Brexit: Costa diz que UE e Reino Unido devem ter “as melhores relações possíveis”

  • Lusa
  • 29 Abril 2017

Chefes de Estado e de Governo da União Europeia reúnem-se hoje numa cimeira, em Bruxelas, para adotar as orientações para as negociações com Londres em torno da saída do Reino Unido da UE.

O primeiro-ministro, António Costa, manifestou hoje, em Bruxelas, o desejo de que a União Europeia (UE) e o Reino Unido tenham “as melhores relações possíveis” após o ‘Brexit’.

“Espero que a primeira mensagem que possamos transmitir ao Reino Unido é que queremos no futuro ter as melhores relações possíveis e que decorram de uma forma muito amigável e possam de uma forma muito construtiva, dando prioridade àquilo que é essencial: os cidadãos”, disse Costa, em declarações à entrada para o Conselho Europeu.

Os chefes de Estado e de Governo da UE a 27 reúnem-se hoje numa cimeira, em Bruxelas, para adotar as orientações para as negociações com Londres em torno da saída do Reino Unido da UE, o chamado ‘Brexit’.

Com a presença do negociador-chefe da UE, Michel Barnier, a quem será posteriormente dado um mandato para conduzir as negociações em representação da UE, os líderes europeus, entre os quais o primeiro-ministro António Costa, vão aprovar hoje as posições e os princípios gerais para as negociações que se seguem com Londres, e que deverão ser concluídas no espaço de dois anos, até 2019.

Na carta-convite dirigida aos líderes europeus, na quinta-feira, o presidente do Conselho Europeu advertiu que o futuro das relações com o Reino Unido só deve ser discutido numa fase mais adiantada das negociações em torno do ‘Brexit’, uma vez acordados os termos da separação.

Antevendo aquele que é formalmente o primeiro Conselho Europeu a 27, para a adoção das diretrizes para as negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, Donald Tusk defende que é fundamental tratar do passado e acautelar os interesses dos cidadãos europeus antes de discutir o futuro.

Depois de os líderes dos 27 aprovarem hoje as linhas diretrizes para as negociações, será elaborado um mandato para Barnier, que deverá estar pronto até 22 de maio, mas as negociações só deverão arrancar depois das eleições no Reino Unido marcadas para 08 de junho.

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Diretor do BdP recomenda propostas que fez enquanto consultor

  • ECO
  • 29 Abril 2017

Banco de Portugal diz que não há conflito de interesses e indica que decisão estava tomada antes de Luís Costa Ferreira ter regressado ao supervisor.

O Banco de Portugal recomendou ao Haitong, numa carta enviada em março, que o antigo BES Investimento desenvolvesse medidas para implementar as recomendações da PricewaterhouseCoopers (PwC) relativas à avaliação do sistema de governo interno. E quem assina a carta? Luís Costa Ferreira, o responsável por essas mesmas recomendações em 2016.

A notícia é avançada hoje pelo Expresso [acesso pago], que cita o documento onde o Banco de Portugal (BdP) indica que o relatório da PwC identifica “insuficiências relevantes” sobretudo “ao nível da estrutura e organização interna, dos órgãos de administração e fiscalização” e que estas falhas “reforçam as preocupações já transmitidas ao grupo, através da carta do BdP datada de 18 de abril de 2016”.

A carta é assinada por Luís Costa Ferreira, atualmente diretor do departamento de supervisão prudencial do BdP que, em 2014, saiu para a PwC, tendo regressado ao supervisor em fevereiro deste ano sob polémica, indica o semanário. Enquanto liderou a área de serviços financeiros, risco e regulação da PwC, Luís Costa Ferreira foi o responsável pelo relatório agora recomendado pelo BdP.

Em resposta, o BdP argumenta que não há conflito de interesses nesta situação e esclarece que “o processo anual de supervisão (SREP) da instituição em causa foi desenvolvido pelo Departamento de Supervisão Bancária, apreciado e decidido pelo Conselho de Administração do Banco de Portugal em momento precedente à admissão do dr. Luís Costa Ferreira“. Portanto, de acordo com o BdP, Luís Costa Ferreira “não esteve envolvido no desenho de qualquer determinação ou recomendação”, limitando-se a assinar uma decisão do conselho de administração.

 

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Brexit: Tusk diz que proteção dos direitos dos cidadãos é a prioridade nas negociações

  • Lusa
  • 29 Abril 2017

Presidente do Conselho apontou que “a Comissão Europeia já preparou uma lista precisa e detalhada dos direitos dos cidadãos” que a UE exige ver protegidos.

O presidente do Conselho Europeu afirmou hoje, em Bruxelas, que a proteção dos direitos dos cidadãos deve ser “a prioridade número um” nas negociações entre a UE a 27 e o Reino Unido para a concretização do ‘Brexit’.

“Precisamos de garantias sólidas para todos os cidadãos e famílias que serão afetados pelo Brexit, em ambos os lados. Esta deve ser a prioridade número um para a União Europeia e para o Reino Unido”, declarou, à chegada à sede do Conselho Europeu, onde hoje os “Vinte e Sete” vão adotar as grandes linhas orientadoras da UE para as conversações com Londres.

O presidente do Conselho apontou que “a Comissão Europeia já preparou uma lista precisa e detalhada dos direitos dos cidadãos” que a UE exige ver protegidos.

Repetindo a ideia deixada na carta-convite endereçada aos 27 chefes de Estado e de Governo da UE para o Conselho Europeu de hoje em Bruxelas, Tusk defendeu que o futuro das relações entre a UE e o Reino Unido só deve ser abordado depois de acordados os termos do “divórcio”.

