Lisboa lança este ano pacotes turísticos dirigidos a empreendedores

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2017

A Startup Lisboa vai lançar, no segundo trimestre deste ano, pacotes turísticos dirigidos aos empreendedores que pretendam estabelecer negócios na capital, foi hoje anunciado.

A Startup Lisboa, incubadora de empresas apoiada pelo município, vai lançar, no segundo trimestre deste ano, pacotes turísticos dirigidos aos empreendedores que, além de quererem conhecer Lisboa, pretendem estabelecer negócios na capital, foi hoje anunciado.

Em declarações à agência Lusa, o diretor executivo da incubadora explicou que esta entidade vai funcionar como “um operador turístico especializado para empreendedores”, disponibilizando um programa para “conhecer o ecossistema empreendedor, com um conjunto de entidades disponíveis para receber”, e ainda com os locais da cidade a visitar.

O objetivo é que quem “está a equacionar a possibilidade de se instalar em Lisboa, nomeadamente como empreendedor, possa ter condições de o fazer através de um conhecimento prévio”, acrescentou Miguel Fontes, que falava a propósito do quinto aniversário da incubadora, que se assinala na quinta-feira.

O pacote será de três, cinco ou sete dias, podendo ser personalizado. Inicialmente, os voos não estão incluídos, mas o alojamento poderá estar, o que será assegurado através de parcerias da Startup Lisboa com unidades hoteleiras.

“Vamos ter diferentes parâmetros consoante o perfil de quem nos visita: se estivermos a falar de alguém que vem num modelo ‘low cost’, poderemos usar, de forma excecional, a residência da Startup Lisboa ou alguma coisa parecida, mas se estivermos a falar de um investidor que vem de Washington e que está habituado a outro tipo de experiências, também saberemos adequar, com reflexo no preço”, precisou Miguel Fontes.

O projeto vem, segundo o responsável, responder a “uma necessidade que é crescente e que a [cimeira global de tecnologia] Web Summit tornou evidente”.

Ao mesmo tempo, vai contribuir para a “sustentabilidade financeira da Startup Lisboa, que é uma dimensão a que uma associação sem fins lucrativos tem de ser estar atenta”.

Além de tornar este projeto possível, a Web Summit “aumentou-nos a possibilidade da nossa capacidade de reconhecimento e de estabelecer novos contactos”, apontou o diretor.

No que toca à residência da incubadora, a Casa Startup Lisboa (localizada na Rua do Comércio), já acolheu desde a sua criação, em julho de 2015, cerca de 50 pessoas de 20 nacionalidades.

Ainda assim, Miguel Fontes vincou que a residência não está integrada no mercado do arrendamento, uma vez que se dirige apenas aos empreendedores da incubadora, que ali podem ficar no máximo três meses consecutivos.

Outro projeto em curso é a criação de um passaporte digital que vai permitir aos empreendedores da cidade (e a outros de incubadoras associadas ao projeto) terem acesso a um espaço de trabalho no estrangeiro quando estiverem em deslocações de trabalho.

Lançado no final do ano passado, o cartão digital “The host” só deverá estar operacional no primeiro trimestre deste ano, uma vez que a Startup Lisboa ainda está a construir a solução tecnológica (aplicação) associada.

Também no final de 2016 foi lançada a linha de ‘merchandising’ da Startup Lisboa, com t-shirts, camisolas e chapéus, cuja primeira coleção é da autoria da designer de moda Alexandra Moura.

Por agora, “as vendas são tímidas” e apenas feitas ‘online’, mas será, entretanto, inaugurada uma loja física no piso térreo do edifício da Startup Lisboa na Rua da Prata, onde as empresas incubadas da área comercial também poderão vender os seus produtos, adiantou Miguel Fontes.

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Costa reunido com lideres de outros seis países do sul da Europa

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2017

Primeiro-ministro procura posições comuns para as próximas cimeiras europeias sobre migrações, segurança e defesa e desenvolvimento económico e social.

O primeiro-ministro, António Costa, está reunido, em Lisboa, com chefes de Estado de outros seis países do sul da Europa para procurar posições comuns para as próximas cimeiras europeias sobre migrações, segurança e defesa e desenvolvimento económico e social.

Na segunda cimeira de países do sul da Europa, participam hoje, além do chefe do Governo português, os presidentes do Chipre (Nikos Anastasiades) e de França (François Hollande) e os primeiros-ministros de Espanha (Mariano Rajoy), Malta (Joseph Muscat), Grécia (Alexis Tsipras) e Itália (Paolo Gentiloni).

Esta é a primeira vez que participam os líderes dos sete países, depois de Rajoy não ter estado presente na primeira edição, em setembro passado em Atenas, Grécia, por o seu governo estar em gestão.

À margem desta reunião, o primeiro-ministro encontrou-se na sexta-feira à noite com o seu homólogo maltês, para abordar a preparação da cimeira informal, com a participação de 27 países da União Europeia, já sem o Reino Unido, que decorre no próximo dia 03 em La Valleta, Malta, país que assume, pela primeira vez, a presidência semestral da UE.

Hoje de manhã, ainda antes do início do encontro, Costa recebeu o novo primeiro-ministro italiano, com quem pretende também debater a cimeira de 24 e 25 de março em Roma, que assinalará os 60 anos da assinatura do Tratado de Roma, e de onde deverá sair uma declaração com propostas sobre o futuro da UE.

Em cima da mesa estarão, essencialmente, três temas: crescimento económico, investimento e convergência; segurança e defesa e migrações.

O objetivo da cimeira não é fazer “um clube à parte”, mas promover uma partilha de opiniões e procurar uma “concertação de posições” entre países que, “pela geografia, relações históricas de vizinhança, afinidades culturais e convergência de posições em várias matérias, partilham uma perspetiva comum sobre vários temas da agenda europeia”, disse à Lusa fonte do gabinete do primeiro-ministro.

