Afinal, quanto vai custar a vitória de Portugal na Eurovisão?

30 milhões. É esta a média que tem sido investida pelos países que, nos últimos anos, organizaram o festival de música. Quanto ganham? Nunca tanto quanto gastam.

Salvador Sobral partiu para Kiev como favorito e não desiludiu. No dia 13 de maio de 2017, deu a Portugal a primeira vitória na Eurovisão, com a maior pontuação alguma vez arrecadada por um país no festival de música. Agora, o festival ruma ao país vencedor e resta fazer contas para organizar a edição de 2018.

Os irmãos Luísa e Salvador Sobral, no momento da vitória de Portugal no festival da Eurovisão.Sergey Dolzhenko / EPA

A maioria dos custos ficará a cargo da RTP, que ainda está a estudar o dossiê para a organização do festival e, por isso, não definiu o valor que terá de investir, até porque também ainda não foi escolhida a cidade que vai acolher a Eurovisão. Mas Gonçalo Reis, presidente da televisão pública, já fez saber que a próxima edição da Eurovisão vai ser feita “sem excessos”. Quão comedida poderá ser a festa?

Os números das últimas edições revelam gastos na ordem das dezenas de milhões. Recuperando as últimas seis edições, e segundo dados recolhidos por economistas do Royal Bank of Scotland (RBS), a Suécia foi não só o país que gastou menos, como o único que conseguiu arrecadar mais-valias do festival. Em 2016, o festival, que se realizou em Estocolmo, custou 14 milhões de euros; já os 38 mil turistas que visitaram a cidade sueca terão deixado 27 milhões de euros. Já em Malmo, em 2013, os custos foram de 20 milhões e os turistas gastaram 37,2 milhões.

No espetro oposto está o Azerbaijão. Quando a Eurovisão decorreu em Baku, a organização construiu um recinto de propósito para o evento e, ao todo, terá investido 56,5 milhões de euros, não se conhecendo valores para as receitas arrecadadas com os turistas.

Já na edição deste ano, não há ainda números oficiais, mas as estimativas apontam para que a organização tenha custado 30 milhões, enquanto as receitas turísticas terão ascendido a 20 milhões.

Feitas as contas, as últimas seis edições da Eurovisão custaram, em média, 32 milhões de euros ao país organizador. Se for este o valor investido pela RTP, vai pesar nas contas da estação pública. 32 milhões equivalem a 13,5% do montante que o Orçamento do Estado para 2017 reservou para a RTP, no valor de 235,8 milhões de euros.

Os gastos e ganhos dos países que organizaram a Eurovisão.Royal Bank of Scotland

Quanto ganha, então, o país organizador? Quase nunca tanto quanto gasta. Nos últimos anos, o festival levou ao país organizador uma média de 34 mil visitantes, que gastaram, em média, 25 milhões de euros. Ao mesmo tempo, o evento cria emprego. O RBS contabilizou os postos de trabalho a tempo inteiro que resultaram da organização do festival e nota que o país que mais gastou foi também o que criou mais emprego: em 2012, o Azerbaijão empregou 529 pessoas para organizar o festival.

Por outro lado, há alguns fatores que podem baixar a fatura. Desde logo, Portugal não deverá ter de construir um pavilhão de raiz para o evento, como aconteceu noutros países, já que, como lembra Gonçalo Reis, o país já tem “infraestruturas excelentes”.

Há ainda que contar com os patrocínios. “Têm chovido manifestações de interesse” por parte de “grandes marcas nacionais”, que já manifestaram disponibilidade para patrocinar o evento, adiantou o presidente da RTP. Este ano, o festival contou com patrocinadores como a Visa, a Jacobs ou a OSRAM.

Resta saber qual será a autarquia que ajudará a arcar com os custos. Lisboa está, para já, bem posicionada, depois de a própria organização do festival ter sugerido o Meo Arena para a realização do evento. O Porto, por seu lado, já se demarcou. Se for a cidade a pagar, Rui Moreira é claro: “dispenso”.

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Wall Street recupera apesar de polémicas com Trump

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 19 Maio 2017

Presidente norte-americano continua a marcar as páginas dos jornais mas as bolsas norte-americanas encerram a semana no verde.

