Investidores do Montepio têm até 16 de novembro para vender ações

  • Rita Atalaia
  • 8 Novembro 2017

A Associação Mutualista Montepio Geral alerta que os acionistas do Montepio têm até 16 de novembro para venderem as ações. No fim deste prazo, a entidade vai exercer o direito potestativo.

A Associação Mutualista Montepio Geral, que detém 99,7% do Montepio, propõe-se a comprar as ações da instituição financeira que ainda não detém até 16 de novembro. A entidade liderada por Tomás Correia vem assim relembrar o prazo de aceitação desta oferta voluntária de aquisição, através da qual vai pagar um euro por cada título. Terminado este prazo, a Associação vai exercer o seu direito potestativo junto dos acionistas que não aceitem a oferta.

“A presente proposta é válida a partir da presente data até ao dia 16 de novembro de 2017 (ambos inclusive)”, refere a Associação Mutualista num anúncio publicado esta quarta-feira no Diário de Notícias. “Durante o período referido, os senhores acionistas da Caixa Económica Montepio Geral que pretendam aceitar a proposta constante deste anúncio deverão transmitir a sua ordem de venda ao intermediário financeiro legalmente autorizado junto do qual tenham depositadas as respetivas ações”, acrescenta.

Durante o período referido, os senhores acionistas da Caixa Económica MG que pretendam aceitar a proposta constante deste anúncio deverão transmitir a sua ordem de venda ao intermediário financeiro legalmente autorizado junto do qual tenham depositadas as respetivas ações.

Associação Mutualista Montepio Geral

Depois de terminado este período, a Associação Mutualista exercerá o seu direito potestativo de aquisição das ações dos acionistas que não aceitem voluntariamente a oferta de compra. A liquidação ocorrerá a 17 de novembro.

Em setembro, a Associação Mutualista concluiu com sucesso a Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre o Montepio Geral. A entidade liderada por Tomás Coreia conseguiu comprar 98,28% do fundo do banco, o suficiente para retirar o Montepio de bolsa e abrir a porta aos acionistas da economia social. Nesta oferta, a Associação Mutualista pagou um euro por cada título não detido. Com esta compra, e a participação direta que já detinha, a Associação ficou com 99,7% do capital do banco.

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Moody’s “nota positivamente” venda de malparado do Montepio

  • Rita Atalaia
  • 7 Novembro 2017

A agência de notação considera que a titularização de uma carteira de 580 milhões de euros em crédito malparado por parte do Montepio abre a porta a operações semelhantes no futuro.

A Moody’s está satisfeita com a titularização de uma carteira de 580 milhões de euros em crédito malparado anunciada pelo Montepio. A agência de notação considera que este passo abre a porta a outras operações semelhantes. Uma medida que se insere no plano do banco liderado por Félix Morgado para reduzir os ativos não estratégicos.

“A Moody’s nota positivamente que o banco titularizou recentemente uma carteira de 580 milhões de euros em crédito malparado [inclui exposições dentro e fora do balanço], o que terá um impacto positivo de perto de 200 pontos base no rácio de NPL do banco“, refere a agência de notação numa nota, ao mesmo tempo que afirmou os ratings do programa de dívida sénior e depósitos da instituição financeira. O banco teria, segundo a Moody’s, um rácio de crédito malparado de cerca de 19%.

A Moody’s nota positivamente que o banco titularizou recentemente uma carteira de 580 milhões de euros em crédito malparado [inclui exposições dentro e fora do balanço], o que terá um impacto positivo de perto de 200 pontos base no rácio de NPL do banco.

Moody's

A agência reconhece ainda que “esta titularização prepara terreno para operações semelhantes num futuro próximo, o que pode ajudar o banco a diminuir mais a elevada exposição a ativos problemáticos”.

Foi na segunda-feira que o Montepio colocou à venda uma carteira de crédito malparado. O valor da carteira, avançado em comunicado à CMVM, é de 580.574.172 euros. Esta solução para o malparado insere-se no Plano Estratégico de 2016-2018, através do qual o banco pretende reduzir os ativos não estratégicos.

Já no mês passado o banco conseguiu uma colocação de 750 milhões em obrigações hipotecárias no mercado internacional. As propostas de mais de 140 investidores, que totalizaram três mil milhões de euros, permitiram ao Montepio fixar os seus custos de financiamento em 0,875% por ano ao longo dos cinco anos da transação.

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Corte de custos leva Montepio para lucros de 20,4 milhões

  • Rita Atalaia
  • 24 Outubro 2017

O banco liderado por Félix Morgado registou uma melhoria dos resultados nos primeiros nove meses do ano. Uma recuperação que se baseia no aumento do produto bancário e redução dos custos.

A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) continua a apresentar lucros. Registou um resultado líquido de 20,4 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. Isto em comparação com um prejuízo no mesmo período do ano passado. Uma recuperação que se baseia no aumento do produto bancário e redução dos custos operacionais. Mas também graças ao aumento das comissões.

