“Cláusulas suelo” provocam queda de 28% dos lucros do BBVA

BBVA teve de provisionar 577 milhões de euros por causa de uma decisão de um tribunal europeu de obrigar os bancos espanhóis de reembolsar as famílias os montantes indevidos nas "cláusulas suelo".

O lucro do BBVA caiu 28% no último trimestre depois de o segundo maior banco espanhol ter constituído provisões de 577 milhões de euros para fazer face a uma decisão de um tribunal europeu a propósito das chamadas “cláusulas suelo”, que impediram que muitas famílias beneficiassem dos juros baixos na Zona Euro.

O resultado líquido do banco espanhol situou-se nos 678 milhões de euros no quarto trimestre de 2016, um valor que compara com os 940 milhões registados um ano antes, revelou o BBVA num comunicado divulgado esta quarta-feira. Os analistas sondados pela Bloomberg antecipavam um lucro de 520 milhões de euros.

Este desempenho no final do ano não impediu que o BBVA lucrasse 3.475 milhões de euros em 2016, o que representa um crescimento de mais de 30% do lucro face a 2015. “A boa evolução das receitas recorrentes, a moderação dos gastos e a diminuição dos saneamentos são os principais fatores que explicam este crescimento”, referiu a instituição.

Francisco González, presidente do BBVA, destaca que o “lucro cresceu com força graças à diversificação geográfica e ao modelo de negócio do grupo”. “Além da gestão de curto prazo, avançamos de forma decidida no nosso grande projeto de transformação, cujo maior beneficiário é o cliente”.

"O lucro cresceu com força graças à diversificação geográfica e ao modelo de negócio do grupo. Além da gestão de curto prazo, avançamos de forma decidida no nosso grande projeto de transformação, cujo maior beneficiário é o cliente.”

Francisco Gonzalez

Presidente do BBVA

O BBVA está a fechar algumas agências e a eliminar postos de trabalho em Espanha, enquanto aposta forte em tecnológicas financeiras para acelerar a digitalização do banco. Além disso, para enfrentar o ambiente de baixa rentabilidade no mercado doméstico, está a contar com a exposição nos emergentes como fonte de crescimento do seu negócio.

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Presidentes regionais vão gerir fundos europeus

  • ECO
  • 1 Fevereiro 2017

Os futuros presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional vão gerir não apenas os fundos de caráter especificamente regional, mas também os que são hoje geridos pelo Governo.

O Governo vai transferir para os futuros presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) a gestão da quase totalidade dos fundos europeus destinados a Portugal. A notícia é avançada pelo Expresso, que teve acesso à proposta para uma nova lei orgânica das CCDR.

Segundo o semanário, os futuros presidentes das CCDR vão gerir não apenas os fundos de caráter especificamente regional, mas também os que são atualmente geridos pelo Governo.

“Salienta-se o reforço das atribuições das CCDR associadas à gestão de fundos europeus, que até à data se limitava à gestão de fundos regionais, prevendo-se agora atribuições de planeamento e de gestão de todos os programas, mecanismos e fundos no âmbito da política de coesão da União Europeia e de outras políticas europeias”, pode ler-se no documento a que o Expresso teve acesso.

Entre as áreas que ficarão sob a gestão das CCDR, contam-se o “ambiente, conservação da natureza e recursos hídricos, cultura, agricultura e florestas, desporto, economia, educação, juventude, mobilidade, ordenamento do território, transportes e turismo”. De fora ficam apenas as funções de soberania.

O Governo justifica esta transferência de competências com a “crescente importância que pretende atribuir-se às CCDR na construção e implementação de estratégias integradas regionais”.

A proposta de lei prevê ainda que o conselho diretivo das CCDR, composto por um presidente, um vice-presidente e um a três vogais, seja eleito pelos autarcas dessa região.

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Bial vende unidade de imunoterapia à alemã Roxall

  • Lusa
  • 1 Fevereiro 2017

A Bial vai agora concentrar-se “na investigação e desenvolvimento (I&D) de novos medicamentos para o sistema nervoso central e cardiovascular".

O grupo farmacêutico Bial anunciou hoje que vai vender à empresa alemã Roxall a sua unidade de negócio de imunoterapia alérgica, dedicada à produção e comercialização de vacinas antialérgicas e a meios de diagnóstico para alergias.

A “Bial chegou a acordo com a empresa alemã Roxall para vender a unidade de negócio de imunoterapia alérgica, conhecida como Bial Aristegui”, indica a empresa em comunicado.

A venda daquela unidade inclui, segundo o grupo farmacêutico, as “áreas comerciais dedicadas à alergologia em Espanha, Portugal e Itália, que, em 2016, representaram 7% da faturação global da Bial, bem como a unidade de Inovação e Desenvolvimento e industrial de Bilbau (Espanha), envolvendo cerca de 100 colaboradores que serão integrados na empresa Roxall”.

Esta operação irá permitir à Bial “concentrar a sua atividade na investigação e desenvolvimento (I&D) de novos medicamentos para o sistema nervoso central e cardiovascular e na sua expansão internacional, em particular na Europa, com o reforço da sua atividade de promoção de medicamentos através das suas filiais em Espanha, Alemanha, Reino Unido e Itália”.

