Orçamento EUA: Quem ganha e quem perde

  • Juliana Nogueira Santos
  • 16 Março 2017

O pedido de Orçamento para 2018 já foi divulgado e conta com grandes cortes e grandes aumentos. Quais são os departamentos que ganham e os que perdem com ele?

Pouco a pouco, a Administração de Trump começa a desvendar os pormenores dos planos que tem para o país. Hoje foi a vez das contas com o pedido oficial de Orçamento para 2017 e 2018 a ser divulgado. Este vai ser entregue ao Congresso ainda hoje, onde aí os senadores vão aprovar ou enviar o pedido para trás, para ser retificado.

Se no ano de 2017, o Orçamento vai ser maior do que o previsto pela Administração Trump, aumentado em dez mil milhões de dólares, para os 1,1 biliões de dólares, em 2018 o travão às despesas vai aumentar, com um corte de 15 mil milhões de dólares. Ainda assim, nem todos os departamentos vão contribuir da mesma forma para o Orçamento final, podendo-se assim distinguir os vencedores dos derrotados.

Os vencedores

Não são muitos, mas venceram por uma grande margem. A Administração de Donald Trump vai aumentar em mais de 54 mil milhões de dólares a despesa com os Departamentos da Defesa, da Segurança Interna e dos Assuntos dos Veteranos.

Na primeira posição do pódio fica a Defesa que vai arrecadar mais 52,3 mil milhões este ano, num total de 574 mil milhões de dólares. E para onde vai este montante? Para aumentar o número de oficiais dos Corpos do Exército e dos Fuzileiros e a frota de navios da Marinha, comprar mais aviões para a F-35 Joint Strike e manter os aviões de combate Air Force prontos para a ação.

Em segundo lugar, a Segurança Interna, com mais 2,8 mil milhões de dólares. Este departamento vai ficar com 44,1 mil milhões de dólares para gastar na fronteira, em mais 500 agentes de patrulha e 1.000 agentes do Serviço de Imigração e Controlo de Fronteira. Ainda assim, vão ser cortados mais de 600 milhões de dólares em programas locais e quem viaja de fora dos Estados Unidos vai pagar mais de taxa de entrada.

Por fim, os veteranos de guerra, um grupo que foi bastante interpelado pelo candidato Trump por se estabelecer como uma minoria que tem sido esquecida pelos anteriores Presidentes. Assim, o Departamento dos Assuntos dos Veteranos vai ter à disposição 78,9 mil milhões de dólares, mais 4,4 mil milhões que este ano. Estes vão ser usados para financiar a expansão e a modernização dos serviços de saúde para os antigos combatentes.

Os derrotados

A lista dos que perdem é bem mais extensa que a dos que ganham. São 12 os departamentos que vão perder um total de 57,9 mil milhões de dólares, sendo que apenas dois vão perder menos de 10% do dinheiro que têm disponível para este ano.

A liderar as perdas está o Departamento de Estado, que vai ver o seu orçamento cortado em 10,9 mil milhões de dólares. Se antes poderia contar com 38 mil milhões, o valor vai diminuir para os 27,1 mil milhões através da redução da contribuição para instituições como o Fundo Monetário Internacional e as Nações Unidas.

O Departamento da Agricultura vai sofrer um corte de 4,7 mil milhões de dólares, passando a ter disponível 17,9 mil milhões. Este corte vai ser atingido através da eliminação de programas educacionais e a redução de programas de assistência nutricionais para os mais pobres.

A ver o seu orçamento a diminuir em 2,5 mil milhões de dólares está o Departamento do Trabalho que vai passar a ter 9,6 mil milhões disponíveis. O corte advém da diminuição do financiamento de programas para seniores e jovens desfavorecidos.

Mas não são só os departamentos que vão contar com menos dinheiros, mas também as agências federais. O orçamento da NASA vai diminuir 1%, o da Agência para a Proteção do Ambiente 31% — devido, principalmente, à eliminação de pagamentos ao fundo ambiental da ONU –, e o das agências de artes e cultura vai diminuir 100%, com os mil milhões de dólares destinados a estas a serem canalizados para outro fim.

No total serão 19 as agências que vão sofrer cortes nos orçamentos.

E o muro?

Embora tivesse ficado claro durante toda a campanha que seria o México a pagar o muro que vai ser erigido na fronteira sul dos Estados Unidos, desde então essa certeza tem-se vindo a esbater. Hoje, o diretor do Gabinete de Gestão e Orçamento, Mick Mulvaney afirmou que a Administração vai acabar por pedir dinheiro ao Tesouro para pagar a fatura.

Ainda assim, há um fatia do orçamento do Departamento de Defesa que está guardado para a construção do muro, sendo que, em 2017, vai ser de 1,5 mil milhões de dólares e, em 2018, vai ascender aos 2,6 mil milhões de dólares.

As reações ao Orçamento chegaram apenas do lado republicano do Congresso, mas não foram concordantes. Alguns senadores concordam com o plano, nomeadamente Robert Aderholt, que afirmou que “o Presidente propõe, o Congresso aprova”, e ou outros, como Lindsey Graham, a garantirem que está “morto à chegada”.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

Começa a reunião de dois dias que vai decidir se as taxas diretoras voltam a subir nos EUA, uma decisão que teria impacto global se o mercado já não tivesse antecipado um aumento dos juros.