Os sete países pretendem “dar um contributo concreto” para a reflexão que a União Europeia lançou na cimeira de Bratislava, nomeadamente nas próximas etapas – cimeira informal de Malta (03 de fevereiro), Conselho Europeu da Primavera (09 e 10 de março, em Bruxelas) –, e para a preparação da Declaração de Roma, que assinalará, a 25 de março, o 60.º aniversário da assinatura do Tratado de Roma.

Em debate deverão estar conclusões do seminário de alto nível, que decorreu na terça-feira em Lisboa, como a de uma nova combinação de políticas que conjugue a política monetária do Banco Central Europeu com a coordenação das políticas orçamentais dos Estados-membros; a conclusão da união bancária, através da concretização do sistema europeu de garantias de depósitos e a criação de uma capacidade orçamental própria da zona euro.

Na ocasião, Costa defendeu a urgência da reforma do euro contra os protecionismos e populismos, considerando essencial um mecanismo supranacional de estabilização contra choques assimétricos e um Fundo Monetário Europeu para gestão das dívidas soberanas.

Quanto à segurança e defesa, os líderes dos sete países deverão debater o reforço das fronteiras externas da União, e a segurança no interior da UE, nomeadamente contra a ameaça terrorista, mas sem prejudicar a livre circulação dos europeus consagrada no acordo de Schengen.

Quanto às migrações, o encontro será uma oportunidade para reafirmar a solidariedade para com os Estados “particularmente afetados pela crise migratória” – Grécia e Itália – e para debater o combate “às causas profundas da migração”.

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Cinco dias de presidência Trump, cinco decisões

  • Juliana Nogueira Santos
  • 28 Janeiro 2017

Donald Trump entrou na Casa Branca decidido a mudar o jogo. E em apenas uma semana no cargo de presidente da maior economia do mundo já conseguiu mudar o tabuleiro todo.

O novo presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, não tem dado descanso às suas canetas. Prometeu que assim que fosse proclamado presidente não iria descansar e assim cumpriu: desde que entrou na Sala Oval já assinou cerca de uma dezena de memorandos e ordens executivas, a maioria delas a revogar ou a congelar decisões do seu sucessor.

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Obamacare já está afastado. Falta substituir

Na sua primeira conferência de imprensa como presidente eleito dos EUA afirmou que só ia por mãos à obra na segunda-feira — visto que sexta-feira era a inauguração “e as pessoas iam passar um bom bocado” e no sábado teriam “uma grande missa e várias coisas boas a acontecer.” Contudo, Trump nem esperou pelo baile de inauguração.

No dia 20 de janeiro, assim que chegou da parada que o levou a ele e à nova administração para a Casa Branca, o presidente assinou uma ordem executiva que cessa a validade do Patient Protection and Affordable Care Act. Este “desastre”, como Trump lhe chamou durante toda a campanha eleitoral, proporcionou cuidados de saúde a mais de 22 milhões de americanos.

E candidatos para substitutos? O país ainda continua à espera deles. Ainda assim, o novo presidente assumiu que algumas condições do programa de saúde anterior podem ser transferidos para o próximo, como não poder ser negado seguro por doença preexistente ou a extensão dos benefícios dos planos aos dependentes com menos de 26 anos.

Em relação à saúde, nomeadamente à feminina, Trump decidiu-se finalmente por um lado da barricada em relação ao aborto e escolheu o dos Republicanos. Assim, assinou na passada segunda-feira uma diretiva que proíbe o financiamento federal a grupos internacionais que informem e realizem interrupções da gravidez.

Jardim da América à Beira Mar plantado

Protecionismo vai ser a palavra de ordem desta administração. Ao longo ao seu primeiro discurso como presidente, Trump fez questão de afirmar que estava na hora de deixar de beneficiar os outros países em detrimento do seu, repetindo a frase: “América primeiro.”

No mesmo discurso, afirmou que cultivar as parcerias era importante, mas Trump começou o mandato a quebrar uma — que não era assim tão antiga –, o Tratado Transpacífico. Este acordo comercial que foi feito na administração Obama, agrega 11 países da região, mas nunca foi ratificado pelo Congresso.

O próximo acordo internacional a ser revisto será o NAFTA, um acordo assinado entre os EUA, Canadá e México. A eliminação do tratado, que foi criado pelo antigo presidente Bill Clinton e que entrou em vigor em 1994. Era uma promessa frequente de Trump.

Crescimento movido a combustíveis fósseis

Visto pelos liberais como um ataque direto às medidas preventivas do aquecimento global, Trump aprovou na passada terça-feira a construção de dois oleodutos, o Dakota Access e o Keystone XL. O primeiro foi rejeitado em 2015 por Obama e o segundo ficou pendente para decisão do presidente seguinte.

Além de já ter negado publicamente a existência das alterações climáticas, Trump baseou o seu plano económico na renovação das infraestruturas já existentes, nomeadamente as de produção de combustíveis fosseis. Está também previsto que a maioria das restrições neste campo desapareçam.

Donald, o Construtor

O plano de uma das maiores infraestruturas alguma vez construída na América vai avançar. A ordem executiva para construção do muro na fronteira sul foi assinada no dia 25 — sublinha-se nesta a definição concreta do que é um muro, um muro contíguo e físico, ou uma barreira física similar que seja segura, contígua e intransponível.

O recibo, este continuará a ir para o México. Após o presidente do México ter afirmado que o seu país não ia pagar o muro e que ia adotar uma postura mais defensiva em relação ao seu vizinho — tendo cancelado um encontro entre os dois que iria ter lugar no dia 30 na Casa Branca –, a nova administração afirmou que se o dinheiro não vem do estado, poderá vir das empresas. Foi avançado que será cobrada uma taxa de 20% às importações mexicanas, mas entretanto houve um passo atrás.

