Maré verde na Europa leva PSI-20 também

  • Marta Santos Silva
  • 17 Março 2017

O índice de referência nacional voltou a fechar a subir esta sexta-feira, uma tendência que marcou também o resto da Europa. A Sonae puxou o índice para cima enquanto a Pharol empurrou para baixo.

O PSI-20 fechou a semana a subir, pela segunda sessão consecutiva, no meio de uma maré verde nas bolsas europeias. O índice de referência nacional subia 0,2% para 4613,88 pontos, tendo recuperado de uma abertura no vermelho.

A subir com mais força esteve a Sonae, que fechou no verde com uma variação positiva de 2,21%, para os 88 cêntimos, seguida de perto pela Corticeira Amorim e pela NOS, que subiram ambas mais de um ponto percentual.

Sonae sobe 2,21% esta sexta-feira

Várias cotadas fecharam a cair, mas apenas uma mais do que um ponto percentual: a Galp, que caiu 1,05% para os 13,61 euros. Também a quebrar o verde no índice de referência PSI-20 estiveram a Pharol, a EDP Renováveis, a Mota Engil, a Jerónimo Martins e os CTT.

Na Europa, o índice Stoxx 600 subia 0,4% para os 377,90 pontos, e as principais bolsas também estavam no verde, embora com variações pequenas: a vaga positiva percorreu Madrid, Frankfurt, Paris, Londres e Amesterdão. É o segundo dia com fecho positivo em toda a Europa — ontem comemoravam-se as notícias de estabilidade vindas da Holanda, onde o partido do primeiro-ministro Mark Rutte saiu vencedor nas legislativas ultrapassando a extrema-direita.

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S&P mantém rating de Portugal no “lixo”

A agência S&P manteve esta sexta-feira a notação da República portuguesa, deixando estável a perspetiva para a dívida nacional. Vê economia a acelerar em 2017 antes de "moderar" até 2020.

A Standard & Poor’s manteve esta sexta-feira o rating de Portugal em BB+, um nível considerado “lixo”, deixando estável a perspetiva de evolução da notação portuguesa. A agência destaca o crescimento económico observado na segunda metade do ano passado, vê a economia a acelerar em 2017, mas salienta que o elevado endividamento e os problemas dos bancos continuam a impedir uma melhoria da notação da dívida portuguesa.

Para a agência, a “continuação da consolidação orçamental, a melhoria no perfil de maturidade da dívida pública e a política monetária acomodatícia do Banco Central Europeu (BCE)” ajudaram a sustentar a notação da dívida portuguesa. Ainda assim, Portugal falhou uma melhoria de rating por causa do elevado endividamento do setor público e privado e ainda por causa das fragilidades dos sistema bancário, “dificultando a transmissão de política monetária”, justificam os analistas.

O crescimento económico mais sólido observado na segunda metade do ano passado merece distinção da S&P, que vê a economia portuguesa a acelerar cerca de 1,6% em 2017, com o investimento a recuperar ao longo este ano. Até 2020, a tendência de crescimento será moderada, devendo apresentar taxas de 1,5% até 2020.

A economia está mais forte, graças ao efeito positivo das exportações, mas também do consumo interno. Um indicador que pode melhorar com o aumento do salário mínimo. No entanto, a agência deixa um alerta. A S&P diz, por um lado, que os aumentos consecutivos do ordenado mínimo — mais recentemente em 5,1% em janeiro deste ano — em conjunto com medidas adicionais para compensar custos adicionais para os empregadores, não diminuiu a competitividade dos bens e serviços portugueses. Mas, por outro, realça que “um aumento do salário mínimo pode diminuir o ritmo de contratações em algumas áreas da economia”.

Em relação ao défice orçamental, com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) a publicar a primeira estimativa na próxima semana, a S&P indica que terá ficado à volta de 2% do PIB, em linha com o que tanto António Costa e Mário Centeno têm dito nas últimas semanas. Este ano, o défice deverá cair para 1,8% do PIB — acima dos 1,6% esperados pelo Governo.

Adianta ainda que poderá subir o rating se observar:

  • Implementação de medidas que ajudem a reduzir de forma substancial os ativos problemáticos do sistema bancário e melhorem a transmissão da política monetária;
  • Melhoria acentuada nas perspetivas de crescimento, acima das expectativas da S&P;
  • Aceleração do ritmo de redução da dívida externa e das necessidades de financiamento;
  • Continuação da consolidação orçamental que coloque o saldo orçamental em terreno positivo ou baixe dívida pública abaixo de 100% do PIB.

Em sentido contrário, se a economia claudicar, se Portugal perder acesso aos mercados de financiamento internacionais ou se houver desvios substanciais e negativos na posição orçamental, a S&P poderá baixar ainda mais o rating nacional.

A decisão de manter tudo como estava já era esperada pelos analistas que, porém, sublinharam a importância dos avisos da S&P em relação a Portugal na medida em que a agência canadiana DBRS, que mantém o país qualificado para o programa de compras do BCE, prevê atualizar a notação portuguesa já no próximo dia 21 de abril.

(Notícia atualizada às 17h48)

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Portugal vs. OCDE? A resposta em cinco gráficos

Investimento público, barreiras ao empreendedorismo, desigualdade salarial e risco de ser despedido são alguns dos indicadores analisados. Portugal nem sempre compara mal com os países da OCDE.

