Bolsas europeias sem rumo. Petróleo ajuda PSI-20

As bolsas europeias divagam entre ganhos e perdas, numa sessão que de volatilidade. Portugal regista ganhos tímidos, suportado na Jerónimo Martins e na Galp Energia, em dia de valorização do petróleo.

A bolsa nacional abriu esta segunda-feira com pouco fôlego, mas em terreno positivo e contrariando as praças europeias. O PSI-20 regista ganhos próximos de 0,06%, apoiado nas valorizações da Jerónimo Martins e da Galp Energia, que abriram a subir, respetivamente, 0,53% e 0,49%.

A petrolífera portuguesa beneficia da escalada nos preços do petróleo, com o contrato de Brent a ganhar 0,66% para 51,76 dólares o barril. Em Nova Iorque, o crude valoriza já quase um ponto percentual.

É, sobretudo, uma abertura de grande volatilidade, com a bolsa a ser pressionada por derrapagens em cotadas de peso: o BCP derrapa 0,40% para 20 cêntimos e a EDP desliza 0,32% para 3,07 euros.

Em dia de apresentação de resultados trimestrais, os CTT abrem a sessão a perder também 0,86% para 5,29 euros, com os investidores receosos de que a tendência de quebra na distribuição do correio se mantenha ou acentue. A Nos abriu a ganhar 0,40% para 5,46 euros, um dia depois de apresentar lucros trimestrais de 31,4 milhões de euros, mais 28,7% do que no trimestre anterior

A generalidade das praças europeias segue a cair esta manhã. O Stoxx 600 segue a derrapar 0,16%, tal como as bolsas espanhola, alemã e inglesa. Como em Portugal, registam-se ganhos ligeiros em França e em Itália.

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As propostas para a reestruturação da dívida. Uma a uma

  • ECO
  • 28 Abril 2017

Grupo de trabalho avança com algumas medidas para poupar com a dívida pública que já chega aos 130,7% do PIB. Saiba quais.

Partido Socialista e o Bloco de Esquerda vão apresentar esta tarde o relatório do grupo de trabalho constituído para estudar a dívida pública. O leque de medidas que vão ser sugeridas ao Executivo é vasto e reflete a divergência que existe entre os dois partidos relativamente a esta matéria.

Assim, foram preparados dois estudos: um sobre a redução da despesa e outro sobre a reestruturação da dívida pública que agregam os “consensos possíveis” entre os autores — Ricardo Cabral, Ricardo Paes Mamede, Miguel St. Aubyn e Pedro Gil.

Conscientes que dificilmente será possível avançar rapidamente com uma reestruturação da dívida, já que a solução só pode avançar no âmbito do quadro europeu, o grupo de trabalho sugere pelo menos quatro medidas que podem ser aplicadas imediatamente e que podem gerar uma poupança de 410 milhões de euros já no Orçamento do Estado para 2018.

Com a dívida pública nos 130,4% do PIB, em 2016, veja as medidas propostas para a reduzir que são avançadas na imprensa esta manhã:

  • Banco de Portugal deve reduzir provisões e pagar mais dividendos

Os economistas do PS e do BE sugerem, citando exemplos internacionais, que o Banco de Portugal não necessita constituir provisões tão avultadas quando compra dívida pública (que tem gerado lucros) já que isso reduz os dividendos pagos pelo Banco central ao Estado português. A medida já consta do Orçamento do Estado para 2017, está refletida no aumento dos dividendos que Carlos Costa pagará a António Costa, mas o grupo de trabalho sugere que se vá mais longe através da alteração da lei orgânica do Banco de Portugal para que a constituição de provisões não possa ser decidida livremente pela administração do banco central.

  • Reduzir a maturidade da dívida

O grupo de trabalho sugere ao IGCP, a agência que gere a dívida pública, que opte por fazer emissões de mais curto prazo com taxas de juro mais baixas. Para os economistas do PS e BE o IGCP é demasiado prudente ao tentar fazer emissões de dívida a prazos mais longos para evitar ter de ir ao mercado tantas vezes. A ideia é baixar a atual maturidade da dívida de 6,6 anos para 4,9 anos, uma opção que permitiria gerar uma poupança de 387 milhões de euros em 2018 e um montante superior a 1200 milhões em 2023.

  • Reduzir a almofada financeira do Estado

Em mais uma recomendação para o instituto dirigido por Cristina Casalinho, o grupo de trabalho aponta o dedo à dimensão da almofada financeira, ou seja, o dinheiro que está posto de lado para fazer face aos compromissos do Estado. Este excedente de tesouraria é em parte constituído por emissão de dívida, que se traduz no pagamento de juros, por isso os economistas sugerem uma redução da sua dimensão. Por outro lado, a almofada é constituída também com excedentes de organismos do Estado (empresas públicas e autarquias) e aqui o documento sugere que o IGCP ofereça taxas mais elevadas às instituições públicas que não estão sujeitas à unidade de tesouraria do Estado mas garantindo que são inferiores ao custo médio do financiamento da República.

