Deutsche Bank arrasa bónus dos trabalhadores

  • Rita Atalaia
  • 27 Fevereiro 2017

O maior banco alemão continua a tentar compensar as taxas de juro baixas. Desta vez, o Deutsche Bank quer avançar com um corte de 80% do bónus que paga a um terço dos seus 100 mil funcionários.

O Deutsche Bank vai avançar com uma redução elevada do bónus que oferece aos funcionários. Ao todo, quer cortar 80% dos prémios. E porquê? Para fazer frente às taxas de juro baixas, que têm penalizado a banca europeia, e a despesas com processos judiciais. A medida, que o maior banco alemão admite ser “frustrante” para os funcionários, deve afetar cerca de um terço dos seus 100 mil trabalhadores. Isto depois de a instituição financeira ter reportado prejuízos mais graves do que o esperado.

O maior banco alemão vai avançar com mais um corte. Desta vez o alvo é o bónus pago aos funcionários. Um corte de 80% que deve afetar um terço dos seus 100 mil trabalhadores, avança o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Sonntag, citado pela Bloomberg. A publicação recorda que nunca houve uma redução tão acentuada na história recente do banco, numa altura em que tenta compensar as taxas de juro baixas e ainda custos relacionados com processos que tem em tribunal. Problemas que levaram o banco a registar prejuízos de 1,89 mil milhões de euros no último trimestre de 2016, um resultado líquido negativo mais grave do que aquele que os analistas sondados pela Bloomberg antecipavam.

Karl von Rohr, responsável do banco, já veio dizer que o Deutsche Bank está consciente de que esta medida será “frustrante” para os funcionários. Von Rohr refere ainda que alguns trabalhadores em cargos importantes — cerca de cinco mil — vão receber um incentivo que estará dependente do desempenho do banco.

Embora o Deutsche Bank tenha avisado no mês passado que iria reduzir os prémios, os funcionários ainda não sabiam qual seria a dimensão do corte. No ano passado, o banco cortou o bónus em 17%, dizendo na altura que uma redução mais acentuada comprometeria a sua capacidade de manter os bons profissionais dentro da instituição financeira.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

LSE admite que a fusão com a Deutsche Boerse vai falhar

Não há ainda uma decisão oficial, mas a London Stock Exchange já está a dar por falhada a fusão com a Deutsche Boerse. Questões de regulação devem travar a operação.

A London Stock Exchange (LSE) e a Deutsche Boerse estão há mais de um ano num processo de fusão. Mas esta operação dificilmente irá ver a luz do dia. Quem o reconhece é a própria LSE, depois de identificadas novas barreiras regulatórias que dificilmente conseguirão ser superadas.

“Tendo em conta a atual posição da Comissão Europeia, a LSE acredita que Comissão Europeia não deverá dar luz verde à fusão”, disse a LSE num comunicado emitido este domingo, citado pela Bloomberg. Em causa está a exigência para que a LSE desinvista na MTS, uma plataforma de negociação eletrónica. A gestora britânica diz que não o fará, nem apresentará uma alternativa.

Para tentarem obter a aprovação de Bruxelas à operação, a LSE e a Deutsche Boerse apresentaram um plano formal em que se propunham avançar com a venda da LCH.Clearnet, unidade em que a Euronext estava interessada. No entanto, Bruxelas quer mais do que isso, o que deverá travar o negócio.

A fusão entre as duas gestoras foi anunciada há mais de um ano, antes do Brexit. A decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia veio complicar a operação, levando vários países a demonstrarem a sua oposição devido à passagem de grande parte das operações para fora do mercado único. A ideia era criar uma grande bolsa europeia, mas parece que isso não irá acontecer.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BdP defende lei que obriga fisco a publicar dados offshores

  • ECO
  • 27 Fevereiro 2017

O parecer da instituição liderada por Carlos Costa é de novembro. Regulador diz que divulgação "permitirá, até, ao Banco de Portugal validar a qualidade dos dados que recolhe".

A divulgação por parte do fisco das estatísticas das transferências e envio de fundos para centros offshores é bem vista pelo Banco de Portugal (BdP), uma vez que permite ao supervisor validar a qualidade de informação que recebe das instituições financeiras relativamente às operações de serviços de pagamento relacionadas com contas sediadas em paraísos fiscais.

A avaliação do BdP surge num parecer com data de 30 de novembro, avança o Público (acesso condicionado) na edição desta segunda-feira e é portanto anterior à divulgação do caso divulgado por aquele diário a semana passada sobre a polémica à volta do não tratamento por parte do fisco de algumas declarações sobe transferências para offshores no valor de 10 mil milhões de euros referentes ao período de 2010 a 2014.

