Costa admite repor escalões do IRS, mas de forma faseada

O primeiro-ministro admitiu esta segunda-feira que os escalões do IRS vão começar a ser repostos no próximo ano, mas essa reposição será feita "de forma equilibrada".

António Costa admitiu a reposição dos escalões do IRS na conferência de imprensa em que reagiu à recomendação da Comissão para tirar Portugal do PDE. Em resposta a questões dos jornalistas, o primeiro-ministro referiu que o Governo dará no próximo ano “mais um passo” para devolver rendimentos aos cidadãos. Esse passo será o começo da reposição dos escalões do IRS em 2018, “de forma equilibrada”.

“Daremos para o ano mais um passo que é o passo de começarmos a repor escalões que tenham sido eliminados”, respondeu Costa, referindo esta reposição será feita “de forma a melhorar a progressividade do nosso sistema fiscal e [para] que ele seja mais justo”. Contudo, o líder do Governo também avisou que esta medida será implementada “de forma equilibrada”.

O primeiro-ministro referiu novamente que esse compromisso consta do programa de Governo, nomeadamente no que consta da devolução de rendimentos e na reposição da confiança dos portugueses. António Costa disse querer provar mais uma vez que consegue devolver rendimentos, criar condições para o investimento em Portugal e controlar as contas públicas.

É exatamente este último ponto que o Executivo não irá prescindir na negociação da reposição dos escalões do IRS com o BE, PCP e PEV. A recomendação de Bruxelas para que Portugal abandone o Procedimento por Défices Excessivos supõe que o défice continue controlado nos próximos anos. Esse foi um compromisso também assumido por Costa na reação à decisão esta noite.

Contudo, os parceiros do Executivo pretendem usar a flexibilidade que Portugal ganhou com a saída do PDE para aumentar os gastos do Estado, nomeadamente através de investimento público, na saúde, na educação e nos rendimentos. Uma das principais discussões em curso nas negociações para o Orçamento do Estado para 2018 é exatamente a reposição dos escalões do IRS. O Bloco de Esquerda já admitiu o faseamento da reposição, colocando a fasquia nos 600 milhões de euros para 2018 e a mesma quantia para 2019.

Já o PCP tem um ponto de partida diferente. Além de dizerem que a redução faseada do IRS é “um objetivo pouco ambicioso”, os comunistas querem duplicar o número de escalões de cinco para dez. O Partido Comunista pretende também que as taxas liberatórias sobre as mais-valias em ações sejam englobadas no IRS.

Escalões atuais do IRS

Os escalões do IRS como eles se encontram atualmente.Infografia: Raquel Martins.

No Programa de Estabilidade o Governo inscreveu 200 milhões de euros em impactos para o IRS, que seriam utilizados para “uma medida sobre os escalões”, disse ao Público uma fonte próxima do Executivo. Descartada estará a ideia inicial do Governo de usar essa verba para um crédito fiscal para as famílias mais carenciadas, uma proposta de campanha do Partido Socialista.

Mais recentemente, o Correio da Manhã noticiou que será criado um novo escalão para as famílias cujos rendimentos anuais se situem entre os 13.500 e 27.500 euros. Ou seja, entre o segundo e o terceiro escalão.

(Atualizado pela última vez às 21h10)

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António Costa: “Não podemos voltar a perder o que hoje alcançámos”

O primeiro-ministro reagiu esta noite à recomendação da Comissão Europeia para Portugal sair do Procedimento por Défices Excessivos. António Costa considera que este é um "ponto de viragem".

A Comissão Europeia recomendou esta segunda-feira a saída de Portugal do braço corretivo do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), passando a estar no braço preventivo do Pacto. Em reação, o primeiro-ministro afirmou, esta segunda-feira à noite, que “não podemos voltar a perder o que hoje alcançámos”. Para António Costa a decisão de Bruxelas significa que “o nosso ajustamento [orçamental] é sustentável e duradouro”.

E a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos não colocará esse ajustamento em causa, garante o líder do Governo. Para António Costa, a decisão da Comissão Europeia vai no sentido de, “independentemente da classificação estatística do INE e Eurostat”, a CGD não ter “influencia nesta decisão”. Este é um “sinal de confiança no futuro da nossa economia”, argumentou o primeiro-ministro, em declarações transmitidas pela RTP, no Palácio de São Bento.

Costa referiu que “diminuir o défice é bom para diminuir a dívida pública” e que o país chegou “a um ponto importante onde estamos confortáveis que o caminho que estamos a seguir está a dar bons resultados”. Por isso, o primeiro-ministro garantiu que “não há nenhuma nova medida ou garantia” dada pelo Governo a Bruxelas, revelando que a carta tinha uma “explicitação sintética” do que consta do Programa Nacional de Reformas (PNR) e do Programa de Estabilidade (PE). “A Comissão não pediu mais medidas a Portugal”, garantiu o primeiro-ministro.

António Costa considerou que a Comissão “reconheceu que o nosso PE e PNR é ambicioso quer no curto prazo quer no médio prazo“. Perante este cenário, o primeiro-ministro disse ser necessário “vencermos os desafios estruturais para nunca mais termos de repetir esta dura prova por que passamos e hoje vencemos”. Para lá chegar, o chefe do Executivo garantiu que vai prosseguir com o programa de Governo “de forma equilibrada” para que Portugal cresça “forma sustentável e duradoura”.

