Web Summit: Vencedora do ‘pitch’ de 2016 preferiu oferta alternativa de financiamento

  • Lusa
  • 28 Outubro 2017

Quase um ano depois da apresentação do projeto de um robô para ensinar programação, línguas e matemática a crianças, o produto está no mercado depois de uma oferta de um milhão de euros.

A empresa vencedora da competição ‘pitch’ da 1.ª edição da Web Summit em Lisboa, a dinamarquesa KUBO, preferiu a oferta de um milhão de euros de um investidor dinamarquês aos 100 mil euros oficialmente disponibilizados.

Quase um ano depois da apresentação do projeto de um robô para ensinar programação, línguas e matemática a crianças, o cofundador e presidente executivo (CEO) da ‘startup’, Tommy Otzen, contou à Lusa que o produto está no mercado após somar uma oferta de um milhão de euros do Danish Growth Fund, um fundo estatal de investimento.

O fundo “também ajudou a estabelecer um conselho muito competente”, acrescentou o responsável, que explicou a escolha de preterir os cem mil euros apresentados pela organização e financiados pela Portugal Ventures.

“Tivemos uma oferta melhor. No entanto, foi uma oferta [a do concurso] realmente atraente com excelentes condições”, considerou Tommy Otzen, que enumerou entre as vantagens de vencer a competição de ‘pitch’ (apresentações breves de um produto ou serviço) o interesse despertado entre os investidores.

A atenção conseguida em termos mundiais, “o que só poderia ter sido influenciado pela vitória na Web Summit” foi outra das consequências, assim como, continuou o CEO, a “aprovação exterior” da empresa face à aprovação por um júri muito experiente.

À Lusa, Mike Harvey, responsável de Comunicação Estratégica da Web Summit, explicou que a competição ‘pitch’ de 2016 foi patrocinada pela Portugal Ventures, sociedade de capital de risco do Estado, que garantia cem mil euros ao vencedor em troca de uma participação acionista na ‘startup’.

Este ano o patrocinador é a Mercedes Benz, que garante um prémio de 50 mil euros e o acesso ao programa de incubação promovido pelo fabricante alemão de automóveis.

Segundo este responsável, o ‘pitch’ “é uma oportunidade incrível” para as empresas de inovação com potencial de crescimento rápido, tendo o evento sido indicado como uma das “melhores competições mundiais para ‘startups’ pela (publicação) Forbes”.

Com o distanciamento de muitos meses, à questão sobre o que mudaria na apresentação vencedora em 2016 para a tornar ainda melhor, o responsável da KUBO respondeu ter dúvidas sobre se iria alterar alguma coisa no próprio ‘pitch’.

“Mas talvez gastasse mais tempo a praticá-lo. Na minha experiência essa é a chave para um ótimo ‘pitch’”, garantiu.

Explicando que o ‘pitch’ é comunicar sobre o negócio, descrevendo um problema que é interessante para o público, considerou que “é preciso perguntar a si mesmo como se pode comunicar o problema que se está a tentar resolver para o público mais amplo possível”.

Tommy Otzen exemplificou com os professores, que, em geral, consideram difícil incluir a programação nos currículos. “Nós resolvíamos o problema dos professores, mas não é um problema relevante para o público em geral”, assinalou o responsável, explicando que, assim, o foco foi colocado na falta de literacia digital, um “problema que afetará todos os miúdos quando entram no mercado laboral em adultos”.

“Ao resolver esse problema no nosso ‘pitch’, tornamos a nossa solução relevante para todos os pais e professores”, referiu o cofundador da empresa, explicando que depois de encontrar uma perspetiva relevante para uma maioria, é preciso “torná-la tão simples e clara quanto possível”.

“Esse é o verdadeiro desafio quando se tem menos de 30 segundos para explicar a contribuição para resolver o problema, é aqui que a prática irá fazer a diferença”, sublinhou.

Para a edição de 2017, que decorre entre 06 e 09 de novembro, em Lisboa, Tommy Otzen antecipa que vai ser “ótimo”, até porque vai ter tempo para realmente ouvir outros oradores e fazer ‘networking’ (contactos).

Da sua agenda consta ainda uma intervenção no dia 09 de novembro na ‘Growth Summit’, que apresenta algumas das empresas de crescimento mais rápido do mundo, na Web Summit.

Convidado a partilhar conselhos com os novatos da conferência internacional de inovação e tecnologia, o empreendedor referiu o uso da ‘app’ (aplicação) da Web Summit, que ajudou a KUBO a encontrar investidores e nas reações públicas.

Entre os anteriores vencedores da competição ‘pitch’ está a portuguesa Codacy, em 2014, quando o evento ainda estava na cidade ‘natal’, Dublin.