O Banco de Portugal considera positivo a proposta do Bloco de Esquerda que passa pela obrigação de publicar as estatísticas passar a estar inscrita na Lei Geral Tributária (LGT), escreve aquele diário.

Aplaude-se, assim, a presente iniciativa, que permitirá, até, ao Banco de Portugal validar a qualidade dos dados que recolhe”, escreve a instituição liderada por Carlos Costa.

Por seu turno a Inspeção Geral de Finanças (IGF) considerava não ser necessário incluir na Lei Geral Tributária essa norma. A IGF pronunciou-se também antes de ser conhecido o caso das offshores.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Novo Banco: Há uma nova oferta que pode chegar aos 4 mil milhões

  • ECO
  • 27 Fevereiro 2017

Agora que o Lone Star está em negociações exclusivas com o Governo para a venda do Novo Banco, surge uma nova proposta. Desta vez da Aethel Partners, que oferece quatro mil milhões pelo banco.

Agora que o Governo está oficialmente em negociações exclusivas com o Lone Star para a venda do Novo Banco, surge uma nova proposta. Desta vez da Aethel Partners, uma empresa criada apenas para este efeito. A britânica Aethel fez chegar uma carta de intenções, com uma oferta que poderá alcançar os quatro mil milhões de euros. Mas, deste valor, apenas três mil milhões devem ser recebidos pelo Fundo de Resolução. E o aumento de capital? Também é de mil milhões, o mesmo montante que o fundo norte-americano esta disposto a injetar no banco de transição.

O Jornal de Negócios (acesso pago) avança que há uma nova proposta no processo de venda do banco que resultou da falência do Banco Espírito Santo (BES). Isto depois de o Banco de Portugal ter confirmado que o Lone Star está oficialmente em negociações exclusivas com o Governo para ficar com o Novo Banco — só se estas negociações falharem é que esta proposta ganha validade. A oferta chegou através da Aethel Partners, uma empresa criada pela britânica Aethel apenas para este efeito. O jornal explica que, segundo a carta de intenções pelo Novo Banco entregue ao Governo, pode chegar aos quatro mil milhões.

Mas, desse total, o Fundo de Resolução só deve ficar com três mil milhões, devido a uma série de condicionantes, como as que estão relacionadas com a litigância. Recorde-se que o Lone Star oferecia 750 milhões de euros. Mas o valor caiu assim que deixou de haver uma garantia estatal.

Há também margem para um aumento de capital de mil milhões de euros no banco de transição, o mesmo que foi oferecido pelo fundo norte-americano para capitalizar a instituição financeira. O jornal refere ainda que ninguém comenta esta carta de intenções, incluindo o potencial comprador, o vendedor ou o Ministério das Finanças. Uma oferta que prevê, segundo o Negócios, a manutenção da Aethel Partners no capital do Novo Banco durante um período de cinco anos e em parceria com investidores institucionais, que não foram identificados.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Depois da bronca, Moonlight ganha melhor filme

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2017

A 89ª edição dos prémios da Academia americana de cinema ficou marcada por um erro no anúncio do melhor filme. Prémio foi para Moonlight. La La Land arrecada seis estatuetas.

O musical “La La Land”, com seis estatuetas, arrecadou o maior número de prémios da 89.ª edição dos Óscares, que decorreu hoje, mas foi derrotado por “Moonlight” na categoria de melhor filme.

“La La Land” partiu como favorito aos prémios da Academia de Hollywood, com 14 nomeações, mas apenas conquistou seis estatuetas: a de melhor realizador (Damien Chazelle), de melhor atriz principal (Emma Stone), a melhor banda sonora original, melhor canção original (“City of Stars”), melhor produção artística e melhor fotografia.

Além de ter ficado aquém das nomeações alcançadas – que puseram o musical lado a lado com “Titanic” (1997), por exemplo –, “La La Land” falhou na obtenção do prémio mais importante da noite, o de melhor filme, com “Moonlight” a sagrar-se vencedor apesar de um primeiro anúncio errado que dava a vitória ao musical, numa confusão com o envelope que marcou o final da cerimónia.

“Moonlight”, contracenado por Mahershala Ali e Naomie Harris, conta a história de um jovem afro-americano que luta para encontrar o seu lugar à medida que cresce em Miami, pelo que o derradeiro Óscar da noite acaba por responder, em parte, às críticas da falta de diversidade entre os premiados nos últimos anos.