A OCDE reúne os países mais desenvolvidos do mundo. Portugal é um deles. No relatório que divulgou esta sexta-feira, a OCDE reúne vários gráficos onde, por comparação, evidencia o lugar que Portugal tem entre os mais desenvolvidos em várias áreas. Por exemplo: sabia que Portugal tem um dos mais altos subsídios de desemprego em comparação com o salário de um trabalhador? A prestação de desemprego corresponde, em média, a quase 80% do rendimento.

1. Investimento público no grupo dos piores

OCDE
Investimento público em percentagem do Produto Interno Bruto entre 2010 e 2015.OCDE

Entre 2005 e 2010, o investimento público português em percentagem do PIB era de 4%. Nos cinco anos seguintes, o valor desceu um ponto percentual para pouco menos de 3%. O número fica abaixo da média dos países da OCDE, mas também da União Europeia. Os valores mais altos registam-se na Estónia, Polónia e Coreia. A Grécia, país ainda sob resgaste da troika, registou um valor superior a Portugal.

Outro gráfico relacionado refere que em Portugal, em 2015, o investimento público foi 2% inferior ao registado entre 2000 e 2007, segundo os dados da OCDE. Entre os países que figuram no gráfico, Portugal tinha o pior registo, seguido pela Islândia e Espanha.

2. Barreiras ao empreendedorismo? Portugal é exemplo

Grau de complexidade dos procedimentos administrativos para startups.OCDE

No capítulo sobre as barreiras ao empreendedorismo, a OCDE avaliou a complexidade dos procedimentos regulatórios. E Portugal é o país que melhor figura, seguindo-se a Eslovénia, a Itália, a Hungria e a Áustria. Do outro lado da tabela está a Índia, a Argentina e o Brasil. Ou seja, os procedimentos para as startups que queiram estar em Portugal são menos restritivos do que os que existem em países naturalmente empreendedores como os Estados Unidos, a Irlanda ou a Alemanha.

3. Portugal no grupo dos que têm maior desigualdade salarial

Percentagens das diferenças nestes países entre os rendimentos baixos e os rendimentos mais altos. Números de 2013.

A diferença entre quem ganha mais e quem ganha menos em Portugal é das piores entre os países da OCDE. As diferenças entre os rendimentos dos portugueses estão ao nível do que acontece na Grécia, no Reino Unido e em Espanha, por exemplo, mas ainda longe da colossal desigualdade salarial que existe no Chile, México, Turquia e Estados Unidos. E em que países as diferenças estão mais esbatidas? Temos de olhar para os países nórdicos: a Islândia é onde a diferença é menor, seguida da Noruega e da Dinamarca.

Nota: O gráfico relaciona o coeficiente de Gini (um indicador da desigualdade existente) com o rendimento disponível. Os números dos gráficos comparam, em percentagem, os salários mais baixos com os salários mais altos da distribuição estatística.

4. O risco de ser despedido

Risco de ficar desempregado nos vários países da OCDE. Dados de 2013.Fonte: OCDE

Tem medo de ser despedido? Só se viver na Grécia, Espanha e Itália é que estaria numa pior posição do que em Portugal. São estes os quatro países onde existe um mercado laboral mais inseguro. Contudo, o caso de Portugal e Itália é diferente do da Grécia e Espanha onde a insegurança vai para lá dos 25%, muito superior à média da OCDE que ronda 5%. O risco de um português ser despedido é superior ao de um italiano, mas ainda assim continua a ser inferior ao de um espanhol ou um grego. Se quiser maior segurança, tem de olhar novamente para o norte da Europa: Islândia e Noruega são os países com um mercado laboral mais seguro.

5. Estar empregado vs. estar desempregado

A relação entre o rendimento do subsídio de desemprego e o rendimento enquanto empregado nos países da OCDE. Dados de 2014.OCDE

Portugal é um dos países onde não existe tanta diferença salarial entre estar desempregado ou estar empregado, segundo os exemplos usados pela OCDE. O cálculo é feito a partir da comparação de rendimentos quando se está empregado ou desempregado — o rendimento como desempregado em percentagem do rendimento de quando se é empregado é maior. Os dados relativos a 2014 referem, ainda assim, países onde essa percentagem é ainda maior: é o caso do Luxemburgo, por exemplo, e de Israel, Dinamarca, Finlândia e Eslovénia. Os países onde essa percentagem é menor são a Grécia, a Coreia do Sul, a Austrália, a Turquia e os Estados Unidos da América. Significa assim que nestes países é mais vantajoso, do ponto de vista salarial, estar empregado do que desempregado, em comparação com os países anteriormente referidos.

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No Japão, há duas vezes mais ofertas de trabalho que trabalhadores

  • ECO
  • 17 Março 2017

Os jovens universitários têm sete meses do seu último ano para encontrarem emprego. E se nas grandes companhias a competição é grande, nas pequenas e médias há sete postos vagos por cada pessoa.

Para os jovens, encontrar trabalho no Japão é muito mais fácil do que na Europa ou nos Estados Unidos. Basta que comprem um bom fato, elaborem um bom currículo, aprendam as regras de etiqueta bastante exigentes do país, incluindo como comer numa sala comum, como fazer vénias e como sentar da forma correta, e tenham uma linguagem delicada quando estiverem a falar com os entrevistadores. Se tiverem isto tudo, são bem capazes de ter o emprego garantido. Isto porque, em Tóquio, a oferta de postos de trabalho é o dobro da procura.

