Os cromos repetidos da nova comissão da CGD

A nova CPI à CGD começa daqui a menos de um mês. Há alguns repetentes nas audições, como Domingues e Centeno, mas também há novidades: os advogados. Porquê estes nomes? O ECO explica-lhe.

A nova comissão parlamentar de inquérito (CPI) à Caixa Geral de Depósitos (CGD) começa daqui a menos de um mês. Mas a comissão dos SMS… não vai ter SMS. Pelo menos, Bloco de Esquerda, PSD e CDS — os partidos que fizeram requerimentos — não deixam isto claro nos pedidos de documentação. O que está claro são os nomes que vão ser chamados a falar sobre a contratação e demissão da equipa de gestores liderada por António Domingues. Em vez dos 18 da primeira CPI, são apenas sete. Mas há alguns cromos repetidos.

Mário Centeno, António Domingues e Carlos Costa estão de volta à comissão, depois de terem estado na primeira audição, que foi entretanto interrompida até dia 4 de maio. Mas, se por um lado, há cromos repetidos, há outros que são novidade. É o caso dos advogados do ex-presidente da CGD que negociaram as alterações ao Estatuto de Gestor Público e, pensava-se na altura, libertaram Domingues e os outros gestores de terem de entregar a declaração de rendimentos ao Tribunal Constitucional. Mas porquê estes nomes? O ECO explica-lhe.

Mário Centeno

É a segunda vez que Mário Centeno é chamado à CPI por causa da CGD. Desta vez para falar sobre “toda a correspondência” trocada entre o ministro das Finanças e António Domingues, como foi pedido pelo PSD e pelo CDS. Foi nesta correspondência que ficou claro que houve uma discussão explícita sobre a exigência do ex-presidente da CGD para não entregar a declaração de rendimentos no Tribunal Constitucional (TC). E um acordo que permitiu a entrada do gestor na Caixa.

Mas Centeno disse que o que houve foi um “erro de perceção mútuo” e que nos documentos nunca houve uma referência “à questão declarativa ao TC. O que existe é um conjunto vasto de referências” a questões relacionadas com a remuneração e incentivos e que levaram o Governo a alterar a política de governação da CGD. Afinal houve, ou não, um compromisso? É isso que os deputados querem saber. Mas apenas através dos emails e não das mensagens de telemóvel.

Os SMS não foram, até agora, pedidos pelos grupos parlamentares. Nem o PSD, nem o CDS disseram, pelo menos de forma clara, que querem ver as mensagens. Fazem apenas referência a “toda a documentação trocada entre o Ministério das Finanças ou qualquer membro dos respetivos gabinetes governamentais e a administração liderada por António Domingues, relacionada com os factos que conduziram à sua demissão ou de qualquer membro da sua administração”.

António Domingues

“Foi uma das condições acordadas para aceitar o desafio de liderar a gestão da CGD e do mandato para convidar os restantes membros dos órgãos sociais, como de resto o Ministério das Finanças publicamente confirmou.” Foi esta uma das declarações do gestor, na carta de 15 de novembro, que afirma a existência de um compromisso entre o Ministério das Finanças e António Domingues.

Quando foi à comissão de Orçamento e Finanças, o ex-presidente da CGD disse que “considerava que não se devia aplicar à Caixa o estatuto de gestor público”. Agora, de volta à CPI da Caixa, o ex-presidente explica-se (outra vez) sobre o compromisso feito pelas Finanças. E SMS? Nem vê-los. De qualquer maneira, o ECO sabe que António Domingues revelará o conteúdo dessas mensagens na comissão parlamentar de inquérito se a tal for obrigado.

Ricardo Mourinho Félix

O gabinete do secretário de Estado, Ricardo Mourinho Félix, é que terá negociado as alterações à lei que permitiam que os administradores da CGD ficassem isentos do Estatuto de Gestor Público, dando a escolher aos advogados de Domingues a formulação pretendida.

“Das três redações que nos enviou, a que julgamos corresponder ao pretendido é a primeira, sem a parte final assinalada a negrito. Isto porque o objetivo não é apenas desqualificar os membros da administração como gestores públicos, mas também afastar a aplicação de todo o decreto-lei”, foi a resposta dos advogados de Domingues. O decreto-lei acabou por ser publicado no verão do ano passado e a sua redação final é, em vários pontos, idêntica à proposta pelos advogados.

Advogado da firma Sá Carneiro

As alterações ao Estatuto do Gestor Público, que permitiram isentar os administradores da CGD das obrigações impostas por esta lei, foram negociadas pelo Governo com a Campos Ferreira, Sá Carneiro & Associados, como o ECO avançou. O PSD e o CDS pedem, no seu requerimento, “toda a documentação trocada com a assessoria jurídica indicada por António Domingues” relativamente à contratação dos gestores e às alterações legislativas. Mas é o Bloco de Esquerda que pede a audição do advogado Francisco Sá Carneiro.

Os dois partidos da oposição pedem a “listagem com identificação do valor de todos os serviços de assessoria externa pagos, ou cujo pagamento foi deliberado, pela CGD em 2016”. Isto depois de o ECO ter avançado que foi a CGD que pagou os advogados que assessoraram Domingues nas negociações com o Governo.

Carlos Costa

O governador do Banco de Portugal é outro dos nomes que estão de regresso à comissão da Caixa. Desta vez para explicar os relatórios relativos à apreciação da idoneidade dos membros da equipa liderado por António Domingues, bem como a resposta dada pelo banco central liderado por Carlos Costa, de acordo com os pedidos entregues pelos sociais-democratas e centristas.

PSD e CDS querem conhecer a “comunicação ao Banco de Portugal da equipa de gestão liderada por António Domingues, os relatórios relativos à apreciação da idoneidade dos membros da equipa liderado por António Domingues, bem como a resposta dada pelo Banco de Portugal com a indicação cronológica de todo o processo”.

Elsa Roncon

Foi em fevereiro que o Ministério das Finanças informou que a diretora-geral do Tesouro e Finanças, Elsa Roncon Santos, se tinha demitido. Agora é um dos nomes que vai ser ouvido na nova comissão parlamentar de inquérito do banco público. A saída aconteceu depois de se ficar a saber que o seu nome aparece na troca de emails entre os membros de gabinetes das Finanças, António Domingues e o secretário de Estado Mourinho Félix.