O anúncio surge 15 dias depois de a Bial assinar com o Estado Português um contrato de investimento no valor de 37,4 milhões para investigação científica nas áreas dos sistemas nervoso central e cardiovascular. Este contrato estende-se até 2018 e vem na sequência de o Governo ter aprovado benefícios fiscais para investimentos industriais aprovados em Conselho de Ministros em dezembro passado.

Citado no comunicado, António Portela, CEO do grupo Bial , explica também hoje que “esta operação vai permitir uma maior focalização nos objetivos estratégicos” do grupo que irá centrar os seus investimentos nos “medicamentos na área das neurociências e cardiovascular” e no reforço da sua presença na Europa.

Em Espanha, que continuará a ser o mercado prioritário no programa de internacionalização da empresa, irá manter-se a unidade de negócio de medicamentos que atingiu em 2016 um volume de faturação de 60 milhões de euros.

“Toda a atividade de investigação e industrial de Bial passará a estar concentrada em Portugal”, realça a empresa em comunicado, segundo o qual está em curso um “forte” programa de inovação e desenvolvimento com um investimento médio anual de 50 milhões de euros.

As operações da Bial na imunoterapia alérgica remontam a 1998, quando adquiriu em Espanha a empresa Aristegui, com atividades nesta área e com uma pequena atividade na área do medicamento.

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Trump nomeia juiz Neil Gorsuch para o Supremo Tribunal dos EUA

  • Lusa
  • 1 Fevereiro 2017

“A minha única esperança é que os democratas e os republicanos se possam unir, por uma vez, pelo bem do país”, apelou o presidente aos senadores que terão de aprovar a escolha.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escolheu na terça-feira o juiz Neil Gorsuch como seu nomeado para o Supremo Tribunal, fazendo a balança do tribunal pender para o lado conservador.

“Hoje [terça-feira] cumpro outra promessa ao povo norte-americano ao nomear Neil Gorsuch para o Supremo Tribunal. Ele será um incrível juiz, assim que o Senado o confirmar”, disse Trump na Casa Branca, antes de ceder o pódio a Gorsuch, que serviu no tribunal de recurso em Denver, Colorado, desde 2006.

Gorsuch vem deste modo substituir o juiz conservador Antonin Scalia, que morreu em fevereiro do ano passado.

Trump pediu à oposição democrata no Senado que apoie o candidato, que precisa de pelo menos oito votos do partido para ocupar o lugar. “A minha única esperança é que os democratas e os republicanos se possam unir, por uma vez, pelo bem do país”, disse, ao anunciar a sua escolha, na Casa Branca.

Aos 49 anos, Gorsuch, que fazia parte de uma lista de 21 possíveis escolhas, é o juiz mais novo a ser nomeado para o Supremo Tribunal.

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Mil diplomatas subscrevem fim do veto de Trump à imigração

  • Lusa
  • 1 Fevereiro 2017

O porta-voz da Casa Branca criticou, de forma dura, os que assinaram o documento, declarando que “devem aceitar o programa ou saírem” dos postos no governo.

Cerca de mil diplomatas norte-americanos assinaram um documento, apresentado na terça-feira no Departamento de Estado, para protestar contra o veto temporal imposto por Donald Trump à entrada de pessoas provenientes de sete Estados de maioria muçulmana.

“O Departamento de Estado pode confirmar que recebemos em 31 de janeiro o texto que expressa a desconformidade” dos diplomatas, disse à agência noticiosa Efe fonte desta estrutura governamental, sob anonimato.

Esta fonte não quis especificar o número de assinantes “para poder respeitar o processo que permite” aos funcionários do Departamento “expressar as suas preocupações” no chamado canal de divergências”, estabelecido para registar as opiniões contrárias em relação a políticas definidas.

Porém, vários órgãos de comunicação adiantaram que o documento recolheu cerca de mil assinaturas de diplomatas, colocados em todo o mundo, uma quantidade muito superior à média dos últimos anos.

Este canal existe desde o tempo da guerra do Vietname (1955-1975) para que as altas esferas da diplomacia norte-americana possam exprimir as suas opiniões sem recearem represálias. Os documentos ali recebidos devem receber uma resposta oficial entre 30 a 60 dias.

Apesar desta tradição, o porta-voz da Casa Blanca, Sean Spicer, criticou, de forma dura, os que assinaram o documento, declarando que “devem aceitar o programa ou saírem” dos postos no governo.

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PCP recua: ‘revogação’ da STCP passa a ‘alteração’

Não foi só o ano que mudou. Num mês, o PCP recuou na intenção de cessar a vigência do decreto-lei que transfere a gestão da STCP, tal como tinha escrito no pedido de apreciação parlamentar.

O PCP recuou na intenção de propor a cessação de vigência do diploma que passava a gestão da STCP para a Área Metropolitana do Porto. Esta terça-feira o líder parlamentar afirmou que a intenção dos comunistas é fazer propostas de alteração para que a STCP — tal como a Carris — volte a ser gerida pelo Estado. Contudo, no pedido de apreciação parlamentar sobre a STCP, em dezembro, o partido foi direto: a intenção era, na prática, revogar o decreto-lei.

“Assim, para o PCP não sobra nenhum aspeto que se possa salvar deste Decreto-lei, pelo que, com esta apreciação parlamentar, o PCP irá propor a cessação da vigência deste Decreto-lei e assim travar este processo desastroso para a STCP e impedir as consequências nefastas para as populações do distrito do Porto”, lê-se no último parágrafo da argumentação do Partido Comunista no pedido de apreciação parlamentar à Sociedade de Transportes Coletivos do Porto. Uma afirmação contrária à que o deputado anunciou esta terça-feira nos Passos Perdidos.