“Todos queremos uma relação futura próxima e forte com Reino Unido, não há qualquer dúvida sobre isso. Mas antes de discutirmos o futuro, temos que resolver o passado. Penso que esta é a única forma de seguir em frente”, argumentou.

O presidente do Conselho Europeu vincou a necessidade de a UE a 27 “permanecer unida” ao longo das negociações, que deverão estar concluídas até meados de 2019.

“Só assim poderemos concluir as negociações, o que significa que a nossa unidade é também do interesse do Reino Unido. E, para já, sinto forte apoio de todas as instituições da UE e de todos os 27 Estados-membros. Estou confiante de que tal não vai mudar”, concluiu.

Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia a 27 reúnem-se hoje numa cimeira, em Bruxelas, para adotar as orientações para as negociações com Londres em torno da saída do Reino Unido da UE, o chamado ‘Brexit’.

Com a presença do negociador-chefe da UE, Michel Barnier, a quem será posteriormente dado um mandato para conduzir as negociações em representação dos “Vinte e Sete”, os líderes europeus, entre os quais o primeiro-ministro, António Costa, vão aprovar hoje as posições e os princípios gerais da UE para as negociações que se seguem com Londres, e que deverão ser concluídas no espaço de dois anos, até 2019.

Havendo grande “sintonia” entre os 27 em torno das posições da UE para as negociações, como garantiu na quinta-feira a presidência semestral maltesa do bloco europeu, a cimeira de hoje antevê-se tranquila e deverá ser curta, tendo início agendado para as 12:30 locais (11:30 de Lisboa) e final previsto para cerca das 16:00.

Depois de os líderes dos “Vinte e Sete” aprovarem hoje as linhas diretrizes para as negociações, será elaborado um mandato para Barnier, que deverá estar pronto até 22 de maio, mas as negociações só deverão arrancar depois das eleições no Reino Unido marcadas para 08 de junho.

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Costa defende que reestruturação da dívida só poderá ser tratada no quadro europeu

  • Lusa
  • 29 Abril 2017

Para o Primeiro-Ministro, "nem merece comentários" a acusação feita pelo presidente do PSD de que o Governo quer "deitar a mão" às reservas de dinheiro do Banco de Portugal.

O primeiro-ministro disse ontem que o Governo vai analisar os contributos de PS e BE sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa, mas frisou que a reestruturação é assunto que só poderá ser tratado no quadro europeu.

O relatório do grupo de trabalho formado por Partido Socialista (PS) e Bloco de Esquerda (BE) sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa “é um trabalho muito sério, rigoroso, com contributos muito interessantes de reflexão”, disse António Costa aos jornalistas em Beja, durante uma visita à feira agropecuária Ovibeja.

Alguns contributos, como a antecipação dos pagamentos ao Fundo Monetário Internacional ou uma nova política em matéria de distribuição dos rendimentos do Bando de Portugal (BdP), “já estão, aliás, a ser executados” e “há outros” que o Governo vai “analisar, refletir sobre eles” e, “em função disso”, irá ver “qual é o encaminhamento que devem ter”.

No entanto, sublinhou, que para o Governo é “ponto claro” que a restruturação da dívida portuguesa “é um assunto que só no quadro europeu poderá ser alguma vez tratado e refletido”.

O relatório do grupo de trabalho apresenta uma proposta de reestruturação da dívida portuguesa em 31%, para 91,7% do Produto Interno Bruto (PIB), e pede ao Governo “cenários concretos” de reestruturação para serem utilizados em discussões europeias.

Questionado pelos jornalistas, António Costa disse que “nem merece comentários” a acusação feita hoje pelo presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, de que o Governo quer “deitar a mão” às reservas de dinheiro do BdP como “medida extraordinária” para “ajudar a compor os números do défice”.

Também durante uma visita à Ovibeja, Pedro Passos Coelho, em reação ao relatório do grupo de trabalho, disse que “há uma intenção clara do Governo de poder ir deitar a mão às reservas, ao dinheiro que está no BdP para, como medida extraordinária, ajudar a compor os números do défice”.

Confrontado com críticas do PSD sobre a relação do Governo com o Conselho de Finanças Públicas, António Costa disse que “não há nenhum problema grave” com aquele órgão.

“Tenho a certeza de que, brevemente, o presidente o Tribunal de Contas e o governador do BdP apresentarão nomes para comporem o Conselho de Finanças Públicas que mereçam a aprovação do Governo”, afirmou.

O primeiro-ministro lembrou que, segundo a lei, há entidades que têm a competência de propor e outras de nomear, mas “tem que haver um encontro de vontades” e mostrou-se “certo” de que “se tivesse havido um diálogo prévio à apresentação da proposta” para a composição do Conselho de Finanças Públicas, “porventura, teriam sido afinados desde logo critérios uniformes”.

António Costa disse que recebeu uma proposta e explicou que transmitiu “de uma forma discreta” que “não mereceria o apoio” do Governo, que “nada foi feito” e que “um belo dia” ouviu a presidente do Conselho de Finanças Públicas “dizer publicamente que o Governo não se pronunciava sobre a matéria”.

“Nessa altura senti que era necessário formalizar aquilo que, discretamente, já tinha transmitido aos proponentes”, disse.

O Conselho de Finanças Públicas “tem continuado a pronunciar-se com toda a regularidade” e as pessoas que “apreciam muito” o órgão e o trabalho que tem vindo a desenvolver “devem estar satisfeitos com a sua atual composição e não desejar a sua mudança”, rematou.

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Montepio convoca acionistas para assembleia-geral anual a 25 de maio

  • Lusa
  • 29 Abril 2017

Resultados do banco em 2016 são um dos pontos a abordar. Montepio Geral registou um prejuízo de 86,5 milhões de euros no ano passado, uma melhoria face ao prejuízo de 243 milhões em 2015.