António Costa disse ainda que este é um “ponto de viragem” para Portugal: “Esta tem de ser a última vez que passamos por um processo tão traumático”. Mas recusou especular sobre as negociações para o Orçamento do Estado para 2018. Com maior margem relativamente às regras comunitárias, os partidos que apoiam o Governo já vieram pedir maior investimento público no Estado social, na saúde, na educação. “Temos de prosseguir o caminho que estamos a seguir“, respondeu Costa, reafirmando o compromisso do Executivo com o controlo do défice.

O país deixa agora de ter as suas finanças públicas sob vigilância reforçada de Bruxelas, goza de alguma flexibilização das regras orçamentais e liberta-se da ameaça das sanções por não cortar o défice. “Este é um dia importante para Portugal. Recomendamos a revogação do Procedimento por Défice Excessivo para Portugal e esperamos que os Estados-membros apoiem a nossa recomendação”, frisou Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia.

(Atualizado pela última vez às 20h30)

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Fundos PPR ganham espaço na carteira de poupança dos portugueses

Pela primeira vez, pelo menos na década, os fundos PPR representavam mais de 10% do total de poupanças para a reforma dos portugueses no final de 2016.

Os fundos PPR estão a ganhar peso na carteira dos aforradores portugueses. Pela primeira vez, pelo menos nesta década, o total de ativos aplicados em PPR sob a forma de fundos representavam mais de 10% do bolo total do investimento em Planos Poupança Reforma (PPR), no final de 2016. Esta classe de produtos de poupança a pensar na reforma, ganhou assim terreno face aos seguros PPR, apesar de estes ainda se manterem com o grosso do investimento global.

De acordo com os dados da APFIPP — a associação que agrega as gestoras de fundos de investimento nacionais — os portugueses detinham, no final do ano passado, um total de 1.537 milhões de euros aplicados em fundos PPR. Este valor corresponde a 10,14% do investimento global em PPR. Números que comparam com um total de 13.631 milhões de euros que estavam alocados a seguros PPR no mesmo período, ou seja 89,86% do total. Isto significa que, por cada dez euros investidos em PPR, pelo menos um euro estava aplicado em fundos PPR no final de 2016.

Por cada dez euros investidos em PPR, um euro está em fundos

Fonte: APFIPP e APS (cálculos ECO)

A quebra dos retornos oferecidos pelos seguros PPR é um dos fatores que ajuda a explicar este novo equilíbrio de forças. “Num contexto de taxas nulas, os seguros PPR, e todos os produtos com garantia de capital de uma forma mais geral, estão condenados a não rentabilizar as poupanças investidas“, refere Diogo Teixeira, administrador da Optimize, gestora especializada em fundos PPR que se tem destacado pela positiva devido aos retornos conseguidos neste tipo de produtos. “Esta realidade está à vista de todos, e é reforçada por iniciativa das seguradoras que já não estão interessadas em promover produtos garantidos que também não permitem rentabilizar os fundos próprios alocados”, complementa. O especialista salienta, ainda neste âmbito, o “esforço de divulgação e de pedagogia por parte das gestoras, dos meios de comunicação e do próprio Estado, com a criação do Certificado de Reforma do Estado, que veio sensibilizar o público para a necessidade de rentabilizar corretamente as poupanças de longo prazo”.

"Num contexto de taxas nulas, os seguros PPR, e todos os produtos com garantia de capital de uma forma mais geral, estão condenados a não rentabilizar as poupanças investidas.”

Diogo Teixeira

Administrador da Optimize

A garantia de capital, a par de rentabilidades mínimas garantidas em muitos seguros PPR (algo que não acontece no investimento em fundos PPR), foi um dos fatores que historicamente levou muitos aforradores portugueses a colocarem as suas poupanças em seguros PPR. Contudo, nos últimos anos as remunerações dos seguros PPR perderam brilho. Segundo dados da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), o regulador do setor dos seguros, de 2013 para 2016, a rentabilidade média oferecida pelos seguros PPR disponíveis para subscrição caiu para metade. Em média, os 43 seguros PPR que estavam disponíveis para comercialização em 2013, renderam 2,77% nesse ano. Este retorno compara com os 1,53% que os 36 produtos que estavam disponíveis para subscrição renderam, em média, no ano passado.

José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), salienta, contudo, que após dois anos consecutivos marcados por uma quebra da aposta dos aforradores portugueses aos seguros PPR, em 2017 o cenário já é distinto. “Depois de terem registado uma quebra significativa em 2016, as contribuições para PPR estão a recuperar este ano, sendo que o valor aplicado em PPR sob a forma de contrato de seguro cresceu, até ao final de abril do corrente ano, cerca de 50% face a igual período do ano anterior. Por conseguinte, neste momento assistimos à inversão da tendência que se verificou em 2016“, salienta Galamba de Oliveira. O responsável da APS lembra ainda que no caso dos PPR sob a forma de fundos a taxa de crescimento das aplicações está na ordem dos 20%, este ano.

"Neste momento assistimos à inversão da tendência que se verificou em 2016, inversão essa que é influenciada pela dinâmica comercial de alguns dos principais players do mercado, mas que aproveitará também as atuais perspetivas de remuneração de outros produtos de poupança, nalguns casos muito baixas (como nos depósitos a prazo), noutros muito voláteis.”

José Galamba de Oliveira

Presidente da APS

De acordo com este responsável, a inversão no rumo das subscrições de seguros PPR que se observa este ano se deve em parte às “atuais perspetivas de remuneração de outros produtos de poupança, nalguns casos muito baixas (como nos depósitos a prazo), noutros muito voláteis”.