  • Pagar antecipadamente ao FMI

Esta tem sido a estratégia, mas os peritos sugerem que se acelere ainda mais os pagamentos antecipados do empréstimo do Fundo Monetário Internacional. O objetivo é o mesmo poupar nos juros, isto porque as taxas cobradas neste empréstimo contraído no âmbito do programa de ajuda financeira tem taxas de juro mais elevadas do que aquelas que são cobradas atualmente pelos mercados. Em causa está o pagamento antecipado de mais 7920 milhões de euros. Mas o documento frisa que só vale a pena amortizar toda a dívida que fique acima do valor que corresponde a 187,5% da quota de Portugal (5000 milhões de euros), porque só acima desta fasquia é que as taxas do FMI são mais elevadas. Mas há mais um senão: FMI e parceiros europeus têm de dar luz verde a esta amortização antecipada.

  • Reestruturar a dívida

Esta medida só poderia ser conseguida através de uma negociação no quadro europeu. A ideia seria o Governo estender por mais 45 anos os prazos de pagamento da dívida a organismos europeus (atualmente ronda os 15 anos) e reduzir a taxa de juro para 1%, uma descida de 1,4 pontos percentuais face ao que é agora cobrado. Assim, a maturidade dos empréstimos contraídos durante o programa de assistência financeira junto das instituições europeias passaria a ser de 60 anos. Desta forma, o atual valor dívida pública baixaria em mais de 30% (passaria de 130,7% para 91,7%) razão pela qual os economistas defende que só desta forma é possível verdadeiramente resolver o problema. Além disso, estaria em causa uma poupança anual de 712 milhões de euros em juros. O grupo de trabalho não sugere nenhum haircut, ou seja, uma redução do valor nominal da dívida, uma sugestão muitas vezes avançada esquerda. A reestruturação abrange apenas 31% da dívida. A dívida detida pelos privados fica de fora desta reestruturação.

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Deutsche Bank vai buscar novo CFO ao Citigroup

Segundo a Bloomberg, James von Moltke, no Citigroup há oito anos, estará perto de ser nomeado chefe financeiro do Deutsche Bank. A confirmação deverá chegar nos próximos dias.

James von Moltke, no Citigroup há oito anos, estará prestes a ser nomeado CFO [chief financial officer] do Deutsche Bank, avança esta a Bloomberg esta manhã, citando “duas fontes familiarizadas com o assunto”. O gestor deverá substituir Marcus Schenck, que será promovido a vice-presidente executivo do banco alemão, indica a agência.

O Deutsche Bank planeia anunciar o nome “nos próximos dias”, mas a decisão final ainda não foi tomada, alertam as mesmas fontes. James von Moltke ocupa, desde 2015, o cargo de treasurer no Citigroup. Contactada pela Bloomberg, uma porta-voz do Deutsche Bank optou por não comentar as informações.

Von Moltke entra assim numa instituição financeira que conta com mais de oito mil milhões de euros de novo capital angariado no início deste mês. O banco prepara-se ainda para a assembleia-geral de acionistas, que deverá ter lugar no próximo dia 18 de maio. Além do Citigroup, Von Moltke conta com 17 anos de experiência na banca de investimento, somando passagens pelo JPMorgan Chase e Morgan Stanley.

(Notícia atualizada às 8h46 com mais informação)

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Altice poderá ter conteúdos em serviços de streaming

A subsidiária norte-americana da Altice está em conversações para disponibilizar conteúdos em plataformas "over the top". Desconhecem-se quais.

A Altice USA poderá vir a disponibilizar conteúdos através de sistemas dos chamados operadores over the top (OTT). A subsidiária norte-americana do grupo Altice estará já a discutir a possibilidade com alguns desses operadores. OTT é o nome dado aos sistemas que funcionam, por exemplo, na internet, sobre as infraestruturas das verdadeiras operadoras de telecomunicações. São exemplos de serviços OTT o WhatsApp (ao nível das telecomunicações) ou o Netflix (ao nível do streaming).

Segundo o site Multichannel, a informação foi avançada por Dexter Goei, presidente executivo da Altice USA, numa conferência em Las Vegas esta terça-feira. Goei não revelou os operadores envolvidos nas conversações, mas fez a distinção entre os serviços OTT que são concorrentes diretos da Altice e os que disponibilizam conteúdos como se fossem canais pagos de televisão. Será com estes últimos que a Altice estará a negociar.

"Há claramente certos provedores que são únicos para o mundo não-linear e que faz sentido integrar na experiência do utilizador.”