O Japão tem uma das taxas de desemprego mais baixas em todo o mundo, contrastando com a Europa e os Estados Unidos, onde a escassez de postos de trabalho tem alimentado o apoio da população aos políticos que querem restringir as políticas de comércio livre e baixar a elevada taxa de emigração. Em contrapartida, e segundo uma reportagem da Bloomberg, apenas 3% dos japoneses estão desempregados, comparados com os 9,6% da zona euro e os 4,7% nos Estados Unidos. Mas a falta de trabalhadores nas pequenas e médias empresas — isto é, as que têm um capital social até 100 milhões de ienes (822,9 mil euros) — é a mais grave desde o princípio da década de 1990, de acordo com os dados mais recentes divulgados por um relatório do Banco do Japão.

A baixa taxa de natalidade e a recuperação lenta da economia do país mantêm a média da relação empregador-empregado nos máximos dos últimos vinte e cinco anos, com o valor de 1,43 empresas por cada empregado em janeiro deste ano. Em Tóquio, o número de postos de trabalho disponíveis é o dobro do de trabalhadores à procura deles, pelo menos nas grandes companhias. Nas pequenas e médias empresas, o desfasamento é ainda maior, como explica Shuto Kuriyama, que trabalha nos recursos humanos da Shimachu Co., uma empresa regional de mobiliário: “Nas companhias mais populares de indústrias como as finanças, há sete concorrentes ao mesmo posto. Nos nossos setores, somos sete empresas à procura de um concorrente”.

Os dois lados de uma feira de emprego

Shuto Kuriyama foi um dos pequenos e médios empresários que foram à feira de recrutamento de jovens universitários em Chiba, perto de Tóquio, ainda este mês, e foi confrontado com a diferença flagrante no interesse dos jovens entre as empresas de renome e as menos conhecidas. Enquanto a sua empresa teve de lutar para conquistar os futuros trabalhadores, logo ao lado, os grandes nomes atraíam multidões de jovens às suas bancas, a lutarem por um lugar nos seus quadros.

Michiyoshi Aoki, de 22 anos, é um deles e só tem olhos para as gigantes automóveis. Foi um dos 31 mil estudantes presentes na feira de recrutamento e, na altura, disse à Bloomberg que nem sequer ia procurar uma oportunidade nas pequenas e médias empresas. Só ia concorrer a grandes marcas como a Toyota, a Nissan e a Honda. “Ainda há muita competição para entrar nestas companhias”, explicou, mas defende que trabalhar numa dessas casas, garante melhores oportunidades e um futuro melhor.

No Japão, as áreas mais procuradas pelos jovens que vão ingressar no mercado do trabalho incluem a banca, as seguradoras, as agências de viagens e as companhias aéreas.

Bloomberg

Embora a maioria dos empregadores, independentemente da sua dimensão, ofereça ordenados iniciais semelhantes, nas grandes empresas existe uma quase certeza — pelo menos, para os homens — de que a meio da carreira o salário é muito superior nas grandes empresas, dadas as possibilidades de progressão. Além disso, certas empresas também oferecem subsídios especiais de acomodação ou de férias.

Acabar o curso e correr para o trabalho

Há algo que a grande maioria dos estudantes do ensino superior no Japão têm em comum: se estiverem no terceiro ano dos cursos, têm sete meses, a partir de dia 1 de março, para encontrarem o trabalho ao qual se vão dedicar depois da universidade. A época de contratação encerra a 1 de outubro, com o anúncio, por parte das grandes empresas, dos novos trabalhadores com que vão contar nas suas equipas. Depois, em abril do próximo ano, quando terminarem oficialmente os cursos, as grandes empresas vão buscá-los — e não há oportunidade para anos de interregno ou segundas oportunidades.

Exceto nas pequenas empresas, que costumam aceitar jovens que já tenham acabado o curso há dois ou três anos. “As companhias vão ter de começar a melhorar o seu ambiente de trabalho ou não vão conseguir atrair novas pessoas”, disse Takashi Hibino, presidente do grupo Daiwa Secutiries aos seus investidores.

E isso pode passar por começar a contratar estudantes estrangeiros que estejam nas universidades japonesas. Uma feira de emprego para estudantes estrangeiros, que decorreu nos escritórios da Pasona em Tóquio, atraiu 32 companhias, incluindo todos os grandes bancos do país, e a ideia agradou a contratadores e estudantes. “Quero um trabalho no Japão”, disse Tuyet Ngan, de 26 anos, estudante vietnamita no Japão, que preferia encontrar trabalho na área da restauração ou retalho. “O Japão tem muitas pessoas velhas. Precisam de jovens”.

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Empresas de turismo contam com mais 75 milhões

  • Lusa
  • 17 Março 2017

A linha de crédito a empresas de turismo foi reforçada em 75 milhões de euros. Este apoio é prestado no âmbito do protocolo feito entre o Turismo de Portugal, 12 bancos e a Portugal Ventures.

A linha de apoio à qualificação da oferta 2017 dedicada a empresas de turismo foi reforçada com 75 milhões de euros, no âmbito do protocolo renovado entre o Turismo de Portugal, 12 instituições bancárias e a Portugal Ventures.

Um ano depois do lançamento da linha de financiamento, hoje renovada na Bolsa de Turismo em Lisboa (BTL), foram aprovadas 83 operações, com um valor de investimento de 133 milhões de euros e um financiamento aprovado de 65 milhões de euros. Segundo a informação divulgada pelo Turismo de Portugal, estão atualmente em análise 28 operações, com um investimento associado de cerca de 32 milhões de euros.