A volatilidade é um elemento a que os PPR sob a forma de fundos de investimento estão muito expostos, fruto da sua sua rentabilidade depender da evolução dos mercados de capitais. No ano passado, devido a essa exposição, os fundos PPR apresentaram um retorno médio de apenas 0,27%, em média. Mas quase dois terços dos produtos (23 num total de 37) distribuíram rentabilidades positivas, com a mais elevada a fixar-se em 3,26%. Já o produto com pior desempenho, em 2016, apresentou um retorno negativo em 3,98%.

Stock de investimento em PPR continua a crescer

Fonte: APFIPP e APS

Contudo, Diogo Teixeira alerta que para quem tem uma perspetiva de longo prazo, privilegiar a garantia de capital não é a melhor estratégia. “Em contrapartida de uma tomada de risco limitada quando se considera o prazo de investimento, quem poupa num fundo PPR beneficia de uma rentabilização muito superior da sua poupança”, afirma o administrador da Optimize. Este tipo de rentabilização aplica-se sobretudo em idades mais jovens, quando a tolerância ao risco e a capacidade de recuperar de eventuais perdas é maior.

Há cada vez mais dinheiro em PPR

A necessidade de rentabilizar as poupanças, num contexto em que os produtos tradicionalmente preferidos pelos portugueses, como é o caso dos depósitos, é um dos argumentos que poderá ajudar a suportar o facto de o montante aplicado em PPR continuar a crescer para novos máximos. No final do ano passado, os portugueses detinham um total superior a 15 mil milhões de euros aplicados em PPR, seja na forma de seguros ou de fundos de investimento. Este valor corresponde já a cerca de 16% do total de dinheiro que os aforradores tinham aplicados em depósitos a prazo no final de 2016 (96 mil milhões de euros).

Mais importante que a adesão aos seguros PPR, é que os portugueses adquiram a consciência da importância da poupança individual para a reforma e adquiram, novamente, hábitos de poupança”, salienta José Galamba de Oliveira. O presidente da APS lembra que a sociedade portuguesa tem que tomar consciência das limitações futuras do regime de pensões da segurança social e tem que ser devidamente informada e esclarecida de que a taxa de substituição dos salários por pensões vai, num futuro próximo, ser uma das mais baixas da Europa, podendo nalguns casos não atingir os 30%. “Este não é um problema exclusivo de Portugal, atinge a maior parte dos países da União Europeia, mas é especialmente dramático no nosso país e é agravado pelo facto da taxa de poupança das famílias ser muito baixa, inferior a 5%“, complementa o representante das seguradoras.

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Não há tempo a perder. Quatro recomendações de Bruxelas

  • Margarida Peixoto, Cristina Oliveira da Silva e
  • 22 Maio 2017

Portugal saiu do PDE e não entrou no procedimento por desequilíbrios macroeconómicos. Mas não quer dizer que a Comissão não tenha deixado alertas. Aqui ficam as principais recomendações de Bruxelas.

Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Financeiros, com o ministro das Finanças Mário Centeno.Paula Nunes / ECO

A manhã desta segunda-feira trouxe uma mão cheia de boas notícias: a Comissão Europeia recomendou a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo; a decisão foi unânime entre os comissários; e Bruxelas validou os planos portugueses no que toca a reformas estruturais, garantindo que o país não vai sair de uma vigilância reforçada só para a seguir entrar noutra. Mas… há sempre um mas. A Comissão Europeia deixou quatro recomendações específicas para o país, que resultam da análise aprofundada à economia portuguesa. E depois de já ter sido alvo de um aviso por ter dado passos curtos no passado, o ministro das Finanças, Mário Centeno, desta vez não pode fazer ouvidos de mercador.

“Baseada na avaliação dos compromissos de política de Portugal, a Comissão confirma a sua avaliação anterior de que, neste momento, não são necessários mais nenhuns passos no âmbito do Procedimento de Desequilíbrios Macroeconómicos”, lê-se no relatório com as recomendações específicas para Portugal. Na conferência de imprensa, o comissário Pierre Moscovici traduziu do bruxelês: quer dizer que o Programa Nacional de Reformas português foi analisado e que a Comissão concluiu que é “suficientemente ambicioso” para prevenir Bruxelas de “levar a cabo qualquer outro procedimento legal.”

Mas o facto de Portugal sair do PDE e não entrar no PDM — que é a nova sigla que o país vai ter de seguir — não quer dizer que não vá continuar sob o olhar atento de Bruxelas. “Vamos contudo manter um diálogo forte” com o Governo, avisou logo o comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros. O ECO conta-lhe quais são as quatro áreas em que Centeno vai ter de pôr o pé no acelerador.

1 – Corrigir o défice de forma duradoura

O corte no défice para menos de 3% do PIB tem de ser estrutural. Isso quer dizer cumprir os requisitos do Programa de Estabilidade e Crescimento, “que se traduzem num esforço orçamental substancial para 2018.”

Nas Previsões de Primavera, a Comissão já tinha avisado que não identificava medidas de consolidação orçamental estruturais e que os cortes que estavam planeados para a despesa não estão suficientemente especificados pelo Governo.

Sobre 2017, a Comissão avisa que os compromissos do Executivo não chegam nem para cumprir a meta de corte estrutural do défice, nem a de redução da dívida — mesmo tendo em conta que o país beneficia de um período transitório de três anos. As autoridades comunitárias lembram até que “o Conselho é da opinião de que serão necessárias mais medidas em 2017 para cumprir as exigências do Pacto de Estabilidade e Crescimento.”