A criação deste imposto poderia afetar produtos cruciais para o povo americano, como noticiou a agência Bloomberg: vários vegetais como tomates, cebolas, malaguetas, frutas como abacates, morangos e framboesas, bebidas alcoólicas e snacks poderão, se a taxa avançar, ver os seus preços inflacionados. Uma das empresas potencialmente afetadas, a produtora de cervejas Corona, antecipou-se na reação ao presidente dos Estados Unidos.

O muro visa travar a imigração de muitos mexicanos para os EUA. Mas neste ponto da imigração, Trump assinado ainda mais um decreto relativo à imigração que prevê um controlo reforçado nas fronteiras para impedir a entrada de “terroristas islâmicos radicais”. “Crio novas medidas de controlo para manter os terroristas islâmicos radicais fora dos Estados Unidos. Nós não os queremos cá”, afirmou.

Passado é passado

Trump e Obama em sorrisos.
Trump e Obama em sorrisos.Kevin Dietsch/Pool via Bloomberg

Como se pode perceber de quase todos os passos dados, o objetivo maior desta administração tem sido revogar as maiores decisões tomadas pela administração anterior. A começar pelo Obamacare passando pelos oleodutos e acabando em todas as regulações que se encontravam pendentes.

Assim que tomou posse, Donald Trump ordenou a todas as agências que congelassem permanentemente todas as decisões que tivessem ficado sem resolução, decisões que envolvem principalmente os departamentos de transportes, de proteção ambiental e da agricultura.

O que não fez, disse

Já habituado a mover mundos quando faz alguma declaração, principalmente no Twitter, as palavras de Trump têm tanto impacto no mundo quanto os seus atos. A mais recente polémica surgiu exatamente no Twitter, com o presidente a utilizar a sua conta pessoal para reiterar uma ideia que já tinha surgido anteriormente: houve fraude eleitoral. Este afirmou também que vai abrir uma investigação para que tudo fique apurado.

O panorama político também se incendiou depois das declarações de uma assessor de imprensa de Trump ter afirmado que nunca houve uma multidão tão grande numa inauguração como na de Trump. A sua conselheira Kellyane Conway, quando confrontada por um jornalista com os factos — a multidão foi bem menor do que as de outros anos — defendeu o colega e a administração dizendo que estes estão a entregar “factos alternativos” à população.

O último recado foi deixado aos media, e diz respeito ao seu filho mais novo, Barron, que tem sido alvo de bastante escrutínio público. Numa carta oficial enviada para as redações, a Casa Branca avisou que já é tradição que os filhos dos presidentes fiquem longe da ribalta, “a Casa Branca espera que esta tradição continue”.

Chelsea Clinton, filha do ex-presidente Bill Clinton, também veio a público defender o menor, afirmando que ele tem direito “a ser criança”.

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Trump assina decreto para impedir entrada no país de “terroristas islâmicos radicais”

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2017

O Presidente dos Estados Unidos anunciou ter assinado um decreto relativo à imigração que prevê um controlo reforçado nas fronteiras para impedir a entrada de “terroristas islâmicos radicais".

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou esta sexta-feira ter assinado um decreto relativo à imigração que prevê um controlo reforçado nas fronteiras para impedir a entrada de “terroristas islâmicos radicais”.

“Crio novas medidas de controlo para manter os terroristas islâmicos radicais fora dos Estados Unidos. Nós não os queremos cá”, insistiu o Presidente norte-americano durante a cerimónia, no Pentágono, da tomada de posse do seu secretário da Defesa, James Mattis.

"Crio novas medidas de controlo para manter os terroristas islâmicos radicais fora dos Estados Unidos. Nós não os queremos cá.”

Donald Trump

O decreto intitulado “Proteção da Nação contra a entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos” era esperado desde quarta-feira, quando o jornal Washington Post divulgou um projeto do documento.

“Isto é uma coisa em grande”, disse o Presidente, perante a hierarquia militar reunida no Pentágono.

Queremos assegurarmo-nos de que não deixaremos entrar no nosso país as mesmas ameaças que os nossos soldados combatem no estrangeiro (…). Não esqueceremos jamais as lições do 11 de setembro” de 2001, adiantou Trump, numa alusão aos atentados realizados nos Estados Unidos pelo grupo extremista Al-Qaida.

A Casa Branca não revelou ontem o conteúdo do decreto, mas segundo o projeto divulgado pelo Washington Post, as autoridades norte-americanas vão suspender por pelo menos 30 dias a emissão de vistos para os cidadãos de sete países muçulmanos: Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria ou Iémen.

O texto deverá também prever a suspensão durante quatro meses do programa federal de admissão e reinstalação de refugiados de países em guerra, um programa humanitário ambicioso criado por uma lei do Congresso em 1980.

Os refugiados sírios, que fugiram aos milhões do conflito no seu país, serão permanentemente proibidos de entrar nos Estados Unidos. Foram acolhidos 18.000 desde 2011.

De 1 de outubro de 2015 a 30 de setembro de 2016, os Estados Unidos acolheram 84.994 refugiados de várias nacionalidades, incluindo cerca de 10.000 sírios.

A administração de Barack Obama tinha previsto como objetivo os 110.000 refugiados para o exercício orçamental seguinte, mas a de Donald Trump visará apenas 50.000, de acordo com o projeto de decreto.

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“A fiscalidade dos combustíveis é um maná”

  • ECO
  • 28 Janeiro 2017

Patrick Monteiro de Barros critica a carga fiscal sobre os combustíveis, bem como sobre o setor. Diz que a aposta nas renováveis é jogo de casino e fala na "estupidez" da resolução do BES.

Os preços dos combustíveis são altos em Portugal? Patrick Monteiro de Barros diz que sim, mas não é culpa das petrolíferas. É sim culpa da elevada fiscalidade que é aplicada nestes produtos. Critica, em entrevista ao Expresso, os impostos nos combustíveis, mas também nas empresas, que travam os investimentos. Fala ainda da falta de informação sobre o nuclear num país às voltas com a banca desde que houve a resolução do BES.