O Montepio convocou os acionistas para uma assembleia geral anual em 25 de maio, para deliberar sobre os resultados do banco, que em 2016 reduziu o prejuízo para 86,5 milhões de euros.

Os acionistas vão deliberar sobre o relatório de gestão e as contas individuais e consolidadas relativos ao exercício de 2016 e a proposta de aplicação de resultados em base individual.

Além disso, vão proceder à apreciação geral da administração e fiscalização da Caixa Económica Montepio Geral e deliberar sobre a declaração do Comité de Remunerações relativa à política de remuneração dos membros dos órgãos de administração e de fiscalização.

A Caixa Económica Montepio Geral registou um prejuízo de 86,5 milhões de euros no ano passado, uma melhoria face ao prejuízo de 243 milhões de euros em 2015.

O banco tem vindo, nos últimos anos, a vender ativos e a emagrecer a estrutura (agências e trabalhadores) com o objetivo de melhorar a solidez da instituição e reduzir gastos.

Ainda em 2016, o banco reduziu o quadro de pessoal em 443 trabalhadores e encerrou 94 agências, tendo no final do ano 3.588 trabalhadores e 327 agências bancárias.

Mas na sexta-feira a Caixa Económica Montepio Geral veio garantir que não tem prevista a rescisão de contratos de trabalho, depois de ter cancelado o pedido de empresa em reestruturação, que implicava uma redução de mais de cem trabalhadores.

Até à assembleia-geral anual de 25 de maio do banco, ainda decorrerá uma assembleia-geral extraordinária, mas da Associação Mutualista Montepio Geral, em 09 de maio, para decidir sobre a passagem a sociedade anónima do banco Montepio, pertencente na totalidade à Associação Mutualista Montepio.

Esta alteração já foi aprovada pela assembleia-geral da Caixa Económica Montepio Geral, assim como os novos estatutos, e falta agora a ratificação dos associados da casa-mãe para concluir o processo.

Da Associação Mutualista Montepio são conhecidas, para já, apenas as contas individuais de 2016, com um lucro de 7,4 milhões de euros.

A associação e o banco mutualistas têm estado em foco, com uma sucessão de notícias negativas, como a constituição de António Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista, como arguido em processos-crime.

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Leonardo Da Vinci: um génio no Porto

São mais de 64 invenções de Leonardo Da Vinci que estão expostas na Alfândega do Porto. O ECO faz-lhe uma visita guiada pela mão da diretora da exposição, Paula Paz Dias.

A maior exposição sobre a vida e a obra de Leonardo da Vinci está patente na Alfândega do Porto. A mostra interativa e itinerante – passou pelas grandes capitais de todo o mundo- foi conceitualizada e desenvolvida por um núcleo de artistas italianas a partir dos famosos manuscritos de Leonardo Da Vinci.

Na Alfândega do Porto estão patentes 64 invenções – de áreas tão díspares como a pintura, a engenharia, física, arquitetura, música, entre outras que foram construídas usando detalhes precisos do espólio de Leonardo. Além dos modelos em exibição, que os visitantes podem experimentar, são disponibilizados materiais pedagógicos para todas as idades. A exposição está patente ao público até 31 de julho e tem como comissário o arquiteto Eduardo Souto Moura.

O ECO desafiou a diretora da exposição Paula Paz Dias para uma visita guiada ao longo dos dois mil metros quadrados da mostra.

Rui Moreira acompanhado pela diretora da exposição sobre Leonardo Da Vinci e pelo comissário da exposição, Souto Moura.

 

O Renascimento

Leonardo da Vinci que nasceu a 15 de abril de 1452, nascido em Itália, foi um polímata do Renascimento.

Paula Paz Dias diz que “a exposição começa com uma introdução para contextualizar o tempo de Leonardo, o Renascimento. A ideia é transmitir a ideia de que Leonardo seria um homem do seu tempo, embora estivesse muito à frente do seu tempo, nas artes, nas ciências, na arquitetura, na engenharia”.

“O homem no centro do universo é uma ideia que Leonardo tem muito presente, como o demonstra o “homem Vitruviano” com as suas proporções perfeitas”,refere.

Sobre o local escolhido para a exposição Paula Paz Dias adianta que “este edifício é datado do séc. XIX, mas estas furnas são completamente Renascentistas. Aliás, o arquiteto Souto Moura, assim que lhe mostrei o projeto da exposição disse-me: “isto foi feito para as furnas”. De fato acaba por funcionar muito bem aqui, pois tudo o que se vê aqui é funcional, o sistema de drenagem que impelia a água para o rio, impedindo as cheias. Ou seja, há uma grande simbiose entre as invenções de Leonardo e o edifício em si”.

"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”

Leonardo Da Vinci

O Voo

O sonho de voar foi perseguido por Leonardo Da Vinci de forma perseverante. Ao longo de mais de 20 anos estudou o tema englobando a dinâmica de fluidos, a anatomia humana, engenharia mecânica e anatomia dos pássaros. Com gosto pela experimentação e muita fantasia, inventou as mais diversas máquinas de voar.

Parafuso aéreo

 

Na exposição está patente um “parafuso aéreo” que mais não era do que um parafuso de viragem rápida, de base circular, pensado para a ocupação de quatro homens que tinham como função empurrar uma barra unida ao eixo central do mecanismo. Possuía asas que giravam e produziam uma força de elevação. Apesar de nunca ter chegado a levantar voo, esta máquina é considerada a antecessora do helicóptero moderno.

Paula Paz Dias diz que “é impressionante que, há 500 anos, tenham sido desenvolvidos tantos estudos de coisas com um aspeto tão atual. E é assim com esta antecessor do helicóptero e com o pará-quedas, do qual também temos o esboço. Leonardo acreditava que era possível saltar de qualquer altura e chegar ileso ao chão”.