O tema dessas cartas, expresso numa mensagem com data de 3 de maio de 2016, às 20h51, de Susana Larisma (chefe de gabinete de Mourinho Félix) para a diretora do Tesouro, era a mudança do Estatuto do Gestor Público. A ex-diretora-geral esclareceu na altura que a sua demissão nada teve a ver com a polémica em torno da CGD, mas sim com a entrada de um novo secretário de Estado no Ministério das Finanças.

Consultora McKinsey

No processo da CGD, há três auditorias em causa. Uma interna, conduzida pelo próprio António Domingues, com a ajuda da… McKinsey e da sociedade de advogados Campos Ferreira, Sá Carneiro e Associados. Outra externa, conduzida pela Deloitte, para apurar as reais necessidades de capital do banco público. E a última, também externa, que será pedida pelo Governo à administração da CGD.

A primeira arrancou ainda antes de António Domingues tomar posse como presidente da Caixa e implicou a elaboração do plano de recapitalização do banco público, que foi entregue a Bruxelas. Neste caso, a polémica rodava em torno da ajuda que a consultora McKinsey estava a dar a esta auditoria — sobre quem tinha pedido (e pago) essa ajuda.

A 27 de setembro, durante a primeira comissão, Domingues esclareceu a dúvida: “A escolha [da McKinsey] foi minha e resultou da minha avaliação do que seria preciso para negociar com Bruxelas”, disse, detalhando que avisou o Banco Central Europeu, a Direção-Geral da Concorrência, o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças desta decisão.

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“Não há nada mais fácil de vender ao mundo que Portugal”

  • ECO
  • 28 Março 2017

Três especialistas em investimentos imobiliários nacionais e estrangeiros, refletem nos fatores que tornam Portugal atrativo e nos aspetos em que ainda deve apostar-se no futuro.

“Não há nada mais fácil de vender ao mundo que Portugal”. Quem o diz é Pedro Fontainhas, diretor executivo da Associação Portuguesa de Resorts, que reúne 27 empresas do setor imobiliário turístico de luxo. E isto porque, na opinião do diretor, é bastante fácil captar as atenções de estrangeiros para o mercado turístico português.

“Não há nenhum outro destino que tenha uma combinação tão boa de características naturais, estruturais, culturais e materiais. E temos a vantagem de termos tudo isto concentrado num cantinho da Europa onde temos acesso ao resto do continente”, esclareceu o diretor da APR na conferência sobre estratégias de atração do investimento no ramo imobiliário, que decorreu no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).

"Temos, de há alguns anos para cá, uma muito boa qualidade e oportunidade de investimento no imobiliário. Passámos por uma grande crise no setor, que terá contribuído para separar algum trigo de joio. E o que sobreviveu foi de qualidade, e o que se faz de novo tem ainda mais qualidade.”

Pedro Fontainhas, diretor da Associação Portuguesa de Resorts

Hugo Santos Ferreira, secretário-geral da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), vai mais longe: “Não, não considero que ainda precisemos de vender Portugal. Já estamos mais que vendidos, já todos nos conhecem bem“. E defende que o imobiliário é o melhor produto para exportar “porque o lucro fica cá dentro”: “Atraímos o estrangeiro para cá e ele ajuda a nossa economia com a alimentação, os transportes e os restantes bens de que precisa para cá viver”.

Por que é que Portugal atrai os estrangeiros?

Na opinião de Pedro Fontainhas, são o clima, a conjugação num mesmo país de áreas citadinas — de praia e de campo –, a boa rede de infraestruturas rodoviárias, de telecomunicações e de acessos, o sistema de saúde, o baixo custo de vida, a facilidade em falar diversas línguas, a hospitalidade para os estrangeiros e o espírito “business friendly” que colocam Portugal “muitos à frente dos outros” na hora de atrair investidores.

Hoje em dia, o trabalho da APPII passa muito pelas “sessões de charme”, que significam receber investidores estrangeiros em Portugal, mostrar-lhes as vantagens competitivas do país e convencê-los a ficar e a investir. “Todos os dias ouvimos que as cidades portuguesas são as melhores para se visitar, para se vir de férias, para se viver e, cada vez mais, para se investir. Poucos serão os setores da economia portuguesa que invistam o volume que o turismo e o imobiliário investem”, afirma Hugo Ferreira Santos, acrescentando às características diferenciadoras do país referidas por Pedro Fontainhas a da segurança, “que tem sido um fator muito, muito importante, em especial nos últimos tempos“.

Porém, para os investidores, mais que o clima e a boa gastronomia, e até que a segurança, é o estado do mercado que interessa, “porque é nele que vão investir”, esclarece Hugo Ferreira Santos.

Quem são os maiores investidores estrangeiros em Portugal?

Os franceses são, neste momento, os investidores estrangeiros em maior número em Portugal, no regime de Residentes Não Habituais (RNH). “E hoje em dia já não são só os pensionistas franceses. Já são jovens, dos que têm dinheiro para virem para cá, que começam a investir”, alerta Hugo Ferreira Santos.

Depois dos franceses são os chineses, no regime de Vistos Gold, e, em terceiro lugar, os ingleses e russos. No entanto, e olhando a quem está disposto a investir uma maior quantia, são os investidores do Médio Oriente que lideram a lista, com um valor médio das transações de imóveis de 5.295 milhões de euros.

Segundo dados da APPII, o total investido nos Vistos Gold foi de 2,7 mil milhões de euros (e 95% no setor imobiliário). Já foram atribuídos um total de 4.445 cartões destes, dos quais 3.154 a investidores chineses, 282 a brasileiros e 159 a russos. Entre 2009 e 2013, a média anual de pedidos era de 100 vistos por mês. Em 2016, o número foi de 10.684 vistos. Este ano, o valor está cerca de 40% acima do valor do ano passado. As localizações mais atrativas para os investimentos são Lisboa, Porto e Algarve.