"A Comissão pretende fazer uso da margem aplicável de discricionariedade à luz do atual ciclo económico de Portugal.”

Comissão Europeia

Recomendações específicas para Portugal 2017

Contudo, adiantam que Bruxelas vai fazer uso da sua margem de avaliação discricionária, tendo em conta que a linha de orientação para todos o espaço comunitário aponta para a necessidade de ter em conta o atual ciclo económico. Por outras palavras, quer dizer que o esforço de consolidação deve continuar, mas que ele deve ser moderado pela necessidade de não colocar em causa a retoma económica. “Neste contexto, a Comissão pretende fazer uso da margem aplicável de discricionariedade à luz do atual ciclo económico de Portugal”, lê-se no relatório com as recomendações específicas para Portugal.

E como é que Portugal pode corrigir o défice de forma duradoura?

  • A política orçamental deve contribuir para a retoma económica ao mesmo tempo que assegura a sustentabilidade das finanças públicas;
  • Os esforços para terminar a revisão da despesa pública devem ser acelerados;
  • O controlo da despesa deve ser reforçado, com correta orçamentação. É dado destaque ao setor da Saúde, pedem-se esforços para reduzir os pagamentos em atraso nesta área e para promover a sustentabilidade do sistema de pensões;
  • Pedem-se metas de eficiência específicas para o setor empresarial do Estado, a tempo do Orçamento de 2018, que permitam melhorar os resultados líquidos destas empresas e reduzir o seu peso no Orçamento do Estado.

2 – Atenção ao mercado de trabalho

Sobre o mercado de trabalho a Comissão tem duas recomendações de base a fazer: uma sobre o tipo de contratos que a política do Governo deve promover, outra sobre os aumentos do salário mínimo. Mas há mais.

  • “Promover a contratação sem termo, incluindo através da revisão do enquadramento legal”

Bruxelas salienta que o nível de contratos temporários ainda é elevado e nota que o programa desenhado este ano pelo Executivo para fomentar vínculos mais estáveis deve ter pouco impacto na redução da segmentação, já que deverá abranger poucas pessoas.

A Comissão repesca ainda uma crítica antiga: o despedimento individual de trabalhadores nos quadros continua a gerar custos elevados e incertos para as empresas. Isto acontece, em parte, porque os trabalhadores podem vir a ser reintegrados no seu posto de trabalho caso o despedimento venha a ser considerado ilícito e devido a ineficiências nos procedimentos legais, dizem as recomendações específicas.

  • “Assegurar a ativação dos desempregados de longa duração.”

Mais de metade do desemprego é de longa duração e esta proporção não está a encolher com a recuperação económica, avisa Bruxelas. O desemprego jovem e de longa duração faz com que as pessoas percam gradualmente as suas competências, o que tem impactos negativos no crescimento potencial. A Comissão nota, porém, que o desemprego jovem está a cair, o que atribui a medidas anteriores como a Garantia Jovem que poderão ajudar a explicar porque é que o nível de jovens que não estudam nem trabalham fica abaixo da média europeia.

  • “Em colaboração com os parceiros sociais, assegurar que os desenvolvimentos no salário mínimo não penalizam os trabalhadores menos qualificados.”

A subida do salário mínimo contribui para reduzir a pobreza de trabalhadores e tem um impacto positivo na procura, mas, por outro lado, também comporta riscos para o emprego, sobretudo quando estão em causa pessoas com qualificações baixas, avisa Bruxelas. Estes riscos ainda não se materializaram num contexto de recuperação mas continuam a ser um desafio, diz ainda.

3 – Acelerar os esforços no sistema bancário

A Comissão pede ao Governo que ponha o pé no acelerador para limpar os balanços das instituições financeiras, através de uma estratégia global para o problema do malparado. Bruxelas nota que a percentagem das PME portuguesas que não conseguiram aceder ao montante total de crédito que procuraram em 2016 aumentou para 42%, enquanto a média da Europa dá conta de um desagravamento deste constrangimento.

Neste campo, as recomendações são:

  • Promover o desenvolvimento do mercado secundário para a venda de ativos tóxicos por parte dos bancos;
  • Melhorar o acesso a capital, nomeadamente para as start-ups e as pequenas e médias empresas.

4 – Cortar custos administrativos

A Comissão quer ver um guião para reduzir os custos administrativos e as barreiras regulatórias até ao final de 2017. Quer também que a eficiência dos procedimentos de insolvência e de cobrança de impostos seja melhorada.

“Há barreiras regulatórias e administrativas no acesso à prestação de serviços em vários setores”, avisa a Comissão Europeia. Os comissários reconhecem que foram feitas reformas para tentar resolver estes constrangimentos, incluindo as questões relacionadas com as profissões reguladas, mas nota que esses esforços “ou foram interrompidos, ou revertidos.” E, por isso, estas são limitações à concorrência que prejudicam a economia.

No âmbito da Administração Pública, Bruxelas reconhece que o Simplex+ é “bastante ambicioso”, mas, mais uma vez, pede rapidez.

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O que pensam os CFO? Empresas querem contratar

  • Rita Atalaia
  • 22 Maio 2017

Um estudo da Deloitte mostra que os administradores financeiros estão mais otimistas para a economia nacional. Um clima positivo que leva as empresas a quererem contratar mais no próximo ano.

Os administradores financeiros das empresas portuguesas estão mais otimistas. Apesar de manterem a cautela devido à elevada incerteza financeira, os Chief Financial Officers (CFO) estão a ser contagiados pela recuperação económica do país. É neste clima positivo que admitem contratar mais funcionários já no próximo ano.