A 89.ª gala dos Óscares, que decorreu no Teatro Dolby, em Los Angeles, ficou ainda marcada por uma série de estreias e recordes.

Damien Chazelle, de 32 anos, que conquistou o Óscar de melhor realizador pelo filme “La La Land: Melodia de Amor”, tornou-se no mais jovem realizador a ser distinguido; Mahershala Ali, que venceu o Óscar de melhor ator secundário pela sua interpretação em “Moonlight”, foi o primeiro ator muçulmano a receber uma estatueta dourada; enquanto “O Herói de Hacksaw Ridge”, realizado por Mel Gibson, conquistou o de melhor mistura de som, naquele que foi o primeiro Óscar em 21 nomeações para Kevin O’Connell.

“O.J. Made in America”, com quase oito horas, venceu na categoria de melhor documentário, transformando-se no filme mais longo a receber um Óscar, destronando “Guerra e Paz”, a adaptação russa que venceu, em 1969, a estatueta de melhor filme estrangeiro (467 minutos contra 431 minutos).

Destaque ainda para os Óscares das categorias de melhor filme estrangeiro e de melhor documentário em curta-metragem.

“O Vendedor”, do realizador iraniano Asghar Farhadi, que tinha declarado que não iria estar presente na cerimónia em protesto pelas medidas anti-imigração de Donald Trump, recebeu o prémio para melhor filme estrangeiro; enquanto “Os capacetes brancos” (“The White Helmets”), sobre os voluntários que resgatam vítimas da guerra na Síria, conquistaram a estatueta de melhor documentário em curta-metragem.

A cerimónia foi também palco de vários discursos políticos, a começar pelas várias intervenções do anfitrião, Jimmy Kimmel, sobre o facto de os Estados Unidos serem hoje um país “dividido”, passando pela declaração lida pela astronauta iranian Anousheh Ansari em nome de Farhadi, até às frases de apresentadores como Gael García Bernal que, enquanto mexicano e ser humano, se mostrou “contra qualquer tipo de muro” que estabeleça uma separação.

A meio da gala, Kimmel enviou, através do Twitter, uma mensagem ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, em menos de 10 minutos, foi partilhada por mais de 150.000 utilizadores.

“Olá Donald Trump. Estás por aí?”, escreveu Kimmel na sua conta no Twitter, durante a cerimónia transmitida em direto por televisões de todo o mundo, após perceber que o Presidente dos Estados Unidos, um utilizador ativo das redes sociais, ainda não tinha comentado nada no Twitter, duas horas depois do início da gala.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

O processo do Brexit conhece novos avanços, a Nokia apresenta resultados e pode revelar um novo telemóvel, o BCE divulga dados sobre a concessão de crédito. Assim começa a semana nos mercados.

A semana começa com novos avanços no processo de saída do Reino Unido da União Europeia, num dia em que a Câmara dos Lordes começa a analisar o diploma que autoriza o início das negociações para o Brexit. Hoje é também o dia em que a Nokia pode animar-se nos mercados: a tecnológica apresenta resultados e deverá revelar uma nova versão do clássico 3310. Já o Banco Central Europeu (BCE) vai mostrar como é que a concessão de crédito está a evoluir neste arranque de ano.

Lordes voltam a analisar Brexit

Continua o debate sobre o Brexit na Câmara Alta britânica. Esta segunda-feira, os Lordes vão analisar o projeto de lei, já aprovado no Parlamento, que autoriza a primeira-ministra Theresa May a dar início ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia. A Câmara dos Lordes propôs, até agora, 12 emendas ao diploma, e espera-se que voltem a fazê-lo esta segunda-feira.

Como vai a concessão de crédito este ano?

O BCE divulga os mais recentes balanços das instituições monetárias da zona euro, relativos a janeiro, que permitirão conhecer a evolução da concessão de crédito neste arranque de ano. Por cá, a concessão de crédito tem estado em altas. Os dados mais recentes do Banco de Portugal mostram que os portugueses nunca pediram tanto crédito ao consumo, sobretudo para comprar carro. O regulador da banca europeia divulga ainda os dados relativos à massa monetária, que permitem conhecer a quantidade de dinheiro disponível na zona euro.

E a confiança na zona euro?

Noutro campo das estatísticas, a Comissão Europeia divulga os indicadores de sentimento económico e de clima de negócios, relativos a fevereiro. Por cá, o Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta os inquéritos de conjuntura às empresas e aos consumidores. A confiança dos consumidores da zona euro tem estado nos níveis mais elevados dos últimos 17 anos, sobretudo graças às boas perspetivas quanto à situação financeira do agregado familiar e quanto à situação económica do país.