“Portugal não tem dimensão para definir preços num mercado internacional como o dos combustíveis. Os preços são definidos na Europa e no resto do mundo pelas cotações internacionais”, diz. A Galp, de que foi acionista até 2000, “se quer conseguir vender os seus produtos, tem de competir com os outros”, salienta. “A cotação do petróleo bruto também é internacional, de onde resulta uma eventual margem na refinação”.

A verdadeira razão pela qual os preços dos combustíveis “ao consumidor em Portugal estarem acima da média europeia é essencialmente devido aos
impostos, que são dos mais altos. Nos negócios não há milagres”, diz. A culpa é da fiscalidade “brutal, das mais altas da União Europeia”, refere em entrevista ao Expresso (acesso pago)

Patrick Monteiro de Barros diz mesmo que a fiscalidade sobre os combustíveis “é um maná. Quase 70% do preço de venda são impostos. No passado houve casos em que até a fórmula dos preços foi manipulada pelo Governo para não haver aumentos nem descidas. Há um preço político, só que disso não se fala”, remata.

"A verdadeira razão pela qual os preços dos combustíveis ao consumidor em Portugal estarem acima da média europeia é essencialmente devido aos impostos, que são dos mais altos. Nos negócios não há milagres.”

Patrick Monteiro de Barros

Critica tanto a fiscalidade para os consumidores como aquela que recai sobre as empresas, nomeadamente as da energia. O Governo de Passos Coelho criou a Contribuição Especial para o Setor da Energia (CESE) que é de 0,85% sobre o valor dos ativos. A CESE mantém-se. “É um escândalo! Isso mata qualquer projeto de investimento”, salienta Patrick Monteiro de Barros.

Ainda sobre a energia, mas voltando-se para o nuclear, Patrick Monteiro de Barros diz que “Portugal ignorou por completo a alternativa nuclear“. “Hoje é tarde demais, porque temos eletricidade que sobra em grande parte da fonte renovável altamente subsidiada. O triste resultado é que temos das energias mais caras da Europa e um défice tarifário superior ao preço da venda da EDP à China Three Gorges. Quem sai prejudicado é o consumidor e a economia nacional”.

A “estupidez” da resolução do BES

Se é crítico no que toca à atuação do Estado no setor energético, Patrick Monteiro de Barros também o é quanto à gestão que tem sido feita dos vários problemas que têm surgido no setor financeiro. O maior de todos foi o BES, banco que foi alvo de resolução a 3 de agosto de 2014. Neste capítulo, só vê erros.

O Banco de Portugal foi um pau mandado de Frankfurt e adotou uma estratégia completamente errada“, nota, acrescentando que a resolução do BES foi uma “estupidez monstruosa”. Diz que foi uma experiência inédita, salientando mesmo que “Portugal foi uma cobaia” neste tipo de intervenções. Para suportar a sua visão lembra que as próprias “declarações do primeiro-ministro sobre este processo não deixam dúvidas”.

Sobre o Governo de António Costa, Patrick Monteiro de Barros questiona a durabilidade. “Temos um Governo de maioria socialista que está dependente do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda. Até quando? Já se começa a ver sinais. Há um momento em que as ideologias políticas vêm ao de cima. E acho que estão a vir”, remata.

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Carlos Slim diz que Trump é um negociador e “não um exterminador”

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2017

O magnata mexicano afirmou que o seu país está em posição de força nas negociações com o Presidente norte-americano, Donald Trump, sublinhando que este “é um negociador e não um exterminador”.

O magnata mexicano Carlos Slim afirmou na sexta-feira que o seu país está em posição de força nas negociações com o Presidente norte-americano, Donald Trump, sublinhando que este “é um negociador e não um exterminador”.

Slim convocou uma conferência de imprensa para falar sobre a crise diplomática entre os Estados Unidos e o México por causa do muro que Donald Trump quer construir na fronteira para acabar com a imigração ilegal.

"Para colocar a questão em termos cinematográficos, penso que Trump não é um exterminador, é um negociador.”

Carlos slim

Donald Trump quer enviar a fatura do muro ao México, que tem repetido que não a vai pagar. “Para colocar a questão em termos cinematográficos, penso que Trump não é um exterminador, é um negociador”, disse Slim. Segundo o milionário mexicano, o Presidente norte-americano procura “provocar para negociar”.

Slim mostrou-se confiante quanto à realização para breve de uma reunião entre o Presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e o seu homólogo norte-americano, devido à importância da relação entre os dois Estados.

Donald Trump indicou em várias ocasiões que pretende renegociar o Tratado de Comércio Livre entre EUA, Canadá e México, o designado NAFTA, assinado há mais de duas décadas, entre os Estados Unidos, o Canadá e o México.

Carlos Slim, que criticou Trump durante a campanha presidencial, jantou com ele na Florida em dezembro depois da sua eleição e disse não ter tido mais contactos com o líder norte-americano desde esse encontro.

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Tomás Correia suspeito de ter recebido 1,5 milhões de euros

  • ECO
  • 28 Janeiro 2017

O antigo presidente do Montepio terá recebido dinheiro do construtor civil José Guilherme, para aprovar empréstimo a fundo de investimento imobiliário fechado, avança o Expresso.

Tomás Correia, antigo presidente do Montepio, está a ser investigado pela justiça portuguesa por, alegadamente ter recebido 1,5 milhões de euros de José Guilherme, construtor civil da Amadora que ficou conhecido por ter dado 14 milhões de dólares “de presente” a Ricardo salgado. A notícia é avançada pelo Expresso na edição deste sábado (acesso pago), que diz que o ex-banqueiro foi implicado num novo inquérito-crime do DCIAP sobre burla qualificada, abuso de confiança, branqueamento de capitais, fraude fiscal e “eventualmente corrupção”, citando um comunicado oficial.