A Reserva Federal norte-americana dá esta terça-feira início à reunião de dois dias que (espera o mercado com quase 100% de certeza) deverá voltar a aumentar as taxas de juro diretoras (Federal Fund Rates), depois da subida anunciada em dezembro. Ainda nos EUA, Trump recebe Merkel com uma agenda que deverá focar-se nas relações comerciais entre os dois blocos. Outro ponto de interesse deverá passar pelo relatório da OPEP sobre as condições do mercado do petróleo: o corte na produção está a surtir efeito? Com o crude abaixo dos 50 dólares, os sinais apontam para uma resposta negativa.

Nova comissão à Caixa

Toma posse a nova Comissão Parlamentar de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos, que será presidida pelo deputado social-democrata José Aguiar-Branco. Tem como objetivo analisar a contratação e demissão da equipa de administração de António Domingues e surge já depois de o banco público ter reportado prejuízos de mais de 1,8 mil milhões de euros e apresentado o plano de reestruturação.

Olhos postos na Fed

Inicia-se esta terça-feira a reunião de dois dias do Comité do Mercado Aberto da Reserva Federal norte-americana (Fed). Não será propriamente uma certeza se a Fed anunciar uma subida dos juros esta quarta-feira. O mercado dá quase como certas três subidas das taxas este ano. Além da decisão quanto ao rumo da política monetária, os responsáveis vai atualizar as previsões económicas.

O corte da OPEP está a funcionar?

Com o crude a negociar abaixo dos 50 dólares pela primeira vez em 2017, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) apresenta o relatório mensal sobre o mercado. Será um documento importante para os investidores avaliarem as condições da oferta e procura de petróleo e de que forma a decisão de baixar a produção no seio do cartel está a ter impacto no mercado.

Trump recebe Merkel

Poderá ser um dos encontros mais importantes para o futuro das relações entre a zona euro e a maior economia do mundo. O Presidente americano Donald Trump recebe a chanceler alemã, Angela Merkel, na Casa Branca, sem hora prevista. Será a primeira reunião entre ambos desde que Trump foi eleito líder dos EUA. Em cima da mesa deverá estar o comércio entre os dois blocos e ainda as acusações de Trump quanto à manipulação da taxa cambial por parte da Alemanha.

Produção da indústria do euro

O Eurostat atualiza a evolução da produção industrial na zona euro relativo a janeiro, numa altura em que a economia da moeda única começa a apresentar sinais mais sólidos de retoma. É um indicador que vai ajudar os investidores a perceber as condições económicas no bloco europeu. Os analistas esperam uma subida da produção em 1,3% no arranque do ano, face a dezembro.

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China dá luz verde a 38 marcas de Trump. Há conflito de interesses?

  • Lusa
  • 9 Março 2017

O registo daquelas marcas permite ao grupo Trump abrir spas, casas de massagens, clubes de golfe, hotéis e até serviços privados de segurança.

A China concedeu aprovação preliminar a 38 marcas do grupo Trump, suscitando preocupações de que o Presidente norte-americano, Donald Trump, esteja a receber tratamento especial do Governo chinês, no que constituiria um conflito de interesses.

O registo daquelas marcas permite ao grupo Trump abrir spas, casas de massagens, clubes de golfe, hotéis e até serviços privados de segurança.

Os advogados de Trump na China solicitaram o registo da marca em abril de 2016, enquanto o magnata atacava, em comícios políticos, o país asiático por manipulação da moeda e tirar postos de trabalho aos Estados Unidos.

Os críticos dizem que os interesses globais de propriedade intelectual de Trump poderão ser usados por países estrangeiros como forma de o influenciar.

Além disso, violam a cláusula da Constituição norte-americana que proíbe os funcionários públicos de aceitarem presentes de valor de governos estrangeiros, a não ser quando aprovado pelo Congresso.

Trump disse que não fará negócios com o exterior enquanto estiver na Casa Branca.

A Administração de Marcas da China publicou a aprovação provisória esta semana e, se não houver objeções, as marcas serão formalmente registadas ao fim de noventa dias.

Em fevereiro passado, o país asiático concedeu ao Presidente dos Estados Unidos o uso comercial do seu próprio nome para serviços no setor da construção.

O registo estava pendente há mais de uma década e ocorreu após várias tentativas falhadas de assegurar os direitos sob o seu nome.

Na China, os tribunais estão subordinados ao poder político, que está concentrado no Partido Comunista, partido único no poder.

Alan Garten, diretor jurídico da Organização Trump, afirmou que o grupo tem vindo a reforçar os seus direitos de propriedade intelectual na China desde há mais de dez anos e que registou a sua marca para o setor imobiliário muito antes do magnata anunciar a sua candidatura.

“A conclusão recente do processo de registo é o resultado natural desses esforços constantes e empenhados”, disse.

“Qualquer sugestão contrária demonstra um completo desprezo pelos factos, assim como uma falta de entendimento sobre as leis internacionais de registo de marcas”, acrescentou, citado pela AP.

No entanto, Richard Painter, chefe da Casa Branca para questões de ética durante o mandato de George W. Bush, considera que o volume de novas aprovações pelas autoridades chinesas é motivo de alerta.

