Fundo Vallis vende construtoras

O Fundo Vallis vendeu o grupo Elevo que era constituído por quatro construtoras - Edifer, Monte Adriano, Hagen e Eusébios - num negócio avaliado em 90 milhões de euros.

A Nacala comprou a totalidade do capital do grupo Elevo ao Fundo Vallis. O negócio está avaliado em 90 milhões de euros, incluindo a aquisição de ações, um aumento de capital e compra de créditos bancários. O grupo Elevo resultou da fusão dos grupos Edifer, Monte Adriano, Hagen e Eusébios.

O negócio foi concretizado por dois ex-gestores da Mota-Engil Africa que, neste momento, lideram a Nacala Holdings. Gilberto Rodrigues, ex-CEO, e Pedro Antelo, ex-CFO, passam a ser os donos do grupo Elevo, que tem como principais áreas as atividades de engenharia, construção, concessões rodoviárias e real estate.

Segundo o comunicado de imprensa conjunto, o volume de negócios do grupo Elevo em 2016 fixou-se nos 450 milhões de euros. O negócio agora acordado prevê uma redução do endividamento da empresa. O objetivo é “posicionar a ELEVO como um importante player na área das Infra-estruturas, Logística, Energia e Ambiente, tanto em Portugal como no mercado internacional, especialmente em África e na América Latina”.

“Temos a convicção profunda de que, com nossa experiencia e visão dos mercados externos, assente no pressuposto da permanente inovação e gestão de talento, onde pontificam as competências técnicas dos Quadros destas empresas, reuniremos todas as qualidades necessárias para o sucesso futuro do universo de empresas do Grupo ELEVO”, garante o presidente executivo da Nacala, Gilberto Rodrigues, em comunicado. A Nacala dedica-se à gestão de participações no setor da engenharia e construção, tendo como foco a Europa, África e América Latina.

Já o fundo Vallis tinha como objetivo a reestruturação operacional e financeira de empresas portuguesas do setor da engenharia e construção. Em reação ao negócio, o presidente executivo, Pedro Gonçalves, assinala a expansão com “sucesso” da atividade da empresa “para um conjunto de novos mercados, com especial relevância para os Camarões, Bolívia e Zâmbia, tirando partido da sua reconhecida capacidade técnica e qualidade de construção”.

O grupo Elevo nasceu em 2012 fruto da fusão dos grupos Edifer, Monte Adriano, Hagen e Eusébios — as quatro eram empresas de engenharia e construção que tiveram de entrar num “processo de consolidação setorial” que foi executado pelo fundo Vallis. Estes grupos não sobreviveram ao pior período da crise que afetou de forma profunda o setor da construção.

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Grupo ISQ renova contrato com centro aeroespacial da Guiana Francesa

O grupo ISQ assinou um contrato de três milhões de euros com o centro aeroespacial da Guiana Francesa. Desde 2003, o grupo ISQ já faturou nove milhões de euros com aquele centro espacial.

O grupo ISQ fechou um novo contrato no valor de três milhões de euros com o CSG- Centre Spatial Guyanais, em Kourou, na Guiana Francesa. No total desde que iniciou a sua atividade no centro, o ISQ já celebrou contratos no montante de nove milhões de euros.

O novo contrato visa a prestação de serviços às atividades de operação e de montagem, integração e teste de foguetões.

“Este contrato vai permitir que o ISQ continue presente no CSG, de forma permanente, até 2022 e representa uma faturação superior a três milhões de euros. O ISQ é a única entidade portuguesa presente, em permanência, no Spaceport de Kourou, desde 2004, o que mostra a excelência da engenharia e da indústria portuguesa”, adianta em comunicado o presidente do ISQ, Pedro Matias.

"Este contrato vai permitir que o ISQ continue presente no CSG, de forma permanente, até 2022 e representa uma faturação superior a três milhões de euros. O ISQ é a única entidade portuguesa presente, em permanência, no Spaceport de Kourou, desde 2004, o que mostra a excelência da engenharia e da indústria portuguesa.”

Pedro Matias

Presidente do ISQ

Paulo Chaves, responsável pela linha aeronáutica e aeroespacial no ISQ adianta ao ECO que “o ISQ é a única entidade portuguesa no centro espacial há mais de dez anos”.

Para Paulo Chaves, “o número de lançamentos de satélites duplicou nos últimos dez anos e o caderno de encargos continua a crescer, o que quer dizer que vamos ter cada vez mais atividade até porque a experiência e know how vão-nos posicionar noutros lançamentos”.

Sobre a faturação que estes contratos implicam para o ISQ, Paulo Chaves adianta: “Este contrato foi renovado, desde 2003 realizamos vários contratos, diria que o valor acumulado com esses contratos ultrapassou já os nove milhões de euros”.

Este centro espacial, localizado em Kourou, tem uma quota do mercado mundial de satélites geoestacionários superior a 50%. O ISQ acrescenta que isto significa que “mais de metade dos satélites geostacionários colocados em órbita nos últimos anos tiveram o acompanhamento de engenheiros do ISQ“.

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Passos nega tensão entre PSD e Marcelo

  • Lusa
  • 11 Setembro 2017

O líder do PSD diz que o seu partido não tem quaisquer "estados de alma" em relação ao Presidente da República e irá avaliar o mandato de Marcelo "em altura própria".

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, rejeitou esta segunda-feira que haja qualquer tensão entre o seu partido e o Presidente da República, salientando que os sociais-democratas farão a avaliação do mandato de Marcelo Rebelo de Sousa “na altura própria”.

“Não tenho ideia nenhuma de o Presidente da República andar a fazer guerra aos partidos nem de nenhum partido andar a fazer guerra ao Presidente da República”, afirmou Passos Coelho, em declarações aos jornalistas no final de uma visita o Centro de Assistência Paroquial de Amora, ao lado do candidato do partido à Câmara Municipal do Seixal, Manuel Pires.

Questionado sobre as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, que na semana passada sugeriu que a direita “andava distraída”, Passos Coelho disse não ter ideia “de nenhuma declaração crítica do Presidente da República em relação ao PSD”.

“Volta e meia aparecem, mais ao nível da comunicação social do que nas declarações dos próprios, notícias de que pode haver uma tensão, até já li a palavra guerra”, disse, considerando tais afirmações “absolutamente deslocadas”.

Passos Coelho salientou que o PSD não tem “estados de alma” em relação ao atual chefe de Estado: “Nós apoiámo-lo, ele foi eleito, está a exercer o seu mandato, faremos a avaliação na altura própria”.

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Estremadura e Ribatejo, a horta e o pomar de Portugal

  • Filipe S. Fernandes
  • 11 Setembro 2017

Os gémeos das aves, o tailandês do atum, o ex-gestor da Siemens da aguardente e os reis do ovo de Ferreira do Zêzere são exemplos de um território de grande potencial agro-industrial.