O investidor chinês que vem a Portugal pode desconhecer o país e vir um pouco à descoberta, e logo ao fim da primeira hora de conversa fica convencido a investir, devido ao ‘welcoming’. Porque mesmo que não saibamos falar fluentemente mandarim, arranjamos maneira de aprender, algo que esses investidores não encontrarão em Espanha ou noutros países não tão hospitaleiros.

Hugo Ferreira Santos, secretário-geral da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários

Segundo dados pelos quais a APPII se guia, em janeiro deste ano houve um acréscimo de 61% de atribuição de Vistos Gold em relação a dezembro do ano passado, e três vezes mais (266%) que em janeiro do ano passado. Em janeiro também se registaram mais três vistos de Reabilitação Urbana, um mercado onde o investimento ainda era escasso, mas que, graças aos Vistos Gold, “já está a dar os primeiros passos”.

“Não há nenhuma dúvida de que os Vistos Gold foram o ‘trigger’ para que o mercado saísse do congelador, principalmente em Lisboa”, alerta Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliária. “Depois, o arrefecimento dos Vistos Gold também levou a um arrefecimento deste mercado, em especial no centro histórico de Lisboa. Hoje continua a ser um pilar muito importante, mas Lisboa já vai diversificando as fontes de procura, como o alojamento local”, explica Ricardo Guimarães.

Este último setor é um dos mais promissores atualmente. “Vamos tentar ser um exemplo no que toca ao short renting. Vamos fazer o contrário de Barcelona e Amesterdão e provar que o alojamento local é importante para a economia e uma boa oportunidade. Vamos mostrar ao mundo que é uma janela de oportunidade para qualquer promotor imobiliário”, defende Hugo Ferreira Santos.

Como tem evoluído o investimento estrangeiro em Portugal?

Em 2015 e 2016, 50% do total de investimento feito em Portugal foi em ativos do setor da construção e imobiliário, segundo um estudo da APPII. E o relativo a investidores estrangeiros cresceu, desde o ano passado, de 3,3 mil milhões para 4.000 milhões de euros. A perspetiva para este ano é de que “o setor continue bastante pujante”, afirma Hugo Ferreira Santos.

Na gama alta, quase 60% dos investidores são estrangeiros. Mas a verdade é que, de forma nenhuma, se pode afirmar que Lisboa, o palco principal da procura, é dominado pelo investimento internacional. É dominado por nacionais, exceto na gama alta, em que sim, é dominado pelos estrangeiros”, esclarece Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.

O especialista defende ainda que não é só Lisboa que é atrativa para os estrangeiros dispostos a investir em Portugal: “O Porto, do ponto de vista do mercado de luxo, tem um potencial muito maior que o de Lisboa. O Porto teve um impulso de imobiliário brutal, o índice de preços do centro histórico do Porto é o que mais valorizou, cerca de 90% nos últimos três anos, mas também parte de uma base praticamente zero em termos de valor, porque ninguém investia no centro histórico do Porto”, alerta Ricardo Guimarães. “Temos de conciliar a perspetiva de Lisboa e Porto enquanto produtos imobiliários internacionais”.

"Na ótica de um investidor internacional, tanto lhe faz comprar um imóvel em Barcelona, Paris ou Lisboa, não lhe interessa a condição da nossa economia atual. Ele está é à procura daquilo que as cidades têm para oferecer em termos de qualidade de vida e também de liquidez: se quiserem sair amanhã, haverá perdas monetárias? ”

Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliária

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IRS automático. E se o contribuinte não tiver internet?

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 28 Março 2017

A declaração automática de IRS estará disponível no Portal das Finanças. Quem não tem acesso à internet pode ter ajuda nos Espaços do Cidadão.

Este ano, pela primeira vez, 1,8 milhões de contribuintes serão abrangidos pelo IRS automático, indicou já o Governo, o que significa que poderão aceder a uma declaração pré-preenchida, pronta a confirmar, no Portal das Finanças. E como poderão os contribuintes sem acesso à internet consultar estes dados?

A Agência para a Modernização Administrativa e a Autoridade Tributária e Aduaneira “possibilitam aos contribuintes, nos Espaços do Cidadão (balcões de atendimento presencial que proporcionam assistência qualificada aos cidadãos no uso dos serviços disponíveis na internet), um atendimento digital assistido em relação a alguns dos serviços disponibilizados no Portal das Finanças“, explica o Ministério das Finanças ao ECO.

Entre os serviços, é possível obter a senha de acesso ao Portal das Finanças, “cadernetas prediais, certidões e comprovativos de IRS, certidões de dívida e não dívida, documento de pagamento do IUC, de IMI ou de dívidas e coimas fiscais”, bem como “solicitar apoio no âmbito dos serviços e-fatura e comunicação anual de rendas recebidas (modelo 44), tratar da quitação de rendas e submeter a declaração modelo 3 de IRS, sempre que estejam em causa, exclusivamente, rendimentos de trabalho dependente e pensões“, adianta ainda a mesma fonte.

Com o IRS automático, o contribuinte só tem de confirmar a declaração provisória se verificar que a informação apresentada está correta. Caso contrário, deve entregar a declaração de IRS nos termos gerais, em papel ou via internet. Se nada fizer no período em que decorre a entrega — entre 1 de abril e 31 de maio — aquela declaração provisória passa a definitiva.

Para já, a declaração automática de IRS só abrange situações mais simples. Este ano, estará disponível para contribuintes sem dependentes, que só contem com rendimentos de trabalho dependente e pensões (excluindo gratificações não atribuídas pela entidade patronal e pensões de alimentos), bem como rendimentos tributados por taxas liberatórias desde que não haja opção pelo englobamento. Além disso, o contribuinte deve ter residido em Portugal durante todo o ano e ter obtido aqui a totalidade dos rendimentos. Estão excluídos os contribuintes com estatuto de residente não habitual, que tenham pago pensões de alimentos ou usufruam de benefícios fiscais. As liquidações de IRS do ano de 2016 ainda não abrangem as deduções por dependentes ou ascendentes em comunhão de habitação, por pagamento de pensões de alimentos, por pessoas com deficiência, por dupla tributação internacional e por benefícios fiscais.

Em 2018, a declaração automática de IRS já poderá abranger contribuintes com dependentes, indicou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade.