Dexter Goei

Presidente executivo da Altice USA

Nos Estados Unidos, a Altice detém a Suddenlink Communications e a Cablevision Systems. A primeira foi comprada em 2015 por 9,1 mil milhões de dólares, enquanto a segunda foi comprada já em 2016, por 17,7 mil milhões. Além disso, a empresa está em processo de entrada em bolsa. Ainda não há data para a oferta pública inicial e os documentos só foram submetidos ao regulador dos mercados no passado dia 11 de abril.

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Há interesse na Lusoponte, mas a Mota não vende

  • ECO
  • 28 Abril 2017

Há propostas que a Mota-Engil está a considerar para vender a sua participação em concessionárias portuguesas e estrangeiras, mas a Lusoponte, para já, não vai ser alienada.

A Mota-Engil tem propostas de compra para as suas participações na Lusoponte, mas não as aceitou, de acordo com o Jornal de Negócios (acesso pago) desta sexta-feira.

Com base no relatório e contas de 2016 da empresa, o Jornal de Negócios escreve que as “diversas propostas” recebidas pelo grupo liderado por Gonçalo Moura Martins foram para as participações na Lusoponte, nas autoestradas que possui no México e no Brasil, na Via Litoral madeirense e na Scutvias da Beira Interior.

O mesmo relatório esclarece que a Mota-Engil está a considerar algumas das propostas recebidas para concluir o processo de alienação no “curto prazo”, mas que a Lusoponte não será vendida. Uma fonte que falou ao Jornal de Negócios explicou que a Lusoponte não é um ativo que a Mota-Engil queira vender “no curto prazo”.

A Lusoponte, de acordo com o relatório de 2016, viu aumentar o tráfego na ponte Vasco da Gama em 4,4% e na 25 de Abril em 1,5%, o que resulta num aumento de receita nas portagens de 5,7%.

Quanto às restantes ofertas, a posição na Scutvias da Beira Interior deverá ser a primeira a ser alienada. Também há propostas recebidas pelos 50% que a Mota-Engil detém no Brasil, na Rodovias do Tietê, e no México, na autopista Perote-Xalapa (Copexa).

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5 coisas que precisa de saber antes de abrirem os mercados

A fechar uma semana marcada pela reforma fiscal de Donald Trump estão os dados da evolução da economia norte-americana no primeiro trimestre, com um novo inquilino da Casa Branca.

Com o fim do primeiro trimestre do ano não são apenas as empresas que têm de mostrar as contas. Também os institutos de estatística estão a preparar os dados sobre o crescimento económico dos respetivos países: nos Estados Unidos e em Espanha vão ser divulgados os dados sobre o comportamento do PIB nos primeiros três meses do ano. Em Portugal isso só acontecerá a 15 de maio, mas esta sexta-feira o INE divulga vários dados sobre a economia portuguesa, nomeadamente os dados mensais do emprego e desemprego.

Trump chegou. Como reagiu a economia?

A resposta a esta pergunta é dada pelo departamento do Comércio norte-americano. Esta sexta-feira vão ser divulgados os dados sobre o crescimento económico dos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2017. Segundo a Bloomberg, espera-se que a subida do PIB homóloga atinja os 1,5% no primeiro trimestre, ao ritmo mais baixo do último ano. Mesmo com as eleições no final do ano passado, o PIB atingiu os 3,5%, superando as expectativas e mostrando que a economia já tinha ultrapassado a fase de recuperação.

INE faz um check-up à economia portuguesa

São vários os dados que o Instituto Nacional de Estatística vai divulgar esta sexta-feira. Entre eles está, por exemplo, o Índice de Produção Industrial relativo ao mês de março. Além disso, também de março, chegam as estimativas mensais de emprego e desemprego, o inquérito à avaliação bancária na habitação e o índice de volume de negócios, emprego, remunerações e horas trabalhadas no comércio a retalho. Como é informação relativa ao primeiro trimestre, esta dará já sinais daquilo que poderá ser a subida do PIB nestes três meses, valor que o INE divulgará a 15 de maio numa estimativa rápida.

CTT mostra resultados do primeiro trimestre

A empresa de serviço postal vai apresentar os resultados do primeiro trimestre deste ano aos seus acionistas. No início deste mês, as ações dos CTT regressaram às balas de prata do Haitong para o segundo trimestre dado que, apesar do mau momento no final do ano passado, o banco espera uma reversão este ano com a recuperação da unidade Express & Parcels e aumentos nos preços dos correios. Foi isso mesmo que aconteceu com os preços dos CTT a subir 2,4% em abril. Em 2016, as receitas dos CTT recuaram.