A pera-rocha é conhecida no Brasil como a pera portuguesa e é, de facto, o fruto português mais exportado. Terá sido identificada há cerca de 170 anos (1836), na propriedade de Pedro António Rocha, em Sintra, cuja denominação de origem é atualmente “Pera Rocha do Oeste”, que se produz sobretudo no Oeste mas também, embora em menores quantidades, no Alentejo (Ferreira do Alentejo e Elvas), Trás-os-Montes (Carrazeda de Anciães), Minho (Braga) e Beira Interior (Lamego, Guarda, Manteigas, Covilhã, Belmonte e Fundão).

A pera-rocha começou a ser exportada há mais de uma década, tendo aumentado de uma forma muito significativa de 2000 a 2015: de 14 milhões de euros para 87 milhões, e o peso do valor das exportações de pera no setor agrícola passou de 7% em 2000 para 11% em 2010.

“A grande vantagem que ela tem é a capacidade de conservação ao frio e de resistência, o que lhe dá grandes vantagens competitivas. Conseguimos, ao fim de 8 a 9 meses de conservação, embalá-la, colocá-la dentro de um contentor e fazer três semanas de transitário no navio até ao Brasil, Canadá ou outras paragens mais longínquas. Isso confere-lhe características singulares e com qualidade”, explica Domingos Santos, diretor da Frutoeste-Cooperativa Agrícola de Hortofruticultores do Oeste e presidente da Associação Nacional dos Produtores da Pera-Rocha (ANP), ao Mundo Português.

Em 2012, produziam-se 116.000 toneladas com 76% da produção correspondente a produção certificada, sendo o produto agrícola com maior quota de certificação. Entre 2005 e 2014, a área de produção manteve-se sensivelmente constante cerca de 12.000 hectares tendo, no entanto, a produção subido de 130.000 toneladas para 210.000, o que revela a grande intensificação em novos pomares. No entanto, em 2016 caiu para 116.000 toneladas devido à praga de estenfiliose. O seu controlo permitiu que, em 2017, se preveja uma produção de 180.000 toneladas. Os seus principais mercados são o Brasil, com 36%, ou o Reino Unido e França, com 18% e 14%, respetivamente. Os principais exportadores são a Cooperfrutas, Coopval, Globalfrut, Granfer, Frutoeste e Frutus, Luís Vicente, Eurofrutas, Ferreira da Silva.

Em 1986, um conjunto de agricultores da região de Alcobaça criou a Frubaça e, em 1992, investiram numa central fruteira para rececionar, selecionar, embalar, conservar e comercializar os produtos hortofrutícolas, nomeadamente maçã e pera rocha, mas também ameixas e pêssegos, entre outras.

Perceberam como é que a comercialização fruteira ia ser afetada pelo mercado único europeu.

Jorge Piriquito

Diretor da Frubaça

Em 2001 foi construída uma unidade de transformação, para acrescentar valor à produção agrícola, acompanhar as necessidades de mercado e apostar na diferenciação de produto. Esta representa cerca de 50% do volume de negócios da empresa.

Tecnologia como base

Começaram pela fruta em fresco mas hoje têm um rede regional de 15 lojas, grandes superfícies e uma gama de produtos processados como sumos e purés de fruta de maior valor acrescentado. Produzem 8.000 toneladas de maçãs e peras que são armazenadas durante todo o ano e que são a base para a produção e comercialização.

Atualmente, têm tecnologia na empresa que permite segmentar a fruta. Por exemplo, as maçãs com menos açúcar são as ideais para o sistema de ensino britânico. Exportam para a Europa, Estados Unidos, Hong Kong, Singapura. A inovação é um desafio e têm procurado estar um pouco à frente do mercado. Além disso, os sumos e os purés são submetidos a um processo em alta pressão (HPP – High Pressure Preservation) que permite reduzir ou eliminar micro-organismos indesejados presentes nos alimentos. Através deste processo — que não altera a qualidade dos produtos — é possível prolongar o prazo de validade dos alimentos sem utilização de aditivos, simultaneamente, o processo em alta pressão contribui para o aumento da segurança alimentar.

Em 2007, a Frubaça fez uma parceria com a GL, empresa importadora e distribuidora de produtos alimentares, para lançar a gama de smoothies So Natural. Esta gama de produtos foi reconhecida em 2011 a nível internacional pelo 5 a day, instituto britânico de sensibilização para a alimentação e saúde no Reino Unido, promovido pela National Health Service, que constatou a existência de duas porções de fruta (160g) numa bebida com apenas 125 ml, classificando os smoothies “como um dos sumos mais puros do mundo”. Tem ainda os sumos 100% naturais da marca Copa e uma gama de purés de fruta 100% naturais. Recentemente, o So Natural lançou um novo produto o Ginger Up que ganhou o prémio de Best New Fruit Product na Feira de Chicago United Fresh 2017.

A GL tem ainda uma fábrica em Azambuja, que se destina à produção de sanduíches, saladas e outras soluções de refeição com capacidade de produção de 12 milhões de unidades anuais. A empresa opera em todos os canais de distribuição, nomeadamente super e hipermercados (Pingo Doce, Continente, El Corte Inglês, Intermarché), canal conveniência (postos de abastecimento de combustível), catering (EasyJet, Vueling, Ryanair, TAP, Delta Airlines, KLM, Iberia) e redes de cafetarias. Entre os clientes de exportação destaque para Starbucks, Prêt à Manger, Whole Foods, Costa Café, Bon Marché, Eric Kayser e Paul. As exportações representaram já 40% da faturação registada em 2015.

Empresas do Oeste

O perfil empresarial do Oeste apresenta uma estrutura produtiva dedicada fundamentalmente a indústrias dependentes dos recursos naturais: empresas de agricultura, de exploração e comércio de produtos agrícolas. Na agricultura, sobressaem a cultura de pomóideas e prunóideas, a cultura de outros frutos e a suinicultura. Em termos económicos, trata-se de uma região especial, com clusters competitivos e com largas economias de escala a funcionar. São exemplo disto o setor agroindustrial com casos como a fruta (maçã de Alcobaça e pera-rocha de Cadaval e Bombarral), o vinho (em Alenquer e Torres Vedras), os hortícolas na Lourinhã ou as pescas em toda a orla costeira.

Kraisorn Chansiri associou-se a Cheng Niruttinanon em 1977 para fazer uma fábrica de conservas de peixe no porto de Samut Sakhon, na Tailândia. Hoje a Thai Union Frozen (TUF) é o maior produtor do mundo de conservas de atum. Está na lista dos mais ricos da Forbes e desembarcou em Peniche, em 2010. O motivo do destino foi a compra da MW Brands SAS, que detinha marcas como John West, Petit Navire, Parmentier e Mareblu — e a portuguesa Marie Elisabeth –, e ainda uma fábrica de conservas em Peniche (que hoje se denomina European Seafood Investments Portugal e produz diariamente 60 toneladas de conservas).

Os negócios das pescas e das conservas continuam a atravessar ciclos mas estão longe da importância que tiveram no passado, tanto em Peniche como na Nazaré. No entanto, Peniche tem alguns trunfos. “O peixe do sul do país tem melhor qualidade e Peniche tem o porto do país com maior volume de descargas. Além disso, é o que tem maior variedade de pescado e está próximo de Lisboa, o ponto de partida para conseguirmos exportar por terra ou por mar metade da nossa produção”, referiu José Nero da Conservas Nero, que é recuperação dos negócios da família vendidos em 1989.