Ainda que a semana tenha sido marcada por quebras pronunciadas, as bolsas norte-americanas parecem estabilizar apesar das polémicas que continuam a envolver o presidente Trump.

Depois de terem fechado no verde na sessão anterior, o S&P repetiu o feito, encerrando a ganhar 0,68% para 2.381,73 pontos. O industrial Dow Jones encerrou a valorizar 0,69% para os 20.804,84 pontos, e o Nasdaq avançou 0,47% para 6.083,7 pontos.

De acordo com a Reuters, das 452 empresas do S&P 500 que já divulgaram números, cerca de 75% tiveram resultados melhores do que o esperado. Dados positivos numa semana marcada pela polémica em torno do presidente Donald Trump, ligada a uma alegada tentativa de interferir com investigações do FBI.

Foram avançados novos detalhes noutra história, desta vez envolvendo a Rússia. De acordo com o New York Times, Trump disse aos russos que a demissão do diretor do FBI, James B. Comey, que classificou como “doido”, aliviou a pressão sobre si.

As bolsas norte-americanas também continuam a escapar ao caos político vivido no Brasil: o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, acusou formalmente o presidente brasileiro, Michel Temer, por indícios da prática de três crimes.

Já o petróleo avança mais de 2%, ultrapassando os 50 dólares, com a expectativa dos investidores de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) prolongue o corte de produção que iniciou em dezembro do ano passado, na tentativa de aumentar os preços da matéria-prima até ao final deste ano. Uma subida acentuada que ajudou os índices ao puxar pelas empresas do setor energético.

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Merkel e Schaeuble querem Weidmann à frente do BCE

  • ECO
  • 19 Maio 2017

Mandato de Mario Draghi só termina dentro de dois anos e meio e processo de seleção de um sucessor ainda não começou. Mas já origina nomes.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o seu ministro das Finanças esperam ver um alemão a substituir Mario Draghi quando este terminar o seu mandato à frente do Banco Central Europeu (BCE).

De acordo com a Bloomberg, que cita a revista Der Siegel, Angela Merkel e Wolfgang Schaeuble estão prontos para apoiar Jens Weidmann, presidente do Bundesbank, a assumir a posição. Isto depois de Holanda, França e Itália já terem tido a sua vez, adianta ainda. E Jens Weidmann aceitaria, a julgar pelo pré-lançamento de um artigo publicado sexta-feira.

O mandato de Draghi termina dentro de dois anos e meio, em outubro de 2019, e apesar de ainda nem sequer ter sido iniciado o processo de escolha de um sucessor, tudo indica que vai exigir uma intensa negociação política.

Draghi tem seguido uma política monetária altamente expansionista, com juros zero e um programa de compras de dívida alargado. Numa altura em que a inflação começa a dar sinais de subida, a Alemanha tem sido altamente crítica do rumo do BCE. Por várias vezes os responsáveis da maior economia da Europa têm pedido o fim dos estímulos.

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Bitcoin atinge novo máximo. Vai aos 2.000 dólares?

A moeda virtual subiu pela quinta sessão consecutiva. Chegou aos 1.961,70 dólares, um novo recorde.

A bitcoin está imparável. A moeda virtual, com a qual os hackers têm pedido resgates nos ataques de ransomware que têm feito, atingiu um novo máximo histórico, aproximando-se cada vez mais da fasquia dos 2.000 dólares.

Na plataforma BitStamp, a divisa chegou a ganhar um máximo de 4,2%, atingindo o valor mais elevado de sempre nos 1.961,70 dólares. Com esta nova valorização, já mais do que duplicou de valor só este ano. Basta uma subida de 1,95% para chegar aos 2.000 dólares.

A puxar pela cotação da moeda virtual tem estado o contexto de incerteza política a nível mundial com casos como o de Donald Trump nos EUA e Michel Temer no Brasil, que levam os investidores a procurarem ativos alternativos. Mas há também o crescente interesse de investidores na Ásia.