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OPA traz novo brilho a Lisboa

A empresa de energias verdes subiu com a OPA. Já a casa mãe beneficiou não só com a operação mas também com a venda da Naturgas por 2,5 mil milhões de euros.

A EDP fez mexer a bolsa lisboeta esta terça-feira. A OPA sobre a EDP Renováveis fez o PSI-20 atingir máximos de 10 meses. As ações das duas empresas subiram esta sessão, de tal forma que os títulos da EDP Renováveis ultrapassaram o preço oferecido pela EDP, 6,80 euros. Com esta operação em vista, a EDP acabou por iluminar o resto das cotadas do PSI-20.

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IRS: quem não tem de entregar? E quem é abrangido pela nova declaração automática?

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 28 Março 2017

Contribuintes com rendimentos de trabalho reduzidos, por exemplo, não têm de entregar a declaração. Além disso, também já há um documento automático para casos mais simples.

Nem todos os contribuintes têm de entregar a declaração de IRS. Este ano, porém, há uma novidade. Além das pessoas que estão dispensadas de submeter esta informação, também há quem tenha acesso a uma declaração provisória pré-preenchida. Saiba se faz parte de algum destes casos.

Quem não tem de entregar a declaração de IRS?

Os contribuintes que, em 2016, tenham recebido apenas, isolada ou cumulativamente:

  • Rendimentos de trabalho dependente ou pensões até 8.500 euros, que não tenham sido sujeitos a retenção na fonte (excluindo rendimentos de pensões de alimentos acima de 4.104 euros);
  • Rendimentos tributados por taxas liberatórias (que abrangem, por exemplo, juros de depósitos, aplicando-se a taxa logo no momento em que o rendimento é posto à disposição) e não optem pelo seu englobamento.

Além destes, também não têm de entregar a declaração os contribuintes que:

  • Tenham recebido subsídios ou subvenções no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC) de montante anual inferior a 1.676,88 euros (quatro Indexantes dos Apoios Sociais, ao valor de 2016) ainda que, simultaneamente, recebam outros rendimentos tributados pelas taxas liberatórias e ainda rendimentos de trabalho dependente ou pensões até, isolada ou cumulativamente, 4.104 euros;
  • Tenham realizado atos isolados de montante anual inferior a 1.676,88 euros, desde que não recebam outros rendimentos ou recebam apenas rendimentos tributados por taxas liberatórias.

Mas há exceções a ter em conta. Mesmo que se verifiquem as condições descritas acima, os contribuintes terão de entregar a declaração de IRS nos casos em que:

  • Optem pela tributação conjunta;
  • Recebam rendas temporárias e vitalícias que não se destinem ao pagamento da generalidade das pensões;
  • Recebam rendimentos em espécie;
  • Recebam rendimentos de pensões de alimentos acima de 4.104 euros;

Outros rendimentos que não têm de ser declarados

Além das situações em que a apresentação da declaração é dispensada ao abrigo do artigo 58.º do Código de IRS, também há outros rendimentos sobre os quais este imposto não incide e que, por isso, não têm de ser declarados. Estes são alguns exemplos apontados pela Deco — Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor:

  • Subsídio de desemprego, Rendimento Social de Inserção, abono de família;
  • Prémios dados a praticantes de alta competição e seus treinadores, por classificações importantes em competições internacionais de elevado prestígio e nível competitivo, como os jogos olímpicos; bolsas de formação até 2.375 euros anuais atribuídas pelas federações a praticantes de desporto não profissionais, bem como a juízes e árbitros dessas provas; bolsas dadas a praticantes de alto rendimento desportivo pelo comité olímpico ou paralímpico de Portugal.
  • Montantes necessários para cobrir despesas extraordinárias com saúde e educação, pagos por centros regionais da Segurança Social e pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, bem como por IPSS em articulação com aquelas entidades, no âmbito da ação social de acolhimento familiar e apoio a idosos, pessoas com deficiência, crianças e jovens.

Quem é abrangido pelo IRS automático?

Quando chegar a altura de preencher o IRS, alguns contribuintes poderão ser abrangidos por uma declaração totalmente preenchida, pronta a verificar e entregar. O IRS automático, que começa a ser aplicado este ano, só chega, para já, a situações de liquidação mais simples. Em causa estão 1,8 milhões de contribuintes, ou seja, um terço dos agregados familiares, avançou já o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade. Mas o universo será alargado ao longo dos próximos anos.

Em 2017, a declaração automática de rendimentos aplica-se apenas a contribuintes que reúnam, cumulativamente, as seguintes condições:

  • Só tenham rendimentos de trabalho dependente e de pensões, bem como rendimentos tributados por taxas liberatórias e não pretendam optar pelo seu englobamento. Exclui rendimentos de pensões de alimentos e gratificações recebidas pela prestação de trabalho mas não atribuídas pela entidade patronal;
  • Não tenham dependentes;
  • Não tenham direito a deduções por ascendentes, por pessoas com deficiência, por dupla tributação internacional;
  • Obtenham apenas rendimentos em Portugal;
  • Tenham sido residentes em Portugal durante todo o ano;
  • Não detenham estatuto de residente não habitual;
  • Não usufruam de benefícios fiscais;
  • Não tenham pago pensão de alimentos;

Qual o processo?

No Portal das Finanças, os contribuintes devem escolher a opção “IRS Automático”, explica um documento da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). Será então disponibilizada uma declaração de rendimentos provisória por cada regime de tributação (separada e conjunta) quando aplicável, bem como a liquidação provisória do imposto e os elementos que serviram de base ao cálculo das deduções. Quem não tem acesso à internet, pode procurar ajuda nos Espaços do Cidadão.

De seguida, é preciso verificar se os dados pessoais apresentados estão corretos — correspondendo à situação concreta a 31 de dezembro de 2016 — ou se houve alterações que obriguem a entregar a declaração de IRS de acordo com as regras gerais. É o que acontece se, por exemplo, o contribuinte casou ou teve um filho. Isto acontece porque os dados utilizados no IRS automático são os declarados no ano anterior ou, na sua falta, a AT considera que o sujeito passivo não é casado nem tem dependentes.