Música

A exposição segue agora para o legado de Leonardo na música. O génio também era músico e deixou vários desenhos de instrumentos e efetuou melhorias em mais de trinta instrumentos populares.

Uma das obras expostas é o tambor mecânico. Durante os séculos XV e XVI os tambores eram usados sobretudo para tocar marchas militares e para entreter convidados da corte. O desenho de Leonardo incluía um tambor montado na retaguarda de uma carroça móvel. O tambor dispunha ainda de cinco martelos na lateral ligados a um sistema de engrenagem que faz com que os martelos batam no instrumento à medida que a carroça se movimenta.

A diretora da exposição recorda que “os instrumentos de Leonardo tinham mais do que uma utilização e o som deste tambor foi pensado para dar a sensação de que existiam vários tambores, e portanto se estivéssemos a falar de um exército dava a sensação de que este era maior, enganando assim as forças contrárias”.

Pintura

Uma réplica da Mona Lisa- a mais conhecida e enigmática obra de Leonardo Da Vinci

 

Não se sabe quando é que Leonardo Da Vinci começou a pintar, mas a notoriedade do seu talento artístico foi precocemente reconhecida, o que levou o seu pai a enviá-lo para Florença como aprendiz do pintor e escultor Verrochio. A Mona Lisa e a Última Ceia são os expoentes máximos do génio.

“O desenho em Leonardo não é meramente artístico, ele utilizava o desenho como uma forma de estudo”, adianta Paula Paz Dias que acrescenta: “a área da pintura é no fundo para dar um noção de toda a obra do artista, era impossível trazer a Mona Lisa”.

No livro publicado para a exposição “Leonardo Da Vinci- As invenções do génio” pode ler-se que “Leonardo desenvolve a pintura como uma ciência, aplicando os vastos estudos de anatomia e cinética, botânica e zoologia, e até geologia e meteorologia, na procura da perfeição, para o que também aprofundou os estudos sobre o comportamento das luzes e das sombras sobre os corpos geométricos”.

Engenharia civil e arquitetura

Nesta parte da exposição temos exposta a “Cidade Ideal”. E como surgiu a ideia desta “invenção” de Leonardo? A observação mais uma vez esteve presente. Leonardo Da Vinci estava em Milão quando deflagrou, em 1480, uma forte epidemia, devido às más condições sanitárias da cidade.

Paulo Paz Dias diz que “esta maquete que temos aqui é uma cidade interativa, aliás nunca a vi na mesma posição, as pessoas vêm e a cidade muda constantemente”.

Da Vinci idealizou a reconstrução da cidade, tendo por base uma divisão em dois níveis. No primeiro ficariam as casas dos senhores e a circulação dos peões, no piso inferior ficariam as lojas e a circulação de veículos. A “sua cidade” incluía ainda no piso inferior os esgotos. A ideia não teve contudo a aprovação do Duque de Milão.

“Com uma visão muito à frente, Leonardo propunha estradas retilíneas e largas. É incrível a modernidade do homem”, adianta a diretora da exposição.

Aliás, é conhecida uma frase de Leonardo Da Vinci em que adianta que “a largura das ruas tem que corresponder à altura geral das casas”.

Anatomia

Leonardo Da Vinci entendia o corpo humano como uma máquina. Dotado de excecionais poderes de observação a sua abordagem ao conhecimento científico era essencialmente empírica. Para isso praticava a dissecação de cadáveres, o que na altura era uma atividade ilícita. Foi nesses seus estudos, sobretudo a um cadáver centenário, que foi feita a primeira discrição da arteriosclerose. Os seus desenhos anatómicos permaneceram sem rival até ao séc. XVIII.

Paula Paz Dias diz que “havia aqui muitos conceitos que eram completamente medievais como por exemplo o da lágrima esta ligado diretamente ao coração, centro de todos os sentimentos”. E acrescenta: “outro aspeto interessante é que apesar de fazer estas experiências dissecando cadáveres tinha um respeito enorme pela natureza e pelos animais, aliás conta-se que seria essa a razão do seu vegetarianismo.

Física

Segundo a publicação da exposição, “a descoberta dos Códices Madrid em 1967 contribuiu para aumentar o reportório tecnológico leonardino, com a revelação dos elementos mecânicos que desempenham funções primárias, como alavanca, rodas, engrenagens e outras”.

Exposto está um “martelo com anel excêntrico”. Este martelo foi projetado para regular e aumentar a precisão de cada martelada.

Outra das invenções de Leonardo é o escafandro. O génio idealizou um fato de mergulho em couro, que consistia num casaco, calças de bombardeiro e uma máscara com óculos. Além disso, o fato estava equipado com um sistema formado por tubos de cana, colocado na área do nariz para dar ar ao mergulhador.

Engenharia militar

Conselheiro do Duque de Milão muita das “invenções” de Leonardo Da Vinci tem como finalidade a guerra. Desenhou uma panóplia de armas de todos os géneros, fortificações, sistemas de defesa complexos pontes desmontáveis e muito mais. Um dos projetos consistia numa carruagem de foices. Inspirado nos carros de combate romanos, adicionou quatro foices longas e rotativas em cada um dos lados. O único senão é que os cavalos podiam perder o controlo e “ceifar” o próprio exército.

Parte lúdica

As crianças, a quem a exposição também se destinam não são esquecidas, havendo um espaço dedicados às pinturas e onde segundo a diretora “têm sido desenhadas várias Mona Lisas, algumas muito engraçadas”.

 

 

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Nos termos do divórcio, quais as prioridades dos 27?