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Juncker concorda com António Costa na “urgência” de completar a União Económica e Monetária

  • Lusa
  • 28 Outubro 2017

Presidente do executivo comunitário também defende que as negociações com o Reino Unido para o ‘Brexit” não podem e não devem impedir a União Europeia de trabalhar no seu futuro a 27.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, defende que a União Europeia tem de “preparar o futuro enquanto lida com o presente”, e concorda com o primeiro-ministro português na “urgência” de completar a União Económica e Monetária (UEM).

Em entrevista à Lusa, o presidente do executivo comunitário defende que as atuais negociações com o Reino Unido para a concretização do ‘Brexit” não podem e não devem impedir a União Europeia (UE) de trabalhar no seu futuro a 27, considerando crucial aproveitar a atual “janela de oportunidade” proporcionada pelo contexto económico para completar a União Económica a Monetária.

Juncker saúda “o facto de outros, incluindo o primeiro-ministro António Costa, apreciarem a importância e a urgência de darmos os próximos passos necessários” e aponta que “a Comissão vai apresentar propostas concretas antes do fim deste ano, que serão debatidas pelos líderes na primeira cimeira da zona euro inclusiva de sempre”, que terá lugar em dezembro próximo.

“Temos de preparar o futuro enquanto lidamos com o presente. E o futuro é uma União Europeia com 27 Estados-membros. Lamento que o Reino Unido deixe a União e fiz tudo o que estava ao meu alcance para o evitar. Agora, a Comissão e o seu chefe-negociador, Michel Barnier, estão a fazer tudo o que podemos para assegurar que a UE e o Reino Unido alcançam um acordo justo. Mas o que tem de ficar claro é que o processo de divórcio não deve distrair ou impedir a União de lidar com outros desafios que enfrenta”, sustentou.

Lembrando que no seu discurso do «Estado da União», em setembro, definiu “de forma clara” aquelas que devem ser as prioridades da UE, “e elas incluem a necessidade de agir rapidamente e de forma decisiva para completar a UEM”, o presidente da Comissão sublinhou que “as perspetivas económicas jogaram a favor”, e há agora que aproveitar este contexto positivo, sem esperar por nova crise para agir.

“Estamos agora no quinto ano de retoma económica a abranger cada um dos Estados-membros. O crescimento na União Europeia superou o dos Estados Unidos nos dois últimos anos. Encontra-se agora acima dos 2% para a União no seu conjunto e nos 2,5% para a zona euro. O desemprego recua há nove anos, quase 8 milhões de empregos foram criados desde que me tornei presidente da Comissão”, sublinhou.

Desse modo, salientou, “a situação atual melhorou e já muito foi feito para reforçar a arquitetura da UEM em resposta à crise financeira, mas uma vez que vários anos de crescimento lento ou mesmo nulo deixaram marcas duradouras no tecido social, económico e político da Europa, é crucial usar esta janela de oportunidade para aprofundar a parte “económica” da União Económica e Monetária, para reforçar a sua capacidade para apoiar plenamente a política monetária e as políticas económicas nacionais, e para democratizar ainda mais o quadro comum” europeu, defendeu.

“Não podemos pura e simplesmente dar-nos ao luxo de esperar por outra crise antes de encontrar a vontade coletiva de atuar”, disse.

Juncker sublinhou todavia que, ao mesmo tempo, o debate sobre o futuro da Europa deve prosseguir noutros domínios, que não o estritamente económico.

“O nosso futuro tem de ser algo mais do que somente sobre economia. A União Europeia não se trata apenas de moeda e dinheiro, é sobre valores, é sobre os seus direitos, é sobre moldar em conjunto um futuro comum”, defende.

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Rui Rio: “sou mais estável” do que Santana Lopes

  • ECO
  • 28 Outubro 2017

Em entrevista ao Expresso, Rui Rio diz que Santana Lopes é uma "quarta opção" e salienta que "todos aqueles que estiveram num cargo e quiseram regressar", acabaram por perder, à exceção de Isaltino.

Rui considera-se um político diferente dos outros e acredita que Santana Lopes é uma “quarta opção”. Em entrevista ao Expresso, o candidato à liderança do PSD aponta para diferenças no “capítulo da personalidade”, vincando que é mais estável do que Santana Lopes [acesso pago].

“Santana Lopes é uma quarta opção de quem queria a todo o transe que existisse uma âncora contra mim. Queriam que Passos Coelho continuasse, ele entendeu não continuar. Depois tentaram Luís Montenegro, depois Paulo Rangel, depois Santana Lopes, que aceitou. Se não tivesse aceitado, ainda haveria a tentativa de um quinto. É uma frente, não anti-Rui Rio, mas contra aquilo que pode ser um projeto que tenha mais mudança do que aquilo que querem”, refere Rui Rio.

Para o candidato à liderança do PSD, as diferenças entre si e Santana Lopes estão no “capítulo da personalidade”: “somos diferentes, sou mais estável, quer no discurso quer ao longo da minha vida”. E acrescenta: “Cumpro mandatos até ao fim de uma forma particularmente rígida, como se sabe. Santana Lopes já foi cinco vezes candidato a líder do PSD”.