Nova vida para a Nokia

É dia de novidades para a Nokia. A tecnológica apresenta hoje os resultados financeiros de 2016, no mesmo dia em que deverá apresentar a nova versão do mítico 3310, aproveitando o Mobile World Congress para fazê-lo. Pode ser um ponto de viragem para aquela que já foi a líder do segmento de telemóveis mas que, hoje, tem uma quota de mercado muito reduzida no segmento de smartphones.

Dia de prestar contas

Há vários países a apresentar indicadores económicos esta segunda-feira. Espanha apresenta os dados da inflação de fevereiro, na ressaca da festa do crescimento superior a 3% em 2016. Os analistas apontam para que os preços em Espanha tenham acelerado ainda mais que em janeiro, quando a inflação se fixou em 2,9%. Nos Estados Unidos, novos indicadores sobre as intenções de investimento, com a divulgação do índice de pedidos de bens duráveis, enquanto, no Japão, são divulgados os índices de produção industrial e o de comércio a retalho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Pedro Ferraz da Costa, o empresário que nos tem avisado

  • Helena Garrido e Paula Nunes
  • 27 Fevereiro 2017

Licenciado em Finanças, Pedro Ferraz da Costa estudou no Colégio alemão em Lisboa e assumiu a liderança da CIP em 1981, com apenas 34 anos.

Foi há quase doze anos. “As pessoas [em Portugal] têm medo do futuro e da verdade. Se lhes dissermos que, a vivermos assim, estamos falidos dentro de 10 anos, respondem que pode ser que não, e esquecem rapidamente”. Assim disse Pedro Ferraz da Costa numa entrevista ao jornal Público em maio de 2005.

Seis anos depois, na primavera de 2011, Portugal teve de pedir apoio financeiro ao FMI e à União Europeia. Os alertas do já então ex-presidente da CIP, cargo que deixou em 2001, de nada serviram. Hoje deixa avisos muito semelhantes como os que se podem ler na entrevista ao ECO quando afirma que corremos o risco de “irmos empobrecendo mais ou menos tristemente” que é aquilo que “está a acontecer”.

Licenciado em Finanças, Pedro Ferraz da Costa estudou no Colégio alemão em Lisboa e assumiu a liderança da CIP em 1981, com apenas 34 anos. Deixará a presidência da Confederação da Indústria Portuguesa duas décadas depois, em 2001, já Portugal fez todo o percurso que foi desde a entrada na CEE em 1986 à integração no euro em 1999. Paralelamente assume a gestão de empresas que vêm da família no setor farmacêutico e hoje preside à Iberfar.

A completar os 70 anos, Pedro Ferraz da Costa marcou a vida da CIP e as suas intervenções públicas continuam ser tão acutilantes como nessa época. Em cada declaração pública ou entrevista identifica-se um pilar essencial que é o da defesa da liberdade individual. É hoje um dos pouco economistas ou empresários a defender a política económica e financeira da era da troika não apenas pelas medidas mas pela convicção que foi consolidando de que as lideranças portuguesas não serão capazes de fazer o que precisa de ser feito para aumentar o crescimento da economia portuguesa.

Na Concertação Social, como “patrão dos patrões”, recorda dois acordos que considera importantes. O primeiro durante o segundo plano de estabilização do FMI (1983 a 1985) quando Ernâni Lopes era ministro das Finanças e Mário Soares primeiro-ministro. Conseguiu-se obter um acordo para os aumentos salariais que levava também em conta a competitividade externa da economia salarial. O segundo acordo aconteceu já com Aníbal Cavaco Silva como primeiro-ministro e marcou o fim da determinação dos aumentos salariais com base na inflação passada, uma política que foi importante para reduzir a taxa de inflação.

Sempre muito critico, a sua voz contra a corrente dominante torna-se mais evidente já no século XXI. Os avisos que faz nos primeiros anos da primeira década de 2000, e que se podem ler nessa entrevista ao Público de 2005, revelaram-se mais tarde como certeiro mas sem que Portugal conseguisse evitar o terceiro pedido de ajuda financeira em 40 anos. Os alertas que faz hoje, para os riscos de empobrecermos, terão o mesmo efeito? A história mostrou-nos que Pedro Ferraz da Costa faz avisos quando ninguém ainda os quer ouvir. Hoje pode já dizer: “eu bem avisei”, em 2005.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mortágua: PSD quer fugir às responsabilidades nas offshores

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2017

Para a deputada do Bloco de Esquerda, o PSD quer evitar assumir responsabilidades políticas, ao propor que a publicação de transferências financeiras para paraísos fiscais deixe de depender do Governo

A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua afirmou hoje que o PSD quer evitar assumir responsabilidades políticas, ao propor que a publicação de transferências financeiras para paraísos fiscais deixe de depender do Governo.