  • Marta Santos Silva
  • 29 Abril 2017

Não se afigura uma separação fácil, e o Conselho Europeu deste sábado vai servir para os países do bloco coordenarem discursos e trocarem preocupações. Conheça as quatro prioridades negociais da UE.

Este sábado, os líderes europeus com intenções de permanecer na UE encontram-se para afinar estratégias e acordar prioridades para o Brexit. O contexto é de incerteza, é verdade. As eleições francesas estão entre uma confusa primeira volta e uma incerta segunda, e Theresa May convocou outro ato eleitoral no Reino Unido para procurar maior legitimidade para o seu papel enquanto primeira-ministra, que só se decide a 8 de junho. Ainda este ano, Angela Merkel pode deixar de liderar a Alemanha. Mas, seja como for, é preciso decidir algumas prioridades — e muitas delas parecem já estar a ganhar forma, em especial do lado europeu.

brexit

O Conselho Europeu de hoje, que junta os líderes dos 27 para discutir e delinear o plano do que vem a seguir e criar um mandato que legitime a posição do negociador europeu — Michel Barnier — junto dos britânicos, parte já de documentos que Donald Tusk, o presidente do órgão, e a Comissão Europeia têm vindo a desenvolver. E algumas das posições, seja porque os documentos viram a luz do dia, seja porque os próprios líderes europeus as exprimiram publicamente, já são conhecidas. Quais, então, as prioridades da Europa?

Os direitos dos cidadãos

Foi o que António Costa começou por destacar no Parlamento depois do debate quinzenal desta quarta-feira, foi o que todos os partidos pediram, e parece ser também o que as assembleias pela Europa fora estão a pedir: garantias para os cidadãos europeus que vivem, estudam, trabalham ou fizeram família no Reino Unido.

Num documento preliminar da Comissão Europeia que foi obtido pelo site noticioso europeu Politico, lê-se: “O acordo de saída deverá fornecer garantias abrangentes, eficazes, aplicáveis e não-discriminatórias para estes cidadãos”.

Desde o referendo do Brexit que muitos cidadãos europeus no Reino Unido decidiram procurar conseguir autorizações de residência permanente no Reino Unido para não correrem o risco de ter de sair do país no final das negociações. No entanto, como destacou num artigo de opinião no The Independent a eurodeputada neerlandesa Sophie in ‘t Veld, as regras criadas para conseguir este estatuto envolvem o preenchimento “de um formulário de candidatura com 85 páginas, o que mostra que a União Europeia não tem o monopólio da burocracia”, e, mais ainda, “a informação é contraditória e os critérios são quase impossíveis de alcançar”.

Uma solução para estes cidadãos é prioritária para os governos dos 27, mas deverá também ser um ponto de negociação importante para o Reino Unido, cujos expatriados vivem em todos os países da União Europeia. O Financial Times propõe mesmo que Theresa May mostre “generosidade” concedendo passaportes britânicos a todos os estimados três milhões de europeus que vivem no Reino Unido, o que seria “administrativamente elegante” e deixaria ainda “os outros 27 membros da UE com um grande dilema sobre como se equipararem” a esta oferta.

Os problemas das fronteiras

Parte do Reino Unido é uma ilha, o que faz com que as questões de saída da União Europeia — e do seu espaço de livre circulação de pessoas, bens e serviços — possam parecer mais simples do que se um país completamente cercado por Estados-membros, como a República Checa, quisesse sair. No entanto, há duas fronteiras cruciais que têm de ser acertadas: Gibraltar e Espanha, e a Irlanda do Norte e a Irlanda.

Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, já apelou a que a União Europeia “procure evitar uma fronteira rígida entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte”, para proteger a paz. Líderes europeus que falaram ao The Guardian e ao Financial Times chegaram mesmo a mostrar abertura a que uma Irlanda do Norte unificada com a República Irlandesa pudesse ser automaticamente incluída na União Europeia — a maioria dos cidadãos da Irlanda do Norte votaram para permanecer na UE no referendo de junho do ano passado, e a atual fronteira permite que as pessoas e o comércio se movimentem sem problemas entre o norte e o sul da ilha.

Vai ser difícil encontrar uma resposta que concilie a necessidade de uma fronteira pouco rígida entre as duas Irlandas, como é desejado por ambos os lados, e a exigência britânica de fecho de fronteiras à imigração e ao movimento livre de pessoas. Uma só Irlanda unificada também não parece muito provável — uma sondagem, citada pela CNN e realizada pelo instituto IPSOS em setembro na Irlanda do Norte, não mostrava grande apoio por essa solução.

Quanto a Gibraltar, o pequeno enclave britânico na Península Ibérica, a situação não é menos delicada. Quando há poucas semanas um antigo líder do partido conservador britânico trouxe à baila a ideia de uma guerra entre Espanha e o Reino Unido — “Há 35 anos, outra primeira-ministra mulher enviou uma armada para o outro lado do mundo para defender a liberdade de outro pequeno grupo de britânicos contra outro país hispanófono, e estou certo de que a nossa atual primeira-ministra mostrará a mesma capacidade de defender o povo de Gibraltar” — o caso rapidamente se tornou mais dramático. O Conselho Europeu respondeu de forma perentória: Espanha vai ter de concordar com qualquer solução encontrada para Gibraltar entre os negociadores de Bruxelas e os britânicos.

Quem sai primeiro paga a conta

Este é considerado um dos pontos mais divisivos dos documentos preliminares que já são conhecidos, mas parece ser também um dos mais certos. A Comissão Europeia quer que o Reino Unido pague não só as obrigações financeiras que ainda tem para com a União Europeia, estimadas em perto de 60 mil milhões de euros, mas também os próprios custos do processo de saída.