Além disso, os militantes têm que “pensar numa coisa: todos aqueles que estiveram num cargo e quiseram regressar, à exceção de Isaltino Morais agora nas eleições de Oeiras, perderam sempre”, recorda Rio. “Santana, em 2009 quando quis voltar à Câmara de Lisboa, perdeu. Quando quis regressar ao partido, até ficou em terceiro contra Manuela Ferreira Leite [e Paulo Rangel]”, sublinha ainda.

Apontando para os resultados das autárquicas, Rio avisa: “se não nos reconciliamos com os portugueses, não chegamos às legislativas em condições de disputar a liderança”. Isto “se nestas eleições os militantes do PSD não escolherem aquele que os portugueses mais querem”, adianta ainda. Quer isso dizer que Santana Lopes colocaria o PSD em terceiro lugar? Rui Rio diz que não é isso que está em causa, mas salienta: “Quando Santana Lopes foi líder do PSD ficámos em segundo, com uma liderança tal que o PS teve a sua única maioria absoluta”. “Bater-se taco a taco é ganhar as eleições ou, se perder, perder por pouco”, sublinha.

Falando já no Orçamento do Estado, Rio entende que “é até algo pior” do que eleitoralista, porque “eleitoralista é querer captar simpatia porque vai haver eleições, mas em 2018 nem vai haver eleições”. Acusa a coligação parlamentar de estar mais preocupada com o presente do que com o futuro e revela que votaria contra o Orçamento — diz que a resposta é fácil mas não é cómoda, porque são afirmações que podem condicionar as opções da atual direção.

O candidato à liderança do PSD acredita que há condições para a coligação parlamentar “cumprir os quatro anos”, que “acaba por durar mais do que era expectável”. Isto porque “o PCP e o BE engoliram grande parte daquilo que diziam quando estavam de forma pura e dura na oposição”. Acredita que o PS e os parceiros estão “reféns uns dos outros” e diz que esta solução “não tem condições de governar com os olhos postos no futuro”.

Já quanto à intervenção do Presidente da República no âmbito dos incêndios, Rio diz que Marcelo “mais não fez do que ler a realidade e falar sobre ela”, acrescentando que não foi o Presidente “que abalou o Governo”. “O Governo está abalado pela realidade”, frisa.

 

 

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Juncker: Portugal deve reduzir dívida da mesma forma que baixou défice

  • Lusa
  • 28 Outubro 2017

O presidente da Comissão Europeia defende que “a forma mais efetiva de enfrentar o problema da dívida é retomar o caminho de um crescimento e finanças públicas sustentáveis”.

O presidente da Comissão Europeia acredita que Portugal irá conseguir reduzir “o seu fardo da dívida” pública da mesma forma que conseguiu baixar o défice, “a mais efetiva para enfrentar o problema”, que é através de crescimento e finanças públicas sustentáveis.

Em entrevista à Lusa, o presidente do executivo comunitário escusou-se a comentar um cenário de renegociação da dívida pública portuguesa, alertando antes para a absoluta necessidade de combater um fenómeno que classifica como “antissocial”, mas através de “uma política orçamental prudente e responsável”.

“Demasiada dívida é antissocial, porque a dívida acumulada de hoje terá que ser paga pelos nossos filhos e netos. Demasiada dívida arruína as perspetivas da próxima geração de uma educação adequada, de um sistema de saúde fiável e de uma segurança social sólida”, advertiu.

Contudo, segundo Juncker, “a forma mais efetiva de enfrentar o problema da dívida é retomar o caminho de um crescimento e finanças públicas sustentáveis” e “é isso mesmo que Portugal está a fazer e esteve na base da recomendação para encerrar o Procedimento por Défice Excessivo” em maio passado.

“Estou convencido de que, à medida que a retoma continua a consolidar-se, e sendo mantido o compromisso com uma política orçamental prudente e responsável, Portugal fará mais progressos no alívio do seu fardo da dívida”, disse.

Jean-Claude Juncker sublinhou que “a promoção de finanças públicas sólidas é uma prioridade da Comissão Europeia”, razão pela qual, “juntamente com o investimento e as reformas estruturais, a responsabilidade orçamental orientou a agenda económica da Comissão” desde que se tornou presidente do executivo comunitário, em 2014.

“Esta política está a dar frutos. O défice público global na zona euro desceu de mais de 6% em 2009 para uma estimativa de 1,4% em 2017. Hoje, apenas três países continuam a ser objeto de Procedimentos por Défice Excessivo, em comparação com 24 no pico da crise financeira”, apontou.

Segundo Juncker, esta é a demonstração de “um progresso real, e Portugal fez a sua parte”, cabendo o mérito ao povo português.