“O maior otimismo deve-se à recuperação do crescimento económico a nível nacional, a um défice fiscal mais reduzido, à perceção de uma maior estabilidade política e à capacidade de o país se continuar a financiar externamente”, refere Nelson Fontainhas, partner da Deloitte, de acordo com um estudo da auditora.

“O Banco de Portugal reviu em alta o crescimento económico para 2017, de 1,4% para 1,8%, esperando que o crescimento a longo prazo seja guiado pelo forte aumento das exportações e pela maior procura interna”, nota Nelson Fontainhas. Isto numa altura em que o défice está em queda: Portugal vai sair do Procedimento por Défices Excessivos.

Um otimismo que é limitado pela cautela em torno da incerteza financeira. Segundo o inquérito, “perto de 50% dos CFOs em Portugal consideram que os seus negócios enfrentam um elevado nível de incerteza financeira e económica externa”, quando há seis meses era de 68%. Esta queda considerável “significa que os CFO sentem que a incerteza externa está a baixar”. Mas estas dúvidas não impedem os gestores de quererem contratar mais funcionários.

Mais otimismo, mais contratações

A Deloitte afirma que os administradores mudaram a sua expectativa em torno da contratação de trabalhadores. “O saldo entre os CFOs que esperam que as suas empresas aumentem o número de trabalhadores e aqueles que esperam uma redução passou de -8% no terceiro trimestre de 2016 para +17% no primeiro trimestre de 2017”, mostra o estudo.

O mesmo verificou-se na Europa. Na região, 34% dos inquiridos dizem que a sua empresa provavelmente aumentará o número de trabalhadores no próximo ano. Segundo a auditora, “uma vez mais, o Reino Unido tem a menor proporção de CFOs otimistas, enquanto os CFOs irlandeses continuam a ser os mais otimistas”. A culpa? O Brexit.

Porquê tanto otimismo cá dentro?

  • Mais crescimento económico: 52% dos inquiridos antecipam agora um contexto económico positivo no próximo ano. Isto depois de a economia ter crescido 2,8% no primeiro trimestre do ano. Foi o melhor registo desde o quarto trimestre de 2007 e superou todas as estimativas;
  • Mais receitas: os CFO das empresas em Portugal permanecem otimistas em relação às receitas das suas empresas, com 69% dos inquiridos a preverem que estas cresçam nos próximos 12 meses. Há seis meses, a percentagem era de 55%. É, por isso, diz a Deloitte, um “crescimento expressivo”;
  • Mais investimento: cerca de 53% dos administradores financeiros planeiam aumentar os investimentos, um crescimento em relação aos 43% no terceiro trimestre do ano passado. “É interessante destacar que apesar dos CFOs em Portugal demonstrarem um dos mais baixos apetites pelo risco, revelam estarem mais predisposto a aumentar o capex [investimento]. Esta percentagem está acima da média europeia (40%) e da Zona Euro”, acrescenta Nelson Fontainhas, da Deloitte.

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Women2Women. Embaixada norte-americana leva duas jovens portuguesas aos EUA

A Embaixada vai levar duas jovens à conferência Women2Women, destinada a ensinar competências de liderança. O evento decorre em Boston, no verão.

A Embaixada norte-americana em Portugal abriu as candidaturas para um intercâmbio nos Estados Unidos. Há duas vagas para levar jovens a participarem na conferência Women2Women, que terá lugar em Boston, este verão.

O Women2Women, que decorre entre 23 de julho e 1 de agosto, destina-se a raparigas entre os 14 e os 19 anos e procura ensinar-lhes competências de liderança e, ao mesmo tempo, desafiá-las a “desenvolver e implementar um plano de ação colaborativo e cívico nas suas comunidades”.

Este ano, a conferência vai discutir o tema “Reclama o teu lugar na mesa”. “Terás a oportunidade de aprender sobre a atual situação de mulheres e raparigas em todo o mundo, bem como sobre o progresso social e económico que é possível quando elas têm oportunidade de participar plenamente em todos os aspetos da sociedade”, pode ler-se na página do programa.

A conferência inclui atividades de team building, seminários, atividades culturais e workshops com várias personalidades do Governo, media, ciência, tecnologia e organizações não governamentais.

Para se candidatarem, as jovens têm de ter cidadania portuguesa, viver em Portugal e ter entre 14 e 19 anos de idade. Terão ainda de dominar a língua inglesa e demonstrar “compromisso para com a comunidade”, entre outros requisitos, que podem ser consultados na página da Embaixada norte-americana.

Todos os custos das participantes selecionadas ficam a cargo da Embaixada. A candidatura é feita através do preenchimento de um formulário, que terá de ser enviado à Embaixada.

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António Ramalho: Novo Banco está numa “maratona de recuperação”

  • Lusa
  • 22 Maio 2017

O presidente do Novo Banco está satisfeito com os resultados do banco para o primeiro trimestre. António Ramalho diz que o banco de transição está numa "maratona de recuperação".

O presidente do Novo Banco, António Ramalho, realçou hoje a melhoria dos resultados da entidade no primeiro trimestre, com o prejuízo a baixar quase para metade em termos homólogos, considerando que demonstra o esforço de recuperação da entidade financeira.