“Num só ano foi ultrapassado o orçamento previsto. Face ao excelente desempenho da linha e do forte impulso que a mesma provocou no investimento, irá proceder-se ao reforço do orçamento em mais 75 milhões de euros”, refere em comunicado. O líder do Turismo de Portugal, Luís Araújo, manifestou a ambição da linha de crédito voltar a “privilegiar os projetos” que dinamizem centros urbanos, promovam a “fruição do património cultural edificado” e a reabilitação urbana e se “traduzam em novos negócios turísticos”.

O responsável acrescentou ainda esperar que as empresas associadas à linha possam contribuir para a “permanência média do turista e para a redução da sazonalidade”. “O sucesso dos resultados alcançados em 2016 é um fator determinante para continuarmos a apostar neste tipo de instrumentos de apoio ao empreendedorismo no setor”, disse.

A linha em 2017 tem uma componente de capital de risco, caso as empresas o solicitem, com Celso Guedes de Carvalho, CEO da Portugal Ventures, a comentar que esta opção surge “numa altura em que o aumento exponencial do turismo em Portugal cria oportunidades de crescimento e impulsiona o nascimento de novos negócios”.

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BE pede audição urgente para Centeno explicar reestruturação da CGD

  • Lusa
  • 17 Março 2017

O Bloco de Esquerda pediu hoje a audição urgente do ministro das Finanças no Parlamento. O partido quer quer Centeno explique o processo de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos.

O Bloco de Esquerda requereu hoje a audição urgente do ministro das Finanças no Parlamento para explicar o processo de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos, “nomeadamente sobre o encerramento de balcões e redução do número de trabalhadores”.

Num requerimento enviado à presidente da Comissão de Orçamento Finanças e Modernização Administrativa da Assembleia da República, a que a Lusa teve acesso, a deputada bloquista Mariana Mortágua defende que o encerramento de balcões e a dispensa de trabalhadores são questões que “merecem especial escrutínio”. “O Bloco de Esquerda entende que uma das obrigações da Caixa enquanto banco público reside precisamente na manutenção de uma rede de agências que garantam o acesso a serviços bancários em todo o país”, refere o texto.

"O Bloco de Esquerda entende que uma das obrigações da Caixa enquanto banco público reside precisamente na manutenção de uma rede de agências que garantam o acesso a serviços bancários em todo o país.”

Bloco de Esquerda

Apesar de não excluir a possibilidade de uma “análise e revisão da sua rede de balcões”, Mariana Mortágua considera que “a Caixa tem obrigação de estar onde o privado não chega“. E acrescenta que “acima de tudo, tem a obrigação de ser transparente quanto ao seu plano de presença geográfica”.

Por outro lado, o Bloco salienta que “é preciso renovar as garantias de que a redução do número de trabalhadores não será feita com recurso a rescisões ‘amigáveis’ com base em pressões e ameaças, mais ou menos veladas, como assistimos já noutras instituições bancárias, nomeadamente no Novo Banco”.

No requerimento, Mariana Mortágua assinala que o caráter público da Caixa lhe confere “deveres acrescidos”, devendo o banco ser “um instrumento ao serviço do financiamento da economia e do emprego, um garante do acesso aos serviços bancários, e um exemplo de boas práticas em todos os campos da sua atuação”. “Espera-se, da mesma forma, que seja um pilar da estabilidade financeira do país e, para que continue a desempenhar esse papel, a sua recapitalização é essencial”, sublinha ainda Mariana Mortágua, garantindo que o BE “rejeita a utilização do processo de recapitalização da Caixa como arma de arremesso político”.

Nos próximos anos, no âmbito do plano estratégico negociado com Bruxelas, a CGD prevê dispensar 2.200 pessoas, o que o presidente executivo, Paulo Macedo, disse na passada sexta-feira que se fará, através de “pré-reformas e eventualmente rescisões por mútuo acordo”. Em termos de agências, a CGD quer chegar a 2020 com um número entre 470 e 490.

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OCDE: Malparado continua a limitar investimento

O investimento privado e a realocação de recursos continuam a ser penalizados pelo grande peso do crédito malparado, diz a OCDE. Um problema no balanço dos bancos que limita a cedência de empréstimos.

Portugal tem de reduzir o peso da dívida das empresas no balanço dos bancos. O alerta consta de um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre as reformas económicas de cada país para este ano. O investimento privado e a realocação de recursos continuam a ser penalizados pelo nível elevado de crédito malparado, sendo este um problema transversal ao setor financeiro nacional.

A OCDE deixa um alerta a Portugal: o país tem de reduzir o peso da dívida empresarial. “O investimento privado e a realocação de recursos estão a ser pressionados pelo elevado peso de crédito malparado [nos balanços dos bancos], o que limita a capacidade dos bancos para concederem empréstimos”, diz a entidade no seu relatório sobre as reformas económicas de cada país para 2017.

"O investimento privado e a realocação de recursos estão a ser pressionados pela quota elevada de crédito malparado [nos balanços dos bancos], o que limita a capacidade dos bancos para ceder empréstimos”

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

Para resolver o problema do malparado, que é transversal a todo o setor financeiro nacional, a OCDE nota que os “procedimentos de insolvência e a reestruturação de empresas viáveis devem ser simplificados ao eliminar os direitos especiais de veto das autoridades fiscais”. Para além disso, deve melhorar-se o acesso da informação aos credores e responsáveis por estes processos de insolvência, aumentando o número de juízes nos tribunais.