“A CEMG atingiu um resultado líquido positivo de 20,4 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2017, que compara com o resultado negativo de 67,5 milhões de euros relevado no período homólogo de 2016”, afirma o banco liderado por Félix Morgado na apresentação dos resultados do Montepio até setembro deste ano. “É o terceiro trimestre consecutivo em que a Caixa Económica tem resultados positivos”, destaca o presidente do Montepio.

Para este resultado, a instituição financeira aponta três motivos: melhoria da margem financeira, aumento das comissões e queda dos custos operacionais. Desde dezembro do ano passado, o Montepio duplicou as comissões associadas ao crédito à habitação. Neste sentido, as comissões líquidas subiram 19,3% para 83,9 milhões de euros, “traduzindo o impacto favorável da adequação do preçário à proposta oferecida pelo grupo CEMG e da maior dinâmica do negócio”, explica o Montepio.

O presidente do Montepio, Félix Morgado, diz que este aumento das comissões não está a afastar os clientes. “Os nossos clientes sentem-se confortáveis com o preço que pagam”, o que se reflete no aumento dos depósitos, explica.

"A CEMG atingiu um resultado líquido positivo de 20,4 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2017, que compara com o resultado negativo de 67,5 milhões de euros relevado no período homólogo de 2016.”

Montepio

A margem financeira aumentou 13,3% para 202,1 milhões. “Para este desempenho contribuiu a redução dos custos de financiamento”, refere o banco. Mas a redução dos custos também contribuiu para este resultado. “Para este desempenho contribuiu a redução dos custos de financiamento, nomeadamente do custo dos depósitos a prazo e da dívida emitida, que foi superior ao decréscimo dos juros e rendimentos das carteiras de crédito, num contexto da redução das taxas de juro de referência no mercado”, nota.

Os resultados de operações financeiras também se destacaram pela positiva. Esta rubrica registou ganhos de 66,7 milhões de euros. Por outro lado, o produto bancário cresceu 15% nos primeiros nove meses do ano, “alavancado no desempenho positivo do negócio core“.

Rácio de capital melhora. Vai subir mais

Olhando para os rácios de capital, houve igualmente uma melhoria da posição de capital. O rácio CET1 do banco liderado por Félix Morgado subiu para 13% e o rácio de capital total para os 13,2%.

“O reforço da posição de capital incorpora os efeitos positivos do aumento do capital institucional em 250 milhões de euros, da geração orgânica de capital e da descida dos ativos ponderados pelo risco em 1.278 milhões de euros para 11.965 milhões de euros”, diz o banco.

Contudo, “os rácios de capital não incluem os efeitos positivos, estimados em 48 pontos base, associados à adesão ao regime dos ativos por impostos diferidos“, salienta.

Porta aberta a investidores

Estes foram os primeiros resultados apresentados depois de concluída a OPA da Associação Mutualista Montepio Geral ao Montepio, através da qual a entidade liderada por Tomás Correia ficou com 99,7% do capital do banco. Esta operação serviu, segundo o presidente da Associação Mutualista, para “transformar o Montepio num banco social”. Foi em julho que a Associação anunciou uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mantendo, contudo, a porta aberta a outros investidores.

Sobre a entrada de um novo acionista no banco, Félix Morgado refere que essa questão deve ser colocada à Associação Mutualista. “O conselho de administração executivo está a trabalhar dia a dia para gerar valor para os acionistas”, diz, sem adiantar mais detalhes. Em relação à possibilidade de o acionista vir a fazer alterações na equipa, o presidente do Montepio diz “não comentar rumores ou especulações”.

(Notícia atualizada às 18h32 com mais detalhes)

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Santa Casa quer lugar no Montepio e contrata Haitong

  • ECO
  • 13 Outubro 2017

A Santa Casa está interessada em comprar uma participação no Montepio, o que trará mudanças não só para o Conselho de Administração, mas também para a liderança da instituição.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa está interessada numa participação no Montepio, agora que passou de banco mutualista a sociedade anónima, e terá já contratado o banco de investimento Haitong para assessorar o processo de compra. As mudanças decorrentes desta operação poderão fazer com que José Félix Morgado abandone a liderança da instituição.

As novidades são avançadas esta sexta-feira pelo Jornal Económico, que explica que, com a passagem de banco a sociedade anónima, a Caixa Económica Montepio Geral será obrigada a mudar os estatutos e o modelo de governo. Segue-se a composição de um novo Conselho de Administração, já com administradores indicados pela Santa Casa, segundo defende Tomás Correia.

A ocorrer alguma alteração no Conselho de Administração, José Félix Morgado poderá não continuar disponível para ocupar a liderança da instituição, pelo que os nomes de João Neves, atual administrador do banco, Carlos Álvares, presidente do Banco Popular, e Pedro Alvares, membro do centro corporativo da Associação Mutualista, foram os nomes apontados para o substituir.