A forte subida da bitcoin para máximos históricos tem tornado a divisa também mais atrativa para os piratas informáticos. Na última semana, o ataque feito a nível global, que atingiu empresas portuguesas, infetou milhares de computadores, com os hackers a ameaçarem apagar o conteúdo no caso de não pagamento de resgates em bitcoins.

Dias depois do ataque, Francisco Rente, head of cybersecurity da DogNaedis, uma empresa de cibersegurança da Prosegur, revelou que “à volta de 35.000 euros já foram pagos em resgates”, isto de acordo com a monitorização das “wallets onde os atacantes estão a pedir o resgate”.

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Chegou o Malta Files: há portugueses entre os donos das 50 mil empresas registadas

  • ECO
  • 19 Maio 2017

Telefónica, Mapfre, BMW, Lufthansa, Puma ou BASF são algumas das empresas com morada em Malta, adianta o El Mundo. Expresso vai revelar o nome dos portugueses envolvidos.

Chegou a vez dos Malta Files. Uma fuga de informação obtida pela revista Der Spiegel que reúne mais de 150 mil ficheiros mostra que os não residentes conseguem pagar em Malta os impostos mais baixos da União Europeia (5%) e que há portugueses envolvidos, garante o Expresso, que publica no sábado mais informação sobre o assunto.

Os documentos foram analisados pelo consórcio EIC (European Investigative Collaborations), do qual o Expresso e outros jornais internacionais fazem parte. Os Malta Files nascem dos milhares de ficheiros de uma empresa de serviços corporativos em Malta, a Credence Corporate & Advisory Services, e de uma versão melhorada do registo comercial de Malta obtida pelo media online The Black Sea, adianta o semanário português.

O espanhol El Mundo também faz parte do consórcio, e já traz novidades esta sexta-feira: em Malta, uma dúzia de empresas podem usar a mesma morada, os contactos não têm de aparecer na lista telefónica e não há qualquer pessoa disponível no horário de trabalho.

O jornal adianta ainda que Telefónica, Mapfre, BMW, Lufthansa, Puma ou BASF são algumas das empresas com morada em Malta. Para conseguir um ‘Ltd.’ — responsabilidade legal limitada — são precisas apenas 24 horas e um depósito mínimo de 1.200 euros. Em setembro, o registo de empresas maltesas contavam mais de 50 mil sociedades.

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Temer acusado de corrupção e obstrução à justiça

  • Lusa
  • 19 Maio 2017

O presidente brasileiro foi acusado formalmente dos crimes de corrupção, obstrução à justiça e organização criminosa.

O Procurador-Geral da República do Brasil, Rodrigo Janot, acusou formalmente o presidente brasileiro por indícios da prática de três crimes. Michel Temer, mas também o senador afastado Aécio Neves, estão a ser acusados de corrupção passiva, obstrução à justiça e organização criminosa no âmbito das investigações de corrupção da Operação Lava Jato.

A acusação consta no documento que a Procuradoria Geral da República (PGR) dirigiu ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que está na origem na abertura do inquérito contra o chefe de Estado brasileiro.

Segundo Janot, Aécio Neves, em articulação com outros políticos, incluindo o Presidente, tentou impedir o avanço da operação Lava Jato sugerindo a escolha de delegados da polícia corruptos para a condução das investigações.

“Assim, vemos a possível prática do crime de obstrução da justiça”, destaca Rodrigo Janot, no documento enviado ao magistrado do STF, Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato.

O PGR também considera que Michel Temer cometeu os crimes de corrupção passiva e formação de organização criminosa.

O Presidente brasileiro foi envolvido diretamente num escândalo de corrupção causado por um acordo judicial firmado pelos irmãos e donos da produtora de carne brasileira JBS, Joesley Batista e Wesley Batista.

No seu acordo de colaboração com a Justiça, o empresário Joesley Batista entregou uma gravação secreta que compromete o chefe de Estado brasileiro.

O empresário também confessou que desde 2010 que subornava Michel Temer, segundo documentos divulgados hoje pelo STF.

O pedido de abertura de inquérito assinado pelo Procurador-Geral destaca que a gravação entregue pelo empresário mostra que Michel Temer deu “aval” para comprar o silêncio de Eduardo Cunha, ex-presidente da câmara baixa brasileira, atualmente a cumprir pena de prisão por corrupção.