Também em Peniche, a empresa Conservas Ramirez encerrou a fábrica para concentrar os trabalhadores e a produção numa nova unidade em Lavra em Matosinhos, um investimento de 18 milhões de euros. No entanto, em 2015, foram aprovados financiamentos comunitários de 13,2 milhões de euros de investimento para duas novas fábricas de conservas e duas unidades de comercialização e transformação de peixe em Peniche, um investimento de sete milhões de euros da multinacional norte-americana South Atlantic Capital.

O peixe do sul do país tem melhor qualidade e Peniche tem o porto do país com maior volume de descargas. Além disso, é o que tem maior variedade de pescado e está próximo de Lisboa, o ponto de partida para conseguirmos exportar por terra ou por mar metade da nossa produção.

José Nero, da Conservas Nero

Dentro do porto de Peniche vão efetuar-se três novos investimentos apoiados por fundos comunitários: um investimento de 2,9 milhões de euros da empresa Conservas Nero, sedeada em Matosinhos, outro de 2,9 milhões de euros numa nova unidade industrial de transformação de peixe fresco em produtos pré-cozinhados em fresco ou congelados, com capacidade para produzir oito a 10 toneladas/dia, e ainda uma unidade de venda de marisco, da empresa Tejo Ribeirinho, de Peniche.

Carlos Melo Ribeiro era presidente da Siemens Portugal quando decidiu apostar na produção de aguardente na sua Quinta do Rol, na Lourinhã, que o avô adquirira e que conta com um terreno de 35 hectares de vinha. Havia três anos que a Lourinhã se tornara uma das três regiões demarcadas de aguardente vínica no mundo, ao lado das francesas Cognac e Armagnac. Tem a única destilaria certificada onde são feitas as aguardentes da Quinta do Rol e da Adega Cooperativa da Lourinhã.

O vinho é um dos produtos agrícolas nesta região que se reparte pela região de Vinhos de Lisboa (que contempla as denominações de origem de Alenquer, Arruda, Bucelas, Carcavelos, Colares, Encostas d’Aire — Alcobaça e Medieval de Ourém –, Lourinhã, Óbidos e Torres Vedras e ainda a indicação geográfica homónima (“Vinho Regional Lisboa”) e tem produtores como a Casa Agrícola Visconde de Merceana, Casa Santos Lima, que exporta desde o século XIX, Companhia Agrícola do Sanguinhal, DFJ Vinhos, Divinis – Agroprodutos de Ourém ou Caves Dom Teodósio, agora grupo Enoport.

Os vinhos com Denominação de Origem (DO) do Tejo têm de ser provenientes exclusivamente de uvas produzidas dentro da área geográfica da DO, e vinificados dentro da região formada pelos concelhos de Azambuja, Abrantes, Alcanena, Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Constância, Coruche, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Golegã, Mação, Rio Maior, Salvaterra de Magos, Santarém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.

Os negócios da carne e do ovo

O grupo Valouro tem origem em Torres Vedras, fatura cerca de 400 milhões de euros e conta com 2.000 trabalhadores. Na produção de carnes de frango, galinha, galo, pato, peru, salsicharia, transformados com a marca Avibom, são líderes em Portugal, nos pintos do dia estão no mercado ibérico e nos ovos de incubação exportam mais de 50%. Além deste negócio, têm também rações e produção de pintos. Estão no negócio desde 1875 quando Manuel dos Santos criou a sua empresa de comercialização de aves, mas os grandes obreiros do grupo foram os dois irmãos gémeos, António José dos Santos e José António dos Santos, atual presidente –e que tem 12,7% do capital do Sport Lisboa e Benfica — que, aos 75 anos, delegaram as tarefas executivas no sobrinho, Dinis dos Santos. Numa entrevista, José António dos Santos referiu que o negócio está nas aves: “Frangos, patos, perus, codornizes, galinhas… é a linha completa e é nessa que vamos continuar”.

Este grupo tem sido um utilizador hábil dos fundos europeus, que têm sido utilizados para apoiar a modernização dos matadouros, aviários, equipamentos, e em desenvolvimento de I&D. É um bom exemplo de uma característica do Oeste, que é um dos territórios com o maior número de explorações pecuárias em comparação com outras regiões agrárias portuguesas.

As empresas neste setor têm quase todas o mesmo modelo de negócio: por exemplo, a Probar, fundada em 1967, em Cernache, como Companhia de Produtos Alimentares Barreiros — e que se dedica ao abate de gado e de preparação e fabrico de conservas de carne, nomeadamente de suínos –, foi adquirida pela família Ruivo, que tinha sido acionista da Fricarnes, vendida ao grupo espanhol Campofrio. Desde então detém empresas do setor agroalimentar, que estão presentes em toda a cadeia do processo produtivo, desde as rações (na Nutricampo), passando pela criação de animais através da Suigranja, até à transformação e comercialização de carnes pela Probar.

A região de Leiria também apresenta um conjunto de empresas agroindustriais com grande peso no mercado e com capacidade de inovação. Têm por base um modelo em que procuram controlar a cadeia de valor que vai da produção até à distribuição e às marcas. O grupo Lusiaves, nascido em 1986, e que trabalha a partir de Leiria (Marinha das Ondas), é um bom exemplo. Vai da produção de rações através da Racentro – Rações do Centro SA à recria de galinhas reprodutoras e produção de ovos, com respetiva incubação realizada num centro na Figueira da Foz, a produção de pintos na Multilafões), até às produções avícolas de frango na Granja Avícola de S. Pelágio e de frango do campo (na Campoaves, Campo Vivo e Campo Aberto) e abate e transformação de carnes (na Avisabor e na Triperu), passando pela distribuição nacional e a criação de marcas como a Lusiaves e Campo Grill. Inclui ainda a Inogen – uma empresa de I&D orientada para o desenvolvimento de soluções na área da terapêutica e profilaxia veterinária e atuando igualmente na comercialização de produtos nestas áreas e a TNA orientada para a tecnologia e nutrição animal.

Nesta fileira têm relevo duas empresas que fazem do ovo o centro dos seus negócios: o grupo que se articula em torno da holding Globalfer é um grupo familiar e tradicional, que é líder na produção industrial de ovos e de produtos derivados de ovos através da Zêzereovo – Produção Agrícola e Avícola do Zêzere, criada em 1986 por Francisco Fernandes e que, em 30 anos, de um pavilhão com capacidade para 35.000 galinhas passou para uma capacidade atual de 1.400.000 galinhas em postura (que põem ovos), possuindo o maior pavilhão de postura da Europa.