BCE tem dúvidas, o Eurostat responde

O Banco Central Europeu mostrou esta quinta-feira dúvidas em relação à evolução da inflação, referindo que qualquer alteração à política de estímulos só acontecerá depois de ver “um ajustamento sustentado no percurso da inflação consistente com o seu objetivo”. Esta sexta-feira o Eurostat vai revelar os dados da estimativa rápida da inflação para a Zona Euro em abril. No mês anterior, a inflação fixou-se nos 1,5%, tendo recuado 0,5 pontos percentuais face a fevereiro. A inflação subjacente (sem o efeito dos combustíveis) fixou-se nos 0,7%.

Como está a economia espanhola com Governo?

Depois de muito tempo sem um Governo, Espanha começou 2017 com Mariano Rajoy ao comando dos destinos do país. Em 2016, a economia espanhola cresceu 3,2%, mais do dobro do que a economia portuguesa no mesmo período. Já com o Executivo de Rajoy outra vez em funções em pleno, o Instituto Nacional de Estatística espanhol vai divulgar esta sexta-feira os números do crescimento económico no primeiro trimestre deste ano.

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A comissão dos SMS arranca hoje. Sem SMS

A direita quer ver os SMS trocados entre Centeno e Domingues. Mas não pediu, explicitamente, o acesso a estas mensagens. E Domingues não as apresentou à comissão.

Já lá vão 55 horas de audições sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas as dúvidas da oposição não estão dissipadas. PSD e CDS apresentaram um requerimento conjunto para levarem o tema Caixa de volta ao Parlamento e a nova comissão de inquérito arranca hoje. Desta vez, os dois partidos querem questionar a atuação do Governo na passagem relâmpago de António Domingues pelo banco público.

Há só um detalhe a travar o potencial sucesso desta comissão: a direita pediu a constituição de uma nova comissão para ter acesso à correspondência trocada entre António Domingues e Mário Centeno, que poderá confirmar que foi, de facto, assumido o compromisso de sigilo quando à declaração do património do ex-presidente da Caixa e da sua equipa. Mas o mais provável é que os SMS trocados entre o ministro e o antigo banqueiro nunca cheguem à comissão.

A correspondência que nos levou à segunda comissão

A saga começa no início do ano passado, quando o Governo convida António Domingues para presidir o conselho de administração da CGD. Em agosto, o antigo administrador do BPI assume a liderança do banco público. É em novembro que os ânimos aquecem. António Domingues e os restantes membros da administração da Caixa recusam-se a apresentar ao Tribunal Constitucional as respetivas declarações de rendimentos e de património, dever a que estão obrigados todos os gestores públicos.

Só que os gestores da Caixa não respondiam ao Estatuto do Gestor Público. O Governo de António Costa abriu um regime de exceção para os administradores do banco público e, aquando das negociações com Domingues, terá mesmo assumido o compromisso de que o antigo banqueiro não teria de apresentar estas declarações.

É este compromisso, que poderá ter sido assumido por escrito, que nos leva a uma segunda comissão parlamentar de inquérito à Caixa. Ainda na primeira comissão de inquérito, os deputados da oposição exigiram ver a correspondência trocada entre Domingues e o ministro das Finanças para perceber se existiu, ou não, este compromisso, mas o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda chumbaram este pedido, considerando que estes documentos estavam fora do âmbito da comissão. Recorde-se que essa primeira comissão foi constituída para analisar a recapitalização e a gestão da CGD que foi feita nos últimos anos.

A “comissão dos SMS”… sem SMS

Foram as mensagens trocadas entre Domingues e Centeno que levaram à criação da nova comissão à CGD. Se, na primeira comissão, queria-se apurar o que levou à recapitalização da CGD, agora o âmbito é outro: saber se a contratação da administração liderado por António Domingues foi feita com o compromisso de sigilo quanto à declaração do património do ex-presidente e da sua equipa.

Mas a chamada “comissão dos SMS” pode vir a não ter… SMS. José Pedro Aguiar-Branco, o deputado do PSD que vai agora presidir os trabalhos, já prometeu que esta iniciativa parlamentar não ficará demasiado centrada na troca de comunicações. E, segundo o jornal Público, Domingues também já fez chegar um conjunto de documentação à comissão sobre a sua nomeação e demissão do cargo de presidente da CGD. Mas não as mensagens trocadas com Mário Centeno, onde definia as condições para aceitar o convite.

O PSD e o CDS também não fazem referência direta às mensagens no requerimento enviado ao presidente da comissão. Para o politólogo António Costa Pinto, esta comissão tem apenas um objetivo: denegrir a imagem do ministro das Finanças. Esta comissão “só faz sentido enquanto efeito de persistência da oposição, neste caso fundamentalmente do PSD, para ir desgastando, mais do que o Governo, o ministro Mário Centeno”, refere o politólogo ao ECO. “A informação relevante já é de conhecimento público”, defende.