A OCDE refere ainda que “maiores incentivos regulatórios podem levar os bancos a apresentarem planos credíveis para reduzirem o malparado, através de amortizações e vendas”. Uma questão que já tinha sido levantada pela entidade. No relatório apresentado no mês de fevereiro, a organização recomendou usar incentivos que levem os bancos a criar planos que “limpem” os empréstimos em incumprimento dos balanços. E usar penalizações para aquelas instituições financeiras que não o façam.

“Resolver o crédito malparado rapidamente é crucial para Portugal e exige uma abordagem abrangente”, alertou na altura. E agora volta a fazê-lo. No final de 2015, 11,9% dos empréstimos totais estavam em incumprimento, de acordo com dados do FMI, uma percentagem que é das mais elevadas na Europa.

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Rendimento da classe média foi o que menos diminuiu entre 2008-2013

Pensa que o seu rendimento foi dos mais afetados no período de 2008 e 2013? Depende do seu salário: um relatório da OCDE divulgado esta sexta-feira mostra que a classe média foi a mais poupada.

Não há dúvidas de que o rendimento disponível das famílias diminuiu entre 2008 e 2013. Os efeitos da crise financeira do outro lado do Atlântico não foram imediatos, mas também não tardaram a chegar a Portugal, principalmente em 2011 e 2012. No relatório “Going For Growth”, divulgado esta sexta-feira pela OCDE, a organização inclui na descrição portuguesa um gráfico que mostra que os rendimentos menos afetados foram os da classe média. O rendimento dos portugueses da classe mais baixa foram os mais afetados, com uma pequena diferença relativamente ao corte sentido nos salários das classes mais altas.

Queda do rendimento disponível entre 2008 e 2013 por classe social.OCDE

 

Este foi um dos resultados do período de crise, mas não foi o único. No preâmbulo que faz a Portugal — antes de fazer sugestões para que o país cresça –, a OCDE escreve que o PIB per capita (o Produto Interno Bruto dividido pelo número de habitantes) continua a ser inferior à média dos países mais avançados da OCDE, diferença ampliada no período da crise mas que entretanto estabilizou.

Uma das explicações apontadas para que isto aconteça está relacionada com a produtividade de Portugal: ou seja, por hora de trabalho cria-se menos riqueza em Portugal face à média dos países da OCDE, diferença também notada dentro da União Europeia. Contrariamente à evolução do PIB per capita, o PIB por hora trabalhada recuperou a diferença em relação aos outros países da OCDE, entre 2008 e 2013, mas essa evolução foi interrompida.

O mesmo acontece em relação à desigualdade que “permanece elevada” em Portugal, ainda que tenha registado uma queda recentemente. O índice que mede a desigualdade registou uma ligeira redução de 0,3% entre 2008 e 2013, segundo os dados da OCDE. “A percentagem do rendimento nacional disponível que é detido pelos 20% mais pobres da população está abaixo da média dos países da OCDE”, refere a organização no retrato que faz a Portugal.

O que explica estes números? A OCDE refere a segmentação do mercado laboral que “restringe” a oportunidade dos mais jovens entrarem para o mercado de trabalho de forma estável. Esta franja da população é a que mais risco tem de pobreza e exclusão. Um dos desafios encontra-se nas “barreiras regulatórias” de competição em serviços profissionais e nos transportes, avisa a organização.

Mas nem tudo é negro. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ou Económico denota que os serviços públicos de emprego (IEFP) tornaram-se “mais eficientes” e, apesar de ainda haver desafios, esta deixou de ser uma prioridade dentro das que a OCDE destaca para o crescimento do país.

A organização deixa elogios à melhor gestão destes serviços, assim como à digitalização dos serviços, congratulando Portugal por se ter focado em combater o desemprego de longo prazo, principalmente nos mais jovens. A aposta em educação continua a ser o que falta para aumentar a produtividade como para promover a igualdade e o bem-estar da população.

Além disso, Portugal é um país verde. As emissões de carbono per capita têm diminuído desde 1990 e estão bem abaixo da média dos países da OCDE.

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A receita da OCDE para Portugal crescer

O ritmo reformista de Portugal desacelerou entre 2013-2014 e 2015-2016. A OCDE traça as prioridades do país para que a economia cresça mais. Veja aqui os ingredientes desta receita.

Será que Portugal está a caminho de mais crescimento económico? O relatório Going for Growth, divulgado esta sexta-feira pela OCDE, faz avaliações e recomendações às prioridades que o Governo português deve ter atenção se quiser que o país cresça mais. Depois da desaceleração registada em 2016 — o PIB em 2015 cresceu 1,6% contra os 1,4% registado no ano passado, a Organização para o Desenvolvimento Económico sugere que Portugal se foque na resolução dos problemas da banca, em formação académica mais especializada, na ligação entre os investigadores e as empresas e no aumento da competição nos setores não-industriais, como é caso dos serviços.

Logo no início do relatório, a OCDE descreve num gráfico quais foram os países que têm sido mais reformistas. Ou seja, os países que tiveram melhor capacidade de resposta às prioridades que a organização tinha colocado em relatórios semelhante de anos anteriores. Na comparação entre os anos de 2013-2014 e os anos de 2015-2016 verifica-se que Portugal diminuiu o ritmo reformista. Depois de ter uma responsiveness rate (taxa de capacidade de resposta) de 50% em 2013-2014, o país passou a ter menos de 20% em 2015-2016.