“É uma descida do prejuízo de mais de 47%, isto é, quase para metade, e esta melhoria faz parte da maratona de recuperação que estamos a realizar”, assinalou à Lusa o gestor, no dia em que o Novo Banco revelou que teve um resultado líquido negativo de 131 milhões de euros entre janeiro e março, contra o prejuízo de 249 milhões de euros em igual período de 2016.

António Ramalho apontou também para a “normalização” da atividade do Novo Banco ao nível dos depósitos e do crédito, bem como para a redução “de dois dígitos” dos custos operacionais no primeiro trimestre.

Os custos operacionais baixaram 12,9% entre março de 2016 e março de 2017 para 135,2 milhões de euros, confirmando a tendência de redução que se vem verificando desde a criação do Novo Banco.

Questionado sobre a significativa redução das provisões, que foram de 137,4 milhões de euros nos primeiros meses do ano, menos 60,5% do que em igual período do ano passado, António Ramalho mostrou-se satisfeito com esta evolução. “É normal que os níveis de imparidade se vão reduzindo”, considerou, antecipando uma manutenção desta tendência nos próximos trimestres.

O líder do banco de transição resultante da intervenção das autoridades no antigo Banco Espírito Santo (BES), no verão de 2014, realçou ainda os resultados positivos obtidos na atividade core do banco, sublinhando que estes estão a crescer continuamente desde a passagem do segundo para o terceiro trimestre de 2016.

Sobre a sua expectativa acerca dos resultados para o exercício deste ano, António Ramalho vincou que “as contas de 2017 ainda vão ser marcadas pela venda do banco”, que está em curso depois de ter sido alcançado um acordo com a norte-americana Lone Star. “É o ano de transição. A normalização da atividade é importante para assegurar a transição acionista”, afirmou o responsável, sem querer comentar o processo de venda existente.

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O futuro campus da Nova SBE já está em construção. Veja as imagens

Com mais de 10.000 metros quadrados e 30 espaços de ensino, o espaço do Santander no novo campus da Nova SBE em Carcavelos já está em construção. Veja a fotogaleria.

As obras de construção do futuro campus da Nova SBE, em Carcavelos, já estão em andamento, num projeto desenvolvido no âmbito de uma parceria entre a Universidade, o Santander Totta e outros parceiros institucionais. As duas partes visitaram esta segunda-feira os trabalhos de construção, onde o banco dará nome a uma ala destinada ao estudo, ao ensino e à investigação, com 10.000 m2 e mais de 30 espaços de ensino.

A visita surgiu por ocasião da assinatura de um protocolo entre ambas as instituições, onde “alunos, docentes e investigadores poderão aceder aos programas de bolsas de mobilidade internacional”, promovidas por aquela instituição bancária. Veja a fotogaleria:

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CX-5: Quando menos se transforma em mais (tudo)

O CX-5 renasceu. Continua a ser um SUV, mas é toda uma nova linguagem no desenho. Linhas mais simples, tanto por fora como no interior que foi completamente revisto a pensar no condutor.

Há cinco anos foi lançado o primeiro, agora está prestes a chegar o novo CX-5. O conceito é o mesmo, mas é um SUV completamente diferente do seu antecessor. Mais sóbrio, mais simples, mas também esteticamente mais apelativo para um público que tem muita oferta. O estilo exterior, mas também no interior, bem como as prestações são argumentos que distinguem a Mazda, mas o 2.2 a diesel pode não ser para todos os bolsos.

A concorrência é grande, não estivéssemos a falar do segmento mais badalado, o dos SUV. Representa um quinto das vendas totais das marcas, e vai continuar a aumentar de peso. Daí que ninguém queira ficar para trás. E a Mazda, que conta com os SUV para metade das vendas totais, sabia que precisava de uma nova abordagem. Depois do CX-3, foi a vez do CX-5, o SUV médio, renascer. O Kodo design entrou numa nova fase, garantindo ao mesmo tempo sobriedade com distinção em linhas simples.

A dianteira merece especial destaque pela grelha de grandes dimensões, mas também pelo friso que une os faróis (agora mais esguios) a apresentar um efeito 3D. Mas o creme de la creme é mesmo o capô. Termina pairando sobre a dianteira depois de um longo caminho até ao para-brisas. O capô esta mais comprido, e é a curvatura que faz que marca a linha de cintura lateral até à traseira. Em conjunto com um tejadilho que rebaixa na parte traseira, bem como a base direita, cria-se um volume de grandes proporções, mas que lhe confere um look bem mais apelativo que o antecessor.

Esta lógica de retirar para melhorar foi aplicada também no interior, com todo o desenho do tablier a ser pensado para o condutor. Fica tudo no raio de ação de quem está ao volante, sendo que a marca procurou permitir que o foco esteja sempre na estrada. Daí que o CX-5 estreie um head up display de grandes dimensões projetado no para-brisas (ao contrário do pequeno plástico transparente que já existe noutros modelos da Mazda). No entanto, se quiser ajustar a climatização, poderá ter de baixar o olhar já que os controlos caíram para a frente do comando da caixa de velocidades.

Pronto para as curvas…

Com o CX-5 estamos a falar de um SUV médio. Ainda que a Mazda, tal como todas as outras marcas, tenha procurado emagrecer o novo modelo, continua a ser um automóvel de peso — e que carrega 477 litros na mala, agora com abertura automática. É assim muito pesado? Não, se debaixo do capot estiver um 2.2 a gasóleo, contrariamente ao que acontece em muitas marcas da concorrência que recorrem a blocos mais pequenos também para evitarem a pesada fiscalidade em Portugal que tende a atirar os preços de simples SUV para níveis de carros de luxo noutros países.