Porquê esta mudança de posição? Em explicações ao ECO, João Oliveira afirma que “a cessação de vigência não é uma solução possível”. “É irresponsável e inviável juridicamente”, argumenta. O líder parlamentar comunista dá um exemplo: “Imagine que alguém, em nome da atual gestão da STCP contratou uma consultoria com um contabilista, esse contrato continua a ser válido. Se fosse aprovada a cessação de vigência agora, o contrato continuava a ser válido, o problema é que a entidade que o assinou deixa de existir. A quem é que o contabilista ia pedir responsabilidades? Essas coisas têm de ser consideradas e a cessação de vigência não dá espaço para isso”, explica.

Se apresentássemos uma cessação de vigência, neste momento, íamos arranjar um imbróglio jurídico que nunca mais ia ser resolvido nos tribunais. Só daqui por 20 anos.

João Oliveira

Líder parlamentar do PCP

O deputado admite que o assunto é complexo, até porque remete para o regimento do Parlamento e a Constituição da República. “Se apresentássemos uma cessação de vigência, neste momento, íamos arranjar um imbróglio jurídico que nunca mais ia ser resolvido nos tribunais. Só daqui por 20 anos. Os compromissos que foram assumidos por uma entidade deixavam de ser cumpridos porque essa entidade deixa de existir“, argumenta João Oliveira.

O comunista argumenta que na altura da apresentação da apreciação parlamentar à STCP, no final de dezembro, a cessação de vigência fazia sentido porque o decreto-lei ainda não estava em vigor. “A apreciação parlamentar foi preparada num quadro anterior a esse, apesar de só ter sido entregue no final de dezembro”, esclarece João Oliveira ao ECO.

As consequências disso [cessação de vigência] eram completamente desastrosas, coisas inconcebíveis.

João Oliveira

Líder parlamentar do PCP

Mas o PCP pode utilizar a cessação? “Poder utilizar podíamos, mas as consequências disso eram completamente desastrosas, coisas inconcebíveis”, refere, argumentando que o partido não quer “causar problemas maiores do que aqueles que se quer resolver”. Segundo o deputado, “a apreciação parlamentar é uma situação sui generis porque se revoga um diploma legal por via de um diploma que não tem valor legal”.

“O problema da eficácia retroativa da resolução é que não tem solução possível no quadro da cessação de vigência. Quando já há um decreto que produziu efeitos, a revogação do decreto produz efeito desde que é publicado, mas não há nada que diga o que é que acontece antes disso“, argumenta João Oliveira. Isso cria um vazio? “Não, cria uma situação de indefinição”, responde. Segundo o deputado, a solução é o que o PCP anunciou: fazer propostas de alteração onde a produção de efeitos estará definida.

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O que vai mudar hoje para a Carris e passageiros?

No dia em que a Carris passa para a alçada da Câmara Municipal, o ECO põe tudo em pratos limpos: saiba em que pé está a Carris, o que muda para si e o que muda para a empresa.

Carris.

A Carris passa esta quarta-feira da tutela do Estado para a da Câmara Municipal de Lisboa, numa transferência que tem apoiantes e detratores, mas que tem também história — afinal, durante décadas até à sua nacionalização em 1975, a empresa que gere os autocarros, elétricos e elevadores de Lisboa pertencera ao município. Agora, a Carris “regressa a casa”, como disse o presidente da Câmara Fernando Medina em novembro ao assinar o memorando de entendimento com o Governo.

O que vai mudar? A estratégia da Câmara já está delineada e há alterações que começam já hoje. Qual é a Carris de que a Câmara vai tomar as rédeas? É uma empresa que tem perdido meios e passageiros nos últimos anos, mas que Fernando Medina está confiante de conseguir recuperar.

O que muda para o passageiro?

Na assinatura do memorando de entendimento entre o Governo e a Câmara Municipal de Lisboa, a 21 de novembro, o presidente da Câmara de Lisboa aproveitou para apresentar algumas das mudanças que se avizinham, algumas das quais entram em vigor já no dia 1 de fevereiro, no mesmo dia do decreto-lei que efetiva a mudança de mãos da Carris.

  • Os preços dos passes descem para idosos e crianças. Entre os quatro e os 12 anos de idade, as crianças têm direito a transporte gratuito na Carris e no Metro com um cartão Lisboa Viva. Para os idosos, o preço do passe Navegante Urbano, que permite circular no Metro, na Carris e também nas paragens urbanas da CP, desce 60%: passa a custar 14,50 euros.
  • Ainda no primeiro semestre de 2017, a Câmara de Lisboa prevê ter Internet sem fios disponível gratuitamente nos autocarros e elétricos da Carris.
  • Vai ser criada até 2019 uma Rede de Bairros, com 21 novas linhas que servirão para circular dentro de cada bairro, ligando escolas, mercados e centros de saúde. Esta terça-feira o Público já divulga quais são, avançando ainda que quatro das carreiras deverão começar a funcionar ainda em 2017: duas em Marvila, uma nos Olivais e outra no Parque das Nações.
  • Sete corredores de elevado desempenho vão ser abertos para linhas estratégicas de autocarros da Carris.

O que muda para a Carris?