Também é preciso verificar se os dados estão corretos no que toca a rendimentos, retenções na fonte, contribuições para a segurança social, quotizações sociais e despesas.

Quem quiser consignar parte do IRS ou do IVA por exigência de fatura deverá ainda indicar a entidade escolhida.

Os contribuintes devem depois consultar a “Demonstração da Liquidação” e a “Declaração”, avança a AT.

Contribuintes casados ou unidos de facto (com este estado civil na declaração do ano passado) podem consultar a declaração provisória com os dois regimes de tributação — separada e conjunta — e escolher um dos regimes. Se a opção recair no regime de tributação separada, ambas as declarações podem ser selecionadas, desde que os dois contribuintes avancem com a autenticação através da sua senha pessoal de acesso.

Selecionada que esteja a declaração (ou declarações), os contribuintes podem então proceder ao próximo passo — aceitar — caso verifiquem que todos os dados estão corretos. De acordo com a AT, surgirá depois um novo ecrã com a identificação das declarações e o resultado das liquidações. O passo seguinte é verificar se o IBAN está correto e, caso contrário, corrigi-lo. Por fim, a declaração pode ser confirmada.

Depois disto, a declaração automática considera-se entregue e a liquidação provisória passa a definitiva. Se não houver imposto a pagar, os contribuintes ficam notificados da liquidação; caso contrário, são notificados nos termos gerais.

E se o contribuinte não fizer nada enquanto decorre o período de entrega? Se, entre 1 de abril e 31 de maio, não confirmar os dados provisórios nem fizer a entrega nos termos gerais, a declaração automática é considerada entregue e a liquidação provisória converte-se em definitiva. Neste caso, é assumido o regime de tributação separada no caso de sujeitos passivos casados ou unidos de facto. Na página pessoal do Portal das Finanças, o contribuinte poderá consultar os dados na base da liquidação. E poderá ainda avançar com uma declaração de substituição nos 30 dias seguintes à liquidação.

“Caso o contribuinte não confirme a declaração automática de IRS provisória nem proceda à entrega de uma declaração de IRS modelo 3, em papel ou via internet, e caso não reúna as condições para estar dispensado desta entrega, no final do prazo (31 de maio) a declaração provisória converte-se em definitiva liquidando-se o correspondente IRS”, explica o Ministério das Finanças ao ECO. E acrescenta: “o contribuinte dispõe ainda dos 30 dias seguintes à liquidação para entregar uma declaração de substituição sem sujeição a penalidades”.

Também no caso da declaração automática, os contribuintes têm de apresentar à AT, se esta solicitar, documentos que comprovem rendimentos ou deduções.

Atenção aos erros na declaração automática

Os contribuintes abrangidos pela declaração automática também estão sujeitos a contraordenações em caso de erro ou omissão — quer validem a informação apresentada, quer não façam nada e vejam, por isso, esta declaração converter-se em definitiva. Por isso é preciso ter atenção aos dados avançados.

“O contribuinte deve verificar se a declaração automática de IRS provisória disponibilizada pela AT corresponde à sua concreta situação tributária em todos os seus elementos, à data de 31.12.2016, nomeadamente, elementos pessoais, nome, NIF, estado civil, sem dependentes, bem como elementos materiais, como sejam os rendimentos, as retenções na fonte, as contribuições sociais, as despesas para dedução à coleta, IBAN, etc.”, começa por explicar o Ministério das Finanças.

“Caso o contribuinte confirme esta declaração automática de IRS, considera-se para todos os efeitos legais, como declaração entregue pelo contribuinte. Assim, nestes casos, bem como nas situações em que o contribuinte não confirma a declaração provisória nem entrega a declaração modelo 3 não estando dela dispensado, e não procede à substituição da declaração automática no referido prazo de 30 dias seguintes à liquidação, se se verificarem omissões ou inexatidões que sejam imputáveis ao contribuinte, está sujeito à contraordenação prevista no RGIT [Regime Geral das Infrações Tributárias]”, adianta ainda a mesma fonte.

A coima pode não ser aplicada “se estiver regularizada a falta cometida e a mesma revelar um diminuto grau de culpa, o que se presume quando as inexatidões se refiram ao montante de rendimentos comunicados por substituto tributário”, que é o que acontece, por exemplo, no caso dos salários, em que é a entidade patronal que faz a retenção na fonte sobre os salários e comunica essa informação.

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Parlamento escocês aprova novo referendo à independência

  • Margarida Peixoto
  • 28 Março 2017

A primeira-ministra escocesa conseguiu apoio para pedir a Londres os meios legais para realizar um novo referendo à independência da Escócia.

O Parlamento de Edimburgo aprovou esta terça-feira a moção para abrir as negociações com Londres, com vista à realização de um novo referendo à independência da Escócia. A proposta da primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, foi aprovada com os votos favoráveis de 69 deputados, e 59 votos contra, adianta a Bloomberg.

Sturgeon conseguiu assim o aval de que precisava para pedir junto das autoridades do Reino Unido os meios legais para realizar o plebiscito. A ideia da líder escocesa é realizar a consulta popular até à primavera de 2019. O resultado obtido na votação desta tarde era já esperado, depois de os Verdes terem revelado o seu apoio à proposta do Partido Nacional Escocês, de Sturgeon.

O voto a favor daquele que será o segundo referendo à independência da Escócia chega um dia antes de o Reino Unido acionar o artigo 50º do Tratado de Lisboa, para arrancar oficialmente dois anos de negociações para a saída da União Europeia. A votação chegou a estar prevista para a semana passada, mas foi adiada por causa do ataque terrorista em Londres.

"Nenhum de nós deve ter qualquer dúvida sobre o que está em jogo. O povo da Escócia também deve ter uma palavra a dizer.”

Nicola Sturgeon

Primeira-ministra escocesa

É de esperar que as negociações entre Edimburgo e Londres por causa do referendo sejam duras. A primeira-ministra britânica, Theresa May, já se mostrou contra a iniciativa, mas Sturgeon tem mantido firme a sua posição: “Quando esta mudança nos é imposta, devemos ter o direito de escolher”, disse, antes da votação, citada pela Bloomberg. “Nenhum de nós deve ter qualquer dúvida sobre o que está em jogo. O povo da Escócia também deve ter uma palavra a dizer”, frisou ainda.