A OCDE quer que Portugal acelere o ritmo reformista e faz sugestões para que isso aconteça. Entre a dívida privada, o crédito malparado, a melhoria na educação, a ligação entre os investigadores e as empresas, o reforço da competição nos setores não-industriais e a promoção da negociação salarial ao nível das empresas — são várias as recomendações da organização, assim como a monitorização daquilo que já foi feito no âmbito destas prioridades.

  • Redução da dívida privada

Para a OCDE o problema do investimento só será resolvido quando as empresas tiverem menos dívida nos seus balanços e os bancos tiverem mais capacidade para emprestar, ou seja, quando tiverem menos malparado nos seus balanços. Estas duas faces do mesmo problema devem ser uma prioridade para o Governo português, na opinião da OCDE, nomeadamente em legislação que facilite os processos de insolvência e reestruturação. Acresce ainda o aumento de juízes especializados nos tribunais para que os processos sejam mais rápidos. Além disso, a OCDE sugere que sejam criados mais incentivos regulatórios para que os bancos criem planos para reduzir o crédito malparado, assumindo imparidades (retirando esses ativos tóxicos do balanço).

  • Mais educação = mais igualdade

É recorrente a recomendação da melhoria da educação, qualificando mais os trabalhadores e reforçando a produtividade das empresas. No entanto, como se chega lá? A OCDE sugere, por exemplo, que as escolas tenham mais autonomia para ajustar o número de alunos por turma tendo em conta o perfil dos estudantes. A organização sugere ainda um apoio individualizado aos alunos com dificuldades para diminuir o risco de estes abandonarem o seu percurso educativo, para além de sugerir que o Estado deve promover a ida de professores mais qualificados para escolas mais problemáticas.

Para a organização é essencial consolidar a vertente vocacional e prática num só sistema que inclua um treino numa empresa. Ou seja, a OCDE quer, tal como também sugere no próximo ponto, uma ligação mais forte entre as necessidades empresariais e a formação dos alunos portugueses.

  • Reforçar os laços entre a investigação pública (universidades) e os privados

A OCDE diz ser necessário acelerar a implementação do programa Capacitar, que dá benefícios financeiros a empresas que contratem doutorados. Além disso, o Governo português deve criar incentivos para a cooperação entre académicos e o setor privado, nomeadamente através do apoio da inovação empresarial com créditos fiscais. Com este tipo de recomendações, a OCDE prevê que Portugal poderia criar empregos mais qualificados além de aumentar a competitividade do país e, em último caso, a produtividade (um dos problemas identificados no panorama português).

  • Aumentar a competição em setores não-industriais

Mais uma recomendação da OCDE com vista a aumentar a competitividade e a produtividade. A organização critica as iniciativas legislativas anteriores por não terem resultado numa redução das “barreiras de entrada” às profissionais reguladas, algo que a OCDE quer mudar. Existem dois setores que a OCDE refere: o portuário e o da energia. Em causa estão as concessões dos portos que, na ótica da OCDE, devem ser renegociadas para que os custos laborais sejam diminuídos e, por sua vez, os preços do uso dos portos diminuam. No setor energético, a organização quer que o Estado reduza ainda mais as rendas excessivas que o Estado paga através de renegociações com as empresas.

  • Promover a negociação salarial ao nível das empresas

Esta é uma luta antiga da OCDE, que é contra o uso da negociação coletiva, defendendo a descentralização dessa negociação para o nível das empresas e não do setores. A organização denota que não houve ação nenhuma neste ponto, referindo ainda que entre 2014 e 2015 o número de empregados afetados por contratos coletivos “duplicou”. As recomendações da OCDE passam por promover a negociação salarial ao nível das empresas, evitando o ressurgimento das portarias de extensão dos acordos de negociações coletiva. Além disso, a OCDE quer uma maior representatividade na negociação coletiva.

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Atividade económica aumenta há quatro meses consecutivos

A atividade económica aumentou em fevereiro pelo quarto mês consecutivo. Já o consumo privado manteve-se estável, revela o Banco de Portugal.

A atividade económica aumentou em fevereiro pelo quarto mês consecutivo, enquanto o consumo privado se manteve estável, de acordo com os indicadores coincidentes divulgados hoje pelo Banco de Portugal (BdP).

Segundo os dados do BdP, o indicador coincidente mensal para a atividade económica fixou-se nos 1,4% em fevereiro, depois dos 1,2% de janeiro e 1,0% de dezembro e “prolongando a tendência observada desde o quarto trimestre do ano passado”.

Os indicadores coincidentes são indicadores compósitos que procuram captar a evolução subjacente da variação homóloga do respetivo agregado macroeconómico.

Recorde-se que nas suas previsões de inverno, a Comissão Europeia antecipava que a economia abrandasse nos próximos trimestres para 0,3%, cerca de metade face aos 0,6% de crescimento em cadeia registado no quarto trimestre de 2016. Mas os resultados avançados pelo Banco de Portugal parecem apontar para um desempenho mais positivo e corroboram a intenção do Executivo de rever em alta as previsões de 1,6% para este ano, como avançou em fevereiro o jornal Público (acesso pago). Uma opção sustentada pelo bom desempenho do quarto trimestre do ano — uma progressão de 1,9% em termos homólogos.