A entrada da Santa Casa no Montepio, que se poderá traduzir numa participação de até 10%, está a ser impulsionada pela saída de Pedro Santana Lopes, visto que as decisões passam para as mãos de quem assinou o memorando de entendimento para analisar a compra, Edmundo Martinho.

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Banqueiros levam cheque maior para casa. A culpa é da CGD e do BCP

Entre salários, bónus e outras benesses, receberam 14,8 milhões só num semestre. Os bancos estão a regressar aos lucros e a folha salarial dos gestores está a acompanhar.

A banca nacional está a recuperar. O malparado continua a pesar, mas aos poucos as contas das instituições financeiras vão passando do vermelho para o verde. O valor das remunerações também está a aumentar, alcançando os 14,8 milhões de euros no semestre. Há um aumento significativo face ao ano passado. Praticamente todos os bancos pagaram mais aos administradores, com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) a mais do que duplicar as remunerações (por causa da mudança das regras) e o BCP a crescer 30% depois de se libertar da ajuda estatal.

CGD, BCP, Santander Totta, Montepio e BPI entregaram 13,6 milhões de euros aos membros dos conselhos de administração durante a primeira metade do ano passado. O valor passou, este ano, para 14,8 milhões, de acordo com os dados publicados nos respetivos Relatórios e Contas do primeiro semestre de 2017, o que traduz um aumento de 8,4%. É muito? É pouco? Tendo em conta a taxa de inflação nos 12 meses terminados em junho, de 1,07%, as remunerações cresceram quase oito vezes mais do que o aumento do custo de vida.

O cheque global engordou em 1,4 milhões de euros, mas o aumento não foi igual em todos os bancos — até houve um banco, o BPI, em que se assistiu a uma redução do valor pago –, com a CGD a ser responsável por mais de metade da diferença registada no espaço de apenas um ano. Na CGD, a remuneração dos órgãos de gestão e de fiscalização passou de 635 mil euros para 1,462 milhões. É um aumento de 130% que reflete um antes e depois da passagem de António Domingues pelo banco do Estado.

Com a chegada de António Domingues à CGD, as regras de remuneração dos gestores do banco público mudaram, sendo que estes deixaram de estar abrangidos pelo Estatuto do Gestor Público que impunha o teto do salário do primeiro-ministro ou, em alternativa, o vencimento do lugar de origem. O resultado de praticar “salários em linha com o setor” foi que a folha salarial dos administradores da Caixa aumentou de forma substancial. António Domingues passou a ganhar 30.214,29 euros brutos por mês, mais 13,6 mil euros do que o seu antecessor José de Matos.

Domingues só chegou na segunda metade do ano passado, saindo no final de 2016. Mas o salário ficou. Paulo Macedo, bem como os restantes administradores do banco, têm salários sem qualquer tipo de teto, o que se reflete nas contas do primeiro semestre da CGD. Sem travão estão agora também as remunerações dos gestores do BCP, uma vez concluída a devolução ajuda estatal (que limitava os salários) com recurso a um aumento de capital através dos seus acionistas.

Considerando apenas a comissão executiva do BCP, em remunerações contam-se 1,417 milhões de euros, acima dos 1,04 milhões um ano antes. Com complementos de reforma, benefícios pós-emprego e outros, a fatura passa para 2,144 milhões, mas o total vai até aos 2,570 milhões se se juntar à comissão executiva os não-executivos, que completam o conselho de administração do banco liderado por Nuno Amado. O aumento é de 29,9%.

No Montepio, a subida foi de 9,6%. O banco que regressou aos lucros no primeiro semestre elevou a remuneração dos órgãos de gestão, Conselho Supervisão, da Mesa da Assembleia e do Conselho Fiscal para 2,568 milhões de euros.

BPI é a exceção, mas só porque tem menos gestores

“Relativamente ao primeiro semestre de 2017 e de 2016, não foram atribuídas aos membros da Comissão Executiva quaisquer importâncias a título de remuneração variável”, diz o BCP. O mesmo não aconteceu, contudo, no BPI, em que vários dos administradores do banco receberam bónus (ainda que haja diferimento de parte dos valores atribuídos a cada um deles). Fernando Ulrich recebeu 465 mil euros, já Pena do Amaral, Maria Celeste Hagatong e outros três administradores tiveram um cheque extra de 328 mil euros.

Estes bónus, no valor de 2,16 milhões de euros, acrescem à remuneração fixa, às senhas de presença, diuturnidades e bonificações por antiguidade, que colocou a fatura total com a administração do banco em 3,577 milhões de euros, um valor que representa, contudo, uma quebra face aos primeiros seis meses do ano passado. O BPI é mesmo o único dos bancos analisados pelo ECO — não há dados semestrais para o Novo Banco — em que se regista uma redução de 13,2% face ao ano passado. Porquê? Essencialmente porque a administração mudou com a compra pelo CaixaBank, encolhendo o número de administradores da instituição de 21 para 18.