"[Esta comissão] só faz sentido enquanto efeito de persistência da oposição, neste caso fundamentalmente do PSD, para ir desgastando, mais do que o Governo, o ministro Mário Centeno.”

António Costa Pinto

Politólogo

Mas estes SMS ainda podem vir a surgir. O próprio António Domingues disse, segundo uma fonte revelou ao ECO, que mostrará o conteúdo dessas mensagens na comissão se a tal for obrigado. “Sairá sempre um SMS ou outro. Mesmo que não oficialmente“, refere António Costa Pinto.

Aqui, o que pode estar em causa, como explicou Tiago Duarte ao ECO, é o conteúdo e não se “esse tema foi tratado por email ou SMS“. O constitucionalista da PMLJ defende que “é através do conteúdo da comunicação que se pode perceber qual o tipo de comunicação que está em causa e se ela é uma comunicação oficial ou pessoal”.

Jorge Miranda também não tem qualquer dúvida de que estas comunicações podem ser conhecidas “pelos deputados no âmbito da comissão de inquérito”. Para o “pai” da Constituição, “não são comunicações privadas” porque “quando é o ministro das Finanças, no exercício das suas funções, que entra em conversa com determinada pessoa para efeito de eventual exercício de um cargo numa entidade pública como a Caixa Geral de Depósitos, não pode considerar-se uma conversa privada”.

“Qualquer outro banco já teria falido com duas comissões de inquérito”

Não é fácil desvendar o que de novo poderá sair desta comissão. Se, por um lado, a direita não pede por agora explicitamente o acesso aos SMS trocados entre Centeno e Domingues, a esquerda entende que o que tinha de ser esclarecido já o foi.

"O facto de ter um nome de um cidadão no título leva a acreditar que o único intuito para criar esta CPI foi mesmo ser uma comissão dos SMS trocados entre o ministro Mário Centeno e o doutor António Domingues.”

João Paulo Correia

Coordenador do grupo parlamentar do PS na nova comissão de inquérito à Caixa

Do lado do PS e do PCP, a posição é clara. “Esta é uma comissão que foi criada pelo PSD/CDS como mais uma tentativa da direita de criar sessões de porradismo político para preencher a agenda política, por falta de agenda política propriamente dita da direita”, diz ao ECO João Paulo Correia. O coordenador do grupo parlamentar socialista não tem dúvidas quanto ao âmbito desta comissão. “O facto de ter um nome de um cidadão no título leva a acreditar que o único intuito para criar esta CPI foi mesmo ser uma comissão dos SMS trocados entre o ministro Mário Centeno e o doutor António Domingues“.

Seja como for, assegura, se António Domingues enviar essa documentação aos deputados, “é evidente” que a mesma fará parte do objeto da comissão.

Miguel Tiago, do PCP, nem sequer reconhece “o valor desta comissão”, que, acredita, é uma forma de o PSD e o CDS “continuarem a utilizar a Caixa como uma fonte de assuntos para poderem criar um palco político, porque não têm mais nenhum”. Mais grave, a forma como os partidos da oposição estão a “atacar a solução política que impediu a formação do seu governo” está a “desacreditar a Caixa no sistema financeiro”.

"Qualquer outro banco do sistema português já teria falido com duas comissões de inquérito ao mesmo tempo. Nenhum outro banco teria resistido a isto.”

Miguel Tiago

Deputado do PCP

“O BCP, o BPI e o Santander estão radiantes com isto. Nunca um banco esteve sujeito a uma pressão como esta. Qualquer outro banco do sistema português já teria falido com duas comissões de inquérito ao mesmo tempo. Nenhum outro banco teria resistido a isto”, defende o deputado comunista.

Ainda assim, e tal como o PS, Miguel Tiago admite que a documentação que chegar à comissão será usada. “Essa documentação, para nós, está muito clara. Comprova que todos os compromissos foram assumidos com a Comissão Europeia e não apenas entre o Governo e António Domingues. É a nossa interpretação, mas não podemos obrigar a que o PSD a aceite”.

O ECO questionou o Bloco de Esquerda sobre que assuntos espera ver esclarecidos nesta comissão, mas, até ao momento, não obteve resposta.

Direita quer ver 20 documentos

Do lado do PSD e do CDS, também não é fácil perceber o que esperam obter desta comissão. O CDS disse ao ECO que prefere não se pronunciar sobre este assunto e o PSD não respondeu às questões enviadas.

Quando foi constituída esta segunda comissão, em março, o novo coordenador do PSD, Luís Marques Guedes, disse que esta era necessária por ter havido “uma operação de asfixia e de encobrimento” por parte da maioria de esquerda. “É a Assembleia da República que tem o dever indeclinável de conhecer os atos do Governo e de apurar responsabilidades políticas que lhe caibam. Diferentemente do que pode ocorrer em declarações avulsas, perante uma Comissão Parlamentar de Inquérito faltar à verdade não é reserva admissível, é crime”, disse o social-democrata.