Após a divulgação das gravações, Michel Temer anunciou quinta-feira, em comunicação pública, que não renunciava e alegou que as investigações do STF provarão que está inocente.

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Viaduto de Alcântara reabre totalmente na segunda-feira

  • Lusa
  • 19 Maio 2017

O viaduto rodoviário de Alcântara vai encerrar à circulação no sábado para a finalização das obras de reparação. Será aberto totalmente no arranque da próxima semana.

O viaduto rodoviário de Alcântara vai encerrar à circulação no sábado, para conclusão dos trabalhos de reparação, reabrindo ao tráfego na próxima segunda-feira, anunciou hoje a Câmara de Lisboa.

Uma nota do departamento de comunicação da autarquia informou hoje que “para a conclusão dos trabalhos em curso no viaduto de Alcântara, na sequência da vistoria geral” à infraestrutura, será encerrada a circulação no tabuleiro que liga Alcântara-Mar a Alcântara-Terra.

Além da intervenção em fase final no tabuleiro oposto, que liga Alcântara-Terra à zona portuária, “não haverá circulação automóvel em todo o viaduto durante o dia de sábado”, explicou a autarquia.

“As alternativas aconselhadas neste dia para chegar ou sair da zona das Docas são a CRIL [Circular Regional Interior de Lisboa] e os viadutos da Infante Santo e Pedrouços”, aconselhou a câmara.

A autarquia anunciou ainda que, após os trabalhos, os dois tabuleiros do viaduto reabrem na totalidade na segunda-feira, 22 de maio, “sem constrangimentos ou condicionamentos”, prevendo-se que os pórticos destinados a limitar a passagem de veículos pesados sobre a infraestrutura, a implantar nas entradas dos dois sentidos, “sejam colocados no início de junho”.

O desvio detetado num dos pilares do viaduto de Alcântara, que liga a Avenida de Ceuta às Docas, passando por cima das avenidas da Índia e Brasília, provocou a 22 de março passado condicionamentos de trânsito automóvel e ferroviário no local.

A Câmara de Lisboa apontou na altura como causa provável para o incidente uma “travagem de um veículo”, prevendo que após trabalhos complementares de manutenção a circulação seria retomada em meados de maio.

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Financiamento da Segurança Social: quais os caminhos?

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 19 Maio 2017

Entre os especialistas, há quem defenda que o caminho só pode passar por impostos, taxas ou contribuições. E também há quem entenda que antes de discutir o financiamento, é preciso analisar o sistema.

A Segurança Social deve entrar no vermelho em “meados da década de 2020”, alerta o relatório sobre a sustentabilidade do sistema previdencial. E o Governo já avisou que é preciso diversificar fontes de financiamento. O tema ganhou agora novo fôlego mas já foram apontados alguns caminhos. Por onde é possível ir?

“Impostos, taxas, contribuições”. Para o antigo secretário de Estado da Segurança Social Fernando Ribeiro Mendes, é esta a única resposta.

O ministro do Trabalho já deu algumas pistas para reflexão. Perante os deputados, Vieira da Silva voltou a admitir a “taxação dos lucros” no âmbito da diversificação das fontes de financiamento da Segurança Social, mas acrescentou que “isso não deve significar um aumento da taxação global sobre a economia”. Em 2016, o governante já indicava, citado pela Lusa, que os impostos sobre lucros poderiam ser vistos “não como um acréscimo mas como uma substituição potencial da taxa contributiva”. Mais recentemente, o governante voltou a admitir, em declarações à TSF, a criação de um imposto sobre os lucros das empresas para financiar a Segurança Social.

Em 2015, o relatório que serviu de base ao programa eleitoral do PS, elaborado por Mário Centeno e outros economistas, defendia ainda neste âmbito a consignação de parte da receita de IRC e um novo imposto sobre heranças de elevado valor.