De acordo com o semanário, o Ministério-Público acredita que o dinheiro alegadamente entregue a Tomás Correia poderá estar relacionado com um financiamento obtido junto do Montepio e do BES, no valor de 74 milhões, para a compra e urbanização do Marconi Parque, uma área de 50 hectares de terrenos situados na Serra de Alfragide, por detrás do hipermercado Continente da Amadora.

Alvo de suspeita estarão várias transferências efetuadas a partir de contas do UBS, pertencentes a duas offshores cujos beneficiários finais são José Guilherme e o seu filho, Paulo Guilherme, e que tiveram como destino uma outra conta também aberta no banco suíço. As transferências ocorreram entre o verão de 2006 e o início de 2007, pouco depois de, em dezembro de 2005, os 50 hectares do Marconi Parque terem sido comprados por um fundo de investimento imobiliário fechado: o Invesfundo II, gerido por uma empresa do Grupo Espírito Santo, a Gesfimo, e com contratos de financiamento estabelecidos com o Montepio e o BES, em que cada um dos bancos assumiu metade do empréstimo.

Ao Expresso, Tomás Correia, através de fonte oficial, negou qualquer relação com qualquer cliente do banco em contas na Suíça. Tomás Correia foi presidente da caixa económica Montepio Geral entre 2008 e 2015.

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Governo vai ter incubadora para Indústria 4.0

Parceria entre o CEiia e a Startup Portugal vai possibilitar incubação e aceleração de startups ligadas à digitalização da indústria no CEiia, centro de engenharia e desenvolvimento em Matosinhos.

O Governo prepara-se para anunciar a criação de uma incubadora e aceleradora a pensar na indústria 4.0. O projeto, sediado no CEiiA, em Matosinhos, insere-se na estratégia de 60 medidas que António Costa apresenta, na próxima segunda-feira, em Leiria, e que prevê o investimento de mais de dois mil milhões de euros na estratégia nacional para Indústria 4.0.

A incubadora e aceleradora, que terá sede no CEiiA, centro de engenharia e desenvolvimento de produtos para a indústria aeronáutica, automóvel e de mobilidade, será um espaço de produtização e prototipagem integrado na estratégia nacional para a Indústria 4.0, desenvolvida em paralelo com a Startup Portugal, a estratégia nacional para o empreendedorismo, lançada em 2016.

“Há um ano e meio desafiámos a Follow Inspiration a integrar o CEiiA. Tem sido um processo win-win, com muitas adaptações. Mas o projeto começou por se fazer e só agora está a ganhar corpo. A inovação nestes sectores tem de ser feita de forma aberta porque o tempo que se demora a lançar um novo produto no mercado é fundamental. Toda a transformação do ecossistema das startups tem-nos permitido olhar para esta integração da inovação de uma forma diferente”, esclarece José Rui Felizardo, CEO do CEiiA, em entrevista ao ECO.

Não quisemos inovar apenas de forma orgânica mas abrir o espaço do CEiia às startups e às grandes empresas.

José Rui Felizardo

CEO do CEiiA

A estratégia nacional para Indústria 4.0 tem vindo a ser desenvolvida há quase um ano pelo Governo em parceria com mais de 200 empresas, ouvidas em grupos de trabalho que giram em torno das formas que consideram mais eficazes em termos de apoio para aquela a que muitos chamam a 4ª Revolução Industrial. O Governo estima que o impacto destas 60 medidas chegue a mais de 50 mil empresas.

No arranque desta incubadora e aceleradora de produtização e prototipagem vão estar startups tecnológicas como a Bee Very Creative, a Follow Inspiration, a Mobi.Me e a Prodsmart, que poderão trabalhar diretamente com empresas como a Mitsubishi, a Siemens e a Autoeuropa. A ideia é que a partilha do espaço possa ajudar a transformar ideias em produtos de forma sistemática e também acelerar a fase de scale-up.

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Prova dos 9: sem medidas extraordinárias o défice foi de 3,4%?

  • Margarida Peixoto
  • 28 Janeiro 2017

Pedro Passos Coelho disse esta sexta-feira no Parlamento que, sem medidas extraordinárias, o défice orçamental em 2016 foi de 3,4%. Costa recusa. Quem tem razão?

A execução orçamental de 2016 foi um dos pratos quentes servidos no debate quinzenal desta sexta-feira. Um dia depois de a Direção-geral do Orçamento (DGO) ter divulgado as contas do ano passado, o primeiro-ministro António Costa e o líder do maior partido da oposição, Pedro Passos Coelho, entraram numa troca de números sobre o valor do défice. Passos garantiu que “sem medidas extraordinárias o défice tinha sido de 3,4%”, Costa recusou-se a falar em “medidas extraordinárias” e respondeu com reembolsos acrescidos de 900 milhões de euros, para resolver “embustes” do passado. Em que ficamos?

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A frase

“Este seria o défice de 2016 — 3,4% do PIB — se excluíssemos as medidas extraordinárias que eu enunciei”, disse Pedro Passos Coelho. As medidas extraordinárias enunciadas foram:

  1. corte no investimento de 956 milhões de euros;
  2. PERES (o Programa Especial de Redução do Endividamento ao Estado), no valor de 500 milhões de euros;
  3. o Programa de Reavaliação de Ativos, com um contributo de 125 milhões de euros;
  4. as cativações, na ordem dos 445 milhões de euros.

Os factos (I)

De acordo com os dados da DGO, o valor do investimento público executado entre janeiro e dezembro de 2016 foi de 3.924,6 milhões de euros. O valor previsto pelo Governo, que estava implícito ao Orçamento do Estado apresentado em fevereiro do ano passado, era de 4.880,4 milhões de euros. Daqui decorre que, de facto, o corte no investimento face ao planeado foi de 955,8 milhões de euros.