Já o CDS, pela voz de João Almeida, considerou de “uma gravidade extrema” o chumbo da esquerda à consulta dos emails e SMS trocados entre Centeno e Domingues, que foi pedida ainda na primeira comissão parlamentar de inquérito.

A reação ao chumbo da esquerda foi uma extensa lista de documentação que o PSD e o CDS pediram para ver. Desde os documentos relativos às negociações entre Domingues e o Governo até à troca de comunicação entre o Ministério das Finanças e a administração da Caixa, que acabou por levar à demissão desta última, os partidos da oposição elencam 20 documentos a que querem ter acesso. Entre os 20, nunca são referidos explicitamente os SMS.

Afinal, a que falta responder?

No fim, a que é que falta responder? A mais óbvia prende-se com a acusação que foi feita a Mário Centeno, por parte do CDS, de ter mentido no Parlamento sobre ter trocado mensagens com António Domingues.

O ministro justificou-se com datas. Em novembro de 2016, o CDS pediu toda a “correspondência e documentação trocada, nomeadamente por correio eletrónico, entre o Ministério das Finanças e o dr. António Domingues, após a reunião de 20 de março de 2016, de alguma forma relacionadas com as condições colocadas para a aceitação dos convites para a nova administração” do banco público.

A 13 de janeiro deste ano, o Ministério das Finanças respondeu ao CDS que “inexistiam” trocas de comunicações. A justificação: o Ministério recebeu uma carta de Domingues, mas não respondeu à mesma; logo, não houve “troca” de correspondência.

É com este contexto que, no último domingo, no seu habitual comentário semanal na SIC, Luís Marques Mendes resumiu a três as perguntas a que falta responder:

  1. António Domingues teve garantias do Ministério das Finanças de que não seria obrigado a apresentar declarações ao Tribunal Constitucional?
  2. Essas garantias foram-lhe dadas verbalmente ou por escrito?
  3. Se foram escritas, por que via? Por carta, email ou SMS?

O comentador admitiu ainda não ter visto estes SMS, mas disse que lhe revelaram o conteúdo dos mesmos. “Se viessem a público, seria difícil aguentar Centeno”, considerou Marques Mendes.

Releia a carta e os emails secretos de Domingues publicados pelo ECO em fevereiro

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Caldeira Cabral aponta para crescimento acima de 2% em 2017

O ministro da Economia admite que a previsão do Programa de Estabilidade para o crescimento económico é "prudente" e indica que a economia portuguesa possa crescer mais de 2% ainda este ano.

O ministro da Economia português afirmou, em entrevista à Bloomberg, que o crescimento económico de Portugal pode exceder os 2% este ano, superando a revisão em alta para 1,8% que o Governo fez no Programa de Estabilidade (PE) deste mês. “Estamos a assistir a uma aceleração do crescimento [económico] que nos faz esperar ter números que possam ir para lá dos 2%”, afirmou Manuel Caldeira Cabral esta quinta-feira. Ainda esta terça-feira, nas celebrações do 25 de abril, Marcelo Rebelo de Sousa tinha pedido ao Governo maior criação de riqueza.

No Orçamento do Estado para 2017, preparado em outubro do ano passado, o Governo estimava um crescimento económico de 1,5%. Contudo, dado que a estimativa para 2016 (1,2%) acabou por se estabelecer nos 1,4% — e principalmente devido à aceleração da economia no quarto trimestre de 2016 –, o Governo acabou por rever em alta a previsão do crescimento económico em 2017 para 1,8%, o mesmo valor que tinha definido no primeiro Programa de Estabilidade deste Executivo de abril do ano passado. Ainda sem serem públicos os dados do PIB para o primeiro trimestre deste ano, Caldeira Cabral indica agora uma subida superior a 2%. No PE o Ministério das Finanças apontava para um crescimento acima de 2% apenas em 2020.

“Todos os dados sugerem que vamos ultrapassar as nossas metas para este ano”, respondeu o ministro da Economia, à Bloomberg, numa entrevista realizada em Lisboa. Caldeira Cabral classificou de “prudente” a meta para o Produto Interno Bruto definida no Programa de Estabilidade. Entre os argumentos do ministro da Economia estão os números das exportações e a habilidade do país para atrair investimento estrangeiro para as empresas, incluindo as do setor automóvel e imobiliário. Além disso, Caldeira Cabral vincou a crescente confiança dos consumidores que, segundo o Instituto Nacional de Estatística, está em máximos de duas décadas.