Já o indicador coincidente mensal para o consumo privado permaneceu nos 2,3% em fevereiro, mantendo-se “relativamente estável nos últimos quatro meses”.

Esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE) também revelou que o indicador de clima económico calculado através de inquéritos a empresas de vários setores de atividade, aumentou em fevereiro para os 1,3 pontos, depois de uma subida no mês anterior (de 1,1 pontos para 1,2 pontos).

Já o indicador de atividade económica também subiu em janeiro, para os 1,3 pontos, depois da subida de dezembro para os 1,2 pontos (1,0 em novembro). Ambos os indicadores, mantendo a tendência de progressão do mês anterior, ajudam a sustentar as perspetivas mais positivas sobre a economia nacional.

O indicador quantitativo do consumo privado estabilizou em janeiro, refletindo um contributo positivo “menos expressivo da componente de consumo corrente e um contributo mais intenso da componente de consumo duradouro”, destaca também o INE.

No mesmo mês, o indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) aumentou “devido ao comportamento de todas as componentes, destacando-se a de construção”, acrescenta o gabinete nacional de estatísticas. Um comportamento amplamente sublinhado pelo Executivo em várias intervenções na Assembleia da República.

Os indicadores de confiança do INE são calculados através de médias móveis de três meses dos saldos de respostas extremas a inquéritos.

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Wall Street acelera em dia de G-20

  • ECO
  • 17 Março 2017

Dois dos três principais índices abriram a última sessão desta sexta-feira no verde. O WTI, em Nova Iorque, está cada vez mais perto de recuperar para os 50 dólares por barril.

No dia em que começa mais uma reunião dos líderes dos países-membros do G-20, desta feita em Baden-Baden, na Alemanha, Wall Street abriu sorridente. Dois dos três principais índices começaram a última sessão desta semana a subir, acompanhando a tendência geral das outras praças mundiais. O Stoxx 600 abriu a sessão a subir 0,14% para os 378,24 pontos. O crude continua em recuperação e cada vez mais perto de ultrapassar o patamar dos 50 dólares por barril.

O dia está a ser verde para a maioria das praças a nível mundial, e Wall Street acompanha. O tecnológico Nasdaq é, dos três principais, o único que abre a perder, neste caso 0,04% para os 5.898,59 pontos. Já os outros subiram: o S&P 500 valorizava 0,07% para os 2.383,11 pontos.

O aumento da produção de 0,5% nas fábricas norte-americanas, segundo o relatório da Fed divulgado esta sexta-feira, superou as expectativas, puxando pelas empresas industriais nos EUA. Assim, o índice Dow Jones ainda abriu a sessão a subir 0,11% para os 20.958,03 pontos.

Na sequência das declarações do Ministro da Energia da Arábia Saudita à Bloomberg, nas quais disse que o país pode vir a aumentar os cortes na produção, o crude acelerou. À hora de abertura da bolsa de Nova Iorque, o West Texas Intermediate estava a valorizar 0,70%% para os 49,09 dólares, cada vez mais perto de recuperar para a tona de água e passar dos 50 dólares por barril, e o Brent londrino estava a subir 0,62% para os 52,06 dólares por barril.

Os investidores de Wall Street vão estar hoje de olhos postos no encontro entre o Presidente Donald Trump e a chanceler alemã Angela Merkel, que foi adiado devido ao mau tempo que tem afetado os Estados Unidos, e à participação de Steven Mnuchin na reunião dos países do G-20 na Alemanha enquanto secretário de Tesouro.

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O que mudou desde a última avaliação da S&P?

Economia e défice superaram estimativas do próprio Governo e deverão merecer nota positiva da S&P na revisão de hoje. Mas há riscos na dívida e sobretudo no setor financeiro por resolver. O que mudou?

Sem grandes novidades, mas aquilo que a Standard & Poor’s terá a dizer sobre Portugal assume especial relevância para o país. Não só porque desde a última revisão, em setembro do ano passado, muita coisa mudou. Mas também porque dentro de semanas será a vez da canadiana DBRS a revisitar o rating da República portuguesa. Que avaliação fará a S&P sobre o atual estado da Nação?

Para o Commerzbank e Banco Carregosa, tanto a notação BB+ como as perspetivas estáveis deverão ser reafirmadas mais logo pela agência norte-americana. Mas o facto de, dentro de cinco semanas, a agência canadiana DBRS voltar a atualizar o perfil de crédito do país confere maior importância sobre o que a S&P terá hoje a dizer sobre Portugal, sublinha David Schnautz, do Commerzbank.

“O risco de a S&P baixar o seu outlook deverá reacender os receios dos investidores acerca do resultado da revisão crucial da DBRS no dia 21 de abril, sobre a qual a elegibilidade para o programa de compras de dívida pública do Banco Central Europeu (BCE) ainda depende de uma perspetiva de rating“, contextualiza o analista daquele banco.

Economia cresce 1,2% e défice nos 2,8%?

No plano macroeconómico, Portugal deverá passar com nota positiva no teste da S&P. Em setembro de 2016, as previsões da agência apontavam para um crescimento económico de cerca de 1,2% e um défice orçamental nos 2,8% do PIB. Só que o desempenho português na reta final do ano saiu melhor do que a encomenda.

Em relação à economia, Portugal apresentou um ritmo de expansão ligeiramente mais elevado do que o previsto. No conjunto do ano, a riqueza produzida em Portugal cresceu 1,4%, uma evolução que, tendo superado as estimativas dos analistas, não deixa de representar um abrandamento face ao crescimento de 1,6% observado em 2015.