“O registo de uma patente, marca ou direitos de autor por um Governo estrangeiro não é, à partida, inconstitucional, mas com tantos registos a serem concedidos dentro de um período tão curto de tempo, a questão é se não existirá uma ingerência em pelo menos alguns deles”, afirmou.

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EUA: Novo plano de saúde dá menor papel ao Estado

  • Marta Santos Silva
  • 7 Março 2017

Os republicanos norte-americanos apresentaram as linhas gerais do substituto do Obamacare, mas há muito que falta saber, como o custo da medida e quantas pessoas deverá abranger.

O cumprimento de uma das principais promessas de campanha de Donald Trump, o afastamento e substituição da lei de saúde que foi a principal bandeira de Barack Obama, poderá estar para breve. Esta segunda-feira, os republicanos do Congresso dos EUA apresentaram as linhas gerais de uma proposta para um novo plano de saúde, a que chamam o American Health Care Act, que reduz o papel do Estado em relação ao projeto de Obama.

Paul Ryan, o porta-voz do Congresso, apresentou o projeto dizendo que “é um plano para reduzir os custos, encorajar a concorrência e dar a todos os americanos acesso a seguros de saúde de qualidade e acessíveis”. O programa mantém algumas das particularidades mais populares do Affordable Care Act de Barack Obama, conhecido como Obamacare, e introduz um sistema de benefícios fiscais para ajudar os contribuintes a pagar às seguradoras.

No entanto, a proposta apresentada já foi criticada pelos democratas por vir a aumentar os custos para o contribuinte em prol de um maior lucro para as seguradoras. Certos republicanos, por sua vez, afirmam que o projeto não é ambicioso o suficiente e deveria distanciar-se mais do Obamacare.

O que prevê esta proposta?

As principais ideias da proposta apresentada por Paul Ryan, que pode ser consultada aqui, têm a ver com uma redução do papel do estado central no setor da saúde. O requerimento que obrigava todas as pessoas a terem seguro sob pena de pagarem uma multa desaparece, mas também desaparece aquele que obrigava as empresas a fornecer um seguro a todos os trabalhadores com contratos permanentes.

Embora a proposta dos republicanos retire os subsídios que o Obamacare fornecia com base nos rendimentos, procura contrabalançar esta mudança com a introdução de benefícios fiscais que se tornam mais significativos com a idade, à medida que aumentam, também, os preços dos seguros.

O novo projeto mantém a interdição às seguradoras de cobrarem mais às pessoas por já terem doenças quando fazem a sua apólice mas, para desincentivar que os seguros sejam feitos apenas em alturas de doença, deixar passar mais do que um tempo determinado sem ter um seguro permite à empresa aumentar os preços em até 30%. Este aumento de preços como penalização por ter passado um período sem cobertura acaba por resultar numa consequência parecida à multa por não ter seguro que o Obamacare previa.

Os republicanos também querem reduzir o programa de saúde social Medicaid, que abrange as pessoas de baixos rendimentos. Enquanto Obama expandira o programa para chegar a muitas mais pessoas, a nova proposta faria com que só pudesse ser aplicado a um certo número de pessoas per capita em cada estado.

O que falta saber?

Não existem ainda estimativas para o custo desta medida. “Queremos saber se é financeiramente responsável”, afirmou o senador republicano Bill Cassidy, do Louisiana, citado pela Bloomberg (acesso livre). A proposta de lei ainda não foi analisada pelo comité orçamental do Congresso, que estaria responsável por esclarecer qual o investimento necessário e os verdadeiros custos da implementação da medida.

O objetivo será que a implementação do novo projeto se financie com o corte no Medicaid e o corte nos subsídios que existem atualmente, mas não existem ainda mais pormenores.

Também ainda não se sabe quantas pessoas vão ser abrangidas pelo American Health Care Act. Sob o Obamacare, 20 milhões de pessoas que anteriormente não tinham qualquer seguro passaram a estar protegidas. Paul Ryan garantiu, na apresentação do projeto, que não haveria ninguém a ter “o tapete puxado de debaixo dos pés”, mas não forneceu ainda estimativas detalhadas de quantas pessoas teriam acesso ao novo modelo.

Que críticas apontam ao projeto?

O novo modelo foi criticado pelos democratas em Washington D.C. como sendo inferior ao Obamacare. “O Trumpcare não substitui” o modelo de Obama, afirmou o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, citado pelo The Guardian (acesso livre).

“Este plano vai cortar e limitar o Medicaid, retirar fundos à Planned Parenthood, e obrigar os americanos, em especial os idosos, a desembolsar mais dinheiro pelos seus cuidados de saúde só para que as companhias de seguros possam ter maiores lucros”. Outros senadores democratas afirmam também que o novo modelo abrangeria menos pessoas do que o anterior.

Por outro lado, mais importante ainda pode ser a oposição que existe do lado dos republicanos, alguns dos quais criticam a mudança por não ir longe o suficiente. No Senado dos EUA, os republicanos têm uma maioria de 52 para 48 representantes, o que significa que apenas três votos contra do lado da direita poderiam ser suficientes para evitar uma mudança. “A mim parece-me o Obamacare-light”, disse o senador libertário Rand Paul. Outros senadores republicanos consideram que a legislação não protege as pessoas de rendimentos inferiores, segundo a BBC.