A frota da Carris contava a 31 de dezembro de 2015 com 618 autocarros — uma redução significativa desde 2005, quando a empresa contava com 785, além dos elétricos que eram 58 em 2005 e são agora 48. Também o número de funcionários tem vindo a diminuir: em 2005 a Carris tinha 2.787 pessoas a trabalhar, e no final de 2015 eram 1995.

Infografia: 2010, 755 autocarros. 2015, 618 autocarros.
Fonte: Relatórios de contas da Carris, 2012 e 2015.

Agora, a Câmara de Lisboa espera inverter essa tendência, investindo 60 milhões de euros para comprar 250 novos autocarros nos próximos três anos. Os novos autocarros vão ser maioritariamente elétricos e a gás o que, garante a Câmara, poderá reduzir a poluição emitida pela frota em 40%. Também se prevê contratar 220 motoristas e criar um Centro de Formação de Condutores para os preparar.

Falta saber se o impulso no investimento vai ajudar a recuperar os passageiros que a Carris tem perdido. O número de passageiros transportados pela Carris está em tendência descendente: desde 2012 a empresa perdeu mais de 39 milhões de passageiros.

Infografia: Passageiros: 2010, 184 milhões; 2015: 144 milhões
Fonte: Indicadores de atividade da Carris.

Dois peritos consultados pelo ECO explicaram que o investimento tem de ser o primeiro passo para a recuperação dos passageiros, visto que anos de escassez levaram a uma degradação do serviço. O investigador Rui Cunha Marques falava mesmo de um “ciclo vicioso”, em que em que “o défice de investimento leva à menor qualidade do serviço, com menor qualidade de serviço há menos passageiros, e com menos passageiros há menos receita”.

Outro desafio para a Câmara Municipal de Lisboa é, incontornavelmente, o financiamento. O Relatório e Contas de 2015 da empresa mostra que a Carris fechou o ano com um prejuízo de 21,215 milhões de euros. O resultado é melhor do que o anterior — 2014 acabou com um prejuízo de 59,63 milhões — mas ainda está longe de um fecho no verde.

Como se vai financiar? Em outubro, o vereador das Finanças da Câmara, João Paulo Saraiva, anunciou algumas das estratégias. A principal é a criação de um fundo de 15 milhões que vai ajudar a garantir a gestão corrente da empresa — ou seja, os custos operacionais, que não incluem o investimento em infraestruturas ou em material. A maior parte do dinheiro neste fundo vai ter como base a cobrança do estacionamento em Lisboa, que entram diretamente nos cofres da Câmara Municipal. Também vão contribuir para financiar os custos correntes da Carris o Imposto Único de Circulação e as multas de trânsito.

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O número de passageiros a utilizar a Carris tem estado em forte tendência decrescente desde pelo menos 2010.Paula Nunes / ECO

Os gastos operacionais da Carris fixaram-se, em 2014, nos 95 milhões de euros, o que significa que quase foram recuperados na bilheteira, onde os rendimentos ficaram perto dos 90 milhões. O problema maior de financiamento são os investimentos mais profundos — uma dificuldade que é comum à maior parte das grandes cidades europeias.

A partir de dia 1 de fevereiro, porém, a Carris tem um problema a menos. A dívida da empresa vai ficar junto do antigo acionista, o Estado, e a Câmara começa com uma folha limpa — com Fernando Medina a prometer que, sob a tutela municipal, o endividamento não vai acontecer ao mesmo ritmo.

O primeiro-ministro António Costa, quando anunciou que a dívida ficava no Estado, afirmou que não se tratava de um “favor”, pois o acionista limitava-se a manter a responsabilidade pela dívida que acumulara enquanto geriu a Carris. A dívida, afirmou, era de 700 milhões de euros. Fonte oficial da Carris disse ao ECO que, a 31 de dezembro de 2016, já depois das afirmações do primeiro-ministro, a dívida se fixava nos 593,8 milhões de euros. É um fardo que fica levantado da empresa, que segue com o cadastro mais limpo para a gestão municipal.

A entrada em vigor do decreto-lei 86-D/2016 de 30 de dezembro, esta quarta-feira, passa assim para a Câmara Municipal de Lisboa a “titularidade do (…) capital social” da Carris, e reconhece “ao município de Lisboa a plenitude das atribuições e competências de autoridade de transportes relativamente ao serviço explorado pela Carris”. Mas pode não permanecer como se encontra atualmente. Afinal, o pedido de apreciação parlamentar do Partido Comunista Português — embora já haja garantia de que a ideia é alterar o diploma e não revogá-lo — garante que a história não fica já encerrada.

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314 quilómetros separam a Carris da STCP: quais as diferenças?

São mais as diferenças do que semelhanças nos processos de transferência de gestão da STCP e da Carris para as respetivas autarquias. Mas há um custo potencial que os une: o fantasma dos swaps.

De um lado o socialista Fernando Medina. Do outro lado o independente Rui Moreira. A sul a capital com 2,8 milhões de habitantes, a norte a segunda maior cidade do país com 1,7 milhões. As diferenças também se notam na forma de tratamento das empresas de transporte: o Governo decidiu transferir a Carris para a Câmara de Lisboa, mas a STCP continuou do lado do Estado existindo um contrato de gestão partilhada por seis municípios através da Área Metropolitana do Porto.