A S&P acreditava em setembro que a desaceleração do crescimento económico seria resultado sobretudo do “abrandamento no desempenho das exportações e investimento”. O que se passou desde então? Em relação ao Investimento, o conjunto de 2016 registou um comportamento claramente negativo, quando comparado com 2015. Se a análise for feita trimestre a trimestre, verifica-se que a segunda metade do ano evidencia uma recuperação. Quanto às exportações, as vendas de bens e serviços travaram no ano passado, apesar da aceleração no quarto trimestre.

Mas é em relação ao défice que a luz se torna mais verde para o Governo. “Deverá apresentar um défice de cerca de 2,8% do PIB em 2016, abaixo dos 3,2% do PIB em 2015″, dizia a S&P. “As nossas atuais previsões para o défice orçamental não incluem quaisquer custos adicionais provenientes da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos”, acrescentava.

Os números relativos a 2016 ainda não estão fechados. Só na próxima sexta-feira é que o Instituto Nacional de Estatísticas apresenta a primeira estimativa para um número particularmente importante para Portugal, na medida em que permite ao país sair do Procedimento de Défices Excessivos. Mas tanto o primeiro-ministro António Costa como o ministro das Finanças Mário Centeno têm sugerido que o saldo entre receitas e despesas públicas ficará à volta de -2,1% do PIB, um desempenho para o qual ajudaram medidas como o Programa Especial de Regularização do Endividamento ao Estado (PERES), por exemplo.

Se a S&P falava em setembro de “compromisso do Governo evitar qualquer desvio orçamental significativo”, encontra aqui boas razões para ver que esse compromisso se manteve.

"O resultado melhor do que o esperado em relação ao défice deverá ser ofuscado pela 1) continuação da limpeza no setor bancário (a venda do Novo Banco e em particular a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, 2) evidência palpável de que o BCE está restringido pelos limites de compras no âmbito do quantitative easing, que deverá manter a tendência de subida das taxas de juro apesar dos níveis já elevados.”

David Schnautz

Estratego do Commerzbank

Ainda assim, para David Schnautz, aquilo que a mão da economia dá, a mão financeira tira “O resultado melhor do que o esperado em relação ao défice deverá ser ofuscado pela 1) continuação da limpeza no setor bancário (a venda do Novo Banco e em particular a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, 2) evidência palpável de que o BCE está restringido pelos limites de compras no âmbito do quantitative easing, que deverá manter a tendência de subida das taxas de juro apesar dos níveis já elevados”, destaca o estratego do Commerzbank.

Dívida pública preocupa, mas a privada também

Foi um dos pontos de maior preocupação da S&P na última revisão. Tanto a dívida pública como a privada encontram-se em níveis bastante elevados, representam amarras ao crescimento da economia e, consequentemente, restringem melhorias à melhoria do perfil de crédito da República portuguesa.

“Os ratings continuam constrangidos pelo muito elevado endividamento público e privado“, sublinharam os especialistas da agência. “O excesso de dívida do setor privado é, a nosso ver, um impedimento fundamental para uma recuperação mais dinâmica, uma vez que recursos que de outra forma seriam gastos com consumo ou investimento estão sendo usados ​​para melhorar os balanços das famílias e das empresas”, frisavam

Em 2016, a dívida dívida pública caiu 0,8 pontos percentuais, de 121,6% no final de 2015 para 120,8% do PIB em dezembro de 2016. Já o endividamento de empresas privadas (não financeiras) e das famílias chegou ao final do ano passado atingindo 220,6% do PIB, uma descida mais acentuada face aos 229,1% do PIB no final de 2015.

Dívida pública desce

Valores em milhares de milhões de euros. Fonte: Banco de Portugal

A S&P também notou a melhoria do perfil da dívida pública de Portugal, que apresentava uma maturidade média do stock de dívida pública no final de 2015 nos 8,7 anos. No final de 2016, de acordo com o IGCP, a maturidade média da dívida estava nos 8,4 anos.

Um ponto negativo que não deverá escapar à análise da S&P tem a ver com as condições de financiamento, que se agravaram de forma considerável desde o início do ano — as emissões de dívida de longo prazo resultaram num aumento expressivo dos encargos com nova dívida face aos últimos leilões. De resto, em mercado secundário, se em setembro a taxa de juro das obrigações a 10 anos estava nos 3,4%, atualmente encontram-se perto de 4,3%.

Banca reforçou-se

Também as fragilidades do setor financeiro, incluindo o elevado nível de malparado, são encaradas com preocupação pelas agências. Um cenário que se agravava ainda mais com excesso de endividamento do setor privado.

Dizia a S&P: “Um aumento do financiamento de capital próprio (especialmente de fontes externas e, em particular, do setor bancário), que é uma das prioridades da política económica do governo, seria positivo e facilitaria a desalavancagem na economia”. O que mudou desde setembro na banca portuguesa? Muita coisa e isso deverá merecer destaque da parte da agência.

Contas feitas, as imparidades custaram à banca portuguesa 5.000 milhões de euros num ano. Tudo para limpar os balanços com crédito de cobrança muito duvidosa, o chamado malparado. Mas como sublinhou ainda esta quinta-feira a Fitch, o nível de empréstimos em risco de incumprimento continua a ser elevado e a representar uma ameaça ao setor financeiro.

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