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Trump assusta mercados com novas polémicas

O Dow Jones já não está acima dos 21 mil pontos. Os índices norte-americanos estão reticentes quanto a Trump e à Fed. Wall Street fechou esta segunda-feira em terreno negativo.

A nova lei anti-imigração anunciada esta segunda-feira e as acusações feitas no sábado de que Obama teria colocado escutas na Trump Tower assustaram os investidores em Wall Street. Depois de uma semana onde alcançou recordes como o Dow Jones a superar os 21 mil pontos, a bolsa norte-americana começa esta semana em terreno negativo. A influenciar negativamente esteve também a Europa onde os mercados reagiram mal ao aumento de capital do Deutsche Bank.

Mais de um mês depois de ter visto a sua medida ser bloqueada pelos tribunais, Donald Trump voltou à carga. Apesar de ter recebido críticas de economistas e líderes mundiais, a administração Trump reformulou o decreto anti-imigração, retirando o Iraque e tornando a sua ação mais limitada, mas banindo de novo a entrada de cidadãos de seis países muçulmanos. Prevê-se mais um período de disputa judicial que não agradará aos mercados ansiosos por detalhes no plano económico.

Os três principais índices norte-americanos retraíram neste início de semana. O Dow Jones desvalorizou 0,24% para os 20.954,69 pontos, perdendo o recorde alcançado na semana passada. O setor financeiro e dos materiais foram os culpados dessa descida. O S&P 500 caiu 0,2% para os 2.378,42 pontos e o Nasdaq sofreu uma queda de 0,37% para os 5.849,18 pontos.

Depois de nos dois primeiros dias a Snap ter valorizado (44% no primeiro e 10,66% no segundo), as ações da empresa que controla a rede social corrigiram. Os títulos desvalorizaram 11% esta segunda-feira estabilizando de novo nos 24 dólares por ação. O preço inicial das ações na dispersão em bolsa era de 17 dólares.

Na próxima semana, a 15 de março, a Reserva Federal volta a reunir-se para decidir se aumenta novamente a taxa de juro, um cenário bastante provável. Essa decisão terá implicações nos mercados, principalmente por indicar que existe confiança no futuro da economia norte-americana.

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Novo decreto anti-imigração de Trump mais limitado

A nova investida anti-imigração de Trump é mais limitada: o Iraque sai da lista, a aplicação será mais faseada e quem tiver residência permanente não será afetado. O decreto foi assinado hoje.

Depois de perder a disputa judicial que suscitou com a introdução de um decreto anti-imigração que bania a entrada de cidadão de sete países muçulmanos, Trump volta à carga esta segunda-feira. O presidente dos Estados Unidos assinou um decreto semelhante mas mais limitado, para tentar contornar as decisões dos tribunais norte-americanos, avança o The New York Times. Da lista de sete países sai o Iraque, mantendo-se a Síria, Irão, Líbia, Somália, Sudão e Iémen.

Existe uma nova diretiva para impedir a entrada de cidadãos destes seis países onde a maioria da população é muçulmana. O primeiro decreto assinado a 27 de janeiro incluía o Iraque, país que agora foi retirado da lista. Segundo o NYT, o anúncio da nova medida de Donald Trump surge um mês depois da decisão judicial pela necessidade de coordenar políticas com as agências federais, além de querer maximizar o impacto mediático. A administração Trump tinha até recorrido da decisão dos tribunais, mas depois decidiu abandonar esse processo e concentrar-se num novo decreto, que agora apresenta.

Segundo a Reuters, que cita uma fonte da Casa Branca, a retirada do Iraque da lista deve-se à adoção de vários procedimentos de segurança que apertaram recentemente a concessão de vistos por parte do Governo iraquiano. Além disso, a agência de notícias avança que este decreto será aplicado de forma mais faseada para não levar a cabo o impedimento imediato que aconteceu em janeiro e entupiu os aeroportos. Acresce que quem for residente permanente nos Estado Unidos não será afetado.

O The New York Times escreve que o timing escolhido revela que os republicanos querem regressar ao cumprimento do seu programa eleitoral, depois do inquilino da Casa Branca ter feito um discurso surpreendentemente bem recebido pela crítica no Congresso. A agenda mediática foi ainda dominada pelo escândalo de ligação à Rússia do Procurador-Geral norte-americano, Jeff Sessions. Além disso, este sábado o presidente dos EUA acusou Barack Obama de ter colocado escutas na Trump Tower.

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Bruxelas apertará acesso das financeiras americanas à UE se Trump mudar regras

Bruxelas admite rever regras de equivalência que as empresas financeiras americanas beneficiam no acesso ao mercado comunitário se Trump empreender profundas alterações no sistema financeiro dos EUA.

A desregulação do setor financeiro que Donald Trump pretende implementar em Wall Street poderá ameaçar o acesso das empresas financeiras norte-americanas ao mercado de capitais da União Europeia, admitiu esta terça-feira o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.

O responsável adiantou aos deputados em Bruxelas que a comissão deverá analisar os “efeitos práticos” da revisão da legislação sobre o setor financeiro que a Administração norte-americana pretende impor como forma de libertar os bancos de maior pressão regulatória, conferindo maior disponibilidade do setor para conceder crédito à economia.