Também o primeiro-ministro já esclareceu que a Segurança Social tem de encontrar novas formas de financiamento que “não dependam exclusivamente do trabalho”. E “a base de incidência pode variar”, nota Ribeiro Mendes. O antigo secretário de Estado do governo de António Guterres dá então o exemplo de uma medida experimentada em França e Itália: uma “contribuição social generalizada”. “Funciona como um imposto sobre todo o rendimento” quando estão em causa níveis mais elevados, ou seja, é “um adicional ao IRS, ao IRC, aos rendimentos de propriedade”, entre outros, explica. “Os franceses fizeram isso há muitos anos, tinham um problema de financiamento de saúde, usaram essa contribuição social e alargaram para toda a Segurança Social”, refere.

A preocupação com a sustentabilidade do sistema está plasmada no programa do Governo. “Estudar em Concertação Social o reforço do financiamento e a sustentabilidade da Segurança Social através da diversificação das suas fontes de financiamento”, diz o documento, sem especificar medidas.

O mesmo programa também aponta para o agravamento das contribuições no caso de empresas com “excesso de rotatividade dos seus quadros em consequência da excessiva precarização das relações laborais”, mas inclui esta medida no âmbito do combate à precariedade. Aliás, o Governo já admitiu que quer agravar os descontos das empresas com contratos a prazo, embora Vieira da Silva defenda que a medida prevista nesse sentido no Código Contributivo — que nunca chegou a ser regulamentada — tenha de ser reanalisada.

A medida que integra o Código Contributivo prevê um aumento, em três pontos percentuais, da taxa contributiva a cargo do empregador quando estão em causa contratos a prazo (excluindo situações específicas) e, em contrapartida, define uma descida dos descontos, em um ponto, no caso de contratos permanentes. Quando foi desenhada, em 2009, o Governo antecipava que esta iniciativa tivesse um impacto negativo de apenas dois milhões de euros, mas explicava que, na altura, o valor espelhava o aumento do desemprego no final de 2008 e as suas consequências na estrutura dos tipos de contrato.

Outro caminho, ainda que “complicado”, é “ir pelo IVA ou outro tipo de impostos que incidam sobre o consumo“, salienta Ribeiro Mendes. O problema é que isto “duplica quase a carga”, uma vez que o “consumidor final já paga as contribuições sociais das empresas que estão incorporadas no preço do produto”, diz.

Há mudanças prometidas no regime dos trabalhadores independentes e é de esperar que afetem as contribuições, embora não se saiba ainda qual o impacto das mudanças. O programa do Governo promete reavaliar o regime das entidades contratantes — aquelas que são responsáveis por 80% ou mais dos rendimentos de um trabalhador independente — “tendo em vista o reforço da justiça na repartição do esforço contributivo entre empregadores e trabalhadores independentes“. Atualmente, as entidades contratantes são sujeitas a uma taxa de 5% e, em regra, os trabalhadores independentes descontam 29,6% sobre o rendimento considerado relevante do ano anterior.

Também já se sabe que as atuais isenções à contratação vão igualmente mudar.

Ribeiro Mendes entende que é preciso pensar de facto na diversificação de fontes de financiamento da Segurança Social porque o sistema “é obviamente insustentável na base atual”. Isto “apesar de o Governo ter oscilado nessa matéria, mas agora o ministro Vieira da Silva veio repor a verdade”, adianta. A alternativa seria reduzir pensões ou avançar com um sistema de capitalização, que, acrescenta, não é viável neste momento.

Margarida Corrêa de Aguiar, secretária de Estado da Segurança Social no governo Durão Barroso, também entende que são necessárias novas fontes de financiamento — até pelos dados demográficos — mas avisa que não é possível “construir uma casa pelo telhado”. “Acho que é muito perigoso avançar para medidas avulsas de alargamento e diversificação de fontes de financiamento sem olhar para o interior do atual sistema e perceber quais são os problemas que tem”, diz.

Por seu turno, o professor Carlos Pereira da Silva afirma que a questão que se coloca não é de financiamento mas sim “estrutural”. E defende um regime de pensões como o sueco, em que o reformado recebe o que descontou, dando o exemplo: “uma pessoa contribuiu 43 anos a uma taxa de 8% sobre o salário, o patrão a mesma coisa; isso dá um capital que à idade de reforma é convertido numa pensão de acordo com a esperança média de vida”.