“Em Portugal, os esforços enormes do povo português para ‘dar a volta’ à economia e fazer as finanças do país regressarem a uma posição mais estável e sustentável estão a dar resultados. É por isso que tivemos a possibilidade de recomendar o encerramento do PDE a Portugal. Esta foi uma conquista do povo português”, disse.

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Quem é o próximo presidente da Fed? Trump revela esta semana

  • Lusa
  • 28 Outubro 2017

O presidente dos EUA já terá feito a sua escolha para a presidência da Reserva Federal (Fed). "Vou anunciá-lo na próxima semana", disse Trump.

O presidente dos EUA, Donald Trump, deu a entender que já tinha feito a sua escolha para a presidência da Reserva Federal (Fed), o banco central norte-americano, e que a deveria anunciar na próxima semana.

“As pessoas esperam com impaciência a minha decisão sobre a identidade do próximo presidente da Fed. Vou anunciá-lo na próxima semana”, escreveu Trump na sua conta na rede social Twitter.

“É alguém que, espero, vai fazer um trabalho fantástico”, acrescentou.

“Tenho alguém muito preciso na cabeça e penso que todos vão ficar impressionados”, continuou. “Mas, sobretudo, penso que, após oito anos, a vocês vão ficar muito impressionados, porque as coisas vão muito bem para o nosso país e a nossa economia”.

Na quinta-feira, Trump não poupou nos elogios a Janet Yellen, nomeada em 2014 pelo anterior Presidente, Barack Obama, cujo mandato termina em fevereiro, admitindo a possibilidade de a reconduzir.

“Ela é impressionante. Gosto muito dela”, declarou, recusando dar qualquer indicação sobre a sua escolha.

Além de Yellen, os nomes de Jerome Powell, um dos governadores da Fed, John Taylor, um republicano professor de Economia, Gary Cohn, antigo dirigente do banco Goldman Sachs, que é o principal conselheiro económico de Trump, e Kevin Warsh, um advogado e financeiro, que também já foi governador da Fed, têm sido citados nas últimas semanas.

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Quatro mitos sobre a independência catalã

  • Marta Santos Silva
  • 28 Outubro 2017

Uma Catalunha independente iria de certeza ficar na UE? Não. A economia catalã é do tamanho da dinamarquesa? Nem por isso. Desconstrua quatro dos mitos à volta do desafio catalão.

Catalunha fez uma declaração unilateral de independência. Isto ao mesmo tempo que viu o seu Governo destituído por Madrid e eleições convocadas para 21 de dezembro para a constituição de um novo Parlamento. No meio das discussões sobre se uma Catalunha independente é possível, vale a pena dissipar alguns mitos sobre a economia catalã e as portas que se vão abrir (ou fechar) caso isso efetivamente aconteça. Conheça quatro dos principais.

A Catalunha pode ser logo membro da União Europeia?

Esta é uma pergunta que tem tido uma resposta mais ou menos firme da União Europeia: o interlocutor principal para já é Espanha e, embora os tratados não o definam, uma eventual Catalunha independente deveria ficar de fora da União Europeia e ter de passar por um processo de candidatura e ajustamento das suas finanças públicas. Mas nem todos pensam isso.

“A Catalunha é uma economia competitiva e aberta ao mundo e essa situação não vai mudar”, escreveu o ex-vice-presidente do Governo regional da Catalunha, Oriel Junqueras, entre os demitidos esta sexta-feira por Mariano Rajoy. Num documento chamado A situação da economia num Estado catalão, citado pelo El País, Junqueras acrescentava: “Os interesses económicos e políticos da União tornam claro que haverá plena vontade para que a Catalunha permaneça membro da União Europeia e da Zona Euro”.

Em princípio, esta declaração é falsa. Ainda nunca aconteceu que uma região de um Estado-membro da UE tenha conseguido a independência, mas foi em 2004 que Romano Prodi, que então presidia a Comissão Europeia, afirmou que “se um território deixa de ser parte de um Estado ao converter-se num Estado independente, os tratados não podem continuar a aplicar-se a esse território, e a nova região converte-se num país terceiro”. O mesmo foi dito, por exemplo, sobre a Escócia na altura do seu referendo pela independência do Reino Unido.

No entanto, é sempre possível que venha algum reconhecimento à Catalunha. As regras não estão escritas. Um deputado finlandês, Mikko Kärnä, já anunciou no Twitter que vai apresentar na semana que vem uma moção para reconhecer já a independência da Catalunha.

A maioria dos catalães quer a independência?

Em princípio, a resposta a esta pergunta é não. Os partidos nacionalistas e independentistas não ganham votos desde as eleições de 1999, mantendo-se sempre mais ou menos no mesmo percentil aquém dos 50%. Se tivermos em conta que existe também abstenção, não está aqui representada uma maioria do povo catalão. E a repressão policial no referendo considerado inconstitucional que foi realizado na Catalunha faz com que seja difícil levar a sério o resultado de “Sim” a um Estado independente que foi declarado.