Ainda assim, se registar profundas alterações no pacote legislativo chamado Dodd-Frank, Bruxelas deverá ser forçada a reavaliar a robustez da supervisão do mercado norte-americano e possivelmente reconsiderar as decisões de equivalência que garantem acesso privilegiado das empresas dos EUA ao mercado comunitário europeu.

"Decisões sobre a equivalência serão baseadas na assunção de que as regras de um país terceiro estão a atingir os mesmos resultados regulamentares ou de supervisão que as regras da UE. Se isto mudar, também faz com que olhemos de novo para as decisões de equivalência.”

Valdis Dombrovskis

Vice-presidente da Comissão Europeia

Empresas como a CME Group, uma das maiores câmaras de compensação para produtos derivados, poderão ser bastante afetadas uma vez que depende destas determinações de equivalência para exercer atividade com os seus clientes na Europa, adianta a Bloomberg.

“Decisões sobre a equivalência serão baseadas na assunção de que as regras de um país terceiro estão a atingir os mesmos resultados regulamentares ou de supervisão que as regras da UE”, declarou Dombrovskis. “Se isto mudar, também faz com que olhemos de novo para as decisões de equivalência”, frisou.

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Wall Street à espera que Trump não venha com “fakenews”

Donald Trump discursa esta terça-feira no Congresso e o mercado quer ouvir detalhes reais acerca dos seus planos para baixar os impostos às empresas.

Donald Trump volta a centrar em si todas as atenções dos mercados. O Presidente norte-americano tem agendado para esta terça-feira um importante discurso no Congresso norte-americano, onde deverá fornecer dados importantes acerca da estratégia da sua Administração sobre o plano de gastos públicos em infraestruturas e ainda sobre a “fenomenal” redução de impostos às empresas. E tudo o que os investidores precisarão de ouvir de Trump é que as promessas da campanha não foram “fakenews”, ou notícias falsas.

Para já, os primeiros minutos de negociação em Wall Street dão conta de pouco apetite dos investidores pelo risco. O índice de referência mundial, o S&P 500, cede 0,16%, sendo acompanhando pelos outros dois importantes índices nova-iorquinos: o industrial Dow Jones e o tecnológico Nasdaq perdem 0,07% e 0,14%, respetivamente.

E isto no dia em que o Departamento do Comércio norte-americano confirmou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano a uma taxa de 1,9% no final do ano passado, com os gastos das famílias a compensar a queda no investimento privado e público. No terceiro trimestre, a riqueza norte-americana havia crescido 3,5%.

Além do discurso de Trump, os investidores vão estar de ouvido colado naquilo que alguns responsáveis da Reserva Federal norte-americana, incluindo o presidente da Fed de Filadélfia, deverão dizer ao longo do dia, na esperança de obter mais alguns esclarecimentos em relação à possibilidade de uma subida dos juros de referência já em março.

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Trump: Chineses são os “grandes campeões” da manipulação da moeda

Presidente norte-americano tem acusado chineses de manterem moeda artificialmente baixa, roubando postos de trabalho aos norte-americanos.

Donald Trump tem bem claro. Os chineses são “os grandes campeões” da manipulação da moeda que, ao manterem um yuan desvalorizado face ao dólar, conseguem tornar as suas exportações mais baratas e com isso “roubar” empregos aos norte-americanos.

A posição do Presidente norte-americano surge poucas horas depois de o seu secretário de Estado do Tesouro, Steven Mnuchin, ter dito que faria uma abordagem mais metódica para analisar as práticas cambiais do Governo chinês.

Em entrevista à Reuters (acesso gratuito/conteúdo em inglês), Trump não teve meias medidas em acusar as autoridades chinesas de manterem o yuan artificialmente baixo face à divisa americana. “Bem, eles são os grandes campeões da manipulação cambial”, disse.

Durante a sua campanha, o republicano acusou com frequência a China de alterar artificialmente o valor da sua moeda, de forma a ganhar competitividade internacional. No entanto, questionado sobre se o Tesouro norte-americano estava a planear declarar a China como manipulador cambial, Mnuchin referiu apenas que iria seguir os procedimentos habituais de análise quanto às práticas do maior parceiro comercial dos EUA.

“Temos um processo no Tesouro em que analisamos a manipulação cambial entre nós. Vamos passar pelo processo. Vamos fazer aquilo que temos feito no passado”, frisou o secretário de Estado. “Não vamos fazer qualquer julgamento até que o processo esteja terminado”, referiu.

O Tesouro tem de apresentar um relatório sobre estas práticas nos dias 15 de abril e 15 de outubro de cada ano.

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EUA: Factos económicos alternativos? Trump representa perigo

Os perigos dos factos alternativos podem vir a alastrar-se aos dados económicos que as agências governamentais divulgam. É esse o receio de vários peritos em estatísticas.

Os especialistas norte-americanos em estatísticas estão preocupados com a recente vaga de “factos alternativos” da administração Trump. Questionados pela Bloomberg, dizem haver o risco de essa realidade invadir as estatísticas económicas divulgadas por gabinetes públicos, o que colocaria em causa a credibilidade dos números da economia norte-americana.