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A estratégia de António Costa, ex-autarca de Lisboa e atual primeiro-ministro, não é igual para a capital e para a invicta. Não há dúvidas que o Executivo é a favor da descentralização, se bem que ainda não se sabe em que moldes. A política de transportes, pelo menos, é para ser gerida localmente. O princípio foi aplicado nos dois casos, mas de forma diferente.

A STCP ficou, a partir de janeiro, com gestão partilhada entre a Área Metropolitana do Porto e os seis municípios da rede — Porto, Matosinhos, Gaia, Gondomar, Valongo e Maia — num contrato de gestão com o máximo de sete anos. Já a Carris passa esta quarta-feira, dia 1 de fevereiro, a ser detida pelo Município de Lisboa (exceto a dívida histórica anunciada de 700 milhões que ficou do lado do Estado) e a gestão será exclusiva da Câmara de Lisboa, excluindo os restantes municípios da Área Metropolitana de Lisboa. Estima-se que 92% da operação da transportadora seja no concelho lisboeta, mas as outras autarquias, como é o caso de Loures, reivindicam uma gestão conjunta.

Dado que a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto continua a ser detida pelo Estado, o passivo de 606 milhões de euros continua a estar do lado do Executivo. Além disso, o Governo tem direito a nomear o administração financeiro que terá poder de veto nas decisões de gestão. Já o presidente executivo é nomeado por Rui Moreira. A gestão será feita por uma Unidade Técnica de Gestão, através do Conselho Metropolitano, onde se juntam as autarquias. Para ajudar, antes de fazer o contrato de gestão, o Estado injetou 30 milhões de euros na STCP, atingindo um capital social de 115,8 milhões de euros.

Já na capital, Medina está aliviado do peso da dívida, mas também não prevê ter lucros. Para fazer frente aos custos, o seu vereador das Finanças, João Paulo Saraiva, já anunciou a criação de um fundo de 15 milhões de euros para a gestão corrente da empresa. Além disso, em Lisboa, o financiamento será exclusivo do Executivo de Fernando Medina e será feito através do Imposto Único de Circulação, as receitas da EMEL com multas, os parques de estacionamento e da publicidade.

No Porto, segundo reconheceu Rui Moreira na assembleia municipal, as seis autarquias ficam oneradas: “Mas será justo que apenas na Área Metropolitana de Lisboa e na Área Metropolitana do Porto isso não aconteça? No interior os municípios pagam estes custos. Acho que é justo”, afirmou o presidente do município. Esses custos podem ser na forma de compensações financeiras “previstas no contrato de serviço público” que os municípios vão ter de pagar, esclarece o decreto-lei.

Segundo noticiou o Expresso, estima-se que o défice de exploração seja de 10 milhões de euros anuais. Este valor será divido em partes iguais por Estado e autarquias que, entre si, vão fazer um pagamento consoante a quilometragem percorrida pela STCP no respetivo município. O Porto, por exemplo, representa 54% do serviço e pagará 2,3 milhões, escreveu o semanário. Apesar disso, na invicta o objetivo é “alcançar um resultado operacional bruto tendencialmente positivo”, esclarecia o decreto-lei publicado em Diário da República em novembro.

Nas assembleias municipais também existem diferenças nas reações dos partidos. Em Lisboa, o PSD dividiu-se entre votos a favor e a abstenção. O PCP, o PEV e o CDS votaram contra. No Porto, o caso muda ligeiramente de figura: o CDS, que apoia Rui Moreira, votou a favor, um vereador do PSD absteve-se (estiveram ausentes dois vereador eleitos pelo PSD) e a CDU votou contra.

Até no desenvolvimento com outras entidades exteriores os processos têm contrastes. Se o novo contrato de gestão da STCP recebeu o parecer favorável do Tribunal de Contas, o mesmo não se pode dizer da Carris. Até agora a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) diz que não recebeu a documentação necessária para dar um parecer vinculativo à passagem da empresa para a CML. Em resposta, o Governo disse que essa avaliação não é necessária e que só o novo contrato de serviço público é que deve ser escrutinado pelo Tribunal de Contas e a AMT.

Mas há algo que une as duas empresas públicas de transportes. É que tanto a Carris como a STCP — tal como a Metro de Lisboa e a Metro do Porto — estão neste momento com um processo judicial a decorrer em Inglaterra por causa dos swaps contratualizados com o Santander. O custo total destes contratos, caso o Estado português saia perdedor do conflito judicial, pode chegar aos 1,7 mil milhões de euros.

O ECO questionou o Governo se a responsabilidade do potencial pagamento dos swaps é transferida para a Câmara de Lisboa ou se permanece na esfera do Estado. Fonte oficial do Ministério do Ambiente esclareceu: “O swap é um derivado financeiro como tal são determinados encargos financeiros decorrentes da própria divida”. Ou seja, a gestão e potenciais prejuízos dos swaps da Carris são responsabilidade do Executivo, uma decisão que consta do artigo 6º do decreto-lei que transferiu a empresa para a CML.

(Atualizado às 12h06 do dia 3 de fevereiro de 2017 com a resposta do Ministério do Ambiente)

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CGD: Cinco “fogos” que Paulo Macedo tem de apagar

A CGD tem nova administração. Paulo Macedo assume hoje o comando do banco, mas tem vários "fogos" para apagar. Desde à aplicação do plano de reestruturação ao regresso aos lucros do banco do Estado.