Mas porque se fala cada vez mais da independência da Catalunha se o apoio aos partidos que a defendem não cresceu significativamente? O analista Kiko Llaneras explica no seu blogue no El País que “não é tanto que os catalães tenham mudado o voto, mas sim que a sua opinião sobre o tema e a posição do partido se movimentou”. O gráfico abaixo mostra como a vontade de independência aumentou cada vez mais entre os eleitores dos partidos independentistas. “Em 2006, menos de 20% dos eleitores da CiU queriam a independência — agora são 75%”, escreve.

Assim, é difícil decidir com base nos resultados de eleições e de referendos, para já, se uma maioria dos catalães quer ser independente de Espanha.

A economia da Catalunha é do tamanho da da Dinamarca?

Começou com Artur Mas, ex-presidente do Governo regional catalão, em Harvard: “Imagino a Catalunha como a Dinamarca do Mediterrâneo”. O independentista afirmou que a região tinha capacidade para ter um desemprego com nível muito baixo, uma economia muito aberta, um Estado social robusto e uma democracia de qualidade, até porque a sua produção de riqueza era semelhante.

Separatistas catalães celebram a vitória do “Sim” na votação do Parlamento regional.Guillem Sartorio/Bloomberg

No documento produzido por Oriel Vasqueras, surge uma ideia parecida em termos de riqueza produzida: “O PIB da Catalunha assemelha-se ao da Finlândia, da Dinamarca e da Irlanda”, escreveu. No entanto, como já sublinhou o El País, o Eurostat via em 2015 o PIB catalão nos 204 mil milhões de euros — mais perto dos 179 mil milhões de Portugal no mesmo ano do que do PIB da Dinamarca de 271 mil milhões.

E o PIB per capita? “Supera a média europeia por 14,5%”, continuava Vasqueras, o que segundo o Eurostat também é falso — o PIB per capita da Catalunha supera o da União Europeia por 7%. Uma fonte do Governo regional explicou que se referiam aos valores do PIB por habitante em paridade de poder de compra.

Novas eleições vão ajudar a resolver o impasse?

O objetivo de convocar novas eleições, como fez esta sexta-feira Mariano Rajoy para dia 21 de dezembro, é repor a lei e procurar um novo interlocutor. Após a convocação de um referendo considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol, e a declaração unilateral de independência, o Parlamento catalão foi dissolvido por Madrid e Carles Puigdemont e a sua equipa destituídos.

O presidente do Ciudadanos, um dos partidos que apoiou o PP de Rajoy para lhe permitir agir desta forma na Catalunha, explicou à CNBC que era impossível progredir com o Governo atual. “Para mim, a questão mais importante é como mudar o governo da Catalunha. O presidente é contra a lei”, disse Rivera. “Precisamos de um presidente que decida voltar à democracia, voltar à Constituição”.

Mas será que isso vai realmente mudar alguma coisa? Várias sondagens mostram que tudo vai ficar igual na Catalunha em termos de distribuição dos partidos no Parlamento. Kiko Llaneras não se mostra surpreendido. Afinal, “a percentagem de voto nacionalista (e portanto independentista) não se move há 18 anos: nas últimas seis eleições esteve sempre entre os 47% e os 49% dos votos”.

Apesar dos altos e baixos dos governos, que foram de diferentes partidos de tendência nacionalista, os números mantiveram-se: esses partidos não se desviaram mais de dois pontos percentuais, em bloco. “É invulgar”, diz Llaneras. É possível, então, que após convocar novas eleições Madrid se depare com um Governo e um Parlamento igualmente independentistas. A situação é inédita — o artigo 155.º da Constituição espanhola nunca tinha sido aplicado. Sendo assim, é difícil prever ao certo o que vai acontecer, inclusive se as eleições resolverão o problema do Governo central espanhol.

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Tecnológicas dão novos máximos a Wall Street

As bolsas norte-americanas fecharam a sessão desta sexta-feira com ganhos expressivos. O S&P 500 e o Nasdaq atingiram novos máximos, suportados em resultados robustos de empresas tecnológicas.

As bolsas norte-americanas fecharam a semana no verde, com dois dos três índices renovaram novos máximos suportados em resultados positivos de algumas gigantes do setor tecnológico. A economia dos Estados Unidos, que cresceu mais do que se esperava, também deu gás às bolsas.

O S&P 500 avançou 0,81% para 2.581,07 pontos, tendo atingido um máximo histórico de 2.582,98 pontos no decorrer da sessão. Já o tecnológico Nasdaq teve uma sessão como já não via desde novembro de 2016. O índice avançou 2,20% para 6.701,26 pontos, atingindo também um máximo histórico nos 6.708,13 pontos. Quanto ao industrial Dow Jones, valorizou 0,14% para 23.434,19 pontos, aproximando-se do pico alcançado na última terça-feira, num dia de forte valorização do preço do petróleo.

