Pedrógão Grande: Novo relatório culpa cinco entidades e deixa conselhos
O relatório do grupo de trabalho liderado pelo investigador Xavier Viegas culpa cinco entidades, entre as quais a EDP e a Ascendi. E deixa recomendações que podem já ter sido ouvidas pelo Governo.
Chegou um novo relatório às mãos da ministra Constança Urbano de Sousa e do Executivo de António Costa, relativo aos incêndios de junho de 2017. Neste, o grupo de investigadores do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, aponta responsabilidades a cinco entidades, entre as quais a EDP e a Ascendi, e deixa alguns conselhos ao Governo, que parecem já ter sido ouvidos, ou pelo menos reproduzidos pelo Executivo.
O grupo liderado pelo investigador Domingos Xavier Viegas afirma que, ao contrário do que se pensava, as ignições foram causadas por “contactos entre a vegetação e uma linha elétrica de média tensão”, o que aponta para “uma deficiente gestão de combustíveis na faixa de proteção da linha, por parte da entidade gestora”, ou seja, pela EDP. Assim, o grupo alerta para a falta de limpeza de vegetação e mato na proximidade dos fios e postes, que é da responsabilidade da elétrica nacional.
A falta de limpeza é também um dos problemas apontados à Ascendi, que falhou na limpeza das bermas das estradas, o que “permitiu que muitas pessoas fossem colhidas em plena fuga, pelo fumo e pela radiação do incêndio, pelas chamas da vegetação em redor e mesmo por árvores caídas na própria estrada.”
"A falta de limpeza da envolvente das estradas permitiu que muitas pessoas fossem colhidas em plena fuga, pelo fumo e pela radiação do incêndio, pelas chamas da vegetação em redor e mesmo por árvores caídas na própria estrada.”
A partilhar responsabilidades da tragédia de Pedrógão Grande estão também os bombeiros, o INEM e a Proteção Civil, uma vez que “se o socorro tivesse sido mais pronto e organizado”, poderia ter sido “evitado algumas mortes e muito sofrimento aos feridos”. O relatório enumera como os principais problemas “a falta de coordenação dos serviços de combate e de socorro”, “a dificuldade de pedido de socorro das por parte das populações” e “o agravamento das consequências do incêndio”.
As recomendações foram deixadas (e reproduzidas)
Numa versão resumidas, são onze as recomendações deixadas pelo grupo de trabalho. A deficiência das infraestruturas dita uma maior “dotação” das mesmas, dotação esta que é sublinhada na “capacidade de resiliência [das comunidades] perante o risco” através do apoio de “medidas de organização de sistemas de autoproteção e autodefesa e a adoção de medidas de prevenção e de socorro”, pode ler-se no relatório.
Para os investigadores, as entidades têm de preparar “o país para um tal cenário e evitar uma tragédia semelhante”, visto que “podemos contar que as condições em que ocorreu a tragédia de Pedrógão Grande se podem repetir”.
Olhando para as declarações desta segunda-feira do primeiro-ministro e da ministra da Administração Interna relativamente à vaga de incêndios que assola o país, podem até surgir algumas semelhanças, na medida em que Costa admitiu que “os problemas” vão repetir-se e Urbano de Sousa defendeu o aumento das medidas de “autoproteção” para que as comunidades se tornem “mais resilientes”.
A atenção é também virada para “um grande cuidado na seleção dos quadros de Comando da estrutura da ANPC e dos Bombeiros”, para assim aumentar a qualificação dos agentes e, consequentemente, “a segurança e a confiança [aos cidadãos] de que serão socorridos sempre por pessoas qualificadas e da máxima competência”.
(Notícia atualizada às 20h10 com mais informação)
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