No que toca ao PERES, segundo a DGO, o valor arrecadado com este programa foi de 512,7 milhões de euros. Já a receita obtida com o programa de reavaliação de ativos, segundo os dados do Ministério das Finanças, foi de 104 milhões de euros. Passos estava a usar a primeira estimativa avançada pelo Executivo, e não o número executado. A diferença são 21 milhões de euros.

Quanto às cativações, Passos Coelho está a usar o valor que o ministro das Finanças, Mário Centeno, prometeu transformar em cortes efetivos de despesa. O compromisso de Centeno foi feito em outubro. De acordo com o relatório de acompanhamento e avaliação da execução orçamental de 2016, publicado em janeiro pelo Ministério das Finanças, até novembro continuavam por descativar verbas no valor de 1.028,2 milhões de euros. Contudo, continuam sem existir dados finais da execução.

Feitas as contas, e assumindo a informação disponível até ao momento, o impacto positivo que o Governo de Costa está a obter no défice com as quatro medidas enunciadas por Passos corresponde, em números redondos, ao valor identificado. São cerca de dois mil milhões de euros que, se forem acrescidos ao défice registado pela DGO em contas públicas, atiram o número para os 6,3 mil milhões de euros do PIB, os tais 3,4% do PIB. Mas há uma segunda dimensão da afirmação do líder social-democrata que deve ser avaliada: o que são medidas extraordinárias?

Os factos (II)

“Não falo das medidas extraordinárias, porque aquilo que nós fizemos em termos de cobrança de dívidas é muito diferente daquilo que os senhores fizeram”, respondeu António Costa, defendendo que o PERES não é uma medida extraordinária, é um programa para saldar dívidas.

Ora, tudo depende do sentido atribuído a extraordinário. Em finanças públicas, há efetivamente uma forma de apuramento do saldo orçamental excluindo medidas extraordinárias (há muitos mais tipos de défice, sobre os quais pode ler aqui). Este indicador serve para retirar das contas aquilo que não é repetível no ano seguinte: desconta efeitos temporários e pontuais. Um exemplo clássico são concessões: a receita encaixada com a venda de uma concessão num ano não é repetível no ano seguinte.

De facto, o Regime Excecional de Regularização de Dívidas Fiscais e à Segurança Social, que o Governo de Passos aplicou em 2013, foi considerado pela Comissão Europeia como uma medida extraordinária. Rendeu 1.253 milhões de euros. Mas agora, como o PERES implica um plano de pagamentos que se pode prolongar por 11 anos, o Executivo tem vindo a considerar, e a defender em Bruxelas, que a receita é estrutural. Mesmo que, politicamente, ela seja entendida como uma medida extraordinária, por ter um período de adesão limitado no tempo. Ainda não há uma decisão definitiva sobre isto — só será conhecida em março, quando o INE e o Eurostat se pronunciarem, pela primeira vez, sobre as contas de 2016.

Com o corte no investimento haverá menos dúvida: só politicamente pode ser considerado extraordinário. E o mesmo acontece com as cativações, transformadas em cortes efetivos de despesa. Estas são reduções de gastos que dependem de decisões políticas e que se podem, ou não, repetir nos anos seguintes, consoante a política que lhes deu origem seja mantida ou alterada.

A resposta de António Costa

Mas não foi só Passos Coelho que usou o léxico económico a seu favor. Também António Costa aproveitou os diferentes sentidos das palavras para responder. Por exemplo: o que “impactou no défice do ano passado é muito inferior ao impacto que tiveram despesas extraordinárias como a devolução de 900 milhões de euros da almofada que os senhores criaram em 2015 com o embuste da sobretaxa”.

Ora, a DGO contabiliza em 891,5 milhões de euros o aumento dos reembolsos fiscais em 2016, face a 2015. Mas isto não é considerado uma medida extraordinária nem um efeito temporário nas contas — habitualmente, o ritmo de cobrança ou reembolso fiscal não é descontado.

Mesmo desagregando este número, verifica-se que apenas uma parte corresponde a um efeito de base contabilístico — o resto é o resultado, uma vez mais, de medidas de política. Vejamos: deste valor de reembolsos a mais, 363,1 milhões de euros dizem respeito ao IVA, adianta a DGO, referindo alterações legislativas aplicadas em 2015 que provocaram valores de reembolsos anormalmente baixos no primeiro trimestre desse ano.

O resto são reembolsos de IRS e IRC. Estes estão influenciados pela aplicação do coeficiente familiar, no primeiro caso; e pela alteração do regime dos fundos de investimento e pela descida do imposto, no segundo. São medidas decididas em 2015, com impactos na receita de 2016, mas cujos efeitos são considerados estruturais porque resultam de uma política do Executivo.

Prova dos 9

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Passos Coelho pode ter um golpe de sorte quando diz que “o défice sem medidas extraordinárias é 3,4%” e acertar. Mas não será mais do que isso. Também António Costa não tem razão nas afirmações que fez: não tem “despesas extraordinárias de 900 milhões de euros” só porque os reembolsos subiram.

A tabela de medidas temporárias e pontuais publicada pela própria DGO é uma boa forma de mostrar que primeiro-ministro e líder da oposição apelidaram de “extraordinários” efeitos que em finanças públicas não o são. Na lista dos efeitos identificados, não aparecem cativações, investimento, reavaliação de ativos ou reembolsos. Por enquanto, até o PERES está fora da lista:

tabela-efeitos-temporarios

A lista de medidas é difícil de ler, mas dos números resulta um impacto de efeitos pontuais na ordem dos 1.815 milhões de euros no saldo de 2015, e de 1.772,3 milhões de euros em 2016.

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Dow Jones termina semana de recordes a desvalorizar

Esta foi uma semana de recordes para o Dow Jones. O índice ultrapassou a marca histórica dos 20.000 pontos, mas o fecho da semana foi menos positivo: o índice caiu acompanhando o S&P 500.

