloomberg

O volume de negociação também foi perdendo força. Há uma semana, o volume chegou a ser de 800 mil unidades por sessão. Esta quinta-feira, trocaram de mãos apenas 80 mil títulos.

A forte valorização registada fez soar os alarmes no regulador do mercado de capitais, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, que foi interrogando o banco sobre a existência, ou não, de algum facto relevante a comunicar ao mercado. Isto ao mesmo tempo que analisava as transações realizadas com os títulos da instituição.

O Montepio acabou por afirmar que não tinha qualquer informação a revelar. Mas por detrás do movimento estaria a expectativa de que pode surgir, em breve, um novo investidores para a instituição que está prestes a passar a sociedade anónima, abrindo o capital a novos acionistas além da Associação Mutualista. Quem? A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. O prospeto para esta transformação de unidades de participação em ações já está entretanto na CMVM.

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Montepio salvo pela Santa Casa? “Não é essa a minha visão”, diz Vieira da Silva

  • ECO
  • 8 Junho 2017

Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social vê esta "convergência" no setor social como uma "aproximação estratégica e não de curto prazo".

O ministro da Solidariedade Social voltou a rejeitar a tese de que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) irá salvar o Montepio, depois dos problemas que vieram a público nos últimos meses. “Não é essa a minha visão”, diz. Assegurando que a tutela não é sua — o Governo está também a estudar a retirada da Associação Mutualista Montepio, dona do banco, da tutela do Ministério do Trabalho –, Vieira da Silva argumenta, em entrevista ao Público publicada esta quinta-feira, que esta “convergência” no setor social é uma “aproximação estratégica e não de curto prazo”.

O Governo vê “com bons olhos aproximação entre entidades do setor social”, mas o ministro rejeita um envolvimento mais profundo, remetendo para as entidades responsáveis – neste caso, o Banco de Portugal (por não ser sistémico, o banco não está sob a supervisão do Banco Central Europeu). “As modalidades [de entrada no capital] — se é 5, se é 8, se é 10% —, o Governo não faz parte dessa discussão. Se se caminhar nesse sentido, e espero que se possa caminhar, terá de ser feita entre as entidades responsáveis”, afirmou Vieira da Silva, referindo que esta aproximação é “estratégia e não de curto prazo”.

Em entrevista na SIC Notícias esta terça-feira, o provedor da Santa Casa da Misericórdia revelou as suas condições para entrar no capital do Montepio: “Só entramos se o risco estiver bem medido. Se for considerado pesado e intolerável a Santa Casa não entra”. Pedro Santana Lopes disse ser sensível ao argumento de defesa o interesse nacional, mas assegurou que não aceitar ser pressionado e que se demite se for obrigado a tomar uma decisão contrária à sua avaliação. “O interesse nacional tem de implicar que a Santa Casa não está em risco”, argumentou.

O interesse nacional tem de implicar que a Santa Casa não está em risco.

Pedro Santana Lopes

Provedor da Misericórdia de Lisboa

Na semana passada, as unidades de participação do banco subiram 101,8% em dois dias, mas o Montepio negou haver informação que justifique esta subida recorde. Entretanto, o Montepio está prestes a transformar-se em sociedade anónima, alteração que levará as unidades de participação a passarem a ações no mercado de capitais português. O processo já corre na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Vieira da Silva: “Nenhum sistema dá direito a 23 anos de pensão”

Na mesma entrevista, o ministro do Trabalho rejeitou ir mais longe nas alterações legislativas sobre reformas antecipadas. E revelou que esse assunto não terá de passar pela Assembleia da República, onde encontraria a oposição do Bloco de Esquerda e do PCP que querem mais do que está a ser equacionado atualmente. A proposta “ainda não foi finalizada”, segundo Vieira da Silva, mas está assente num princípio: “Uma facilidade de acesso à reforma antecipada sem penalização para as muito longas carreiras contributivas”. Ao todo, a estimativa do Governo é beneficiar “cerca de nove mil pessoas por ano”.

Com a economia a subir, o Governo terá mais para dar? Vieira da Silva rejeita chamar-lhe “folga”: “A margem de manobra que um Governo tem para conduzir as suas políticas é sempre maior quando a economia cresce mais e quando há mais emprego”. Mas essa “margem de manobra” será reduzida na área das pensões dado que, nas palavras do ministro, mudanças mais profundas iriam criar uma “pressão” sobre o sistema da Segurança Social. “Não há nenhum sistema que eu conheça que, ao fim de 40 anos de desconto, dê direito a 23 anos de pensão“, afirmou.