A Mazda mantém-se fiel ao motor de 150 cv a gasóleo, aquele que o ECO teve a oportunidade de experimentar na apresentação internacional do CX-5 que decorreu em Barcelona. É mais do que suficiente para puxar pelo novo SUV, correspondendo sempre à altura até nas estreitas e íngremes montanhas à volta da cidade catalá. E se o 2.2 de 150 cv convence — tanto que será a única motorização em comercialização no mercado nacional, havendo um novo 2.5 a gasolina, muito mais eficiente, só disponível por encomenda –, o de 175 cv é ainda mais interessante. Só com esta potência está disponível em tração integral.

… não para as portagens

O CX-5, agora apresentado, começa já a ser comercializado, mas não cá. Em Portugal, as primeiras unidades só vão começar a ser entregues aos clientes da marca já no final do verão, em setembro — ainda que possam ser feitas já as encomendas. Porquê tanto tempo de espera? É o crónico: as portagens. Tal como muitos outros fabricantes, também a Mazda está a padecer do “mal” dos automóveis com capôs mais elevados para cumprir as regras de segurança para peões. O problema é que para salvaguardar os peões, as marcas estão a ser atropeladas pelo sistema de portagens nacional. O CX-5 tem mais dois centímetros do que os 1,10 metros de altura ao eixo dianteiro. Tradução: é um classe 2. Paga mais.

Todas as marcas procuram formas de ultrapassar um sistema de classes arcaico como o nacional. E a Mazda não é diferente. Daí que tenha de ter conseguido a homologação do CX-5 para um peso bruto de 2.300 kg, um dos critérios que lhe permitirá pagar apenas classe 1 nas portagens desde que o novo modelo lançado com o Soul Red Crystal esteja equipado com Via Verde. Mas para isso, atrasou-se a entrada no mercado nacional onde deverá estar disponível com preços a partir de 33.285 euros no caso do 2.2 de 150 cv, na versão Essence. O Excellence, o mais vendido, tem um preço de 40.378 euros. O 2.2 de 175 cv arranca nos 46.421 euros, mas o preço sobe com a caixa automática só disponível na versão com mais equipamento.

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Saída do PDE afunda juros. Entusiasmo não chega à bolsa

No dia em que Portugal saiu do PDE, os juros da dívida portuguesa a dez anos caíram até 3,15%, enquanto o prémio de risco recuou para mínimos. Na bolsa, os ganhos foram muito ligeiros.

Os olhos estiveram postos no mercado das obrigações esta segunda-feira. Com a notícia da saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos (PDE), os juros da dívida portuguesa recuaram a todos os prazos e, a dez anos, caíram até 3,15%. Já o prémio de risco recuou para mínimos de mais de um ano. Mas o frenesim não chegou à bolsa, numa sessão em que a maioria dos pesos pesados registou perdas, exceto a EDP, que somou 1,65% para 3,15 euros.

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Alemanha vai ter uma gigafábrica, mas não é da Tesla

Existem outras empresas para além da Tesla com planos para construir grandes fábricas de baterias na Europa. A dona da Mercedes vai ter uma perto de Berlim, num investimento de 500 milhões de euros.

A Tesla não é a única empresa com planos para construir gigafábricas na Europa. O Governo alemão anunciou esta segunda-feira um investimento de 500 milhões de euros numa fábrica a 130 quilómetros de Berlim, que irá produzir baterias de iões de lítio para a Daimler, a empresa que detém a Mercedes e a Maybach, de acordo com a Bloomberg.

As baterias de iões de lítio são amplamente usadas nos dias de hoje, estando presentes nos smartphones, nos tablets e nos automóveis. São vistas como essenciais na transição para uma economia assente nas energias renováveis, onde o setor automóvel tem um papel de grande relevo.

Mas apesar de a Tesla ser vista como estando na vanguarda dessa transformação, outras fabricantes estão a seguir o mesmo caminho. Há planos para a construção de grandes fábricas de baterias na Suécia, na Hungria e na Polónia, juntando a Volkswagen e a Renault ao rol de fabricantes focadas na energia elétrica. Um analista da Bloomberg em Londres estima mesmo que, até 2030, o preço dos carros elétricos seja menor do que os carros movidos a combustível.

Face ao aumento da procura e da oferta de baterias, espera-se uma redução cada vez mais rápida dos preços. Prevê-se ainda que a capacidade global de armazenamento de energia duplique até 2021, segundo a mesma agência, alcançado nos próximos quatro anos os 278 gigawatt-hora, face aos 103 gigawatt-hora atuais. O peso da Europa nesse mercado também deverá duplicar no mesmo período.

Fora da Europa, a Tesla está a construir uma gigafábrica no Nevada, nos Estados Unidos. Com apenas um terço do empreendimento de cinco mil milhões de dólares concluído, está já a produzir baterias numa parceria com a Panasonic. Quando estiver completa, conseguirá corresponder com a capacidade de armazenamento de energia necessária ao meio milhão de automóveis que a empresa quer construir anualmente.

No entanto, a companhia estará prestes a fechar localizações para duas outras gigafábricas, o que deverá acontecer ainda este ano. É tido como provável que pelo menos uma seja escolhida para a Europa, numa altura em que a empresa e encontra a expandir operações no velho continente, incluindo para Portugal.

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“Banco de Portugal não alterou a sua política de provisões”

O Banco de Portugal divulgou esta segunda-feira o seu Relatório de Atividade e Contas relativo a 2016, tendo anunciado que entregou ao Estado mais de 500 milhões de euros em impostos e dividendos.