O crescimento abrandou nos Estados Unidos e os mercados não gostaram: depois de uma semana de recordes, o Dow Jones fechou com uma ligeira queda esta sexta-feira, acompanhando uma desvalorização ainda mais forte do S&P 500. Já o Nasdaq fechou a semana com uma valorização pouco expressiva.

Esta sexta-feira ficou marcada pelo encontro entre Donald Trump e Theresa May. Em causa está a relação entre os EUA e o Reino Unido que, anunciaram os dois líderes, será “fantástica”. Esta aliança entre os britânicos e os norte-americanos — que se vai cimentar num futuro acordo comercial entre os dois países — não bastou para animar Wall Street.

A bolsa norte-americana abriu apenas com o Dow Jones no verde, mas o índice que acumulou recordes esta semana, após atingir os 20 mil pontos, acabou esta sexta-feira a desvalorizar 0,04% para os 20.093,78 pontos. Porém, o Nasdaq — que começou o dia a cair — subiu 0,1% esta sexta-feira para os 5.660,78, evitando terminar a semana no terreno negativo.

O dia foi também negativo para o S&P 500 que caiu 0,14% para os 2.293,18 pontos. Este resultado contrasta com a informação da Bloomberg de que cerca de um terço das empresas do índice já apresentaram resultados financeiros e que 68% dessas ultrapassaram as estimativas. Hoje as ações da Microsoft e da Intel valorizaram enquanto as ações do Starbucks caíram após a divulgação dos resultados.

Uma das possíveis explicações pode ser a divulgação dos dados sobre o crescimento económico esta sexta-feira pelo Departamento do Comércio dos Estados Unidos. É que a surpresa positiva do terceiro trimestre não voltou a acontecer no último trimestre de 2016: o PIB cresceu 1,9% nos últimos três meses de 2016 comparativamente os surpreendentes 3,5% no terceiro trimestre.

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Nova maioria negativa à vista. PCP chama ao Parlamento negócio da Carris

O decreto-lei que transfere a gestão da Carris do Estado para a Câmara de Lisboa pode ser revogado: entrou hoje uma apreciação parlamentar. PCP, CDS e PSD criticaram a decisão no passado.

O PCP pediu esta sexta-feira uma apreciação parlamentar do decreto-lei onde o Governo transfere a gestão da Carris para o Município de Lisboa. O pedido podia passar despercebido, mas ganha dimensão com a recente polémica da TSU: tal como o processo parlamentar da Uber e das PPP na saúde, esta apreciação pode recriar uma maioria negativa entre PCP e a direita, que no passado criticou ferozmente a decisão do Executivo.

A transferência da gestão do Estado para as mãos de Fernando Medina só acontece a 1 de fevereiro, mas pode durar pouco tempo. Tal como aconteceu no decreto-lei da redução de 1,25 pontos percentuais da Taxa Social Única, pode haver uma revogação com votos diferentes: o PCP, PSD e CDS podem juntar-se para reverter uma medida executiva de António Costa.

O pedido de apreciação deu entrada esta sexta-feira na Assembleia da República e a sua discussão (e votação de proposta de alteração ou cessação de vigência) depende da decisão da Conferência de Líderes, uma reunião entre os líderes parlamentares onde se estabelece o calendário parlamentar. Dependendo da vontade das bancadas parlamentares, o assunto pode ser tão célere quanto foi a polémica da TSU — cuja cessação de vigência foi aprovada ainda antes de o diploma entrar em vigor — ou então demorar várias semanas.

Agora impõe-se a pergunta: e quem os vai pagar?

João Ferreira

Vereador da CDU

A discordância do PCP com a decisão do Governo não é nova: o eurodeputado João Ferreira já tinha escrito no Facebook em novembro a perguntar quem é que iria pagar a fatura desta transferência. “Já ficamos a saber pela voz do Presidente da Câmara que não se espera a resolução dos problemas dos transportes públicos na cidade no horizonte de uma década. Agora impõe-se a pergunta: e quem os vai pagar?”, questionou João Ferreira que esta semana anunciou a sua candidatura à autarquia.

Do lado do PSD, a oposição à decisão também não tardou a chegar: “É uma irresponsabilidade aceitar a gestão da Carris separando-a do Metropolitano, e sem existir uma estratégia ou articulação conjunta entre os dois modos de transporte”, escreveu, em novembro, num comunicado, o vereador social-democrata António Prôa. Para o PSD, as “consequências financeiras da responsabilidade assumida, nas condições em que a câmara aceitou, serão demasiado pesadas para o município”, constituindo assim um “presente envenenado para Lisboa”.

O Bloco de Esquerda, no entanto, não entra nesta equação: os bloquistas apoiaram o Governo na transferência da Carris para a Câmara de Lisboa. “Ontem deu-se o primeiro passo para que a transferência da Carris para o município se concretize no dia 1 de janeiro de 2017. O Bloco de Esquerda defendeu desde a primeira hora que a gestão dos transportes públicos na cidade de Lisboa teria de ser realizada pelo município, a transferência da Carris para a Câmara é por isso uma boa notícia“, lia-se num artigo de opinião escrito pelo deputado municipal Ricardo Robles no site Esquerda.net, também em novembro.

Porém, os comunistas e os sociais-democratas deverão poder contar com o apoio dos centristas. Após o anúncio da decisão de António Costa, a candidata a Lisboa nas autárquicas deste ano questionou a “festa” sem “rota sustentável”, tendo prometido “questionar no Parlamento os responsáveis do Governo por esta escolha”. “Vai ser dívida que continua a ser cavada, agora do lado da Câmara, porque recebe uma empresa limpa de dívida mas já está a planear endividá-la? Ou vai aumentar as multas, taxas, ou criar novos impostos sobre os munícipes de maneira a poder arrecadar mais cinco milhões de euros por ano?”, interrogou.