Depois tanta polémica em torno de António Domingues, que culminou com a saída do antigo administrador do BPI no final do ano, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem uma administração. Paulo Macedo, já com a “luz verde” do Banco Central Europeu (BCE) a toda a equipa, assume hoje a presidência de um banco que esteve a ser preparado para ganhar uma nova vida. Apesar de estar liberto do “fardo” do malparado, há ainda muitos “fogos” que o ex-ministro e antigo vice-presidente do BCP tem de tentar “apagar”. Desde à conclusão da reestruturação até ao regresso aos lucros.

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A construção da equipa de administração da CGD não foi nada fácil. Foi um ano que mais pareceu uma corrida de obstáculos: sempre que se ultrapassava um vinha outro logo à frente. Depois do fim do mandato de José de Matos, foi a vez de António Domingues liderar o banco público. Mas isto não durou muito tempo. As polémicas começaram quando o BCE chumbou oito dos 19 nomes propostos pelo Governo para o conselho de administração da CGD.

E continuaram quando se soube que Domingues apenas tinha aceitado ficar com o cargo se não tivesse de entregar a sua declaração de rendimento e património ao Tribunal Constitucional. Uma condição que não foi respeitada e que levou à saída do então presidente da CGD. Um bater de porta que obrigou António Costa a um Plano B. Apagou um incêndio na CGD com a escolha de Paulo Macedo para a liderança do banco público. Resultado: quase um mês de limbo, que agora chega ao fim. Agora que Paulo Macedo está oficialmente à frente da “corporação”, os “fogos” vão começar a ser apagados.

“Apagar” prejuízos

A prioridade da Caixa deve ser o regresso aos lucros, “apagando” os prejuízos dos últimos seis anos. Já se passaram dois anos e o banco público ainda não conseguiu livrar-se da “carga negativa de maus e antigos créditos concedidos nos anos anteriores” – assim era a justificação dada por José de Matos para os maus resultados –, onde se incluem as operações feitas com o grupo catalão La Seda Barcelona, na era José Sócrates.

Resultado: a CGD vai a caminho do sexto ano consecutivo de prejuízos. No conjunto do ano de 2016, os prejuízos devem ficar entre os dois e os três mil milhões de euros, com as provisões para o malparado justificarem este montante avultado.

“Houve uma série de erros de gestão”, diz João Cantiga Esteves ao ECO. E estes erros levaram à criação de uma comissão parlamentar de inquérito — cujo fim já está à vista, mas não as conclusões que se esperavam que dali saíssem. O economista diz mesmo que é “inacreditável que as contas da Caixa tenham chegado onde chegaram” considerando o seu estatuto de banco público. “Temos de olhar para o balanço” e ver de que forma a Caixa pode deixar de ser um “buraco” e passar a distribuir dividendos ao acionista Estado.

Renascer das próprias cinzas

Foram seis anos de prejuízos, mas o Governo já pôs em prática um plano para apagar este incêndio — aprovado em dezembro pelo BCE e pelo Banco de Portugal — e renascer das cinzas. Mas ainda pode haver reacendimentos. Cabe a Paulo Macedo garantir que isto não acontece. É preciso definir o “rumo estratégico” do banco, defende o economista João Duque.

A primeira fase já está concluída: um aumento do capital social em 5,9 mil milhões de euros, para 7,3 mil milhões. Este reforço foi integralmente subscrito pelo Estado e realizado através da transferência de ações da Parcaixa (no valor de 490 milhões) e do “perdão” dos 900 milhões de CoCos.

Então o que é que falta? A injeção direta de até 2,7 mil milhões de euros por parte do Estado. Mas há um “fogo” ainda maior para apagar: o banco público também irá emitir este ano títulos de dívida de elevada subordinação no valor de mil milhões de euros para contar para capital (sendo que num primeiro momento o banco vai vender 500 milhões). Esta emissão de títulos de alto risco deverá envolver taxas de juro entre os 8% e os 10%. Num cenário em que o setor bancário está muito fragilizado, Macedo terá de convencer os investidores a comprar estes títulos. E com a agravante: a perceção de risco sobre o país é cada vez maior como se vê pelos juros da dívida a dez anos acima dos 4%.

Recuperar o papel de financiador da economia

A Caixa não está parada, antes pelo contrário”, assegurou António Domingues, no encerramento da sua audição na comissão de Orçamento e Finanças. Mas a realidade é que a CGD esteve sem uma liderança estável durante quase um ano. Agora que Paulo Macedo assumiu a presidência da Caixa, um dos passos mais urgentes é fazer com que o banco recupere o papel de financiador da economia portuguesa.

Em conjunto com o Novo Banco — – cuja venda já falhou uma vez e a segunda tentativa não está a correr muito melhor — a CGD é um dos dinamizadores na cedência de crédito às pequenas e médias empresas. Mas, olhando para as contas da Caixa referentes ao terceiro trimestre do ano passado, houve uma quebra de 1,9% na cedência de empréstimos a empresas face a setembro de 2015. Caberá a Macedo inverter esta tendência, abrindo a CGD aos pequenos e médios empresários, mas garantindo um nível de risco adequado aos financiamentos que atribuirá.

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Um equilíbrio delicado

Paulo Macedo também terá de fazer malabarismo. Há um outro desafio: o difícil equilíbrio entre o papel da CGD na economia portuguesa e a concorrência com os outros bancos comerciais. “Há dez ou 15 anos isto não aconteceria”, refere o economista João Cantiga Esteves. Mas hoje é esta a realidade e Paulo Macedo terá de conseguir gerir este jogo de forças.