Santander Totta é o que paga mais… também aos trabalhadores

São vários os milhões de euros pagos pelos bancos às suas administrações. Mas no meio de tantos milhões, ninguém paga tanto como o Santander Totta. O banco liderado por António Vieira Monteiro entregou, só nos primeiros seis meses deste ano, 4,646 milhões de euros aos seus gestores, o equivalente a quase um terço do total recebido pelos “homens fortes” da banca nacional. É um valor elevado, mas é pouco diferente daquele que pagou no ano passado: o aumento foi de apenas 1% face aos 4,6 milhões.

Se a liderança recebeu um aumento mínimo, os trabalhadores viram a folha salarial aumentar de forma substancial. O Santander Totta subiu o salário mínimo no banco de 1.000 para 1.200 euros mensais, mais 20% “para todos os trabalhadores a tempo completo”. Numa reunião de 12 de maio, o Comité de Recursos Humanos decidiu alterar o valor do salário mínimo, sendo que este “compreende todas as rubricas que compõem a retribuição mensal e integra já, por antecipação, as atualizações que venham a resultar de futuras revisões da tabela salarial do ACT [Acordo Coletivo de Trabalho] ou de alteração das prestações”, referiu o banco numa nota interna enviada aos trabalhadores.

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DBRS ameaça cortar rating do Montepio. Outlook cai para negativo

  • Rita Atalaia
  • 27 Setembro 2017

A agência de notação pode cortar o rating do banco liderado por Félix Morgado a qualquer momento. A DBRS reduziu o outlook para negativo, perante condições de financiamento mais fracas que os pares.

A DBRS cortou a perspetiva do Montepio para negativo. Ou seja, pode vir a cortar do rating do banco liderado por Félix Morgado a qualquer momento. A agência de notação canadiana, que tem uma classificação de BB para o banco, justifica esta revisão em baixa do outlook com as condições de financiamento mais fracas em relação aos pares.

“A alteração da tendência para negativo reflete os receios da DBRS em relação ao fraco perfil de financiamento do banco, depois de se terem registado algumas saídas de depósitos no primeiro trimestre de 2017“, refere a agência de notação num comunicado. A DBRS refere ainda um outro desafio: melhorar a qualidade dos ativos, “que continua fraca”, já que o banco não foi capaz de reduzir significativamente os ativos em incumprimento, refere a agência.

"A alteração da tendência para negativo reflete os receios da DBRS em relação ao fraco perfil de financiamento do banco, depois de se ter registado algumas saídas de depósitos no primeiro trimestre de 2017.”

DBRS

A entidade diz que o Montepio assistiu a uma “fuga significativa de depósitos durante o primeiro trimestre de 2017 e, embora o banco tenha aparentemente estabilizado o seu financiamento com os depósitos, a DBRS considera que as condições de financiamento do Montepio são mais fracas do que as dos pares”. Isto devido a um rácio de transformação elevado de 118% (como calculado pela DBRS) e ao financiamento obtido junto do Banco Central Europeu, que representava 15% do financiamento total no final de junho, refere.

A agência de notação confirmou o rating ao mesmo tempo que reduziu a perspetiva. “A confirmação do rating também tem em conta o facto de o Montepio ter feito alguns progressos a nível da rentabilidade e capital nos primeiros seis meses do ano, com o banco a reportar um lucro ligeiro e a receber uma injeção de capital de 250 milhões de euros por parte do seu maior acionista, a Associação Mutualista Montepio Geral em junho de 2017″, acrescenta.

Apesar de ser “improvável” a curto prazo, a agência não deixa de referir que podem surgir fatores positivos que levem a uma subida do rating, como um “fortalecimento significativo dos níveis de capital, redução do perfil de risco e melhoria significativa da qualidade dos ativos”. Por outro lado, a notação pode mesmo cair, caso o banco não consiga diminuir os ativos em incumprimento, assim como reforçar a rentabilidade e posição de capital, remata a DBRS.

(Notícia atualizada às 15h19 com mais detalhes)

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Associação Mutualista faz acordo com empresa chinesa

  • ECO
  • 22 Setembro 2017

A dona do Montepio assinou uma parceria com o grupo chinês CEFC. Este acordo permitirá aos chineses entrarem no capital das empresas financeiras da Associação Mutualista.

A Associação Mutualista assinou uma parceria estratégica com o grupo chinês CEFC Energy. Este acordo assinado entre a entidade liderada por António Tomás Correia e a empresa de energia chinesa envolve várias participações em empresas financeiras da Associação, mas exclui qualquer investimento na Caixa Económica Montepio Geral.

“A cooperação estratégica será implementada através de um conjunto de acordos e projetos específicos”, lê-se num comunicado da associação liderada por António Tomás Correia. Mas “não incluirá, em nenhum dos casos, qualquer participação na Caixa Económica Montepio Geral”, acrescenta.

"A cooperação estratégica será implementada através de um conjunto de acordos e projetos específicos a serem negociados e acordados ao critério de cada parte, que não incluirá, em nenhum dos casos, qualquer participação na Caixa Económica Montepio Geral.”