Os custos podem incluir mesmo as deslocações dos negociadores para reuniões sobre os termos do Brexit. “O Reino Unido deve cobrir totalmente os custos associados ao processo de retirada, incluindo a relocalização de agências ou outras instituições da União”, lê-se no documento acedido pelo Politico. Agências essas, como a do Medicamento e a autoridade bancária, que vão sair de Londres, por muito que os líderes britânicos peçam o contrário.

O deputado britânico Ben Bradshaw, do partido Trabalhista, criticou duramente a exigência de retirar as agências europeias de Londres, a que chamou um “pontapé nos dentes dos contribuintes britânicos”. Para Bradshaw, “o Governo deveria estar a lutar com unhas e dentes para manter estes empregos no Reino Unido, e para evitar problemas regulatórios ao procurar manter o Reino Unido nas agências que ajudam o nosso país”.

Quando se discute o acordo comercial?

Mais um tema em que cada lado puxa ferozmente para o que mais lhe convém. Theresa May, na sua carta enviada às autoridades europeias em que acionou oficialmente o Artigo 50 para dar início ao processo de saída da União Europeia, mencionou quatro vezes em seis páginas que “a parceria futura” deveria ser negociada ao mesmo tempo que a saída da União Europeia. Mas a Comissão e o Conselho Europeu discordam — e não é pouco.

Os documentos divulgados mostram que os termos da saída do Reino Unido devem estar acordados e escritos a caneta antes que se comece a falar na estrutura de uma futura relação comercial, que se espera tomar a forma de algum tipo de acordo de comércio livre.

O presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker e a primeira-ministra britânica Theresa May.European Union, 2017

“O Reino Unido agora está do outro lado da mesa das negociações”, disse recentemente Donald Tusk num encontro em Malta. “Quando, e apenas quando tivermos conseguido progresso suficiente na saída é que poderemos discutir as linhas diretivas da nossa futura relação”, concluiu, acrescentando que “provavelmente em outubro — ou pelo menos é o que se espera” estivesse concluída a primeira fase de negociações. Por agora, tudo começa este sábado, com os líderes dos 27 e algumas posições que quase certamente não vão mudar.

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Carlos Costa fecha equipa do Banco de Portugal… por agora

O governador do Banco de Portugal já tem o 'ok' do Governo para completar a administração, mas Carlos Costa quer mais dois administradores em função de um novo modelo de supervisão financeira.

Carlos Costa já tem a administração completa, com a promoção de Elisa Ferreira e Máximo dos Santos a ‘vices’ do Banco de Portugal e a entrada de dois novos administradores. O governador do Banco de Portugal propôs esta quinta-feira ao Governo, formalmente, os quatro nomes e recebeu a resposta positiva no dia seguinte. Mas a história não acaba aqui: Carlos Costa fez saber ao Governo que se reserva o direito de propor mais dois administradores em função da nova arquitetura da supervisão financeira que vier a ser adotada e que está nas mãos do ministro Mário Centeno, apurou o ECO junto de fontes que conhecem o processo.

A história das propostas de Carlos Costa para a administração do Banco de Portugal e das recusas de nomes por parte de Mário Centeno já são conhecidas. O governador gostaria de ter promovido dois quadros internos — dois diretores de departamento –, mas o ministro das Finanças recusou a proposta, com base nos poderes que lhe estão conferidos na lei. O governador propõe, o ministro aceita. Ou não. Desta vez, apurou o ECO, houve trabalho de casa prévio à proposta, e envolveu diretamente o primeiro-ministro António Costa. Também são públicas as divergências pessoais entre Carlos Costa e Mário Centeno, o que explicará a forma como o processo se desenvolveu nos últimos meses.

Agora, com este acordo, o Banco de Portugal passa a ter, pela primeira vez, uma mulher na vice-presidência e, na administração, um terço é do género feminino. Além de Elisa Ferreira, entra Ana Paula Serra, da Faculdade de Economia da Universidade do Porto. E outros números? Um terço da administração são quadros da casa, isto é, Hélder Rosalino e Máximo dos Santos. A equipa, confidencia Carlos Costa aos mais próximos, é equilibrada. Laginha de Sousa é o sexto administrador. Mas não está completa se o modelo de supervisão vier a mudar, como já foi anunciado pelo ministro das Finanças, Mário Centeno.

O processo de discussão de um novo modelo de supervisão financeira em Portugal não é de hoje. Há cerca de um ano, o Ministério das Finanças pediu aos vários interessados contributos para uma mudança do sistema. À data, no final de março, Centeno pedia uma avaliação do atual modelo tripartido de supervisão financeira, mas não só. Também questionava os interessados sobre a avaliação que fazem do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros. E deixava três perguntas, das quais a mais importante era direta: Considerando as características do sistema financeiro português, qual o modelo de supervisão financeira que lhe parece mais adequado para Portugal?

O Banco de Portugal, sabe o ECO, respondeu na altura, no final de abril, com uma visão sobre o que deve ser o novo modelo de supervisão financeira. Já lá vamos. Depois dessa resposta, passaram meses até que o ministro, no Parlamento, anunciou uma visão para a nova arquitetura do sistema. Mário Centeno adiantou, no passado dia 9 de março, que Governo defende a criação de uma entidade com poderes de resolução bancária e macroprudenciais vinculativos, com a “missão de assegurar a troca vinculativa de informações e a coordenação da atuação das autoridades de supervisão”. ” “Será proposta uma entidade com a missão de assegurar a troca vinculativa de informações e a coordenação da atuação das autoridades de supervisão, substituindo o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros e o Conselho Nacional de Estabilidade Financeira”, disse o ministro das Finanças, num debate no Parlamento.