Já a professora Teresa Garcia entende que esta não é a altura certa para iniciar a discussão em torno do financiamento, até porque ainda há um outro tema relevante em aberto: as alterações ao regime de reformas antecipadas.

Mas a discussão não é nova. Em 2006, quando se discutia a reforma da Segurança Social — também com Vieira da Silva a liderar a pasta — ficou decidido que as prestações não contributivas (que dependem dos rendimentos das famílias e não das contribuições associadas ao trabalho) deviam ser totalmente financiadas pelo Orçamento do Estado.

Défice chega em breve

É o relatório sobre sustentabilidade financeira da Segurança Social, divulgado no relatório do Orçamento do Estado para 2017, que o diz: “os primeiros saldos negativos do sistema previdencial são esperados para meados da década de 2020, sendo crescentes até cerca de 2040 mas não se projetando valores superiores a 1% do PIB, reduzindo-se depois previsivelmente até 0,5% do PIB em 2060″. Em causa está, portanto, o regime previdencial, responsável pelo pagamento de prestações sociais relacionadas com as contribuições. De fora ficam apoios sociais ligados à capacidade económica das famílias.

Para evitar a falência do sistema e o recurso ao Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS), o Governo tem vindo a fazer, desde 2012, transferências extraordinárias para o sistema. Para 2017, estão projetados 430 milhões de euros, o valor mais baixo neste período.

Num cenário em que a Segurança Social entra no vermelho, o recurso ao FEFSS ganha relevância. Para reforçar este mecanismo, o Governo consignou as receitas obtidas com o novo Adicional ao IMI, em vigor desde este ano. Contando já com isto, o esgotamento do FEFSS “projeta-se para o início da década de 2040”, avança o relatório.

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Costa diz não competir em otimismo com Marcelo porque o Presidente “seria imbatível”

  • Lusa
  • 19 Maio 2017

Presidente da República admite um crescimento económico à volta de 3,2% e um défice de 1,4%. Primeiro-ministro não compete em matéria de otimismo, porque o chefe do Estado "seria imbatível".

O primeiro-ministro disse hoje não competir com o Presidente da República em matéria de otimismo, porque, “além do mais”, o chefe do Estado “seria imbatível”.

“Nós não competimos em otimismo, porque, além do mais, ele seria imbatível. O trabalho do Governo não são previsões, o trabalho do Governo é resultados”, afirmou António Costa.

O líder do executivo respondia aos jornalistas, em Lousada, em relação crescimento da economia portuguesa, a propósito das declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o Produto Interno Bruto (PIB) registado no primeiro trimestre de 2017.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou na quinta-feira que “é uma hipótese que não está afastada” Portugal conseguir este ano um crescimento económico à volta de 3,2% e um défice de 1,4%.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu estes números à conversa com deputados croatas, em Zagreb, a propósito da evolução da situação económica e financeira em Portugal, num momento de recolha de imagens, captado e divulgado pela RTP.

O primeiro ministro disse hoje que “a atividade do Governo não é fazer previsões”.

“Nós, quando elaboramos um orçamento, fazemos uma previsão. Procuramos ser muito conservadores nas previsões para não sermos apanhados por nenhuma surpresa. A nossa função é trabalhar para os resultados”, declarou.

Costa reafirmou que o seu executivo está “concentrado para o país continuar a crescer”.

“Temos que fazer as coisas bem feitas, continuar numa trajetória de uma boa consolidação das finanças públicas, não com corte cegos, mas cumprindo todos os compromissos que assumidos e tendo tido o melhor resultado orçamental de sempre”, assinalou.

Procuramos ser muito conservadores nas previsões para não sermos apanhados por nenhuma surpresa. A nossa função é trabalhar para os resultados.

António Costa

Primeiro-Ministro

O chefe do Governo defendeu que os indicadores alcançados no primeiro trimestre “são resultados concretos”.