Associação Mutualista Montepio Geral

Este acordo, assinado entre o vice-presidente da empresa chinesa, Hongbing Wu, e o CFO da Associação Mutualista, Miguel Teixeira Coelho, deve resultar, diz a entidade, numa “parceria estratégica de longo prazo para uma potencial cooperação empresarial multidimensional”, num acordo vantajoso para ambas as partes. Esta parceria é assinada depois de o Jornal Económico ter avançado que a Associação Mutualista pôs a seguradora Lusitânia à venda.

Segundo o comunicado, a chinesa CEFC é uma das maiores empresas privadas na China, com foco no setor energético. O grupo regista receitas superiores a 40 mil milhões de dólares anualmente e faz parte da lista Fortune Global 500 há quatro anos consecutivos.

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Moody’s: Banca portuguesa está a fazer progressos. Malparado ainda pesa

  • Rita Atalaia
  • 21 Setembro 2017

A agência de notação considera que os seis maiores bancos portugueses estão a dar passos para melhorar a qualidade dos ativos e a capitalização. Mas o crédito malparado ainda é um problema.

A Moody’s elogia os progressos dos seis maiores bancos portugueses. Santander Totta, BPI, BCP, Caixa Geral de Depósitos (CGD), Montepio e Novo Banco estão a conseguir melhorar a qualidade dos ativos, diz a agência de notação, mas continuam a lutar contra um problema: o peso do crédito malparado nos balanços.

A Moody’s, uma das três maiores agências de rating, salienta que a fraca rentabilidade, em resultado do elevado nível de créditos em incumprimento, vai limitar a geração interna de capital dos bancos, o que vai impedir as instituições financeiras de alcançarem os níveis de capitalização dos pares europeus.

Esta mesma questão foi levantada por Faria de Oliveira. Ao ECO, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) disse que o “sistema bancário vai necessitar, de tempos a tempos, de realizar aumentos de capital. Não a curto, mas a médio prazo“, notou Faria de Oliveira. “Aumentos de capital que vão permitir que os bancos acelerem a resolução dos NPL [crédito malparado].”

No conjunto das maiores instituições financeiras nacionais, BPI e Santander Totta são, segundo a Moody’s, os bancos que se distinguem pela positiva, tanto pelos níveis mais baixos de crédito malparado como pelos rácios de capital mais fortes neste grupo de bancos. A agência refere que os “indicadores de risco [dos dois bancos] têm melhorado desde meados de 2016”. Uma melhoria que levou a Standard & Poor’s a retirar o BPI e o Santander Totta de “lixo”. Em relação ao BCP, CGD e Montepio Geral, a Moody’s realça a melhoria da capitalização. Estes bancos “aumentaram o capital em 2016 e 2017 através de várias medidas”, salienta.

BPI e Santander Totta têm os rácios de capital mais fortes

Fonte: Moody’s

Novo Banco é o “patinho feio” dos NPL

O Novo Banco é o que tem níveis de NPL [malparado] mais elevados. O banco de transição tinha, no final de junho deste ano, um rácio de NPL de 32,1% — o do BPI é de 7% e o do Totta é de 7,7%. Créditos em incumprimento que pesam na rentabilidade do banco e, consequentemente, nos rácios de capital.

Para reforçar os rácios, o Novo Banco avançou com uma oferta de troca de dívida com o objetivo de obter uma poupança de 500 milhões de euros. Na primeira assembleia-geral de obrigacionistas, foi aprovada a resolução de reembolso antecipado de 2,34 mil milhões de euros de valor nominal de obrigações, correspondendo a 37% do objetivo global definido para o sucesso da operação. Agora, na segunda convocatória, os detentores de dívida terão outra oportunidade para aceitar a oferta ou então até 2 de outubro, quando acaba o prazo.

“A recapitalização vai levar a um aumento significativo dos rácios de capital do Novo Banco. No entanto, se o LME [troca de dívida] não for concluída com sucesso, a venda não se concretizará. Isto aumenta o risco de uma resolução ou liquidação do Novo Banco, o que pode provocar perdas elevadas para os obrigacionistas seniores, enquanto também deverá ter impacto nos depósitos juniores”, afirma a Moody’s.

Esta proposta de troca de dívida levou a Moody’s a baixar, em abril, ainda mais o rating das obrigações seniores do Novo Banco para um nível de quase incumprimento. A agência de notação disse que esta oferta de troca é “problemática” perante a ameaça de perdas que a operação representa para os investidores.

(Notícia atualizada às 11h31 com mais detalhes)

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OPA ao Montepio arranca hoje. Associação Mutualista prevê investir 60 milhões

Associação Mutualista paga um euro por cada unidade do fundo do Montepio Geral. Objetivo passa por retirar banco de bolsa e abrir a porta da instituição aos acionistas da economia social.