O PSD anunciou hoje que vai avançar com uma iniciativa legislativa para que a publicação obrigatória das transferências para ‘offshore’ deixe de depender da autorização do Governo.

Isso são tudo formas de agora não acatar responsabilidades que têm que ser acatadas“, afirmou Mariana Mortágua, em declarações à agência Lusa.

Transferências de dinheiro para paraísos fiscais concretizadas entre 2011 e 2014, durante a governação PSD/CDS-PP, sem qualquer controlo estatístico por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira, como a lei obriga, levaram os partidos com assento parlamentar a solicitar uma audição urgente do atual e do anterior secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio veio no sábado “publicamente reconhecer a responsabilidade política pela decisão da não publicação das estatísticas sobre as transferências realizadas para território ‘offshore’” entre 2011 e 2014, mas salientou que o mais importante agora é saber se o erário público foi prejudicado com esta situação.

Há responsabilidades políticas neste caso. Paulo Núncio assumiu as suas”, reconheceu a deputada do Bloco de Esquerda, ressalvando que o ex-governante “tinha uma ministra das Finanças ou um ministro das Finanças que eram responsáveis por aquilo que o secretário de Estado fazia e é preciso compreender aqui quais são as responsabilidades do Ministério das Finanças ao não querer a publicação“.

Mariana Mortágua considerou que “o PSD não pode de repente vir dizer que o assunto se resolve tirando a responsabilidade de publicação do governo porque a pergunta mantém-se: porque é que Paulo Núncio não quis a publicação das estatísticas e porque há 10 mil milhões que não foram sequer alvo de fiscalização?”

"O PSD não pode de repente vir dizer que o assunto se resolve tirando a responsabilidade de publicação do governo porque a pergunta mantém-se: porque é que Paulo Núncio não quis a publicação das estatísticas e porque há 10 mil milhões que não foram sequer alvo de fiscalização?”

Mariana Mortágua

Deputada do Bloco de Esquerda

Quanto à proposta social-democrata, a parlamentar afirmou que o Bloco já tem uma proposta em discussão na especialidade para alargar o âmbito da publicação das transferências de dinheiro para lugares onde não se paga imposto.

“Não me parece que esta saída do PSD, neste caso, faça muito sentido”, afirmou, lembrando que “o Bloco de Esquerda propôs no passado que se proibissem estas transferências e o PSD votou contra”.

Mariana Mortágua garantiu que o seu partido vai continuar a dar atenção a este assunto, em que “dez mil milhões foram transferidos para ‘offshores’ sem fiscalização, ao mesmo tempo que havia uma autoridade tributária e um governo que esmifravam os pequenos contribuintes, com perseguição fiscal a quem falhava um pequeno pagamento ou quem vivia do seu trabalho”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Offshores: Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque devem ser ouvidos

No caso das offshores, o próximo passo será ouvir os ministros das Finanças Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, defende Marques Mendes no seu comentário semanal.

“O passo a seguir é chamar Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque” para esclarecer, no Parlamento, a polémica dos offshores defende Marques Mendes no seu espaço de comentário semanal na Sic.

“Os secretários de Estado têm competências delegadas dos ministros”, justifica Marques Mendes. O que significa que os ministros sabiam do que se passava ou “se não sabiam significa que o Ministério estava em autogestão”.

O comentador lamentou o facto de “haver muita desinformação” em torno deste dossier, e apesar de elogiar a atitude de Paulo Núncio, que assumiu a responsabilidade política pela não divulgação das transferências para offshores, considera o antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais “ainda não explicou o mais importante: porque é que não publicou as estatísticas, fez veto de gaveta e não cumpriu o dever de publicação como determinou o seu antecessor”. Este é um ponto que o comentador considera essencial ser esclarecido na sua audição de quarta-feira no Parlamento.

Paulo Núncio ainda não explicou o mais importante: porque é que não publicou as estatísticas.