Em Nova Iorque, o preço da matéria-prima subia 2,51% para 53,96 dólares o barril, enquanto em Londres, o Brent ultrapassou mesmo os 60 dólares, algo que não acontecia há dois anos. Os investidores estarão otimistas quanto a um eventual travão à produção por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), contribuindo ainda para esta subida a instabilidade no Iraque.

Contudo, foram mesmo os resultados robustos das empresas tecnológicas o principal fator a pintar as bolsas de verde. Como o ECO explicou aqui, cinco das maiores empresas do setor bateram as estimativas dos analistas quanto às contas do terceiro trimestre. A Amazon terminou os três meses com vendas de 43,7 mil milhões de dólares, um crescimento de 34%. Já a Alphabet, dona da Google, registou receitas de 27,77 mil milhões de dólares e lucros de 9,57 dólares por ação, enquanto os analistas apontavam para um valor bem inferior: 8,34 dólares por título.

Do lado dos indicadores económicos, os norte-americanos suspiraram de alívio ao saber que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 3% no terceiro trimestre deste ano em termos homólogos, contra as estimativas que apontavam para uma desaceleração para 2,6%. O número contrasta com os 3,1% de crescimento no trimestre anterior, em comparação com os mesmos três meses de 2016.

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Sardinha: Ministra admite limites de pesca acima das 14 mil toneladas

  • Lusa
  • 27 Outubro 2017

A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, admitiu esta sexta-feira que o Governo poderá propor um limite de pesca da sardinha em Portugal e Espanha acima das 14 mil toneladas indicadas inicialmente.

A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, admitiu esta sexta-feira que os limites de captura de sardinha para Portugal e Espanha possam ultrapassar as 14 mil toneladas, valor que há uma semana tinha definido como máximo.

“Não podemos decidir sozinhos aquilo que vamos estabelecer para a pescaria da sardinha, mas [a reunião com os representantes dos produtores] permitiu-nos ter mais informação e agora o IPMA vai trabalhar para saber qual é o limite máximo que podemos propor, que pode ir acima das 14 mil toneladas”, referiu. Há uma semana, Ana Paula Vitorino disse que o Governo ia propor que o limite de captura de sardinha para a Península Ibérica fosse fixado entre as 13,5 e as 14 mil toneladas.

Em declarações aos jornalistas, após reunir-se com a Associação das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOP-Cerco), Ana Paula Vitorino sublinhou que o Ministério tem como objetivo continuar a recuperar o stock, para que se possa continuar a pescar hoje e também daqui a 20 anos”. Mas, realçou, “houve troca de informação que, por um lado, fez com que se percebesse melhor as medidas que estavam em cima da mesa […] e também se estabeleceu regras de preparação para o futuro, que têm a ver com uma maior proximidade entre o trabalho cientifico e o trabalho profissional”.

De acordo com o parecer científico do ICES, divulgado no dia 20, o stock de sardinha tem vindo a decrescer de 106 mil toneladas em 2006 para 22 mil em 2016, por isso, recomenda que, em 2018, seja suspensa a captura deste peixe. Contudo, aponta para vários cenários de capturas, estabelecendo como limite 24.650 toneladas.

Já em 2016, o organismo científico recomendava que Portugal devia parar por completo a pesca da sardinha durante um período mínimo de 15 anos para que o stock de sardinha regresse a níveis aceitáveis.

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Universidade do Minho lança campanha de fundraising

A Universidade do Minho lançou uma campanha de angariação de verbas. O objetivo é financiar projetos de uma universidade que se quer reposicionar a nível tecnológico.

Sob o lema “UMinho F2020 – Um compromisso com a sociedade”, a Universidade do Minho (UM) lançou, esta sexta-feira, uma campanha de fundraising. O objetivo é financiar projetos de uma universidade que se quer reposicionar a nível tecnológico.

É “uma estratégia complementar de angariação verbas provenientes da sociedade, para o desenvolvimento específico de projetos estratégicos da UMinho, num quadro de efetivo envolvimento de personalidades e empresas comprometidas com a academia”, diz a UMinho. E é complementar ao plano estratégico 2020 onde é prevista a diversificação de fontes de financiamento da universidade.

O lançamento da campanha foi feito durante o evento “Um compromisso com a sociedade – a A UMinho comprometida com o desenvolvimento e com a construção do futuro”, durante o qual o reitor da Universidade do Minho, que está prestes a cessar funções, destacou que “a Universidade do Minho tem uma interação muito forte com a sociedade, desde a economia à cultura”.

Ainda assim, António Cunha alertou para as mudanças que se registam no mundo, sobretudo a nível tecnológico, o que obriga a um reposicionamento da Universidade. “O século XXI poderá ser o século das Universidades mas poderá também ser o tempo em que as Universidades se tornem irrelevantes”, afirmou o Reitor.