Arranca esta segunda-feira a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Associação Mutualista Montepio Geral sobre a Caixa Económica Montepio Geral, numa operação em que a entidade liderada por Tomás Correia prevê investir 59 milhões de euros para adquirir as unidades de participação do fundo do banco. O objetivo passa por retirar o Montepio de bolsa, numa estratégia mais alargada que visa a entrada de novos acionistas, como a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

A Associação Mutualista oferece um euro por cada unidade do fundo que está cotado em bolsa, um valor igual ao que estes títulos foram vendidos numa primeira fase a investidores de retalho. Pretende adquirir os 15% do fundo que ainda não está na sua posse.

O período da oferta decorre entre as 8h30 desta segunda-feira e as 15h30 do dia 8 de setembro. Os detentores das unidades de participação que aceitem a oferta poderão revogar as suas declarações de aceitação até às 23h59 do dia 3 de setembro de 2017. Para o dia 11 de setembro está agendado o apuramento e divulgação dos resultados da oferta.

A OPA surge num contexto de fortes alterações empreendidas pela administração do banco liderada por Félix Morgado e até pelo principal acionista, a Caixa Económica. Além da OPA, a Associação Mutualista decidiu avançar para um aumento de capital de 250 milhões de euros e para a transformação da caixa económica em sociedade anónima, na qual as unidades de participação darão lugar a ações do banco.

De resto, no prospeto aprovado na sexta-feira, a Associação Mutualista anunciou que manterá uma ordem permanente de compra também sobre as ações que sejam entretanto emitidas e que estejam na posse de quem não aceitou vender as unidades nesta OPA.

Foi a 4 de julho que a Associação Mutualista anunciou o lançamento da OPA. Desde então a instituição tem estado ativa na aquisição de unidades ao ponto de ter adquirido no espaço de quase um mês metade daquilo que era o objeto da oferta e de ter chegado à última sexta-feira com 85% do fundo já nas suas mãos.

Segundo anunciou Tomás Correia na altura, a OPA representa “uma medida fundamental para que, após a sua transformação em sociedade anónima, o capital social da Caixa Económica venha a ser detido, na maior extensão possível, por entidades da economia social”. “É um importante passo para dar corpo à estratégia de tornar a Caixa Económica na Instituição Financeira da Economia Social, podendo assim contribuir ativamente para o desenvolvimento do nosso país”, frisou o presidente da Associação Mutualista

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CMVM aprova registo da OPA da Associação Mutualista sobre o Montepio

Oferta sobre as unidades de participação do fundo da Caixa Económica Montepio Geral arranca na segunda-feira. Associação Mutualista paga contrapartida de um euro para tirar banco de bolsa.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) registou esta sexta-feira a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Associação Mutualista Montepio Geral sobre a Caixa Económica Montepio Geral. Em vista estão as unidades de participação do fundo do banco pelas quais a associação se propõe a pagar um euro por unidade. Oferta arranca já na segunda-feira com o objetivo de retirar o banco da bolsa.

“A oferta decorrerá entre as 8h30 do dia 14 de agosto de 2017 e as 15h30 do dia 8 de setembro de 2017, podendo as respetivas ordens de venda ser recebidas até ao termo deste prazo. Os detentores das unidades de participação que aceitem a oferta poderão revogar as suas declarações de aceitação até às 23h59 do dia 3 de setembro de 2017”, lê-se no comunicado da CMVM.

A data prevista para o apuramento e divulgação dos resultados da oferta é o dia 11 de setembro de 2017.

Foi a 4 de julho que a Associação Mutualista anunciou o lançamento da OPA. Propõe-se a pagar um euro por cada unidade de participação, um valor igual ao que estes títulos foram vendidos numa primeira fase a investidores de retalho.

 

Associação já comprou metade da OPA

Ao mesmo tempo que aprovou o registo da OPA, o regulador do mercado deu ainda luz verde ao prospeto apresentado pela Associação Mutualista relativo a esta operação. No documento, a entidade liderada por Tomás Correia informa que desde o anúncio preliminar da oferta já comprou quase 12% das unidades do fundo do total de 26,5% unidades que ainda não detinha.

Isto quer dizer que cerca de metade do que estava em oferta já foi adquirido pela associação na sequência de transações realizadas em mercado regulamentado desde 4 de julho até à presente data.

Contas feitas, a Associação Mutualista detém mais de 85% das unidades do fundo. Ou seja, a OPA visa apenas 15% do fundo, o que implicará um investimento de 59 milhões de euros.

No prospeto, a associação mutualista demonstrou o compromisso de comprar as ações que forem atribuídas aos detentores das unidades de participação que não aceitarem vender na OPA, na sequência da já anunciada transformação da caixa económica em sociedade anónima.

“O oferente manterá uma ordem permanente de compra das unidades de participação no mercado regulamentado Euronext Lisbon, bem como uma ordem permanente de compra fora de mercado regulamentado das ações ordinárias que entretanto sejam emitidas em substituição do capital institucional e das unidades de participação do fundo de participação como consequência da transformação da entidade visada em sociedade anónima”, indica a Associação Mutualista.