A empresa dispõe de 18 pavilhões onde é assegurada a produção de 950.000 ovos diários, sujeita a uma minuciosa seleção suportada por equipamentos avançados no sistema de controlo da qualidade. Outra delas é a Uniovo – União Produtora de Ovos, constituída em 1987 e que produz e distribui ovos em Portugal e na Europa, divididos em duas categorias: ovos classificados/embalados e ovos a granel. Existe ainda a Rações Zêzere (33%), Agropefe-produção pecuária (50%), Maxipet (42%), Bio Compost (40%) e 82% da Sicarze – Sociedade Industrial de Carnes de Ferreira do Zêzere, criada em 1978, cuja produção está estruturada em quatro eixos: charcutaria (com uma oferta muito diversificada), mercearia (banhas e salsicharia), congelados (carnes de porco, novilho e aves, temperadas e prontas a cozinhar), e food service (enchidos, fiambres e outros preparados para churrasco, lanches, entradas e aperitivos). Em 2009, a Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere registou a marca Capital do Ovo e, em 2012, fizeram a maior omelete do mundo, com seis mil quilos de ovos, para entrar no Guiness.

A Uniovo da Globalfer é uma das acionistas fundadoras da Derovo (com 13,6%), empresa criada em 1994 e que instalou a primeira fábrica dois anos depois em Pombal. Especializada em ovo produtos, dos quais os primeiros foram ovo líquido pasteurizado, ovo inteiro, gema e clara, a unidade conta com uma capacidade atual de processamento de 1,8 milhões de ovos por dia. A par deste crescimento, e tendo definido o I&D como um dos principais eixos estratégicos, a empresa fez evoluir a sua oferta de produtos para novas formas de comercialização do ovo, como foi o caso do ovo em spray, o ovo cozido e o full protein. Em 2010, a Derovo inaugurou a sua segunda fábrica, em Mieres, Espanha. Dispõe também de um centro de classificação de ovos em Pombal, na empresa Gemadouro, e está também instalada em Felgueiras e Proença-a-Nova. A Derovo tem uma parceria com a catalã Postres y Dulces Reina para o fabrico e exportação de sobremesas, dispondo de uma unidade instalada em Pombal.

Santarém está a 66 quilómetros de Lisboa e a 242 do Porto, sendo atravessada pelas autoestradas A1, A6 e A15, e beneficiando ainda da ligação à A13 a que se junta a linha férrea. Esta localização cruza-se ainda com o facto de estar na proximidade de regiões de produção pecuária e de transformação de carne. Existem empresas como a Carnes Valinho, Santacarnes, Sotalim e Monte Safira. Desde 2003 que as Carnes Continente, empresa do grupo Sonae, faz numa unidade localizada em Santarém a receção, desmancha, fatiamento e posterior embalamento em atmosfera modificada de carnes de bovino, suíno, ovino, caprino e aves. Recorde-se que a Sonae tem também em Santarém o seu centro de distribuição de pescado, que abastece todo o parque de lojas da base alimentar da Sonae Portugal.

É nesta região que fica o que pode considerar-se uma companhia majestática, a Companhia das Lezírias (CL) que é a maior exploração agropecuária e florestal existente em Portugal, que tem cerca de 11% Reserva Natural do Estuário do Tejo e é um boa amostra do potencial da região. Na Lezíria Norte tem 1.300 hectares que são explorados rendeiros. Na Lezíria Sul, ocupa perto de 5.000 hectares, dos quais cerca de 2600 hectares estão arrendados e 2.200 hectares são explorados diretamente, sendo quase 1.900 para pastagens e cerca de 320 de arroz. O arroz cultiva-se igualmente nos Pauis de Magos, Belmonte e Lavouras, mas só este último, com uma área de 240 hectares, é explorado diretamente. No total, a área destinada ao cultivo de arroz em solo da CL ronda os 1500 hectares.

No que diz respeito a exploração direta, a Companhia faz ainda, em Catapereiro, uma média de 250 hectares de milho (sob pivot), 140 hectares de vinha e 70 de olival, e 3.050 hectares de prados permanentes biodiversos, na Charneca. A Charneca do Infantado e os Pauis perfazem uma área de cerca de 11.500 hectares. Com base na Carta de Lei de 16 de março de 1836, a Rainha D. Maria II autoriza a venda em hasta pública das vastas propriedades que compunham as “Lezírias” do Tejo e Sado e que tinham bens da Igreja, da Coroa ou dotações das Infantas num total de 48.000 hectares, sendo nacionalizada em 1975, mantendo-se como empresa de capitais públicos. Desde agosto de 2013 que a Companhia das Lezírias passou a gerir a Coudelaria de Alter e a Coudelaria Nacional. A zona de Caça Turística, com 8.425 hectares, abrange toda a área central da Charneca do Infantado, o Roubão e o Catapereiro. Em 2016 faturou quase 6,2 milhões de euros e teve 2,1 milhões de euros de lucro.

Esta empresa é uma amostra de grande exatidão da região do Ribatejo. A região da Lezíria alentejana é atravessada pelo vale do Tejo, entre as Serras d’Aire e Candeeiros, uma barreira natural contra os ventos frios do quadrante Norte e planície do Alentejo. No Ribatejo, evidenciam-se quatro sub-regiões naturais que, atendendo à sua paisagem, características climáticas, topografia e à utilização humana do solo, são designadas Lezíria, Bairro, Charneca e Serra.

Na Lezíria situam-se as planícies inundáveis, de solos de ótima qualidade e elevada produtividade em que predomina a cultura de hortícolas, frutícolas, da vinha, de cereais, do girassol, e excelentes pastagens para criação de gado bovino e equino. O Bairro corresponde ao território entre o vale do Tejo e a serra com solos mais pobres, argilo-arenosos e argilocalcários, propícios para as culturas de sequeiro como o olival, a vinha, os cereais e culturas arbustivas e arbóreas.

A charneca estende-se na margem esquerda do rio Tejo, dos terrenos inundáveis até ao Sul do Ribatejo com os solos arenosos, e onde se exploram culturas que necessitam de pouca água como o montado de sobro pinhal e eucaliptal, cereais e vinha predominam os olivais e a vegetação natural: o zambujeiro, o carvalho-cerquinho e a azinheira. Aqui e ali, os relevos são interrompidos por vales (depressões) mais ou menos planos, de solo mais fundo e fértil, com pequenas manchas agrícolas, os covões. Neste região fica Coruche onde se situa o Vale do Sorraia, que oferece grandes potencialidades agrícolas e tem instaladas algumas importantes unidades agro-industriais, como a Atlantic Meals — de arroz –, e a Dai — de açúcar de beterraba — que se encontra em dificuldades. Em Coruche, cerca de 40% do território é ocupado por área de montado de sobro sendo, a nível concelhio, o maior produtor de cortiça do mundo.