Já o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior afirmou que: “o caminho da Universidade do Minho é exemplar, mas há ainda muito a ser feito”. O ministro referiu que para se diferenciar a UMinho tem que na próxima década, atrair talentos, atrair empreendedores e atrair empregadores. Manuel Heitor aproveitou para referir que “existe um défice de especialização” nas Universidades e que isso exige “reformular a oferta do ensino de pós-especialização”.

Manuel Heitor falou ainda em derrubar os muros da Universidade porque: “a falácia de que o conhecimento é transferido das Universidades para as empresas tem que ser derrubado”.

A Fernando Alexandre, pró-reitor da Universidade do Minho, coube demonstrar o impacto da Universidade no desenvolvimento, que considerou como um “caminho exemplar“.

Na apresentação que fez para uma plateia onde sobressaiam para além de outros, Artur Santos Silva, Valente de Oliveira, Freire de Sousa, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Fernando Alexandre relembrou que a Universidade já atribuiu 66 mil graus, entre o período compreendido entre 1908 e 2016, e que só no último ano foram formadas quatro mil pessoas, o que demonstra “a escala de transformação”.

No que respeita à interação com a sociedade, Fernando Alexandre relembrou que a Universidade tem mil docentes e tem 320 parcerias estratégicas, das quais 196 na região e 58 entidades participadas, entre associações e fundações. Já no concerne à relação entre a investigação e as empresas, Fernando Alexandre diz que: “da instituição sai investigação com qualidade que depois vai passando para a economia e a sociedade através de interfaces tecnológicos”. A referência são instituições como o Instituto Design Guimarães, o piep, o TecMinho, o Centro de Computação Gráfica, entre outros. A outro nível surgem as incubadoras e as aceleradoras, como a Startup Braga, destacando o economista a grande ligação da Universidade com os spin-offs.

Desde 2000, a Universidade deu origem a 48 spin-offs, responsáveis por um volume de negócios que em 2016, atingiu os oito milhões de euros. A nível de recursos humanos desses spin-offs mais de 80% (de um total de 162 pessoas) têm o ensino superior. A nível de áreas, estes spin-offs estão maioritariamente ligado à biotecnologia e a maior parte (76%) estão sediados em Braga e Guimarães.

Investimento de 170 milhões

Ao nível da colaboração entre a Universidade e a Indústria, nos últimos dez anos foram investidos 170 milhões de euros, repartidos por 165 projetos sobretudo ao nível das engenharias, sendo que o investimento da UMinho é de 67,5 milhões de euros.

A última década deu origem, em termos de projetos de I&D, a 377 parceiros, dos quais 313 empresas, 168 em Portugal e 145 no estrangeiro. As principais entidades financiadoras são a Agência Nacional de Inovação com 75% ou 127 milhões de euros, seguida pela Comissão Europeia com 21% ou 36 milhões de euros. De registar que deste número de parceiros, 64% são empresas sediadas em Portugal e 36% empresas no estrangeiro. Já o investimento em projetos de I&D conta com 130 empresas em Portugal e 39 em empresas no estrangeiro.

Quanto à distribuição geográfica das empresas estrangeiras parceiras, o Reino Unido domina com 17%, seguida pela Alemanha com 14%. Em Portugal, a distribuição geográfica das empresas parceiras dá conta de que 50,3% estão no norte, 35,33% no centro e 11,38% na área metropolitana de Lisboa.

A Bosch, pela sua dimensão e pela parceria estabelecida com a Universidade do Minho é catalogada, por Fernando Alexandre como um “novo paradigma do que deve ser a economia portuguesa“. O Made In Braga dá lugar ao Invented Braga. No total, estamos a falar de um investimento total de 74 milhões de euros, envolvendo 393 recursos humanos (172 Bosch e 221 da Universidade do Minho) e 34 patentes.

As empresas Alumni UMinho

Na apresentação que fez, Fernando Alexandre dá conta da existência de 530 empresas, com um volume de negócios de 1200 milhões de euros (volume negócios médio de 2,2 milhões) e 13700 colaboradores. Deste número de colaboradores, 27% tem o ensino superior, um valor muito superior aos 17% registados em Portugal. Fernando Alexandre enaltece o facto da maioria destas empresas (88%) se sediar no norte.

Universidade em números:

  • 20 mil estudantes distribuídos por 3 campos
  • 1300 docentes
  • 55 cursos de licenciatura e mestrado integrado
  • 110 cursos de mestrado
  • 62 mil graduados
  • 57 mil programas de doutoramento

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ADSE propõe consultas mais caras a partir de 1 de janeiro

  • Marta Santos Silva
  • 27 Outubro 2017

A proposta da direção da ADSE agrava as tabelas de preços, e mas os representantes dos beneficiários não estão satisfeitos. O objetivo é, em parte, reduzir as fraudes de prestadores de serviços.