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Subida do Montepio deixou investidores perto de anular perdas

As unidades de participação do Montepio aproximaram-se de um euro, o valor com que começaram a negociar. Ficaram a escassos cinco cêntimos de anular as perdas.

O Montepio já esteve a valer quase tanto quanto valia quando entrou em bolsa. Numa semana louca em bolsa, as unidades de participação chegaram aos 95 cêntimos, deixando muitos pequenos investidores que participaram na oferta pública de subscrição, realizada no final de 2013, perto de conseguirem anular as perdas acumuladas desde então. Mas a correção que se seguiu derrubou o “sonho”.

Foi em dezembro de 2013 que as unidades de participação do banco Montepio começaram a negociar em bolsa. Unidades que surgiram a partir de dois aumentos de capital realizados pela instituição liderada por Félix Morgado. A primeira operação aconteceu em 2013 apenas para clientes de retalho. O segundo aumento de capital já decorreu em 2015 e foi exclusivo para a Associação Mutualista, a dona do Montepio.

De acordo com os resultados da operação, foram negociados ao todo 400 milhões de títulos. Entre os 23.916 investidores que participaram, a maioria comprou até mil unidades. Mas mais de 200 investidores aplicaram mais de 100 mil euros.Euronext

Os 23.916 pequenos investidores deram um euro por cada título — a maioria comprou até mil unidades, mas mais de 200 aplicaram mais de 100 mil euros. Um valor que nunca mais foi recuperado desde as primeiras sessões. Mas na última semana aproximaram-se deste valor. As unidades atingiram os 95 cêntimos, o valor mas elevado desde 23 de dezembro de 2013, após mais uma subida vertiginosa, de mais de 50%, que se seguiu à escalada de 46% na sessão anterior.

Depois de chegarem a ganhar um máximo de 53,23%, os títulos acabaram por corrigir, voltando a afastar-se do preço de entrada no mercado. As unidades de participação da Caixa Económica Montepio Geral perderam valor nas últimas duas sessões da semana para encerrarem nos 65 cêntimos. Ainda assim, a subida acumulada foi de 55%.

Unidades do Montepio tocaram máximo de 2013

A forte valorização registada fez acionar por várias vezes o mecanismo que interrompe automaticamente a negociação sempre que se registam variações superiores a 10%. E fez soar os alarmes no regulador do mercado de capitais, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, que foi interrogando o banco sobre a existência, ou não, de algum facto relevante a comunicar ao mercado. Isto ao mesmo tempo que analisa as transações realizadas com os títulos da instituição.

“A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) informa que não tem, nesta data, qualquer informação privilegiada ou materialmente relevante que, em seu entender, possa ter influenciado de forma sensível a cotação ou o volume de transações de unidades de participação, nos termos verificados nos dias 30 e 31 de maio de 2017, ou possa vir a influenciar essa mesma cotação ou volume de transações”, afirmou o Montepio em comunicado enviado à CMVM.

O Montepio não tem nada a comunicar, mas por detrás do movimento estará a expectativa de que possa surgir, em breve, um novo investidores para a instituição que está prestes a passar a sociedade anónima, abrindo o capital a novos acionistas além da Associação Mutualista. Quem? A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).

"A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) informa que não tem, nesta data, qualquer informação privilegiada ou materialmente relevante que, em seu entender, possa ter influenciado de forma sensível a cotação.”

Montepio

Comunicado enviado à CMVM

A possível parceria entre a SCML e o Montepio está a conhecer novos desenvolvimentos. Os responsáveis de ambos os lados estiveram reunidos com o Banco de Portugal para discutir os termos desta parceria, revelou o Público. E o Expresso diz que o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, está a pressionar Pedro Santana Lopes, provedor da SCML, para que este dê luz verde à entrada da instituição no capital do Montepio Geral.

Há uma crescente pressão para que haja um novo acionista ao mesmo tempo que o regulador do setor financeiro está a avaliar as contas do Montepio, antes de decidir se o banco terá de fazer um aumento de capital para reforçar rácios.

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