A herdade de Herdade da Sanguinheira de Codes, na Chamusca, está na família Pais Azevedo há várias décadas, desde os anos 1940. É composta por duas zonas florestais, divididas ao centro por um vale agrícola de regadio, em que 72,5% é montado de sobro — cerca de 450 hectares –, e o restante eucaliptal e pinheiro manso, com rega gota a gota com pastagem de regadio e rega de cobertura, e um efetivo de 1000 ovinos de carne em regime extensivo. É certificada pela Forest Stewardship Council. Desde 1992, desenvolve a sua atividade tendo em conta a sustentabilidade com a gestão do montado em rotação de sete anos, proteção de regeneração natural, controlo da vegetação com grade de discos, adensamento de clareiras, sementeira de tremocilha, controlo da vegetação espontânea com corta-matos, pastagens biodiversas em faixas alternadas de seis metros, gradagem para sementeira em curva de nível, evitando passagem debaixo da copa dos sobreiros. “Tudo isto num equilíbrio entre montado, pastagem e vegetação espontânea. De três em três anos fazem análises de solos e de folhas para acompanhar a evolução e, todos os anos adubamos o montado conforme os resultados das análises”, referiu Joaquim Pais de Azevedo.

Tudo isto num equilíbrio entre montado, pastagem e vegetação espontânea. De três em três anos fazem análises de solos e de folhas para acompanhar a evolução e, todos os anos adubamos o montado conforme os resultados das análises

Joaquim Pais de Azevedo, da Herdade da Sanguinheira de Codes

A produção florestal é uma dos fortes componentes agrícolas da região do Médio Tejo, mas também da Lezíria do Tejo. Na região de Leiria, o uso do solo caracteriza-se pela presença muito significativa dos sistemas florestais ao longo do litoral, com destaque para o pinhal bravo, de que é emblemático o pinhal de Leiria.

O cavalo é talvez o símbolo maior das regiões da Estremadura e Ribatejo, cuja principal característica é a criação de cavalos, nomeadamente a do cavalo lusitano. Este negócio atravessa algumas dificuldades. Como referiu ao Dinheiro Vivo Pedro Ferraz da Costa, presidente do Fórum da Competitividade e empresário da área farmacêutica, e que cria cavalos puro-sangue lusitano desde 1987, um negócio que tem vivido anos difíceis: entre 2003 e 2013 houve uma quebra de 39% no número de produtores. “Os cavalos são das coisas mais supérfluas que há. O mercado interno praticamente desapareceu e estamos todos a trabalhar, fundamentalmente, para a exportação, embora a Europa, também, tenha abrandado”.

Acrescentou que “há 25 anos, quando se criou a Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro-Sangue Lusitano, havia 90 sócios. Hoje são mais de 300. É verdade que a dimensão média dos efetivos abrandou, mas o efetivo total de lusitanos continua a crescer. E o turismo equestre embora esteja, ainda, numa fase muito incipiente, tem um enorme potencial”, defende. Segundo o INE, o efetivo de equinos era de 25 mil cavalos em Portugal, em 2016.

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O futuro da Amazon com dois fins diferentes

  • Bloomberg
  • 11 Setembro 2017

Dos 46 analistas que cobrem as ações da Amazon, um recomenda “vender”, cinco sugerem “manter”, e o restante, “comprar”.

A Moody’s Investor’s Service divulgou na semana passada um relatório sobre a Amazon.com. Diferente das pesquisas habituais de Wall Street, que tendem a mostrar entusiasmo em relação a qualquer coisa relacionada ao fundador e CEO da empresa, Jeff Bezos, o trabalho permite procurar pontos de vista opostos do que habitualmente se leem nos meios de comunicação sobre a empresa.

Dos 46 analistas que cobrem as ações da Amazon, um recomenda “vender”, cinco sugerem “manter”, e o restante, “comprar”, segundo dados compilados pela Bloomberg. Por isso, quando recebi a pesquisa da Moody’s com o título “A gigante da internet ainda está longe de mandar no retalho”, tive de ler. Este é simplesmente o tipo de trabalho que qualquer fã de Bezos precisa digerir para manter uma perspetiva equilibrada.

As ressalvas habituais aplicam-se: sou um grande consumidor da Amazon e de seus produtos — Prime, Alexa, Kindle e Amazon Video, não tenho, nem eu nem os meus clientes, ações da empresa. Muitos de nós talvez desejássemos ter, mas a maioria de nós não teria estômago para os fortes altos e baixos.

A visão contrária da Moody’s é especialmente notável porque usa o intrigante argumento de que a Amazon pode até ser uma gigante da internet mas, na verdade, é a mais frágil das grandes empresas de retalho dos EUA. Embora a empresa com sede em Seattle capture cerca de metade das vendas do retalho online, essa é uma parcela pequena em relação às vendas do setor como um todo: cerca de 90% de todas as vendas são realizadas offline.

Isso leva a questionar por que a Amazon é tão dominante na internet e se esse estatuto é merecido. Há uma série de possibilidades. Num extremo, a Amazon seria a melhor novidade do setor do retalho desde a invenção dos cartões de crédito; do outro, seria apenas fogo de palha, uma futura Sears, apenas à espera de ser diluída pela concorrência até desaparecer quase por completo.

O lugar que cada um ocupa nesse espetro resulta da narrativa que conta a si mesmo sobre o futuro. A Amazon é o conglomerado imparável, que entra em novos mercados e revoluciona tudo no seu caminho, tal como a Apple antes dela. No mercado, tem o equivalente a um fosso gigante em seu redor e ninguém jamais poderá atravessá-lo. Na outra ponta do espetro, as empresas de retalho descobrirão, nalgum momento, como competir com a Amazon e, como resultado, a empresa será meramente bem-sucedida, não dominante. No meio desse debate está a dúvida sobre se a ascensão da Amazon chamará a atenção das autoridades governamentais antitruste e se elas decidirão que estaremos melhor com a divisão da empresa.

Quando os investidores avaliam dados fundamentais, veem um retrato do momento. Os balanços de resultados, dados de vendas, receitas e outras informações do tipo são históricos. O desafio é pensar nessas coisas, não como uma única imagem, mas como um vídeo — uma série de imagens que se combinam para formar um filme fluido. Supondo que possamos concordar sobre factos comuns, o próximo passo envolve uma projeção de futuro a partir do que sabemos agora para o que imaginamos que poderia ser o futuro. No caso da Amazon, essa imagem em movimento começa com uma pequena livraria virtual.

O manifesto de 1997 escrito pelo seu fundador e enviado aos acionistas naquele ano (e atualizado todos os anos) é notável, não apenas por sua visão consistente mas pela quantidade de outras empresas da mesma época que desapareceram. Lembra-se dos motores de busca AltaVista, Hotbot e Ask Jeeves? (Eu quase não me lembro). Grandes nomes como Yahoo, AOL, Excite, Lycos, Netscape e muitos outros se tornaram irrelevantes ou viraram notas de rodapé na história, na melhor das hipóteses. Esse grupo de pares torna o sucesso atual da Amazon ainda mais impressionante.

O aspeto dessa projeção futura resulta da qualidade da administração da companhia e do quanto ela se mantém fiel à visão original. Obviamente, não podemos saber quão bem ela vai sair-se; só podemos tentar adivinhar.

Investir é formular decisões probabilísticas com base em informações imperfeitas sobre um futuro desconhecido. A maneira como pensamos sobre esse futuro, e a possibilidade de que nossas presunções, extrapolações e projeções sejam remotamente precisas, determina o sucesso ou o fracasso de nosso investimento.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial nem da Bloomberg LP e de seus proprietários.