Trump apelida-as de “fake news” (notícias falsas). Já a expressão “factos alternativos” foi usada pela sua responsável pela comunicação da campanha e atual conselheira, Kellyanne Conway. Em causa estão dados tão concretos como o número de pessoas presentes na tomada de posse de Donald Trump, mas também o recente caso da Suécia justificado pelo que a FOX News emite ou a mais recente conferência de imprensa onde o Presidente dos EUA disse ter o maior número de votos no Colégio Eleitoral desde Ronald Reagan… o que não é verdade, como explica aqui o The New York Times.

Mas o perigo atual é que este tipo de realidades alternativas construído pela narrativa da administração Trump invada os dados económicos que são divulgados por agências estatais. A Bloomberg ressalva que existem diretivas governamentais que previnem isto de acontecer, mas temem que o desdém de Trump perante os economistas em geral e os seus comentários sobre estatísticas económicas possam dificultar a comunicação desses números. Existem regras para proteger as estatísticas de serem manipuladas diretamente, mas ainda assim a independência está em causa.

Foi esse o alerta dado por Brent Moulton, recém reformado, que esteve durante 32 anos no Gabinete de Estatísticas Económicas. Num texto, citado pela Bloomberg, Moulton alertava que alguém da Casa Branca poderia ordenar as agências estatais a não fazerem uma certa estatísticas ou então a mudar a metodologia de forma a serem mais convenientes à atual administração.

Um mês após ter tomado posse como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump ainda não nomeou ninguém para o grupo de conselheiros económicos que ajudam o Presidente dos EUA a ter análises objetivas da economia. Um fonte anónima próxima deste conselho revelou à Bloomberg que a Casa Branca tem dado pouca atenção aos relatórios regulares que o gabinete produz.

O medo não está só na manipulação pura dos dados, mas também na forma como estes são comunicados à população. Se recordarmos um discurso de Donald Trump no início de 2016, o atual Presidente dos EUA questionava a taxa de desemprego de então: “Não acreditem nesses números falsos”, disse a quem assistia. “O número provavelmente é 28 ou 29, tão alto como 35%. Na realidade, eu até ouvi recentemente que era 42%“, atirou. Este tipo de discurso não só já foi usado por Trump, mas também pelo seu porta-voz, Sean Spicer, e outros membros da atual administração.

O discurso económico tem sido um dos principais temas de Donald Trump. Entre o défice comercial, as taxas aduaneiras e a política fiscal, a nova administração prometeu fazer muitas mudanças no atual panorama de regulação norte-americana. Em causa está, por exemplo, uma balança comercial que, ainda que melhor do que 2006, continua a ser negativa para os EUA. Para lá chegar, Trump quer mudar os acordos comerciais e já ‘obrigou’ multinacionais a voltar a ter fábricas em solo norte-americano para criar postos de trabalho.

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Estado da relação de Trump com a UE: é complicado

Esta segunda-feira, o vice-presidente dos EUA encontrou-se com Juncker e Donald Tusk. A visita à União Europeia não é feita por Donald Trump, o presidente que já criticou por diversas vezes a UE.

Mike Pence veio esta segunda-feira à União Europeia e na sombra tinha a invenção de Trump sobre a Suécia, já espalhada na internet. O presidente dos EUA justificou-se com uma suposta notícia da FOX News, mas os estragos estavam feitos e os suecos não demoraram a responder. Desde o início que a relação com a UE tem sido complicada: temas como a NATO, imigração a terrorismo não têm ajudado, para além das palavras duras de Angela Merkel e as amizades de Donald Trump com Nigel Farage e Marine Le Pen.

 

Um mês depois da nova administração ter tomado posse no outro lado do Atlântico, o vice-presidente dos EUA veio à Europa para clarificar a estratégia internacional do país que continua a ser “o polícia do mundo”. Um cognome que pode mudar uma vez que a nova liderança norte-americana quer cortar os gastos militares, pelo menos no que toca à participação na NATO. Para compensar, os restantes países, principalmente os europeus têm de aumentar o investimento. Para já reina a cautela, até nas palavras do Papa Francisco que deu o benefício da dúvida a Trump.

Os primeiros relatos do encontro vieram de Donald Tusk e dão uma imagem positiva. O Presidente do Conselho Europeu já se encontrou com Pence e deixou um aviso: “Os anúncios da morte do Ocidente têm sido muito exagerados“. Tusk divulgou no Twitter que perguntou ao vice-presidente dos EUA se partilhava as suas opiniões em três aspetos: ordem internacional, segurança e a atitude da nova administração norte-americana para com a UE. A resposta? Três redondos ‘sim’. “Agora os Europeus e os Americanos devem simplesmente fazer o que dizer”, afirmou Donald Tusk.

Mike Pence corroborou essa ideia momentos depois numa conferência de imprensa, garantido que os EUA e a UE partilham os mesmos valores. “Hoje é meu privilégio, em nome do Presidente [Donald] Trump, expressar o forte compromisso dos Estados Unidos em prosseguir a cooperação e a parceria com a União Europeia. Independentemente das nossas diferenças, os nossos dois continentes partilham a mesma herança, os mesmos valores, e acima de tudo, o mesmo objetivo: promover a paz e a prosperidade através da liberdade, da democracia e respeito pelo Estado de Direito, e nesses objetivos continuaremos comprometidos“, afirmou o vice-presidente dos EUA, citado pela Lusa.