Nesse dia, Mário Centeno revelou que o Ministério das Finanças ainda estava a avaliar o relatório do Grupo de Trabalho liderado por Carlos Tavares — antigo presidente da CMVM –, responsável por avaliar o modelo atual de supervisão financeira e por propor a reforma. E, até agora, não há ainda uma informação oficial e completa sobre o modelo que o Governo vai propor. E o que propôs, então, Carlos Costa, antes destas afirmações do ministro? Um modelo diferente daquele que foi anunciado por Mário Centeno.

Para Carlos Costa, o único ponto de contacto direto com a proposta informal anunciada pelo ministro das Finanças é a transferência dos poderes de resolução bancária para outra entidade. Para garantir o que é hoje óbvio para todos, com base no que se passou no pós-resolução do BES em agosto de 2014. Há potenciais conflitos de interesse entre a autoridade de resolução e a função de supervisão bancária prudencial, sobretudo quando está em causa a venda de ativos ou de um banco de transição.

O governador reconhece a necessidade de reforçar o papel do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, mas numa lógica de melhoria de articulação e coordenação entre as várias entidades de supervisão, particularmente a CMVM e a entidade de supervisão dos seguros e fundos de pensões. Mas longe do modelo da entidade com poderes reforçados e a funcionar por cima dos atuais supervisores.

Já relativamente às funções macroprudenciais, Carlos Costa defende a sua manutenção na esfera do Banco de Portugal. E este será, porventura, o ponto mais sensível de divergência entre o governador e o ministro das Finanças. No documento de reflexão sobre as mudanças no sistema de supervisão financeira, Carlos Costa defende: “A atribuição desta competência aos bancos centrais, apesar de natural, não é obrigatória. Porém, existem uma variedade de motivos para atribuir ao banco central as responsabilidades de autoridade macroprudencial. Efetivamente, verifica-se um alinhamento de incentivos dos bancos centrais quanta a estes dois objetivos (estabilidade financeira e estabilidade de preços) porquanto a prossecução dos objetivos da política monetária beneficia de estabilidade financeira e esta última da estabilidade de preços, e ambos têm subjacente preocupações de médio e longo prazos”.

Sobram duas competências sobre as quais não há, pelo menos publicamente, divergências. Por um lado, a manutenção da supervisão microprudencial bancária, leia-se dos bancos, por parte do Banco de Portugal, exercida no quadro do Mecanismo Único de Supervisão, é menos polémica. Carlos Costa defende este modelo, e Mário Centeno não sugeriu, aqui, qualquer alteração. Como nota o Banco de Portugal, este modelo também replica o modelo de organização do próprio BCE, a autoridade de política monetária e que tem as funções de supervisão bancária. Por outro, a supervisão comportamental, que regula a comercialização de produtos financeiros, também merece uma reflexão de Carlos Costa. O governador reconhece a necessidade de clarificar as competências de cada supervisor em função dos produtos em causa, bancários ou seguradores.

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Economia coloca um travão a Wall Street

  • ECO
  • 28 Abril 2017

O modesto crescimento da economia no arranque da era Trump não surpreendeu e os mercados ressentiram-se.

A semana terminou com os principais índices norte-americanos a registarem descidas ligeiras, com os dados macroeconómicos a condicionarem o otimismo dos investidores.

A economia dos EUA registou no primeiro trimestre o ritmo de crescimento mais baixo dos últimos três anos. O Produto Interno Bruto cresceu 0,7% no arranque do ano, bem abaixo dos 1% que os analistas inquiridos pela Bloomberg antecipavam.

O consumo abrandou e a venda de automóveis encolheu, travando uma expansão mais acentuada da economia, um dado que pressionou o Dow Jones que fechou a semana com uma queda de 0,19% para os 20.940,51 pontos.

A mais penalizada das 30 que compõem o índice industrial foi a Intel que escorregou 4%, apesar de na quarta-feira ter anunciado que os lucros no primeiro trimestre deste ano dispararam 45%.

O tecnológico Nasdaq encerrou praticamente inalterado nos 6.047,61 pontos, enquanto o mais abrangente S&P 500 deslizou 0,19% para os 2.384,25 pontos.

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Comissão Europeia não comenta propostas sobre a dívida

A Comissão Europeia não tem comentários a fazer sobre as propostas para a sustentabilidade da dívida, mas o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira diz que redução de juro vai contra as regras.

Pedro Passos Coelho já reagiu, o Presidente da República também e até o PCP — que não fez parte do grupo de trabalho — deixou as suas críticas. Mas a Comissão Europeia, em resposta oficial por email ao ECO, diz que não comenta as conclusões do grupo de trabalho sobre a sustentabilidade da dívida pública portuguesa. Entre as propostas deixadas pelos autores do relatório está uma maior distribuição de dividendos por parte do Banco de Portugal, a redução da almofada financeira e a extensão por mais 45 anos dos prazos de pagamento da dívida a organismos europeus.

Esta última medida em particular necessitaria da concordância das instâncias europeias, através de uma negociação no quadro europeu. A proposta do grupo de trabalho é, não só prolongar os prazos de 15 para 60 anos, mas também reduzir a taxa de juro para 1%, uma descida de 1,4 pontos percentuais face ao que é agora cobrado. Esta é uma medidas da estratégia dos economistas para baixar a dívida pública de 130,7% do PIB para os 91,7%, o que também teria um impacto orçamental dado que a despesa com juros seria menor. Contudo, é preciso referir que a dívida detida pelos privados ficaria fora desta reestruturação.