O ministro da Economia está de tal forma otimista que disse não ver nenhuma razão para que as agências de rating não subam a classificação de investimento de Portugal, retirando-a do lixo. “Se fizerem a análise correta, [as agências de rating] verão que as condições em que Portugal está atualmente são muito melhores do que há dois ou três anos”, argumentou, referindo que “o peso da dívida do país está a decrescer, o crescimento económico está a ganhar ‘momentum’ e as exportações e o investimento estrangeiro estão também a subir”.

Sobre a situação política, Caldeira Cabral criticou quem diz muitas coisas sobre Portugal, referindo que António Costa conseguiu criar um “Governo moderado” e uma solução política “estável” para implementar políticas que “promovem o crescimento e, ao mesmo tempo, reduzem o défice” orçamental.

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Tecnológicas levam Nasdaq para máximos

Os investidores esperam boas notícias das tecnológicas e as empresas responderam. Alphabet, Microsoft e Amazon levaram o Nasdaq para máximos.

As bolsas norte-americanas fecharam em alta, impulsionadas pelos resultados positivos apresentados pelos grandes grupos tecnológicos. Os investidores também continuam animados pela reforma fiscal anunciada na quarta-feira por Donald Trump.

O índice tecnológico Nasdaq destacou-se nesta sessão, ao valorizar 0,39%, para os 6.048,94, chegando mesmo a alcançar máximos históricos durante a tarde.

Os investidores antecipavam boas notícias da Alphabet, a casa mãe da Google, da Amazon e da Microsoft. E tiveram-nas: a Alphabet aumentou as receitas em 22% no primeiro trimestre, para mais de 22 mil milhões de euros. Já a Microsoft faturou mais de 20 mil milhões de euros nesse período, um valor recorde. A Amazon também superou as expectativas dos analistas e reportou receitas superiores a 32 mil milhões de euros.

Já o índice de referência S&P 500 e o industrial Dow Jones fecharam ambos acima da linha de água. A impedir maiores ganhos esteve o setor energético, num dia em que o petróleo afundou para mínimos de um mês, depois de a Líbia ter anunciado que pretende aumentar a produção. O West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, está a negociar abaixo dos 50 dólares por barril.

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Provedor: Segurança Social não reconheceu incapacidade para o trabalho a tetraplégico

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 27 Abril 2017

Caso levou à intervenção do Provedor de Justiça. Este é um dos casos revelados no relatório de atividades de 2016.

O acesso a prestações sociais continua a motivar um conjunto de queixas ao Provedor de Justiça. E, em 2016, foi a intervenção de José de Faria Costa que fez com que um doente tetraplégico visse reconhecida incapacidade permanente para o trabalho.

No relatório de atividades de 2016, o Provedor refere este caso pela “singularidade da intervenção”, avançou já o Jornal de Negócios. “Em causa estava o não reconhecimento da incapacidade permanente para o trabalho de um doente tetraplégico por parte do Serviço de Verificação de Incapacidades” do Instituto da Segurança Social (ISS), diz o documento.

“Perante a evidência de se tratar de um caso de erro grave ou manifesto da peritagem médica dos serviços do ISS e, não obstante, se estar perante uma questão de discricionariedade técnica, a intervenção do Provedor de Justiça permitiu esclarecer e resolver a questão do reconhecimento da situação de invalidez do queixoso”, acrescenta o relatório.

Em entrevista ao ECO, o Provedor já tinha indicado que, em 2016, os temas que mais preocupavam os portugueses estavam relacionados com direitos dos trabalhadores, direitos sociais e fiscalidade.

Em 2016, no conjunto da atividade, foram abertos 6.883 procedimentos, dos quais 6.875 decorrentes de queixa, menos 6% face a 2015. A maioria dos procedimentos — 21,3% — diz respeito a matérias de Segurança Social.

Tal como o ECO já noticiou, o Provedor de Justiça tem vindo a dirigir recomendações ao Governo relativamente a diversos assuntos. Entre eles constam o corte de 10% ao fim de seis meses nos subsídios de desemprego mínimos — uma alteração que o Governo acatou — e o regime contributivo dos trabalhadores independentes.

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Impresa e Media Capital, mais prejuízos, mais lucros

  • ECO
  • 27 Abril 2017

As companhias que controlam a SIC e a TVI registaram quedas de receitas e apertaram nos custos. A Impresa está no vermelho, enquanto a Media Capital apresenta lucros de 1,9 milhões.

A Impresa registou um prejuízo de 2,8 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, enquanto a Media Capital apresentou um lucro de 1,9 milhões. As contas das duas companhias de media têm, ainda assim, um perfil semelhante de janeiro a março deste ano: as receitas caíram e os custos também, embora em níveis diferentes.

A dona da TVI apresentou um EBITDA superior a cinco milhões de euros, enquanto a companhia que detém a SIC registou um resultado antes de juros, impostos, amortizações e depreciações (EBITDA) negativo, da ordem dos 650 mil euros.