Mudanças à vista

Estas mudanças acontecem depois de a Caixa Económica Montepio Geral ter realizado um aumento de capital de 250 milhões de euros, totalmente subscrito pelo único acionista, a Associação Mutualista, “para acabar com as dúvidas” em relação à solidez do banco, afirmou José Félix Morgado ao ECO em junho.

E acontecem também depois de a dona do Montepio e a Santa Casa da Misericórdia terem assinado um memorando de entendimento. Acordo que vai permitir a entrada da entidade liderada por Pedro Santana Lopes no capital do banco.

(Notícia atualizada às 22h00)

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Montepio regressa aos lucros com rácio de capital reforçado

Uma melhoria na margem financeira e no produto bancário, aliada a um corte nos custos operacionais, levaram o Montepio a passar de prejuízos para lucros. Depósitos baixaram 683 milhões de euros.

Depois de ter registado um prejuízo de 67,6 milhões de euros, o Montepio regressou esta quarta-feira aos lucros no primeiro semestre, mantendo a tendência que já se verificava nos resultados do banco no primeiro trimestre. A Caixa Económica Montepio Geral lucrou 13 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano numa altura de grande turbulência da situação do banco. Neste período os depósitos dos clientes caíram 683 milhões de euros.

“O resultado líquido melhorou em 80,7 milhões de euros, para 13 milhões de euros, assente na recuperação dos resultados da atividade comercial (negócio core) e na melhoria da eficiência da estrutura operativa“, explica o banco em comunicado esta quarta-feira. Segundo o Montepio, os resultados do primeiro semestre já têm em conta os encargos de 25,2 milhões de euros para as contribuições para os Fundos de Resolução, do setor bancário e para o Fundo de Garantia de Depósitos.

Um dos fatores que justifica este resultado é o aumento das receitas com as comissões, que subiu 19,5% (nove milhões de euros) para os 55,2 milhões de euros. Desde dezembro do ano passado que o Montepio cobra duas vezes mais em comissões no crédito à habitação, quase quatro euros por mês. Além disso, a redução dos custos de financiamento, “nomeadamente do custo dos depósitos a prazo”, assinala o banco, levou a uma subida e 28,3% (31,6 milhões de euros) na margem financeira.

A diminuição dos trabalhadores levou a uma redução de 9,6% (-14,6 milhões de euros) nos custos operacionais, o que reflete também o congelamento dos salários até ao fim deste ano. O banco chegou a pedir o estatuto de empresa em reestruturação, o que lhe permitiria ultrapassar as quotas de rescisões amigáveis com acesso a subsídio de desemprego. Esse pedido foi cancelado por causa do Acordo Coletivo de Trabalho assinado com os sindicatos.

Os gastos com pessoal diminuíram de 124,9 milhões de euros no ano passado para 84,7 milhões de euros no primeiro semestre deste ano.

Outro dos fatores prende-se com o aumento de capital em 250 milhões de euros, anunciado no final do semestre, a 30 de junho, tendo em vista reforçar o rácio de capital. “O reforço da posição de capital incorpora os efeitos positivos do aumento do capital institucional em 250 milhões de euros e da descida dos ativos ponderados pelo risco para 12.202 milhões de euros“, esclarece o banco.

O rácio de capital core (CET14) subiu para 12,6% e o rácio de capital total atingiu os 12,9%“, assinala o comunicado. Recentemente está em curso a transformação do Montepio em sociedade anónima assim como uma Oferta Pública de Aquisição (OPA). A ideia é que as unidades de participação deixem de estar cotadas em bolsa, o que será o início de uma nova fase do banco. Em vista está uma possível entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

O passivo diminuiu 1.321 milhões de euros no primeiro semestre de 2017.

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Banco mau para o malparado? “Portugal não tem dinheiro”, diz a Mint

  • Rita Atalaia
  • 21 Julho 2017

Há um problema de 120 mil milhões na banca do sul da Europa. A Mint diz que passar o malparado para bancos maus e hedge funds pode ser a solução, mas Portugal não tem dinheiro para um bad bank.

O Governo português tem “pouca margem orçamental para financiar um ‘banco mau'” que absorva os empréstimos em incumprimento no balanço dos bancos. Este veículo pode ser a solução para estes ativos tóxicos que pesam na rentabilidade das instituições financeiras no sul da Europa: o fardo é de 120 mil milhões de euros, de acordo com a Mint Partners. O Novo Banco é que tem o maior rácio de malparado em Portugal, mas os casos mais preocupantes estão no Chipre e na Grécia.

“Com um rácio dívida/PIB de 130%, a capacidade de o Governo [português] para recapitalizar e resgatar bancos, como fez com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) no final do ano passado, é limitado“, de acordo com um relatório da Mint obtido pelo ECO. O Executivo tem, por isso, “pouca margem orçamental” para a criação de um “banco mau”. Uma opção que já foi, aliás, afastada por António Costa, tendo sido apresentada uma solução aos bancos mas sobre a qual ainda pouco é conhecido.