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Corticeira Amorim compra empresa francesa

A Sodiliège é a nova aposta da corticeira portuguesa, que investe três milhões de euros nesta produtora e distribuidora de rolhas capsuladas francesa.

A Corticeira Amorim investiu mais de 3 milhões de euros numa empresa francesa, a Sodiliège, adquirindo a totalidade do capital e as instalações fabris e administrativas. A operação foi realizada através de uma empresa participada pela Corticeira, a Amorim Bartop-Investimentos e Participações, segundo comunicado enviado na tarde desta segunda-feira à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A Corticeira Amorim, através da sua participada Amorim Bartop– Investimentos e participações, S.A., celebrou um acordo para a aquisição da sociedade S.A.S. Sodiliége, localizada em Merpins, Cognac (França).”, pode ler-se no comunicado.

Segundo a empresa liderada por Rios Amorim, a empresa francesa faturou em 2016, o montante de 3,2 milhões de euros e dispõe “de uma equipa altamente especializada composta por 12 colaboradores”.

Esta não é a primeira aquisição que a Corticeira Amorim realiza este verão em terras francesas. Já em julho, a Corticeira anunciou a compra, em duas fases, da produtora de rolhas francesa Etablissements por 50 milhões de euros.

Mas quem é a Sodiliége?

A Sodiliége produz e distribui rolhas capsuladas (bartops) para bebidas alcoólicas e espirituosas tais como o cognac e o armagnac. Possui um portefólio de rolhas capsuladas de elevada qualidade e diversidade, produzindo rolhas à medida das especificações dos seus clientes, com cápsulas em materiais distintos como o metal (zamac ou estanho), o vidro, a madeira, a porcelana ou o plástico”, adianta o comunicado.

A Corticeira garante ainda que: “A empresa possui tecnologia de injeção de plástico”.

Com esta operação, a Corticeira adquire “uma empresa implementada na importante zona de produção de Cognac, com um portefólio de produtos reconhecido pela sua qualidade e consistência e uma carteira de clientes de relevo no segmento de produção de espirituosos” e “reforça a sua presença neste mercado geográfico e neste promissor segmento de negócio”.

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Associação fica com 99,7% do Montepio. Sai hoje do PSI-20

A Associação Mutualista conseguiu comprar o capital suficiente para retirar o Montepio Geral de bolsa.

A Associação Mutualista concluiu com sucesso a Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre o Montepio Geral. A entidade liderada por Tomás Coreia conseguiu comprar 98,28% do fundo do banco, o suficiente para retirar o Montepio de bolsa e abrir a porta aos acionistas da economia social. Nesta oferta, a Associação Mutualista pagou um euro por cada título não detido. Com esta compra, e a participação direta que já detinha, a Associação fica com 99,7% do capital do banco.

O resultado alcançado permite à Associação Mutualista avançar agora com uma OPA potestativa, atendendo a que conseguiu mais de 90% do total de unidades de participação do Montepio Geral que se propunha comprar na OPA. Essa operação irá permitir adquirir o capital remanescente, cuja adesão é obrigatória por parte dos associados.

Nesta oferta de aquisição que arrancou a 14 de agosto e terminou na passada sexta-feira, a Associação Mutualista dispôs-se a pagar um euro por cada unidade de participação. O valor que a entidade oferecia por cada título iguala o preço a que estes foram vendidos numa primeira fase a investidores de retalho, quando o Montepio entrou para a bolsa em dezembro de 2013. Ou seja, pequenos investidores que compraram estas unidades aos balcões do Montepio.

O preço oferecido é cerca do dobro face ao valor a que os títulos negociavam quando a OPA foi lançada pela Associação Mutualista a 4 de julho. Logo no dia seguinte ao anúncio, a cotação das unidades de participação ajustou para perto do valor de um euro oferecido. Mas já depois disso foram realizadas transações acima dessa fasquia.

Montepio fora da bolsa na sexta-feira

No seguimento do sucesso da OPA, o Montepio Geral tem o seu percurso em bolsa perto do fim. A Euronext anunciou que irá desvincular o fundo das unidades de participação do Montepio Geral já nesta terça-feira, data em que verão suspensa a respetiva negociação.

O passo seguinte será a retirada de bolsa do Montepio Geral. Tal acontecerá na próxima sexta-feira, 15 de setembro. Ou seja, o dia seguinte ao registo comercial da transformação em sociedade anónima. Esse registo irá permitir abrir a porta do banco aos acionistas a economia social.

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BCP dá mais um tombo de 5%. Lisboa resiste

  • Juliana Nogueira Santos
  • 11 Setembro 2017

Num dia em que as principais praças europeias avançaram mais de 1%, o deslize de 5% do BCP ditou uma sessão de ganhos ligeiros para o PSI-20.

Os títulos do BCP voltaram esta segunda-feira aos desempenhos negativos. Depois de ter acumulado na semana passada uma perda de 6,53%, o banco liderado por Nuno Amado fechou a sessão a perder cerca de 5% BCP 3,45% . A pressão do BCP foi amenizada pelo setor do papel e da energia, levando o PSI-20 a fechar pouco acima da linha de água.

Numa sessão maioritariamente pintada de verde, com treze cotadas a negociar em terreno positivo, o principal índice bolsista português derrapou e registou uma subida de 0,11% para os 5.107,22 pontos, encerrando em linha com o resto da Europa. Os principais índices europeus registaram escaladas de mais de 1%.

Assim, o BCP perdeu 4,63%, com cada ação a valer 0,2019 euros. A seguir o trajeto negativo esteve também o Montepio que, no dia em que são apresentados os resultados da OPA da associação mutualista sobre a Caixa Económica, perdeu 0,5% para 1,00 euro — igual à contrapartida da oferta em curso.

Os setores do papel e da energia travaram as perdas na bolsa portuguesa com a Navigator e a Altri a avançar 2,5% e 3,55%, respetivamente. Na energia, a maior subida foi protagonizada pela Galp Energia, que avançou 1,43%, seguindo-se a EDP (1,35%), a REN (0,90%) e a EDP Renováveis (0,63%).

Na Europa, a maior escalada foi a do espanhol IBEX-35 que avançou 1,93%, seguindo-se o alemão DAX que ganhou 1,39% e o italiano CAC-40 que subiu 1,24%. O Stoxx 600 avançava 1,04%.

(Notícia atualizada às 16h50 com mais informação)

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Board do FMI discute Portugal na reunião de hoje

  • Margarida Peixoto
  • 11 Setembro 2017

Os diretores do FMI vão avaliar hoje o relatório sobre a economia portuguesa ao abrigo do Artigo IV. As conclusões fundamentais já se conhecem, mas o detalhe será revelado nos próximos dias.

Alfredo Cuevas é o novo chefe da missão do Fundo Monetário Internacional para Portugal.Fundo Monetário Internacional

Os diretores do Fundo Monetário Internacional (FMI) vão discutir esta segunda-feira a revisão anual da economia portuguesa, feita ao abrigo do Artigo IV. O relatório que faz uma avaliação do ponto de situação de Portugal faz parte da ordem de trabalhos da reunião que decorre hoje em Washington, revela a agenda do FMI.