As contas dos dois grupos de media que controlam as duas televisões privadas em sinal aberto — e uma com uma posição relevante na imprensa, enquanto a outra tem uma força na produção audiovisual e na rádio — confirmam que o primeiro trimestre foi de pressão do lado das receitas, a refletir o estado do mercado publicitário, e isso levou também a um esforço de redução dos custos.

No caso da Impresa, as receitas totais caíram 5,5%, para 45,2 milhões de euros. E, por segmento, a televisão perdeu 6,1%, enquanto a área de publishing 5,4%. De qualquer forma, como nota a empresa no comunicado ao mercado, a queda de receitas da televisão resultou mais das perdas em subscrição, enquanto a publicidade subiu 2%. Na imprensa, por outro lado, as receitas de publicidade caíram 4,1%. Já a Media Capital apresentou um volume de receitas de 35 milhões de euros (uma queda de 10%), com particular destaque para a televisão, que perdeu 12% nestes primeiros três meses.

A diferença, claro, está do lado dos custos. A Impresa, liderada por Francisco Balsemão, apertou os custos em ‘apenas’ 3,7%, para 45,9 milhões de euros, enquanto a companhia liderada por Rosa Cullel cortou os custos nestes primeiros três meses do ano em 10%, para 30 milhões de euros.

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“Ignora o Leitão Amaro”, diz Trigo Pereira. A internet reage

Foram várias as reações às palavras de Trigo Pereira para Centeno. O visado foi brando, mas outros deputados do PSD foram duros. O deputado socialista também respondeu.

Esta quarta-feira, na Comissão de Orçamento e Finanças (COFMA), o deputado socialista Paulo Trigo Pereira substituiu temporariamente a deputada social-democrata Teresa Leal Coelho como presidente da comissão parlamentar. Quem estava a ser ouvido era o ministro das Finanças, Mário Centeno, sobre os resultados e o plano de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos. O deputado do PSD, António Leitão Amaro, fez um aparte, mas Trigo Pereira disse ao ministro para não responder porque quem estava a questionar era João Almeida, deputado do CDS.

O caso foi mostrado na quarta-feira pela TVI e não tardou a ter repercussão na internet, nomeadamente no Facebook com os comentários de dois sociais-democratas, Duarte Marques e Sérgio Azevedo. Oficialmente, o Partido Social Democrata reagiu esta quinta-feira numa conferência de imprensa sobre as nomeações do Conselho de Finanças Públicas. O dirigente José Matos Correia — que já foi presidente de comissões parlamentares — referiu que “dar indicações ao ministro das Finanças sobre como se deve comportar” não faz parte da condução dos trabalhos dos deputados. O dirigente considerou ainda que os presidentes das comissões “não servem para dar palpites, nem para serem treinadores de bancada”.

Mas a principal troca de argumentos ocorreu entre o deputado social-democrata Duarte Marques e Trigo Pereira. Marques acusou-o de “seguir o exemplo que vê no primeiro-ministro António Costa” e pediu a Marcelo Rebelo de Sousa para intervir. Nos comentários, o socialista respondeu, acusando o PSD de demagogia: “O deputado Duarte Marques não pertence à COFMA e porventura não saberá que quem estava a inquirir o ministro não era o PSD e, portanto, não era o deputado Leitão Amaro. O Ministro não tem obrigação nenhuma de responder a apartes venham eles donde vierem. E na minha modesta opinião na qualidade de Presidente esta foi, é e será sempre a minha posição, que aliás já o referi em público em Comissão em diálogo noutra sessão da COFMA com Duarte Pacheco e Leitão Amaro”.

Duarte Marques não foi o único a criticar a frase de Trigo Pereira. Também o deputado social-democrata Sérgio Azevedo o fez, referindo o feriado que se viveu esta semana. “Na manhã do dia seguinte ao 25 de abril, depois das proclamações em nome das mais diversas liberdades e da exaltação bacoca de uma tutela imaginária da democracia, os arautos desta modernidade voltam a fazer das suas”, escreveu. Azevedo argumentou que “se fosse a ‘direita’ era o fim da macacada”, mas “como são os ‘nossos donos’ não há problema nenhum”.

O próprio visado, o ex-secretário de Estado das Autarquias, António Leitão Amaro, reagiu no Facebook, mas de forma mais branda. “Não sendo forma adequada de o presidente da Comissão se referir a um deputado, também não é comparável com a atitude do primeiro-ministro António Costa, que não responde às perguntas de deputados“, escreveu Leitão Amaro.

A internet também não demorou a reagir, até de vozes do Partido Socialista. Foi o caso do eurodeputado socialista Manuel dos Santos:

Também o ex-secretário de Estado do Turismo e atual vice-presidente do CDS, Adolfo Mesquita Nunes, reagiu no Twitter:

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