Hoje é meu privilégio, em nome do Presidente Trump, expressar o forte compromisso dos EUA em prosseguir a cooperação e a parceria com a UE.

Mike Pence

Vice-presidente do EUA

A chefe da diplomacia europeia, Frederica Mogherini, tinha visitado os EUA há cerca de semana e meia. Nessa altura, Mogherini disse à nova administração para se preocupar primeiro com os problemas internos, relatou o The Guardian. Na visita de dois dias a Washington, a chefe da diplomacia europeia criticou ter ouvido da nova administração que a UE “não é necessariamente uma boa ideia”. “Não devo nem nenhum europeu deve falar sobre as escolhas ou decisões da política doméstica dos EUA. O mesmo se aplica à Europa – sem interferência”, avisou.

O mesmo se aplica à Europa – sem interferência.

Federica Mogherini

Chefe da diplomacia europeia

União Europeia? Vai acabar

“Olha-se para a UE e é a Alemanha. Basicamente, é um veículo para a Alemanha. Por isso é que acho que o Reino Unido foi tão inteligente em sair”. Esta foi uma das frases que Donald Trump disse ao britânico The Times, poucos dias antes de tomar posse como presidente. Foi mais um disparo, a 16 de janeiro, na direção da União Europeia. Nesse entrevista o norte-americano antecipou o colapso da UE que, diz, não é mais do que “um veículo” alemão.

Trump defendeu ainda que outros países deverão seguir o exemplo do Reino Unido: “Acredito que outros vão sair. Realmente, eu penso que manter [a UE] unida não vai ser tão fácil como muita gente pensa”, disse. Donald Trump disse-se ainda empenhado em fazer “rapidamente” um acordo comercial entre o Reino Unido e os Estados Unidos logo depois do Brexit: “Sou um grande fã do Reino Unido. Vamos trabalhar em conjunto para o fazer devidamente e de forma rápida. Bom para ambas as partes”, afirmou.

As declarações não são surpreendentes. Logo após ter vencido as eleições, o atual Presidente dos EUA recebeu na Trump Tower o eurocético Nigel Farage, político britânico responsável pela campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia. Nesse encontro, Donald Trump chegou até a tweetar que Farage seria um “bom” embaixador britânico nos Estados Unidos.

Mas Farage não é o único “amigo anti-UE europeu” de Trump. Também a candidata da Frente Nacional, um partido da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, foi vista na Trump Tower a meio de janeiro, antes de o novo Presidente tomar posse. A especulação foi bastante, mas não se soube se a candidata às eleições presidenciais de abril, em França, falou com Donald Trump. Mas essa ligação voltou a levantar a preocupação com a evolução do populismo em todo o mundo com a recente proliferação na Europa.

Reino Unido

Theresa May pareceu dar-se bem com Trump na visita que fez aos EUA, mas arranjou problemas internamente. Os dois chegaram a um pré-acordo comercial, ainda que não seja oficial uma vez que o Reino Unido continua dentro da União Europeia e não pode negociar unilateralmente este tipo de acordos. A relação, longe de ser complicada, pelo que foi transmitido, foi logo manchada com o anúncio da lei anti-imigração que bania cidadãos de sete países muçulmanos de entrar nos Estados Unidos e que os britânicos não tardaram a criticar.

E foram os próprios deputados a insurgirem-se contra uma visita de Trump ao Reino Unido. O porta-voz da Câmara dos Comuns disse estar contra uma intervenção de Trump e, por isso, o Presidente dos EUA poderá só ir a Londres em agosto ou setembro, altura em que o Parlamento está fechado para férias e, por isso, Donald Trump não poderá discursar perante as câmaras. “Eu creio que a nossa oposição ao racismo e ao sexismo e o nosso apoio à igualdade perante a lei (…) são considerações bastante importantes na Câmara dos Comuns”, afirmou, entre aplausos dos deputados, o porta-voz da Câmara dos Comuns, John Bercow, quando confrontado com a situação.

Suécia

A mais recente polémica de Donald Trump também tem a ver com a Europa, neste caso com um país nórdico. É que num comício na Florida, o atual Presidente dos EUA disse o seguinte em defesa da sua política anti-refugiados e anti-imigração: “Olhem para o se passa na Alemanha, olhem para o que se passou ontem à noite [sexta-feira] na Suécia. A Suécia, quem haveria de pensar? A Suécia. Eles acolheram muitos refugiados e agora têm problemas como nunca imaginaram que iriam ter”.

A falsa informação propagou-se rapidamente na rede social Twitter, onde o ex-primeiro-ministro sueco Carl Bildt escreveu: “A Suécia? Um atentado? O que é que ele andou fumar?”. A declaração animou a rede social sob os hashtags #LastNightinSweden (ontem à noite na Suécia) e #SwedenIncident (incidente na Suécia), com os quais Trump foi ridicularizado um pouco por todo o mundo.

Diploma anti-imigração

Este tem sido o tema com maior repercussão em vários países. Para além das manifestações da população, Trump recebeu um sinal vermelho de vários líderes políticos internacionais, nomeadamente de Portugal, mas também da União Europeia. Foi a própria Comissão Europeia que anunciou que ia analisar os potenciais efeitos para os europeus da decisão do Presidente dos EUA de impedir a entrada no país de cidadãos de vários países de maioria muçulmana.