Ao mesmo tempo que tem de conceder mais crédito, especialmente às empresas, tem de conseguir, como os restantes bancos, procurar alternativas para aumentar as suas receitas. Como? Aumentando as comissões. Isso já está a acontecer: entre abril e maio, a CGD vai proceder ao agravamento de várias comissões. As anuidades de cartões, requisição de cheques e transferências estão entre os serviços mais afetados pela mudança no preçário.

Estas alterações já estavam previstas no plano de negócios — devem resultar num encaixe de 15 milhões de euros ao longo dos próximos quatro anos — mas Macedo não escapará às críticas públicas. Um banco público que serve muitos funcionários públicos e pensionistas a aumentar custos de serviços básicos bancários acabará por ser alvo dos escrutínio político.

Onde está a lista de devedores?

Uma das polémicas mais recentes em torno da CGD — apenas mais uma num rol de outras tantas como é o caso das nomeações chumbadas, salários milionários, uma comissão de inquérito, um plano de recapitalização, demissões e um rating sob vigilância — é a lista dos maiores devedores do banco do Estado. Isto depois de o Tribunal da Relação de Lisboa ter decidido levantar o dever de sigilo bancário e profissional do banco.

Mas afinal o que é que está nesta lista? É uma lista detalhada dos 50 maiores devedores da Caixa, que identifica, entre outros, os montantes em causa, o incumprimento, os créditos reestruturados, as imparidades, datas ou garantias concedidas. Desta lista deve também constar quem decidiu os créditos e sucessivas renovações ou reestruturações.

Mas claro que este será um episódio que deve também dividir-se em várias partes. A primeira já se conhece: a CGD recusa-se a entregar os documentos. Mesmo depois da decisão do tribunal. Das duas uma: ou aceita a decisão ou recorre. Está nas mãos de Paulo Macedo e dos restantes administradores contrariar esta decisão, o que pode acontecer agora que estão oficialmente à frente da CGD.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

É dia de reunião da Reserva Federal norte-americana - a primeira do ano. Além disso, o Facebook e o BBVA apresentam resultado e faz-se um check-up à atividade industrial.

É um grande dia para a Reserva Federal norte-americana. Em tempos de incerteza, a instituição liderada por Janet Yellen reúne para decidir o que fazer às taxas de juro. Haverá também uma atualização da evolução das reservas de petróleo no país, a apresentação de dois índices importantes e prestação de contas do Facebook e do BBVA. São as cinco coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados.

Fed reúne pela primeira vez este ano

Janet Yellen reúne a Reserva Federal norte-americana esta quarta-feira, naquele que será o primeiro encontro do ano. Dele, sairá uma decisão de aumentar, baixar ou manter as taxas de juro no país. A Bloomberg não antecipa grandes mudanças e indica que os juros deverão manter-se inalterados depois de, em dezembro, a Fed ter subido a taxa em 25 pontos base. Mas com Donald Trump no poder, certeza é coisa que não existe.

Facebook e BBVA apresentam resultados

A temporada de apresentação de resultados continua. Hoje, os investidores ficarão a conhecer o desempenho no quarto trimestre de empresas como o Facebook, o banco BBVA, a Siemens e a Volvo. Da parte da maior rede social do mundo, a Bloomberg estima receitas de 8,51 mil milhões de dólares no trimestre. Já da parte do BBVA, estimam-se receitas de 6,03 mil milhões de euros no trimestre.

Check-up à indústria europeia e norte-americana

A Markit vai divulgar hoje os índices industriais relativos a janeiro para os Estados Unidos da América e zona euro. A Bloomberg prevê que o índice se mantenha alterado nos 55,1 pontos, em ambos os casos. É uma ferramenta que ajuda a medir o pulso à atividade económica.

Conhecem-se as reservas de petróleo

Do lado de lá do Atlântico, a norte-americana Energy Information Administration faz o balanço semanal da evolução das reservas de petróleo nas empresas norte-americanas. É um indicador que poderá ter influência no preço do crude. Atualmente, em Nova Iorque, o barril negoceia perto dos 53 dólares. Em Londres, o preço supera os 55 dólares.

Audições no Parlamento britânico devido ao Brexit

Arrancou ontem a jornada parlamentar da qual vai sair uma lei que definirá o futuro do Reino Unido na União Europeia. Hoje, o secretária de Estado britânica do Comércio, Liam Fox, é ouvido pelo respetivo comité parlamentar sobre que vias seguir no pós-Brexit. No Parlamento, mas no comité para o escrutínio europeu, será ouvido Ivan Rogers, ex-representante do Reino Unido na União Europeia.

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Apple: iPhones mais caros salvam resultados

No último trimestre de 2016, as venda da empresa tecnológica aumentaram 3,3%, para 78,4 mil milhões de dólares, apoiadas nas vendas do iPhone 7 Plus.

A Apple surpreendeu pela positiva ao bater as estimativas de receitas dos analistas, graças aos resultados alcançados pelas vendas dos iPhones mais caros. A empresa liderada por Tim Cook reportou esta terça-feira um aumento de 3,3% nas suas vendas, com estas a ascenderem a 78,4 mil milhões de dólares, nos últimos três meses de 2016.