Quando anunciou a intenção de propor ao Parlamento o referendo, Nicola Sturgeon explicou que quer consultar a população escocesa assim que os resultados das negociações do Brexit forem mais claros.

 

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Lesados do BES: Governo aprova diploma em Conselho de Ministros em breve

O primeiro-ministro revelou esta terça-feira, em visita à Madeira, que o Governo vai aprovar um diploma que encerrará o problema dos lesados do BES em Conselho de Ministros muito em breve.

O primeiro-ministro revelou esta terça-feira, em visita à Madeira, que o Governo vai aprovar um diploma que encerrará o problema dos lesados do BES em Conselho de Ministros. Em declarações à RTP3, António Costa afirmou que essa aprovação deverá acontecer entre esta e a próxima semana. Esse diploma “encerrará todo o processo relacionado com os lesados do BES”, garantiu o primeiro-ministro.

Em dezembro de 2016, o Governo fez uma conferência de imprensa para apresentar a solução dos lesados do BES, mas foram poucos os pormenores revelados nessas altura. Na altura, António Costa — ao lado de Diogo Lacerda Machado, o porta-voz do grupo de trabalho criado entre a CMVM, Banco de Portugal e a Associação dos Enganados e Indignados do Papel Comercial (AIEPC) — disse ter o sentimento de “dever cumprido”.

Do que se sabe, mas não confirmado, será assegurado que os clientes que aderirem à solução receberão garantidamente 75% do valor investido, num máximo de 250 mil euros, nas aplicações até 500 mil euros e 50% para as aplicações acima dos 500 mil. Por exemplo, para uma aplicação de 400 mil euros serão pagos 250 mil euros, porque é o valor máximo possível para esse montante, ainda que seja abaixo dos 75%. Já para uma aplicação de 600 mil serão pagos 300 mil euros. O diploma que será aprovado brevemente em Conselho de Ministros deverá trazer mais pormenores sobre o acordo atingido entre as partes.

O primeiro-ministro falou ainda do caso dos lesados do Banif, reconhecendo que existem “situações dramáticas”. Contudo, segundo António Costa, a ação do Estado é limitada por causa da CMVM. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários ainda não fez o reconhecimento das “práticas indevidas na venda dos produtos, o que limita muito a parte do Estado para encontrar os mecanismos como encontrámos para os lesados do BES”, argumentou Costa.

Em visita à Madeira, o chefe de Estado revelou que, tal como tinha dito na campanha eleitoral, acha legítimo que a região autónoma pague os mesmos juros que a República Portuguesa paga nos mercados. O primeiro-ministro disse que o assunto está a ser estudado e não existem mais informações para já.

(Notícia atualizada às 17h15 com mais declarações de António Costa)

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Obrigações para o retalho esgotaram no primeiro dia

Mal arrancou, acabou... as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) esgotaram no primeiro dia de subscrição, tal como aconteceu nas anteriores emissões. O Governo pode aumentar a oferta.

As Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) já esgotaram. Logo no primeiro dia de subscrição desta nova emissão de obrigações destinadas a investidores de retalho, as ofertas colocadas pelos pequenos aforradores superaram o montante total definido para esta operação. O valor a obter pelo Estado pode, no entanto, ainda ser revisto em alta.

A emissão foi lançada com um valor inicial de 500 milhões de euros. O período de subscrição arrancou a 27 de março, dia em que foram registadas intenções de compra de um valor que ficou acima da oferta. De acordo com fontes contactadas pelo ECO, que preferiram não ser identificadas, os investidores colocaram ordens para um montante em torno dos 600 milhões de euros.

Cumpre-se, assim, a “tradição” nestas emissões de OTRV, embora com menos fulgor. Na última operação, realizada em novembro, aos 500 milhões pretendidos os investidores responderam com ordens de 1.085 milhões logo no primeiro dia da operação. Em agosto as ordens ascenderam a 981 milhões, acima dos 500 milhões pedidos. E na primeira, em maio, as ordens na estreia foram de 455 milhões, acima dos 350 milhões da emissão.

A forte procura tem sido uma constante nestas obrigações destinadas ao retalho. O contexto de juros muito baixos nos produtos tradicionais, nomeadamente os depósitos comercializados pela banca, tem levado muitos aforradores a investirem neste novo produto de poupança que tem pago taxas em torno de 2%. Nesta emissão, o juro apresentado é de 1,9%.

Valor da emissão pode subir

Esta nova emissão de OTRV mantém as características principais das três operações anteriores. Está disponível para montantes de investimento a partir de mil euros que podem ir até um máximo de um milhão de euros, sendo a subscrição realizada por múltiplos de mil euros. O Estado pretende financiar-se em 500 milhões de euros, mas à luz da forte procura deverá emitir mais.

A operação tem um “valor nominal global inicial de até 500 milhões de euros, o qual poderá ser aumentado, por opção do emitente, até ao dia 31 de março de 2017, inclusive, sendo que em caso de exercício desta opção será divulgada uma comunicação para o efeito até à referida data, inclusive”, refere.

Nas três emissões realizadas no ano passado, o Estado acabou por rever sempre em alta o montante a emitir. Na primeira elevou-a de 350 para 750, na segunda passou de 500 para 1.200 e na terceira passou para 1.500 milhões de euros (contra os 500 milhões iniciais). No total, só com OTRV o Estado financiou-se em 3.450 milhões.

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OPA à EDP Renováveis leva Lisboa a máximos de 10 meses

A ações da EDP Renováveis valorizaram mais de 10% após a OPA da EDP. Animada pela oferta, a bolsa lisboeta avançou, registando o melhor desempenho na Europa.

A bolsa lisboeta fechou em máximo de 10 meses. O PSI-20 avançou para níveis de 2 de junho graças à OPA (oferta pública de aquisição) da EDP sobre a EDP Renováveis, o que puxou pelas ações das duas cotadas. Lisboa terminou o dia com o melhor desempenho entre as principais bolsas europeias, tendo o melhor desempenho em quase dois meses ao valorizar 2,76%. O principal índice europeu Stoxx 600 fechou a subir mais de 0,5%.