“Estudaremos qualquer potencial consequência para os cidadãos da União Europeia” (UE) depois do anúncio feito pelos EUA, disseram à agência EFE fontes da Comissão Europeia (CE). Num artigo de opinião publicado pelo jornal alemão Welt am Sonntag, o presidente da CE, Jean-Claude Juncker, defendia as medidas adotadas pelos 28 Estados-membros respeitantes à ajuda aos refugiados, mas também de reforço da segurança nas fronteiras e de luta contra o terrorismo. Entretanto, o diploma já foi declarado inconstitucional pelos tribunais norte-americanos, mas Trump diz querer voltar à carga.

Rússia e a Crimeia

A relação com a Rússia e a anexação da Crimeia são dois temas quentes para as relações entre os Estados Unidos e a União Europeia. A nova administração tem sido acusada de manter ligações fortes com o Kremlin, uma acusação que voltou a estar em cima da mesa com a recente demissão da equipa de Trump. Em causa estão informações de que teria enganado o vice-presidente, Mike Pence, e outros funcionários sobre os seus contactos com a Rússia.

Na carta da demissão, Flynn disse que teve várias conversas telefónicas com o embaixador russo nos Estados Unidos durante o período de transição, antes da tomada de posse da Administração Trump, e que forneceu “informação incompleta” sobre essas conversas ao vice-presidente norte-americano. O vice-presidente dos EUA, alegadamente, baseou-se na informação fornecida por Flynn, indicando que o seu assessor para a Segurança Nacional não tinha discutido as sanções com o enviado russo, embora Flynn tenha admitido posteriormente que o tema possa ter sido abordado.

São várias as alegadas interferências russas nas eleições norte-americanas, e não só. Mas existe um tópico onde Donald Trump está ao lado da União Europeia: o Presidente dos EUA quer que Vladimir Putin devolva a Crimeia à Ucrânia e reduza a violência, segundo as declarações do porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.

A balança comercial e os acordos comerciais

Taxas e mais taxinhas, tem sido essa a promessa de Donald Trump para todos os países que prejudiquem comercialmente os EUA. É o caso do México, mas não só. O conjunto dos países da União Europeia representam o segundo maior desequilíbrio da balança comercial dos Estados Unidos. Em 2015, essa diferença foi de 100 mil milhões de euros com a UE a sair a ganhar das trocas comerciais entre os dois lados do Atlântico. Curiosamente, a balança comercial com o Reino Unido é, desde 2006, positiva para os norte-americanos.

Donald Trump tem atacado os acordos comerciais, nomeadamente o NAFTA (North American Free Trade Agreement) e o Tratado Transpacífico, além de ter anunciado a criação de novas taxas aduaneiras para certos produtos. Durante a campanha, o agora Presidente dos EUA dizia que os outros países estavam a beneficiar, em termos de postos de trabalho e balança comercial, à custa dos Estados Unidos. No entanto, o problema está também com a continuada procura interna norte-americana, a qual continua a manter as importações em níveis elevados.

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O que “andou a fumar” o presidente Donald Trump?

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2017

Este sábado, Donald Trump mencionou um suposto atentado na Suécia que, na verdade, não existiu. Agora, o ex-primeiro-ministro sueco, Carl Bildt, pergunta: o que "andou a fumar" o presidente dos EUA?

No sábado, o Presidente norte-americano Donald Trump falou de um atentado terrorista na Suécia, que não existiu, para justificar a sua política anti-imigração, num discurso que levou o ex-primeiro-ministro sueco Carl Bildt a perguntar o que teria Donald Trump fumado.

“Olhem para o se passa na Alemanha, olhem para o que se passou ontem à noite [sexta-feira] na Suécia. A Suécia, quem haveria de pensar? A Suécia. Eles acolheram muitos refugiados e agora têm problemas como nunca imaginaram que iriam ter”, afirmou Donald Trump num discurso virulento na Florida em defesa da sua política anti-refugiados e anti-imigração.

A falsa informação propagou-se rapidamente na rede social Twitter, onde o ex-primeiro-ministro sueco Carl Bildt escreveu: “A Suécia? Um atentado? O que é que ele andou fumar?”. A declaração de Trump animou a rede social sob o hashtag #LastNightinSweden (ontem à noite na Suécia) e #SwedenIncident (incidente na Suécia), onde Trump foi ridicularizado um pouco por todo o mundo.

Esta não é a primeira vez que membros da administração Trump, e agora o próprio, se referem a ataques terroristas inexistentes – justificados posteriormente como lapsos. Kellyanne Conway, a conselheira de Trump – que inventou a noção de “factos alternativos” – referiu-se ao “massacre de Bowling Green” numa entrevista e explicou mais tarde que se referia aos “terroristas de Bowling Green”, dois iraquianos condenados em 2011 por tentarem enviar dinheiro e armas para a al-Qaeda.

A Suécia? Um atentado? O que é que ele andou fumar?

Carl Bildt

Primeiro-ministro da Suécia

Também o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, falou por três vezes numa semana no atentado de Atlanta (no Estado da Geórgia), antes de se lembrar que o mesmo tinha na verdade acontecido em Orlando, na Florida.

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