Para Bill Blain e Ben Stheeman, responsável pelos mercados de capital e associado da Mint, respetivamente, alertam que o malparado é um fardo que deixa o setor bancário europeu “numa situação precária”. E que a solução passa precisamente pela transferências destes ativos tóxicos do balanço dos bancos para hedge funds e para “bancos maus” financiados com dinheiros públicos. Recentemente, a CGD vendeu uma carteira de quase 500 milhões de euros em malparado à Bain Capital.

Com um rácio dívida/PIB de 130%, a capacidade de o Governo [português] para recapitalizar e resgatar bancos, como fez com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) no final do ano passado, é limitado.

Mint Partners

Mas os especialistas deixam um alerta: isto não é suficiente. “Têm de ser tomadas medidas para se reduzir o peso dos Non Performing Loans (NPL, ou malparado em português), mas não se deve pensar que isto é um sinal de que o problema do malparado nos países do sul da Europa ficará resolvido”, afirmam. “Os NPL não serão eliminados, apenas deslocados. Esta estratégia pode falhar, uma vez que estes empréstimos vão continuar no sistema financeiro”, notam.

Os dois responsáveis referem que a resolução deste problema “vai exigir uma mudança das políticas”, alertando que além do malparado há outros pontos fracos a resolver na banca da Zona Euro. Defendem que ainda há diferenças significativas entre as regras de resolução europeias e as medidas adotadas por cada país. “Neste cenário, a regulação bancária do Banco Central Europeu não abordará adequadamente uma crise bancária europeia.”

Bancos portugueses à lupa

Novo Banco “deve sobreviver”

O banco de transição, que resultou da resolução do Banco Espírito Santo, “tem sido apontado como um exemplo de ‘banco mau’ na Europa”. Bill Blain e Ben Stheeman referem que, se tudo correr como o esperado, “o período de transição [do Novo Banco] vai terminar em novembro, quando for vendido ao fundo norte-americano Lone Star”.

Mas deixam algumas dúvidas no ar. “A conclusão deste acordo não está totalmente garantida”, relembram. Esta operação está neste momento dependente de uma troca de dívida que vai reforçar os rácios de capital em 500 milhões de euros. Os detalhes devem estar quase a ser conhecidos pelos investidores. Por isso, esta venda é mais uma questão de “quando” e não de “se”, salientam. Assim que o Novo Banco estiver nas mãos do fundo “as perdas com os NPL já não serão suportadas pelo Novo banco e pelo novo dono [o Lone Star]. Por isso, o banco deve sobreviver”.

Montepio? “Um banco a que se deve estar atento”

A rentabilidade da instituição financeira liderada por Félix Morgado “é extremamente volátil”, refere a Mint. Porquê? “Em parte devido ao rácio elevado de NPL.” O banco avançou recentemente com um aumento de capital de 250 milhões de euros, totalmente subscrito pelo único acionista, a Associação Mutualista, que tem em marcha uma OPA sobre o Montepio.

Mas, segundo a Moody’s, este reforço, apesar de ter um impacto positivo no banco, não é suficiente para compensar os desafios que a instituição continua a enfrentar, como é o caso do malparado. O Montepio parece estar a fazer melhorias, mas “não fez progressos na redução do stock de NPL. Por este motivo, é certamente um banco a que devemos estar atentos”, remata a Mint.

BCP: Bem capitalizado, mas ainda tem de reduzir malparado

O maior banco privado português teve de receber ajuda em 2012, através de CoCos que já foram integralmente pagos. Isto depois de a crise financeira ter levado o rácio de capital CET1 a cair abaixo dos requisitos impostos pela regulação. O banco tem agora um rácio de 13% e um rácio de NPL de quase 16%. Mas ainda há mais trabalho a fazer, diz a Mint.

“O BCP parece estar bem capitalizado, mas tem de continuar a reduzir o malparado. O BCP planeia reduzir o total de NPL em mil milhões de euros anuais ao longo dos próximos anos, o que deve ser gerível considerando os progressos que tem feito. Por este motivo, e apesar de ainda apresentar um défice de capital de 1,1 mil milhões, o BCP deve recuperar”, concluem os responsáveis da Mint.

CGD: Um banco “bem protegido”

A situação financeira da CGD não tem sido a mais favorável nos últimos anos. É, por isso, um dos bancos a que se deve estar atento, referem Bill Blain e Ben Stheeman. Mas, com o plano de recapitalização, que levou a uma injeção de cinco mil milhões, e de reestruturação, com o fecho de balcões e despedimentos, é de esperar “que a CGD esteja relativamente bem protegida”. Isto tendo em conta também que a CGD “já começou a vender carteiras de malparado”.

O banco estatal vendeu recentemente 476 milhões de euros em crédito malparado ao fundo de private equity Bain Capital Credit. A carteira de créditos comprada pela Bain Capital é constituída “maioritariamente por empréstimos imobiliários bilaterais garantidos por pequenas e médias empresas e algumas grandes empresas”, explicou o fundo.

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