Depois do anúncio da OPA esta segunda-feira à noite, as ações da EDP Renováveis ultrapassaram o valor oferecido por ação (6,80 euros): os títulos fecharam nos 6,90 euros, aumentando 10,10% face à sessão anterior. As ações da casa mãe, a EDP, seguiram o mesmo caminho com uma valorização de 4,16% para os 3,06 euros por título.

Caso a OPA seja bem-sucedida, a própria EDP beneficiará de um maior potencial dada a absorção por completo da EDP Renováveis, empresa em que já detém uma participação superior a 77,5%. Além disso, a energética portuguesa anunciou esta segunda-feira que, para financiar a OPA, vendeu a Naturgas em Espanha por 2,5 mil milhões de euros, o que terá um impacto esperado de cerca de 2,3 mil milhões de euros na redução da dívida líquida da EDP em 2017.

A EDP é uma das cotadas com mais peso na bolsa, de tal forma que acabou por arrastar consigo o índice nacional. Essa influência verificou-se especialmente nas energéticas cotadas no PSI-20: a Galp valorizou 2,69% para os 13,76 euros por ação e a REN subiu 1,36% para os 2,76 euros por ação.

Mas não foram só as energéticas que foram iluminadas esta terça-feira. O BCP valorizou 2,88% para os 18,56 cêntimos por ação, uma subida generalizada para as restantes cotadas como a Altri, a Corticeira Amorim, os CTT, a Navigator e a Sonae.

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A moeda mais segura do mundo sai hoje à rua

  • Juliana Nogueira Santos
  • 28 Março 2017

Doze lados, duas cores, hologramas e um sistema de alta tecnologia para prevenir a falsificação. A nova moeda de uma libra é considerada a moeda mas segura do mundo e começa hoje a circular.

Depois de três meses de desenvolvimento, a “moeda mais segura do mundo” entra esta terça-feira em circulação. A nova moeda de uma libra, que foi pensada de maneira a que a sua falsificação seja impossível, começa hoje a andar de mão em mão em território britânico e promete mudanças drásticas no campo da contrafação.

O Tesouro britânico considerou este passo indispensável para lutar contra a contrafação desta moeda que antes se apresentava demasiado vulnerável. Segundo os dados da The Royal Mint, a entidade que produz as moedas no Reino Unido, uma em cada 30 moedas de uma libra são falsificadas. Tendo em conta que existem cerca de 30 mil milhões de moedas em circulação, estima-se que 1,6 mil milhões de libras sejam contrafeitas.

E o que é que faz desta moeda “mais segura do mundo”, como é apelidada pelo estado britânico?

  • Doze lados: A moeda volta a ter a forma que foi usada de 1937 a 1971 e que permite que seja reconhecida rapidamente pelo toque.
  • Dois metais: Com um anel exterior dourado de bronze de níquel e o interior prateado de liga niquelada, a moeda passa a ter duas cores.
  • Imagens holográficas: O ícone que se situa abaixo da silhueta da rainha é um holograma que muda do símbolo da libra para o número um conforme o ângulo do qual é visto.
  • Letras muito pequenas: A moeda incluí gravações muito pequenas dos dois lados, sendo que na face “cara” pode ler-se “ONE POUND” e na “coroa” o ano em que esta foi produzida.
  • Arestas serrilhadas: Seis das doze arestas são serrilhadas alternadamente.
  • Ferramenta escondida de alta segurança: É nesta ferramenta que está o mecanismo de alta tecnologia que vai proteger a moeda de ser falsificada. A este foi dado o nome de iSIS, que significa Integrated Secure Identification System, e já era utilizado nas notas em circulação.

Uma atualização que demorou 30 anos

A moeda antiga, que esteve em circulação durante 30 anos, era redonda e dourada, com a cara da rainha numa face e os símbolos dos países constituintes do Reino Unido na outra face. A nova moeda conta, para além das novidades acima descritas, com um design revitalizado.

A antiga moeda de uma libra apresentava características que a tornavam vulnerável a falsificações.The Royal Mint

Estas atualizações foram desenhadas por David Pearce, um estudante de 17 anos, e incluem um novo símbolo na “coroa” que representa a rosa inglesa, o alho-porro galês, o cardo escocês e o trevo norte-irlandês, todos unidos por uma coroa. Ainda assim, o retrato da rainha é o mesmo que estava gravado na antiga moeda.

A novo moeda tem 12 lados, um design renovado e um sistema que previne a falsificação.The Royal Mint

 

Preparação para a nova moeda

Como acontece sempre que há uma atualização de moeda, os negócios e os utilizadores têm de se preparar para esta transição. Até agora, todos os equipamentos automáticos foram atualizados para passarem a aceitar esta moeda e foram dadas indicações aos negociantes para passarem a ter mais atenção às moedas que recebem.

A partir de hoje e até dia 15 de outubro, a moeda antiga e a moeda nova estarão a circular simultaneamente e os bancos aceitarão trocas, mas daí em diante a moeda redonda deixa de ser aceite em estabelecimentos e em equipamentos automáticos.

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Upa, upa! EDP Renováveis está 15 cêntimos acima da OPA. Porquê?

Mercado quer mais pela Renováveis do que os 6,80 euros que Mexia oferece. Mas não se perspetiva uma revisão em alta do preço da OPA, dificultando a tarefa da EDP para tirar a subsidiária de bolsa.

A EDP deu sinais de que não vai rever o preço da Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a EDP Renováveis em alta, mas a acentuada valorização dos títulos da subsidiária de energias limpas indica que o mercado está à espera de um ajustamento positivo da contrapartida de 6,80 euros. Até porque nada mudou intrinsecamente no valor da cotada liderada por Manso Neto de ontem para hoje.

As ações da EDP Renováveis EDPR 0,00% continuam a ser alimentadas por um voraz apetite comprador. Disparam quase 11% para 6,945 euros, quase 15 cêntimos acima da oferta da EDP EDP 0,00% . Por seu turno, também a EDP valoriza esta terça-feira: +4,47% para 3,06 euros.