O Banco de Portugal constituiu menos 280 milhões de euros em provisões para riscos gerais em 2016, face a 2015. Isto permitiu ao banco central nacional entregar 527 milhões de euros ao Estado, superior ao valor estimado pelo Governo no Orçamento do Estado para 2017. Contudo, no seu Relatório de Atividades e Contas, o Banco de Portugal escreve que “não se verificou qualquer alteração à política de provisões”.

“O resultado apurado possibilitou uma distribuição de dividendos ao Estado de 352 milhões de euros (186 milhões em 2015)”, escreve o Banco de Portugal no comunicado sobre o Relatório de Atividade e Contas de 2016. “O valor total de dividendos e imposto sobre o rendimento referentes a 2016 ascende a 527 milhões de euros (277 milhões em 2015)”, explica o banco central nacional. As provisões para riscos gerais em 2016 fixaram-se nos 200 milhões de euros.

“O reforço da provisão para riscos gerais tem em consideração, entre outros fatores, as posições globais de riscos financeiros a médio prazo a que o Banco se encontra exposto, calculadas de acordo com as metodologias e instrumentos utilizados para medição dos riscos financeiros pelo Eurosistema“, justifica o Banco de Portugal no comunicado, reforçando a ideia de que “o Banco de Portugal não alterou nos últimos anos a sua política de provisões para riscos gerais”. “Verificarem-se sim alterações substanciais de riscos“, argumenta.

Esta declaração do banco central nacional contrasta com a que os socialistas defendem. A 10 de maio, o primeiro-ministro disse no Parlamento, referindo aos dividendos entregues ao Estado, que “o Banco de Portugal já antecipou essa mudança, pois já alterou a política de provisões e este ano vai distribuir mais dividendos ao Estado”. Também os autores do relatório sobre a sustentabilidade da dívida pública argumentavam que o BdP já tinha alterado a sua política de provisões no OE2017 e queriam ir mais longe nessa ambição.

O Banco de Portugal não alterou nos últimos anos a sua política de provisões para riscos gerais.

Banco de Portugal

Relatório de Atividades e Contas de 2016

No total, em 2015 e 2016, as provisões para riscos gerais atribuídas à dívida pública portuguesa, fruto do incremento do programa de compras de dívida (PSPP), adquirida com risco não partilhado (o que significa que os prejuízos têm de ser 100% suportados pelo BdP) está nos 680 milhões de euros. Este valor resulta dos 480 milhões de euros provisionados em 2015 e os 200 milhões de euros provisionados em 2016. Ao todo, as provisões para riscos gerais (incluindo outros programas de compra de dívida) em 2016 fixaram-se nos 4.247 milhões de euros.

O Banco de Portugal tem neste momento 21.357 milhões de euros em dívida pública portuguesa, fruto do PSPP, o programa de compra de ativos do setor público em mercados secundários. Face a 2015, houve um acréscimo de 11.253 milhões de euros de títulos da dívida pública de Portugal. Ao todo, os títulos de política monetária ascendem aos 32.254 milhões de euros.

No relatório de Atividades e Contas é possível ler que “a política de reforço das provisões com a natureza da Provisão para Riscos Gerais do Banco de Portugal tem sido seguida ao nível do Eurosistema, em linha com o substancial aumento dos riscos associados à necessidade de intervenção dos Bancos Centrais face aos desenvolvimentos ocorridos nas economias da área do euro desde o despoletar da crise financeira em 2008”. “Esta política de reforço de provisões é recomendada formalmente pelo Conselho do BCE“, acrescenta.

O Governo tinha inscrito no Orçamento do Estado para 2017 um valor de 450,2 milhões de euros de dividendos entregues pelo Banco de Portugal.

Os gastos administrativos do Banco de Portugal fixaram-se nos 183 milhões de euros, mais quatro milhões de euros face a 2015. Este aumento justifica-se pelo subida dos gastos com pessoal e a assessoria jurídica por causa das medidas de resolução do Banif e do BES. Contudo, o banco central nacional espera que essa assessoria jurídica tenha efeito, não considerando a hipótese de perder os processos judiciais em curso nos tribunais.

Ou seja, o Banco de Portugal não provisionou nenhum montante relativo a eventuais perdas que possa ter nas ações judiciais relativas à resolução do BES, Banif e outros processos em curso que podem, potencialmente, ser um risco de perdas financeiras.

No relatório de Atividades e Contas, o BdP escreve que “dado que as ações judiciais relacionadas com as medidas de resolução não têm antecedentes jurisprudenciais, tal facto impossibilita o uso do critério do precedente jurisprudencial na avaliação prudente do eventual risco jurídico e financeiro associado”.

No entanto, considerando a “legislação aplicável e a opinião fundamentada dos consultores legais internos e externos, é convicção do Conselho de Administração do Banco de Portugal que, face à informação disponível, o julgamento destas ações não venha a ter um desfecho desfavorável para o Banco de Portugal”. Assim, o BdP decidiu não constituir provisões relativas a ações judiciais.

O relatório do Banco de Portugal escreve também que “embora regularmente acompanhados pelo Conselho de Administração do Banco, importa referir que os processos de contraordenação e o acompanhamento de liquidações de instituições de crédito e sociedade financeiras em juízo não têm impacto direto nas demonstrações financeiras do Banco de Portugal uma vez que decorrem da sua atividade reguladora e de supervisão”.

(Atualizado pela última vez às 18h18)

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