Luís Marques Mendes

Conselheiro de Estado

Uma polémica que surge no meio dos “sms de António Costa”, uma expressão terra a terra de Marques Mendes para se referir à polémica da troca de mensagens entre o ministro das Finanças Mário Centeno e António Domingues sobre as condições para que este aceitasse assumir a administração da Caixa Geral de Depósitos.

Politicamente isto foi bom para o Governo de António Costa e mau para o anterior Governo de Passos Coelho. Foi uma espécie de moeda de troca como se viu no debate de quarta-feira”, acrescentou o conselheiro de Estado.

Politicamente, Marques Mendes considera que as offshores são “um assunto muito incómodo para o CDS, e também para o PSD” já que Maria Luís Albuquerque era a ministra das Finanças e agora desempenha um cargo de vice-presidente do PSD.

“Nos dois casos, tanto no da Caixa como no dos offshores, a obrigação dos partidos era esclarecer”, afirma. “E não andar com um pingue-pongue porque, no fim, quem sai mal disto é toda a classe política, porque aos olhos das pessoas são todos iguais”.

Nos dois casos, tanto no da Caixa como no dos offshores, a obrigação dos partidos era esclarecer. E não andar com um pingue-pongue porque, no fim, quem sai mal disto é toda a classe política, porque aos olhos das pessoas são todos iguais.

Luís Marques Mendes

Conselheiro de Estado

Neste processo “esteve mal” o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e a líder do CDS, Assunção Cristas, defende Marques Mendes. “Esta foi talvez a semana de maior agressividade na Assembleia da República”. “Creio que houve exageros de Ferro Rodrigues por causa da comissão de inquérito” que “se deixou envolver numa querela” relativa à sua imparcialidade que não o deixou bem.

Por sua vez Assunção Cristas ao pedir uma audiência ao Presidente da República para se queixar da Assembleia da República “exagerou”. E o pior, diz Marques Mendes, foi querer divulgar essa audiência num debate parlamentar, “foi um número mediático”. “De um líder político exige-se outro sentido de responsabilidade”.

A nota positiva do comentador vai para o Presidente da República que “almoçou com um”, Ferro Rodrigues, “e a seguir recebeu Assunção Cristas e à saída estava tudo bem”. “O Presidente deitou água na fervura”.

Crescimento: “Deixemo-nos de politiquices”

Marques Mendes defendeu ainda que os bons resultados económicos que o país está a registar vão ter “reflexos políticos”. Confessando-se cansado dalenga-lenga tradicional” das instituições internacionais que “têm sempre um mas”, o comentador lembrou que Portugal tem “evidentemente problemas estruturais”, mas 2017 “vai ser um bom ano para o país”. “Deixemo-nos de politiquices”, disse, elencando as perspetivas positivas: um crescimento próximo de 2%, o turismo em alta, o investimento e as exportações a recuperar, o desemprego pode baixar para um dígito, o défice vai ficar abaixo de 2% e o país sair do procedimento por défices excessivos.

Além disso, Marques Mendes considera que o Governo está a “dar sinais de retomar a iniciativa política”. Primeiro ao nível dos debates parlamentares: “Este último correu bem a António Costa, até exagerou um bocadinho na demagogia, jogou ao ataque e não à defesa”. Segundo: “está a ter iniciativas que há muito não tinha como é o caso do aeroporto e o plano de Infraestruturas, um apoio à inovação e vai surgir outro sobre a capitalização das empresas”. “Resta saber se não surgirá mais nenhum caso que o perturbe, como o dos sms. Julgo que pode vir a surgir mais um caso ou outro de perturbação”, defende Marques Mendes.

No seu comentário semanal, Marques abordou ainda três outros temas:

  • Nomeação de Francisco Louçã para o Banco de Portugal: “Não critico esta nomeação e não acho nada mal”, diz Marques Mendes, explicando que a presença de uma pessoa “com posições divergentes fomenta o debate e ajuda a estimular a reflexão”, além de que tem “um perfil académico de enorme qualidade”. O comentador lembra que Louçã já fez várias críticas à supervisão de que partilha e justifica a escolha do ex-líder do Bloco de Esquerda como uma vontade do ministro das Finanças em irritar o governador Carlos Costa. “O seu primeiro objetivo, pode não ser o único foi provocar e irritar o governador do Banco de Portugal, porque a relação entre os dois há muitos anos que é má. É uma espécie de ódio de estimação”, justificou Marques Mendes.
  • Relações com Angola: Para Marques Mendes “o rompimento de relações entre Portugal e Angola não vai acontecer”. O comentador considera estes episódios “relativamente normais”, “sempre que há um processo que envolve um alto dirigente angolano” e admite que “Angola tem direito a queixar-se”, mas “Portugal não pode ceder nos princípios do Estado de direito”.
  • Fuga dos prisioneiros de Caxias: “É um caso no qual devia haver responsabilidades políticas”, defende Marques Mendes. “Alguém devia dar a cara”, acrescenta. O comentador lamentou que num caso que reflete “um problema de segurança”, não ter sido feita uma única pergunta no debate quinzenal sobre o assunto, nem pela oposição. Para Marques Mendes o problema “é eminentemente da responsabilidade do Ministério da Justiça”. “Foi um problema de negligência e a resposta é tardia”, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Reino Unido apresenta solução para imigrantes europeus nos próximos meses