“Nós temos um crescimento de 2,8, estamos a ter a maior queda do desemprego dos últimos anos, o rendimento das famílias está felizmente a aumentar, o investimento das empresas está a aumentar e isso são resultados, é para isso que o Governo trabalha”, concluiu.

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Número de subsídios de desemprego aumenta ligeiramente em abril

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 19 Maio 2017

O número de beneficiários aumentou em termos mensais, depois de quatro meses de quebra. Medida extraordinária de apoio aos desempregados atinge agora o valor mais elevado.

Depois de quatro meses consecutivos de descidas, o número de beneficiários de subsídio de desemprego aumentou ligeiramente em abril, face ao mês anterior. A Segurança Social pagou então 211.431 prestações, mais 1.146 (ou 0,5%) do que em março.

Em comparação homóloga, o número continua em queda — há já 42 meses — mas a redução de 12,7% agora sentida é a menos pronunciada desde o final do ano passado, de acordo com os dados atualizados esta sexta-feira pela Segurança Social.

Número de beneficiários de prestações de desemprego

Fonte: Segurança Social

 

Estes 211.431 beneficiários abrangem não só pessoas que recebem o subsídio de desemprego como também subsídios sociais, atribuídos a desempregados inseridos em agregados de rendimentos reduzidos que não descontaram tempo suficiente para aceder à prestação “principal” ou já esgotaram o seu tempo de atribuição.

Além disso, está também aqui incluída a medida extraordinária de apoio aos desempregados, que atingiu agora o valor mais alto. Na base de dados da Segurança Social, o primeiro registo surge em julho de 2016, com 73 beneficiários. Os dados mais recentes apontam agora para 3.265 subsídios, o valor mais alto desde então. Em causa está um apoio pago durante seis meses a pessoas inseridas em agregados de baixos rendimentos que esgotaram o subsídio social de desemprego há mais de 360 dias.

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PSI-20 fecha otimista em máximos do mês

  • Marta Santos Silva
  • 19 Maio 2017

A bolsa nacional recuperou após três sessões em queda mas não se recompôs totalmente, ficando a perder em relação à semana passada. A EDP e a Galp destacaram-se.

Após o “tremor de terra” provocado junto dos investidores pela instabilidade tanto nos Estados Unidos, com os escândalos sucessivos de Donald Trump, como no Brasil, onde o presidente Michel Temer poderá não o ser por muito mais tempo, a bolsa lisboeta conseguiu recuperar algum do seu otimismo. Fechou a última sessão da semana em alta. As energéticas foram as que mais ajudaram a puxar pelo índice nacional.

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Brexit: BCE está disposto a apoiar bancos que se reorganizem

  • Lusa
  • 19 Maio 2017

O vice-presidente do BCE advertiu que "provavelmente" os riscos vão aumentar após o Brexit. O Banco Central Europeu está preparado para ajudar os bancos a fazer transição.

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vítor Constâncio, assegurou esta sexta-feira que a instituição está disposta a apoiar tecnicamente entidades bancárias que decidam transferir-se ou reorganizar a sua atividade na Zona Euro após o ‘Brexit’.

“O BCE está preparado para apoiar tecnicamente uma transição fluida dos bancos que decidam transferir-se ou reorganizar as suas atividades na Zona Euro no contexto do ‘Brexit’ (saída britânica da União Europeia)”, afirmou Constâncio durante uma conferência realizada em Bruxelas.

O BCE está preparado para apoiar tecnicamente uma transição fluida dos bancos que decidam transferir-se ou reorganizar as suas atividades na Zona Euro no contexto do ‘Brexit’.

Vítor Constâncio

Vice-presidente do Banco Central Europeu

O vice-presidente do BCE advertiu que “provavelmente” os riscos vão aumentar após a saída britânica “quando as atividades das instituições financeiras podem ser relocalizadas em toda a União Europeia” e defendeu que se deve aproveitar a saída do mercado único do maior centro financeiro da Europa, em alusão a Londres, para desenvolver a União Bancária e a União dos Mercados de Capitais.

Constâncio também propôs que se estabeleça um mecanismo de proteção permanente para o Fundo Único de Resolução e considerou que isso “aumentaria a credibilidade do sistema para enfrentar crises sistémicas”.

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