Além disso, o vereador do CDS, João Gonçalves Pereira, acusou, na TSF, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa de não ter mandato para assumir a gestão da Carris. “Tudo isto está a ser feito ao contrário. O acordo devia ter ido a reunião de câmara, devia ter sido discutido, apresentado, votado e só depois disso é que poderia ser assinado um compromisso entre a CML e o Governo”, argumentou o centrista, que é também o porta-voz da candidatura de Assunção Cristas à Câmara de Lisboa.

Qual é a argumentação do PCP?

O decreto-lei do Governo que passa a gestão da Carris para o Município de Lisboa foi publicado no Diário da República a 30 de dezembro. Os deputados podem apresentar um pedido de apreciação parlamentar nos 30 dias subsequentes pelo que os comunistas fizeram-no mesmo nos últimos dias do prazo. A argumentação do pedido revela claramente que o PCP é contra a municipalização da Carris, prevendo-se assim que peça a cessação de vigência do decreto-lei no plenário que discutir este assunto, tal como aconteceu com a TSU. Porquê? Os deputados comunistas apontam três razões:

  1. É o Estado Central que tem a capacidade e a responsabilidade de assegurar o financiamento deste serviço público“, argumentam os deputados. Para o PCP, a municipalização é uma “nova oportunidade para impor taxas, tarifas e impostos aos cidadãos”, referindo os munícipes de Lisboa;
  2. “Nas áreas metropolitanas os transportes devem ter uma resposta metropolitana, e a Carris é um elemento nuclear da rede metropolitana de transportes”, lê-se no documento. Os comunistas referem que a Carris não serve apenas a cidade de Lisboa (abrange também Almada, Amadora, Loures, Odivelas e Oeiras) e, por isso, argumentam que a CML “deve ter um papel mais ativo na empresa”, mas não exclusivo. “Os transportes públicos duma região metropolitana como Lisboa não podem ser desenhados sem ter em conta os municípios, nem podem sê-lo município a município”, consideram os deputados. A opção, indicam, poderia passar pela criação de Autoridades Metropolitanas de Transportes e, por isso, pela regionalização da Carris;
  3. “É no Setor Empresarial do Estado que os direitos dos trabalhadores da Carris melhor estão garantidos”, consideram os comunistas. Em causa está, para o PCP, que a transferência da gestão sem os devido recursos financeiros seja “um primeiro passo preparador de ‘inevitáveis’ privatizações/concessões e da imposição de um caminho de crescente mercantilização dos serviços públicos”. O Partido Comunista teme assim que haja, no futuro, pressão para que a empresa seja lucrativa e que, por isso, pague menos aos trabalhadores. Para os comunistas não restam dúvidas: “O PCP tem a convicção profunda de que a municipalização da Carris, independentemente da vontade expressa pelos atuais protagonistas do processo, é um passo para a sua futura privatização/concessão“.

Mas os argumentos não se esgotam em questões estruturais e de princípio. É que para os comunistas “a forma como o processo está a ser conduzido faz levantar ainda mais sérias objeções”. O PCP argumenta que o processo tem sido feito de “forma apressada e enviesada”, semeando “perigos para o futuro”, sem salvaguardar a própria “Carris, os seus trabalhadores e os seus utentes”.

“Em suma, para além das razões de fundo para uma inequívoca oposição do PCP à municipalização da Carris, a forma como esta municipalização tem sido conduzida faz crescer as nossas preocupações, sendo evidentes os riscos para os utentes, os trabalhadores, e o próprio sistema metropolitano de transportes”, rematam os comunistas.

(Notícia atualizada às 20h53 com mais informação sobre a argumentação do PCP)

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PS: “Não há nenhum boicote” à comissão da CGD

João Paulo Correia rejeita que haja um "boicote" à comissão da CGD. O deputado socialista diz que as 14 audições "não trouxeram nenhuma novidade que suscitasse a necessidade de novas audições".

O deputado socialista João Paulo Correia reagiu hoje às acusações de PSD e CDS-PP sobre o boicote às audições de Vara e Centeno na comissão de inquérito à CGD, considerando que é a hora de chegar a conclusões.

“Não há nenhum boicote. Já decorreram 14 audições até agora e não trouxeram nenhuma novidade que suscitasse a necessidade de novas audições. Neste momento, é importante que a comissão comece a chegar a conclusões e a preparar o relatório”, afirmou à Lusa o coordenador do grupo parlamentar do PS.

"Não há nenhum boicote. Já decorreram 14 audições até agora e não trouxeram nenhuma novidade que suscitasse a necessidade de novas audições. Neste momento, é importante que a comissão comece a chegar a conclusões e a preparar o relatório”

João Paulo Correia

PS

João Paulo Correia realçou que o PS propôs no início dos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD mais de uma dezena de audições, e que só duas não foram realizadas, pelo que agora pretende ouvir Nogueira Leite e Álvaro Nascimento, antigos administradores do banco público. “Também demos consentimento às duas audições propostas pelo Bloco de Esquerda e o PCP entendeu que não é necessário chamar mais ninguém“, vincou, recordando que esta comissão de inquérito arrancou em julho do ano passado e que faltam cerca de 60 dias para terminar o seu prazo.

E reforçou: “A acusação por parte do PSD de que a esquerda estava a boicotar as audições era mentira, porque tanto o PSD como o CDS podem usar os agendamentos potestativos a que têm direito”. De resto, João Paulo Correia disse que o CDS vai chamar Armando Vara (antigo administrador da CGD) e Mário Centeno (ministro das Finanças) ao parlamento, pelo que a acusação feita contra o PS, BE e PCP “cai por terra”.

Paralelamente, o PS reagiu também à acusação feita na quarta-feira pelo PSD contra o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues. Nesse dia, o PSD acusou Ferro Rodrigues de colocar em causa “o regular funcionamento do parlamento” ao rejeitar o alargamento do objeto da comissão de inquérito sobre o banco estatal.

Os requerimentos para audições vão ser votados na próxima reunião ordinária da comissão de inquérito, quinta-feira, que é presidida pelo social-democrata Matos Correia.

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