Todas as opções estão em cima da mesa. Entre elas, contam-se vistos de trabalho, vistos plurianuais ou a eliminação do direito dos trabalhadores imigrantes de acederem à Segurança Social britânica.

O Reino Unido vai revelar, nos próximos meses, o plano para lidar com os imigrantes oriundos da União Europeia. A informação é adiantada pela ministra dos Assuntos Internos britânica, Amber Rudd, que já havia prometido atuar em relação ao “medo” da população europeia que vive no Reino Unido, que aumentou após o referendo que ditou o Brexit.

Para já, diz Rudd, o Ministério está a “olhar para todas as diferentes opções” para lidar com os imigrantes europeus após a saída do Reino Unido da União Europeia. Entre estas opções, contam-se, por exemplo, vistos de trabalho, um sistema de vistos plurianuais, ou a eliminação do direito dos trabalhadores imigrantes de acederem à Segurança Social britânica.

“Vamos trabalhar com os empregadores para garantir que o sistema de imigração que definirmos lhes permite continuar a crescer”, disse a governante, citada pela Bloomberg.

Um dos primeiros passos na definição deste sistema será uma consulta pública, que Amber Rudd espera que avance já este verão. Neste momento, só uma coisa é certa: “A liberdade de circulação como a conhecemos vai acabar”, garante Rudd. De resto, “todas as alternativas” estão em cima da mesa.

As restrições aos imigrantes europeus não geram, contudo, consenso. Esta segunda-feira, a Câmara dos Lordes vai voltar a discutir o diploma que permite a Theresa May avançar com as negociações para a saída da União Europeia, e deverão ser propostas novas emendas ao diploma. Este assunto será, precisamente, um dos que poderá ser alterado.

Segundo a Bloomberg, a oposição vai tentar convencer os indecisos do Partido Conservador a aprovar uma emenda que garanta direitos de residência aos cidadãos europeus que já viviam no Reino Unido antes do Brexit.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Os Óscares em números

  • Juliana Nogueira Santos
  • 26 Fevereiro 2017

Envelopes de 180 dólares e passadeiras vermelhas de 30 mil. Quais são os valores concretos da maior festa do cinema?

Este domingo, o Dolby Theatre vai receber a realeza de Hollywood para a 89ª entrega dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. A pompa e luxo são bem visíveis tanto na cerimónia como naqueles que nela marcam presença. Mas quais são os valores concretos deste evento?

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Porque é que James Bond conduz um Aston Martin? Chama-se product placement

  • Juliana Nogueira Santos
  • 26 Fevereiro 2017

Desde os carros até aos relógios, os produtos que aparecem no cinema são todos bem pensados e trazem benefícios às marcas e aos produtores.

Começando pelo carro conduzido pelo seu herói favorito, passando pelo relógio utilizado por aquele advogado que defende grandes causas no ecrã, terminando no telemóvel que é utilizado para detonar uma bomba, nenhum objeto que é mostrado no grande ecrã é escolhido ao acaso.

James Bond (Sean Connery) e um dos seus míticos Aston Martin.Arquivo AF/Alamy

Chama-se product placement e é uma técnica já utilizada desde os primórdios do cinema. Numa altura em que os produtores têm cada vez menos formas de financiarem os seus projetos e as marcas veem menos retorno da publicidade tradicional, tanto uns como outros viram nesta técnica uma boa forma de resolver os seus problemas.

Assim, os produtos são implementados nas cenas, de uma forma mais ou menos explícita, veiculando a ideia de que aquele produto é o escolhido por aquela personagem e acrescentando-lhe mais valor. Como explica ao ECO Ana Paula Cruz, professora de Marketing no Instituto Português de Administração de Marketing, podem existir três tipos de product placement: o screen placement, em que o produto aparece nas imagens, o script placement, em que existe uma história criada para integrar o produto, e o plot placement, em que todo o guião gira à volta desse produto.