A ADSE propôs, num documento enviado aos membros do Conselho Geral e de Supervisão da entidade, que a partir de 1 de janeiro sejam atualizados os preços das consultas pagos pelos beneficiários para ficarem mais caros. O dirigente da instituição, Carlos Liberato Batista, defende no documento que o aumento de preços servirá, em parte, para combater as fraudes que prejudicam tanto a ADSE como os beneficiários, e também para procurar alargar a rede. Os representantes dos beneficiários não estão satisfeitos com a proposta.

A proposta da ADSE, o subsistema de saúde dos funcionários públicos, é de que as consultas de clínica geral e de especialidade aumentem de preço para o beneficiário em 1,51 euros e 1,01 euros respetivamente, o que fará com que ambas passem a custar cerca de cinco euros.

A própria ADSE também passaria a pagar mais por cada um desses atos: na consulta de clínica geral passaria a pagar mais 4,03 euros e na de especialidade mais 0,53 euros.

Qual o objetivo de aumentar estes custos? A ideia, explica o documento, é em parte combater a fraude — nos casos em que “muitas das entidades convencionadas” praticam “clara sobrefaturação fraudulenta com o objetivo de valorizar financeiramente o ato praticado”, visto o acordo com a ADSE garantir pagamentos baixos, o que “acaba por prejudicar claramente o beneficiário e a própria ADSE.

Outro dos objetivos é procurar expandir a rede convencionada, visto que se verifica “a recusa dos prestadores mais experientes em fazerem parte” com os preços baixos, em especial na medicina dentária. Nessa especialidade, “na maioria das situações da atual tabela, os preços praticados pela ADSE ficam abaixo do preço de custo do respetivo ato”.

"Não podemos aceitar alterações nas tabelas que onerem ainda mais os beneficiários, como já pagamos 3,5% dos salários.”

José Abraão

Dirigente da Fesap

No entanto, os representantes dos trabalhadores no Conselho Geral e de Supervisão do organismo não estão satisfeitos com a proposta. José Abraão, dirigente do sindicato dos funcionários públicos Fesap, disse ao ECO que o aumento é “incompreensível”.

“Não podemos aceitar alterações nas tabelas que onerem ainda mais os beneficiários, como já pagamos 3,5% dos salários” como contribuição para a ADSE, explicou. “Continuamos a exigir uma redução da contribuição”. Uma redução nesse sentido poderia abrir espaço de negociação para outras áreas. “A outra componente que exigimos é que haja um reforço dos prestadores de serviços da ADSE. Tem de haver uma negociação dos contratos, admitindo podermos discutir e analisar eventuais ajustamentos naquilo que se paga aos convencionados, sejam médicos ou outras entidades, de maneira a que haja uma melhor rede no país, para que melhore a oferta também”, continuou o representante.

Ao Jornal de Negócios, Francisco Braz, um dos representantes eleitos pelos beneficiários disse que a proposta “não deverá avançar nestes termos”, já que a “maior parte” dos membros do Conselho Geral e de Supervisão se opõem a ela.

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Variações e taxas de variação, o que são e como se calculam?

  • ECO
  • 27 Outubro 2017

Uma variação absoluta é simples de encontrar, mas apenas traduz parte da realidade. A variação percentual coloca tudo em perspetiva. Saiba como calculá-la.

Se o preço de um determinado bem sobe de um para dois euros, a variação absoluta é simples de encontrar: aumenta um euro. Mas esta variação apenas traduz parte da realidade. A variação percentual coloca tudo em perspetiva: este aumento de um euro é, na realidade, um agravamento de 100%. Saiba como chegar a este número.

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Esta empresa pôs “blockchain” no nome. Disparou 384% na bolsa

Uma empresa britânica mudou de nome: passou de "On-Line Plc" para "On-Line Blockchain Plc". As ações dispararam quase 400% na bolsa.

Havia dúvidas sobre a grande popularidade da blockchain, a tecnologia que faz a bitcoin funcionar? Se ainda as tinha, esta história é para si. Uma empresa de investimentos britânica pôs a palavra “blockchain” no seu próprio nome e, de um momento para o outro, as ações da companhia dispararam 384%.

Esta sexta-feira, a Bloomberg reparou que a “On-line Plc” realizou um rebranding e passou a chamar-se “On-line Blockchain Plc”. Não demorou muito até as ações da empresa valorizarem 394,12% na bolsa britânica, passando de 17 pences de libra e liquidez quase nula para 0,84 pences. As ações corrigiram e, no final da sessão, os títulos tinham subido 173,53% para 46,5 pences de libra, num total de 3,4 milhões de títulos transacionados.

A empresa em causa é uma holding que fornece conteúdo na internet e desenvolve software financeiro. O anúncio da alteração do nome já tinha sido feito esta quinta-feira, com a companhia britânica a explicar que, dado o facto de trabalhar na área da blockchain e das criptomedas “há algum tempo”, chegou o momento de o seu nome “refletir esses desenvolvimentos”.

Para já, a estratégia parece ter tido resultados: o maior ganho intradiário das ações da empresa desde que entrou na bolsa em dezembro de 1996.

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