O documento completo sobre Portugal deverá ser publicado nos próximos dias. Entre 19 e 29 de junho uma equipa do Fundo visitou Lisboa para se colocar a par dos desenvolvimentos económicos, orçamentais e financeiros mais recentes.

As conclusões fundamentais foram conhecidas ainda em junho: os peritos esperam um crescimento económico de 2,5% para Portugal em 2017 e consideram que o ministro das Finanças, Mário Centeno, deverá atingir a meta do défice “confortavelmente.” Identificaram um fortalecimento da atividade económica suportado sobretudo pelo turismo — com investimento no setor e efeitos positivos na retoma da construção — e uma melhoria na resolução dos riscos de curto prazo (nomeadamente, na banca).

Contudo, notaram que apesar das melhorias verificadas no sistema financeiro, Portugal deverá acentuar os esforços para limpar os balanços dos bancos. Também deverá acentuar reformas estruturais que permitam aumentar o investimento e a produtividade.

Para 2018, o FMI antecipa um crescimento do PIB de 2%, uma melhoria ligeira do défice para 1,4% do PIB e uma taxa de desemprego a baixar para os 9%.

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Novo Banco: Juros de 3 a 7% não convencem credores à primeira

  • Rita Atalaia
  • 11 Setembro 2017

Das 11 linhas de dívida sénior do Novo Banco que ofereciam juros acima de 1%, apenas duas foram aprovadas à primeira. Os investidores ainda têm uma segunda oportunidade, a dia 29 de setembro.

O Novo Banco tinha uma “cenoura” na oferta de recompra de dívida sénior: depósitos e juros elevados. Mas não foram as taxas de 3%, 5% ou 6% que conseguiram convencer à primeira os investidores a trocar as obrigações do banco liderado por António Ramalho que têm no seu portefólio. Das 36 linhas, mais de dez oferecem depósitos a prazo com juros superiores a 1%. Mas, destas séries, apenas algumas conseguiram a aprovação na primeira convocatória. Agora, os investidores terão outra oportunidade de aceitar a oferta numa segunda ronda, no final do mês, ou até dia 2 de outubro, altura em que esgota o prazo de aceitação da oferta.

Foi na sexta-feira que o mercado ficou a conhecer os resultados da primeira tentativa do Novo Banco para reforçar a almofada de capital em 500 milhões de euros. O banco de transição conseguiu 37% do objetivo da oferta de recompra de dívida. Neste processo, não há uma troca de obrigações por outras (de menor valor, ou menor cupão), mas sim por dinheiro. Por outro lado, os clientes que aceitem vender as obrigações do Novo Banco que detêm podem transformar o dinheiro da venda num depósito a prazo (a tal “cenoura”). E os juros oferecidos em onze das 36 linhas de obrigações objeto de oferta ficam entre os 2,96% e os 6,84%.

Apesar dos retornos elevados, os investidores apenas aprovaram duas linhas entre as onze. E estas correspondem aos depósitos com prazos mais longos… e juros elevados. Nestes produtos, as taxas são de 5,51%. Já os juros de 6,84%, que correspondem ao prazo a três anos, não sequer tiveram quórum nestas AG.

Obrigações do Novo Banco que oferecem juros acima de 1%

Fonte: Novo Banco, ECO

Olhando para o total das 36 linhas, nove foram aprovadas. Das restantes 27 assembleias-gerais realizadas na sexta-feira, em 15 até houve quórum, mas a proposta do Novo Banco foi rejeitada. Isto não significa, no entanto, que os detentores destas séries de obrigações não possam mais tarde vir a aceitar a proposta. Têm até 2 de outubro para o fazer. Já nas 12 assembleias-gerais em que o problema foi a falta de quórum, ainda haverá uma outra oportunidade no final do mês. Esta tarde, em comunicado enviado à CMVM (conteúdo em inglês), o banco convocou os acionistas destas 12 linhas de obrigações para uma nova AG no dia 29 de setembro, sendo que as reuniões vão acontecer entre as 9 horas da manhã e terminam às 9h55.

Como avançou o ECO, o Novo Banco não contou, nesta primeira fase, com a presença dos grandes investidores. Autointitulam-se de Comité de Credores e são sobretudo investidores institucionais estrangeiros e que controlam mais de 30% das obrigações que o Novo Banco quer recomprar a desconto para reforçar os seus capitais, uma condição essencial para a venda da instituição bancária ao Lone Star. Mas o ECO apurou junto de uma fonte desse grupo que nenhum dos elementos do Comité esteve presente nas AG que decorreram no final da semana passada.

E por que razão não estiveram presentes? Este grupo, segundo apurou o ECO, considera que os depósitos oferecidos pelo Novo Banco fazem parte material da oferta (ao contrário do Novo Banco, que continua a argumentar que é uma oferta comercial, independente da oferta em curso) e que não têm garantias nesta altura de que vão poder aceder a esses depósitos. Além disso, argumentam, há investidores que fazem parte deste Comité e que não podem ter o dinheiro investido em ativos que não sejam passíveis de ser transacionáveis em mercado, como é o caso dos depósitos.

O caminho a seguir agora é a convocação de uma segunda assembleia, agendada para 29 de setembro. Nesta segunda volta, o quórum necessário passará a ser de um terço. Assim, o quórum mínimo deixa de ser 66% e passa a 33%, ou seja, será teoricamente mais fácil que a reunião se concretize. Nesta segunda reunião, e havendo o quórum mínimo, para que a oferta seja aprovada, bastará então a aprovação por parte de investidores representativos de 25% do montante alvo da oferta.

Ainda não percebeu o que vai acontecer na próxima AG?

O Novo Banco lançou uma oferta no dia 24 de julho, propondo-se a recomprar as 36 linhas de obrigações vivas, com um saldo de três mil milhões de euros, e com um desconto real que pode ultrapassar os 30%. Os credores foram convocados na sexta-feira para 36 assembleias gerais (uma para cada linha de obrigação). Mas apenas nove linhas foram aprovadas. Agora haverá, a 29 de setembro, nova ronda em 12 das AG em que não houve quórum à primeira, e há vários cenários em cima da mesa.

Na segunda convocatória, o quórum mínimo vai deixar de 66% e passa a 33%, ou seja, será teoricamente mais fácil que a reunião se concretize. Nesta segunda reunião, e havendo o quórum mínimo, para que a oferta seja aprovada bastará então a aprovação por parte de investidores representativos de 25% do montante alvo da oferta.

1. Não há quórum na AG

Se nestas reuniões os investidores voltarem a não comparecer, a decisão final fica adiada para 2 de outubro, quando termina a oferta e caberá a cada um dos investidores, individualmente, decidir se vende ou não.

2. Há quórum na AG

Havendo quórum nas reuniões, então os credores são chamados a votar novamente a cláusula designada de “solicitação de consentimento de reembolso antecipado”.