O lucro por ação da gigante tecnológica totalizou 3,36 dólares por ação, nos três meses que terminaram em dezembro, quando os analistas antecipavam que este se tivesse fixado em 3,22 dólares por ação, e as receitas em 77,3 mil milhões de dólares, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Ficámos surpreendidos pela força do iPhone 7 Plus, onde na realidade tivemos falhas de fornecimento ao longo do trimestre. Conseguimos ser capazes de encontrar um equilíbrio entre a procura e a oferta em janeiro”, disse o diretor financeiro da Apple, Luca Maestri, em entrevista telefónica à Bloomberg.

Ficámos surpreendidos pela força do iPhone 7 Plus, onde na realidade tivemos falhas de fornecimento ao longo do trimestre. Conseguimos ser capazes de encontrar um equilíbrio entre a procura e a oferta em janeiro.

Luca Maestri

Diretor financeiro da Apple

Introduzido em setembro do ano passado, o iPhone 7 significou um ligeiro upgrade do seu antecessor, o 6S, a que foram acrescentadas uma melhor câmara, resistência à água, mais autonomia de bateria e processador mais rápido, mantendo o mesmo design.

A Apple afirmou que vendeu 78,3 milhões de iPhones no último trimestre de 2016, que lhe permitiu gerar 54,4 mil milhões de dólares em receitas nesse período. O preço médio de venda de cada iPhone foi 695 dólares, o que compara com os 691 dólares que se verificou um ano antes. As estimativas dos analistas apontavam para que as vendas deste equipamento permitissem arrecadar 76,3 milhões de euros em vendas, para um preço médio de 688 dólares. Estes números sugerem que os consumidores continuam a ambicionar ter os modelos mais recentes da Apple, o que poderá ser um sinal positivo para o futuro lançamento de produtos.

As estimativas da Apple apontam para que as suas vendas caiam no intervalo entre 51,5 mil milhões e 53,5 mil milhões de dólares no trimestre atual. A média das previsões dos analistas eram e 53,8 mil milhões de dólares. No que respeita à margem de lucro bruto a empresa da maçã antecipa que se fixe entre 38% e 39% no mesmo período, o que comprar com estimativas de 38,7% dos analistas.

De salientar que a China foi o único mercado, onde a Apple registou uma quebra de vendas no último trimestre de 2016: 12%,para 16,2 mil milhões de dólares.

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Falha informática trava “perdão fiscal”

  • ECO
  • 31 Janeiro 2017

Dificuldades informáticas estão a impedir os contribuintes que aderiram ao PERES de ter acesso a condições mais vantajosas par pagar dívidas à Segurança Social.

O “perdão fiscal” de dívidas à Segurança social decidido pelo Governo socialista sofreu um revés. Segundo avança o Observador, há contribuintes que aderiram ao Programa Especial de Redução do Endividamento ao Estado (PERES) que ainda não sabem quando terão de começar a pagar as dívidas à Segurança Social. Outros terão sido informados que vão ter de continuar a pagar os valores a que estavam obrigados antes de aderirem ao plano, apesar de já terem adiantado 8% do capital em dívida. Em causa, avança o jornal digital, estarão “constrangimentos informáticos”, cuja dimensão ainda não é quantificável.

Quando lançou este programa, o Governo socialista previa a dispensa total dos juros de mora, compensatórios e das custas do processo de execução fiscal, caso as dívidas ao fisco e à Segurança Social fossem pagas na totalidade. Já se o pagamento da dívida fosse feito em prestações este perdão seria apenas parcial. Em ambos os casos, os contribuintes tinham de adiantar 8% do capital em dívida, para só depois terem acesso às novas condições de pagamento.

Contudo, o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS), a entidade responsável por processar o pagamento das dívidas à Segurança Social, ainda não terá conseguido fechar estes processos alegadamente por “constrangimentos informáticos”, de acordo com respostas dadas a contribuintes nestas condições, segundo apurou o Observador.

A situação torna-se mais complicada para aqueles contribuintes que já estavam a regularizar dívidas no âmbito de outros planos de pagamento das dívidas em prestações. Há contribuintes que aderiram ao PERES adiantando 8% do capital em dívida na expectativa de terem condições mais vantajosas, que estão a ser informados pelo IGFSS de que ainda não é possível fechar o novo plano de prestações. O IGFSS estará a responder a esses contribuintes que terão de continuar a fazer os pagamentos segundo o anterior plano até que a situação seja atualizada, apesar destes já terem pago 8% do capital em dívida para poderem aderir ao novo plano.

Ao ECO, fonte oficial do Ministério do Trabalho esclareceu que “os serviços competentes da Segurança Social estão a trabalhar com a máxima prioridade nesses processos, tratando-se de uma volumetria de, cerca de 20.000 planos prestacionais”.

Terminado o prazo do pagamento a 13 de janeiro, “os serviços da Segurança Social estão a proceder ao apuramento da dívida relativa aos contribuintes que aderiram à medida de pagamento prestacional”, ou seja, que tenham pago pelo menos 8% da divida total, esclarece o Minsitério. E relembra que, “conforme previsto no artigo 8º do Decreto-lei que criou o PERES, a manutenção do pagamento dos planos prestacionais existentes antes do PERES ocorre até à notificação do novo plano prestacional para salvaguardar a transição entre planos prestacionais”.

(Atualizado às 23h01 com a reação do Ministério do Trabalho)

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