Para já, a Comissão Europeia afirmou que não comenta o caso. Os líderes europeus estão a aguardar os resultados das eleições nas duas principais potências europeias, Alemanha (no final de 2017) e França (segundo volta a 7 de maio), para decidir o que vão fazer em relação ao problema das dívidas soberanas. Foi também essa a indicação que António Costa deu quando foi abordado sobre o tema. Também esta sexta-feira o secretário de Estado do Orçamento, João Leão, presente na conferência de imprensa, garantiu que o Governo se recusa a levantar a questão da reestruturação da dívida de forma unilateral, pelo que só irá ser concretizada se for discutida a nível europeu.

Fundo Europeu de Estabilidade Financeira diz não

Em resposta ao Jornal de Negócios, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) rejeita a proposta de reduzir a taxa de juro, referindo que tal implicaria custos para outros Estados-membros. O fundo de resgate da Zona Euro explica que “devido às condições oferecidas pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), Portugal beneficia de maturidades muito longas (20,8 anos de maturidade média ponderada) e uma taxa de juro muito baixa (atualmente 1,88%) em cerca de 26 mil milhões do empréstimo concedido pelo FEEF”.

Estas condições, segundo o FEEF, já “produzem poupanças significativas” (“0,4% do PIB em 2012, 0,6% em 2013, 0,7% em 2014 e 0,7% em 2015”) para Portugal e assim continuará. Maior redução dos custos para Portugal traduzir-se-ia em mais custos para outros Estados-membros da Zona Euro através de transferências orçamentais, “o que não seria possível no enquadramento legal do FEEF/MEE”, esclarece a instituição liderada por Klaus Regling. Elogiando a redução do défice em 2016, a opinião do FEEF é de que a sustentabilidade da dívida deve ser conseguida através de “uma redução contínua da dívida pública, necessidades de refinanciamento geríveis e políticas que estimulem o crescimento”.

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Irmão francês do 3008 está a chegar. É o C5 Aircross

Depois do primo, o Grandland X, da Opel, o 3008 conhece agora o seu irmão francês, o C5 Aircross. É o novo SUV da Citroën. Chega no próximo ano.

SUV, SUV, SUV… Todas as marcas têm um. E todas querem ter o que todos (os consumidores) querem ter. O segmento está a rubro com novidades de exposição em exposição. Desta vez é a Citroën que já deu a conhecer o C5 Aircross, um SUV compacto que procura diferenciar-se dos demais com um modelo que chegará ao mercado praticamente como foi mostrado pela primeira vez como concept car.

“Com este modelo diretamente inspirado no concept car Aircross, revelado há dois anos em Xangai, a Marca demonstra, de novo, a capacidade de afirmar a sua identidade única e de renovar conceitos, qualquer que seja o segmento: a Citroën apresenta, agora, uma verdadeira assinatura no universo dos SUV”, diz a marca francesa.

Com linhas musculadas, sustentadas pelo capot elevado, o C5 Aircross aposta numa identidade ousada para se diferenciar da crescente concorrência a que se assiste num segmento que representa cerca de um quarto das vendas de automóveis. A base é a do irmão francês, o Peugeot 3008, o mesmo modelo que foi utilizado pela Opel para criar o Grandland X. Tal como o Opel, o C5 Aircross também só chegará já em 2018.

“O novo C5 Aircross é um forte testemunho da dinâmica da Citroën, uma marca atenta às expectativas dos clientes em todo o mundo. O novo modelo concretiza a nossa ofensiva no mercado dos SUV e ilustra a nossa capacidade de investir, à nossa maneira, com mais personalidade, conforto e bem-estar a bordo. O novo C5 Aircross irá acompanhar, claramente, o crescimento da Citroën, nos nossos diferentes mercados”, diz Linda Jackson, diretora geral da Citroën.

E se esteticamente a fabricante francesa pretende mostrar que sabe fazer diferente, no habitáculo, a fórmula de sucesso continua a ser um interior que transmite tanto a sensação de proteção — proporcionada pelos mais recentes sistemas de ajuda à condução — como de conforto, sem esquecer o entretenimento a bordo.

“O espaço é amplo e luminoso graças ao teto de abrir panorâmico, aos bancos dianteiros com aquecimento e massagem e aos bancos traseiros acolhedores e que dão primazia ao espaço para as pernas, tudo isto num ambiente purificado, graças a um sistema de tratamento da qualidade do ar”, diz a marca. E estará equipado com um painel de instrumentos digital TFT de 12,3 polegadas e um ecrã tátil capacitivo de 8 HD.

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Governo dá aval a nova administração do Banco de Portugal

O executivo já aprovou os nomes propostos pelo governador do Banco de Portugal para assumir funções na nova administração do banco central. Elisa Ferreira e Máximo dos Santos passam a 'vices'.

Após muita resistência, o governo finalmente aceitou os nomes propostos para a nova administração do Banco de Portugal. O executivo liderado por António Costa avalizou, esta sexta-feira, a lista de nomes indicados pelo governador do Banco de Portugal para a administração do banco central, segundo revela o Expresso e confirmou o ECO.

Na lista constam dois quadros do Banco de Portugal, e dois nomes que vêm de fora. Elisa Ferreira e Luís Máximo, que já estavam no Banco de Portugal assumem as funções de vice-governadores. Por sua vez, Ana Paula Serra, professora de economia da universidade do Porto, e Luís Laginha de Sousa, ex-presidente da Euronext Lisbon, entram para o supervisor da banca, assumindo o cargo de administradores.

Esta aprovação dá como terminado um impasse que durou vários meses, depois de o governo ter chumbado uma administração inicialmente proposta por Carlos Costa, tendo o nome de Rui Carvalho sido um entrave. Em março, o governador do Banco de Portugal voltou a insistir na mesma lista, e novamente no nome de Rui Carvalho, e o resultado foi outra vez um chumbo.

(Notícia em atualização)

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