2.1. Credores aprovam a cláusula

Para aprovar esta cláusula, é necessário que 75% dos credores presentes na AG a votem favoravelmente. Neste cenário, há um efeito de arrastamento, ou seja, os restantes 25% são obrigados a aceitar compulsivamente a oferta. Neste caso, o assunto para este credores fica resolvido, embora ainda tenham de ficar a aguardar pelo resultado final das outras ofertas para saber se o Novo Banco conseguiu atingir o montante mínimo da poupança pretendida.

2.2. Credores não aprovam a cláusula

Se os credores optarem por chumbar a cláusula do “solicitação de consentimento de reembolso antecipado”, então a decisão de aceitar a oferta volta a ficar nas mãos de cada um dos credores individuais. Ou seja, têm até ao dia 2 de outubro para aceitarem ou não as condições oferecidas pelo Novo Banco.

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Tesla aumentou autonomia das baterias a quem fugia do furacão Irma

  • Juliana Nogueira Santos
  • 11 Setembro 2017

A marca aumentou remotamente a autonomia dos carros que se encontravam na zona afetada pelo furacão Irma. Passaram a poder percorrer mais 30 a 40 milhas.

Com milhões de pessoas a fugirem do furacão Irma sem tempo a perder, a Tesla decidiu expandir a autonomia das baterias dos condutores que estavam a abandonar as áreas afetadas pela tempestade. As baterias dos Model S e X, que, por limitação do software, têm uma autonomia média de 200 a 230 milhas por carregamento, passaram a ter uma autonomia de 242 milhas.

Esta atualização de software, feita remotamente, pode ser feita a qualquer hora, tendo um custo que pode variar entre 4.500 e 9.000 dólares. Assim, a empresa de Elon Musk desbloqueou gratuitamente as baterias como medida de emergência, uma vez que, a qualquer momento, os pontos Supercharger poderiam deixar de funcionar.

A expansão da autonomia foi documentada por um condutor que partilhou na internet uma captura de ecrã da aplicação de gestão do carro, onde se pode ver que a bateria poderia ser carregada até às 242 milhas. E ainda que pareça pouco, pode ser a distância entre um ponto de carregamento fora de serviço e outro que esteja a funcionar.

Um condutor Tesla partilhou uma captura de ecrã da aplicação, onde se pode ver que o carro tinha autonomia para 242 milhas.D.R.

Num e-mail enviado aos seus clientes, e divulgado pelo The Verge, a Tesla afirma que, quem viu as suas baterias desbloqueadas, poderá utilizar esta benesse até 16 de setembro. A empresa invoca “circunstâncias excecionais” e espera que “isto permita que possa viajar até ao seu destino com confiança e facilidade”.

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Banco CTT “substitui” Banco do Brasil

  • Lusa
  • 11 Setembro 2017

O Banco CTT assinou um protocolo com o Banco do Brasil para servir a comunidade brasileira em Portugal. Isto após o banco brasileiro ter posto fim às operações de retalho que tinha no país.

O Banco CTT quer assumir-se como “o banco de referência” da comunidade brasileira em Portugal, inserindo-se nesta “aposta estratégica” o protocolo estabelecido com o Banco do Brasil, que anunciou o encerramento da operação de retalho em Portugal.

Assumindo a aproximação à comunidade “de mais de 80 mil brasileiros que escolheram viver em Portugal” como uma “aposta estratégica”, o Banco CTT justifica, assim, o protocolo estabelecido com o Banco do Brasil para prestação de “serviços específicos” a estes cidadãos, na sequência do anúncio da instituição financeira brasileira de encerramento da operação de retalho em Portugal.

"Para que os clientes possam continuar a fazer suas operações bancárias normalmente, o Banco do Brasil AG celebrou um protocolo com o Banco CTT que oferecerá um amplo conjunto de produtos e serviços e em condições especiais para os clientes do Banco do Brasil que terão suas contas encerradas e que pretendam manter operações bancárias em Portugal”

Banco do Brasil

O que vão os CTT passar a oferecer?

No âmbito deste protocolo, passará a ser possível aos clientes particulares do Banco do Brasil a abertura de contas Banco CTT, assim como o acesso a serviços específicos. “Uma das vantagens que o Banco CTT pode oferecer é a capilaridade: neste momento temos 203 lojas que vão estar habilitadas a servir a comunidade do Banco do Brasil e de todos os brasileiros”, afirmou João Melo Franco.

Segundo adiantou à Lusa, devido à maior concentração de cidadãos brasileiros nas zonas de Lisboa, Almada, Coimbra, Porto e Faro será feito “um reforço de formação” dos quadros do Banco CTT em cerca de duas dezenas de balcões nestas localidades, que irão dispor também de terminais de atendimento especial “que permitem que um cliente do Banco do Brasil que esteja em Portugal possa fazer transações a partir de Portugal como se estivesse no Brasil”.

“Desde já é possível abrir uma conta em qualquer uma das nossas lojas e brevemente teremos o serviço de remessas e das máquinas. Entre setembro e outubro teremos a oferta toda completa”, afirmou o administrador. O Banco CTT explica que nos futuros terminais a disponibilizar em balcões selecionados será possível realizar operações “normalmente só disponíveis no Brasil”, como o pagamento de serviços através de boleto bancário brasileiro ou transferências entre contas Banco Brasil em tempo real.

O que fica do lado do Banco do Brasil

O Banco do Brasil anunciou na sexta-feira um reposicionamento estratégico da sua atividade no mercado português, que implica o encerramento dos serviços de retalho e a transferência dos clientes para o Banco CTT.

“O Banco do Brasil informa que reformula sua estratégia de atuação internacional reforçando as atividades de comércio exterior. Com isso, o foco do Banco do Brasil AG em Portugal passa a ser o relacionamento com as empresas brasileiras que têm negócios no mercado internacional, bem como as empresas portuguesas que têm relações comerciais no Brasil, de forma integrada às atividades do mercado de atacado no Brasil“, lê-se nas respostas enviadas por escrito à Lusa pela administração da sucursal em Portugal do Banco do Brasil. “Em função deste reposicionamento estratégico, as atividades bancárias relacionadas com o mercado de retalho (varejo) do banco serão encerradas na sucursal em Portugal”, indicou.

"O foco do Banco do Brasil AG em Portugal passa a ser o relacionamento com as empresas brasileiras que têm negócios no mercado internacional, bem como as empresas portuguesas que têm relações comerciais no Brasil”

Banco do Brasil

E acrescentou: “Para que os clientes possam continuar a fazer suas operações bancárias normalmente, o Banco do Brasil AG celebrou um protocolo com o Banco CTT que oferecerá um amplo conjunto de produtos e serviços e em condições especiais para os clientes do Banco do Brasil que terão suas contas encerradas e que pretendam manter operações bancárias em Portugal”.

A comunidade brasileira em Portugal tem “uma média etária muito jovem, rondando os 31 anos, e é fortemente participante na economia portuguesa”, ainda segundo o banco, tendo vindo a ser “crescentemente marcada um fluxo migratório que inclui classes de rendimento mais elevados”.

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