Daquilo que falei com a EDP, não é para rever o preço da OPA. Mas aparentemente o mercado acha que a EDP talvez vá ajustar o preço da oferta. Só isso justifica que a EDP Renováveis esteja a transacionar acima do preço da OPA”, diz um operador do mercado que não quis ser identificado. Albino Oliveira, da Patris Investimentos, não encontra outra explicação para este comportamento dos investidores.

Ontem ninguém queria comprar a EDP Renováveis e de repente hoje já toda a gente quer comprar 11% acima?”, questiona o gestor de ativos. “Nada mudou. A não ser a disposição da EDP para comprar as ações que ainda não detém na EDP Renováveis”, responde de seguida.

EDP Renováveis transaciona 15 cêntimos acima da OPA

Fonte: Bloomberg (valores em euros)

Torna-se difícil perceber o comportamento do mercado tem em conta todas as variáveis. É que a EDP não impôs condições de sucesso na operação. Ou seja, pode comprar os títulos ou não. O que deixa a empresa liderada por António Mexia numa posição menos comprometida no que toca a uma eventual revisão em alta da contrapartida que oferece, quando já tem nas suas mãos mais de 77% da cotada de energias verdes.

“Alguém acredita que a EDP vai rever o preço. Ou então, de facto, os investidores não querem vender. Mas também não há nenhuma condição de sucesso e a EDP pode comprar ou não”, admite o operador de mercado não identificado.

Neste contexto, diminuem-se de forma drástica as probabilidades de a EDP alcançar os 90% de presença no capital na estrutura acionista da EDP Renováveis, a condição determinante para que seja retirada da bolsa. “É difícil de entender o que poderá levar a EDP a rever em alta. Tudo pode acontecer. Mas olhando para o preço do mercado e se o preço do mercado se mantiver sempre acima da oferta, torna menos provável que consiga os 90%”, explica Albino Oliveira.

A fonte do mercado concorda, acrescentando outra dificuldade para a EDP: “Não ficou bem claro no comunicado de lançamento da oferta, mas, para fazer uma OPA potestativa, a EDP tem de adquirir mais de 90% dos 22% que não detém. E isso implica comprar quase 20% das ações que não possui…”

De resto, não são apenas os investidores a exigirem mais da EDP em troca das suas ações da EDP Renováveis. Haitong, BPI Research e CaixaBI já consideraram o preço da oferta manifestamente baixo. Isto apesar de Mexia ter dito aos analistas que se trata de “um bom negócio para os acionistas de ambas as empresas”. Até ao momento, as palavras do presidente da EDP não estão a convencer. O mercado espera por uma revisão do preço.

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Novo Banco: PSD atira aprovação da venda para a esquerda

Como já tinha sido anunciado por Marques Mendes, o Governo já se começou a reunir com os partidos para discutir a venda do Novo Banco. PSD, BE, PCP e CDS já confirmaram as reuniões.

O Governo reuniu-se com o PSD, CDS, Bloco de Esquerda e PCP para discutir a venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star. Isto depois de o Executivo de António Costa ter conseguido chegar a acordo com Bruxelas para ficar com 25% do banco de transição, mas com duas condições: não ter poder de voto nem gestores no banco. Um acordo que Mariana Mortágua diz ser o “pior dos dois mundos”.

A Sic Notícias avança que o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, recebeu esta manhã as delegações das bancadas parlamentares do PSD, CDS, Bloco de Esquerda e PCP. Reuniões que, segundo Marques Mendes, estavam previstas para se discutir a venda do Novo Banco – que tem de estar concluída até ao final da semana.

Contactada pela Lusa, fonte do grupo parlamentar confirmou o encontro de uma delegação do PSD com o Governo, remetendo para o executivo, que solicitou a reunião, o anúncio da “informação que deseja comunicar publicamente”. “O PSD esclarece apenas que não foi solicitado pelo Governo ao PSD qualquer apoio para a decisão que pretende tomar e que o governo, como é por demais sabido, dispõe de maioria parlamentar para suportar as suas escolhas políticas mais importantes”, acrescentou a mesma fonte.

Ainda na oposição, o CDS também disse ter estado hoje num encontro com o Executivo. “Nós aguardamos para saber em concreto o que é que está a ser preparado, o que é que está a ser decidido, seja pelo Banco de Portugal, seja pelo Governo, mas o que lhe posso dizer é que nós, de base, somos favoráveis a uma venda total do Novo Banco”, respondeu Assunção Cristas à agência Lusa quando questionada sobre a venda do Novo Banco.

Fonte do BE também confirmou a reunião à Lusa. E reiterou que a venda do Novo Banco é “demasiado importante para que não passe pelo parlamento”, não excluindo por isso a possibilidade de a levar à votação no plenário. Do lado do PCP, Jerónimo de Sousa reafirmou que a instituição deve ser integrada no setor público e lembrou que a sua posição “já foi levada à discussão e votação na Assembleia da República, no passado dia 03 de fevereiro, através de uma proposta apresentada e agendada” pelo partido.

Em declarações esta tarde à RTP3, à margem da visita à Madeira, o primeiro-ministro disse que as reuniões com os grupos parlamentares foram meramente informativas. António Costa afirmou que os encontros serviram para colocar os restantes partidos a par das negociações da venda do Novo Banco com a Comissão Europeia e o potencial comprador, a Lone Star.

Em causa está o acordo a que o Executivo conseguiu chegar com Bruxelas: fica com 25% do capital, mas sem administradores no banco e sem poder de voto, como avançou o ECO. Esta foi a condição das autoridades europeias para aceitar a participação do Estado na estrutura acionista em associação com o fundo norte-americano. Vai ter ações, a responsabilidade de capitalizar o banco no futuro caso venha a ser necessário, mas não vai ter direitos de participação na gestão.

O ministro das Finanças, na conferência de imprensa em que explicou os resultados do défice de 2016, afirmou: “Consideramos que há condições para um acordo”, sem adiantar mais dados, com a justificação de que as negociações estão em curso. Neste acordo, o Lone Star compromete-se, por seu lado, a colocar 750 milhões de euros de capital no Novo Banco, e a reforçar a capitalização com mais 250 milhões de euros numa segunda fase, a curto prazo, revelou ao ECO uma fonte que acompanha as negociações.

(Notícia atualizada às 17h42 com declarações do CDS)

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