E porque é que isto resulta? “O conteúdo é a melhor forma para chegar às pessoas. Através disso as marcas instalam-se na vida das pessoas e naturalizam-se enquanto parte do seu quotidiano”, justifica Ana Paula Cruz. Na ótica das empresas, esta afirma-se como um veículo bastante viável, visto que com um investimento relativamente baixo, consegue ter-se muito retorno. Além disso, na televisão os espetadores podem passar à frente nos momentos publicitários e na internet a utilização de bloqueadores tem vindo a aumentar exponencialmente, retirando assim muito do valor que antes era atribuído à publicidade tradicional.

O product placement também é visível no pequeno ecrã, com muitas séries a serem verdadeiras montras para as marcas. É o caso de House of Cards, produzida pela Netflix, que, segundo dados divulgados pelo Business Insider, conseguiu incluir na terceira temporada cerca de 105 marcas, muitas delas do mesmo ramo de atividade.

Product placement ou publicidade à descarada?

A fina linha que separa o bom product placement da publicidade intrusiva é a naturalidade com que o produto é apresentado. Quanto melhor o produto se conseguir encaixar na narrativa, sem ser um grande desvio, mais produtivo se torna o apelo. Desta forma existem certos tipos de produtos que têm mais capacidade de se “camuflarem”, como é o caso dos automóveis, dos aparelhos tecnológicos, quer sejam eles telemóveis ou computadores, e os acessórios de moda, como relógios, joalharia, entre outros.

O conteúdo é a melhor forma para chegar às pessoas. Através disso as marcas instalam-se na vida das pessoas e naturalizam-se enquanto parte do seu quotidiano.

Ana Paula Cruz

Professora de Marketing no IPAM

Ainda assim, existem vários exemplos a não seguir, nomeadamente no panorama nacional. Para tal não acontecer tem de se impor a vontade do realizador acima da da marca, mantendo este o equilibro entre entretenimento e publicidade, como afirma Ana Paula Cruz: “Na indústria americana os realizadores e produtores têm uma voz ativa na forma como as marcas são impostas.”

Quando este equilíbrio não consegue ser atingido, o próprio consumidor rejeita o que lhe está a ser apresentado, contando que tem uma atitude crítica em relação ao que vê. Assim, e segundo Ana Paula Cruz, acabar com a publicidade intrusiva e abusiva não passa pela proibição, mas pela literacia crítica do consumidor: “Não vamos chegar lá com proibições, mas há outras formas de chegar ao consumidor. Passa muito pela literacia do consumidor e por haver uma abordagem a isto desde cedo.”

A dar grandes passos em direção a este equilíbrio está também a brandchannel, uma revista especializada em publicidade e marcas que premeia todos os anos as boas práticas e assinala os piores exemplos. São os Brand Cameo Awards, e para a professora do IPAM são também uma boa maneira de educar as marcas e os consumidores.

Festa do cinema e uma grande oportunidade

Os Óscares, como apoteose do cinema profissional, são também uma apoteose do product placement. Todos os olhos estão postos nas celebridades, no carro onde chegam à passadeira vermelha, no vestido de designer e nos acessórios que usam. Esta é também uma oportunidade largamente aproveitada pelas marcas.

Um dos casos mais bem-sucedidos foi o da selfie de Ellen DeGeneres na cerimónia de 2014, na qual apareceram grandes estrelas como Meryl Streep, Brad Pitt ou Kevin Spacey e que foi tirada com um Galaxy Note 3 da Samsung. A fotografia, partilhada até à exaustão nas redes sociais, serviu como pretexto para o aparelho aparecer durante uma das cerimónias mais vistas nos Estados Unidos. Estima-se que valerá entre 800 milhões e 1.000 milhões de dólares.

De uma forma mais suave, a simples pergunta tantas vezes repetida na passadeira vermelha “Que designer te vestiu hoje?” atrai atenções dos fãs. Outra prática que tem ganho mais impacto com o aparecimento das redes sociais é a dos “gift bags”, ou de pequenos sacos com presentes que são entregues às celebridades durante a cerimónia. Este saco, que na cerimónia de 2016 rondava os 232 mil dólares, vai ser visto por milhões de pessoas e tornar-se objeto de desejo para muitos deles.

Assim, este domingo esteja bem atento às marcas que vão aparecer no seu ecrã, faça a sua avaliação e lembre-se, nada aparece por acaso.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.