Pedro Sánchez herda uma Espanha sem Orçamento e a crescer mais devagar

  • Juliana Nogueira Santos
  • 2 Junho 2018

Pedro Sánchez é o novo presidente do Governo espanhol. O seu maior presente vem de Rajoy: uma grande economia para governar. E em que estado chega?

Pedro Sánchez é agora o sétimo presidente da monarquia parlamentar.Lusa

A sentença do caso Gürtel veio ditar a sentença do Governo de Mariano Rajoy. Um dia após vários políticos terem sido acusados de envolvimento num esquema de corrupção que ajudou a financiar o partido de Mariano Rajoy, o Partido Popular (PP), o Partido Socialista Espanhol (PSOE) apresentou uma moção de censura no Congresso.

Com 180 votos a favor, 169 contra e uma abstenção, o Governo do PP foi afastado e a história escreveu-se. Já tinham sido apresentadas quatro moções de censuras desde que a monarquia parlamentar foi instituída, mas esta foi a primeira vez que foi aprovada. E foi a primeira vez que um líder da oposição passou, de um segundo para o outro, a ser presidente sem ter de consultar os espanhóis.

Pedro Sánchez, do PSOE, é agora o presidente do Governo espanhol. E por entre congratulações e motivos de orgulho, o presente maior vem de Rajoy: uma grande economia para governar. E em que estado chega? Com um ritmo de abrandamento e o orçamento numa encruzilhada.

Um Orçamento pendurado

A dois meses da entrada em vigor e sem uma maioria de apoio no Parlamento, Mariano Rajoy conseguiu que o Orçamento do Estado para 2018, que veio a ser o último do seu mandato, passasse na câmara baixa e seguisse caminho para o Senado, onde o seu partido tem a maioria.

Neste, Cristóbal Montoro, ministro das Finanças, quis aliviar a pressão que sobrecarregou os espanhóis durante os anos de recessão económica, com as pensões a aumentarem pelo menos 0,25%, os salários dos funcionários públicos a avançarem 1,5% e um pacote de investimento público que ascende aos 8,48 mil milhões de euros.

As propostas do Governo de Rajoy estão agora numa encruzilhada, estando ainda pendentes de aprovação do Senado. Com a mudança de Governo, e ainda sem se saber quem vai ocupar o lugar deixado vago por Montoro, os planos para o Orçamento podem seguir quatro cenários: a aprovação e a consequente entrada em vigor, o regresso ao Congresso — caso o PP queira mudar algo –, o veto dos populares — que iria tirar o tapete dos pés do novo Governo –, ou o veto dos socialistas.

Do lado do PSOE, Sánchez já prometeu que o último cenário não está em causa, invocando a estabilidade política e o “desafio” de cumprir aquilo que foi proposto pela oposição. “O Governo que surgirá terá a prioridade de cumprir os compromissos europeus, manter o Orçamento de 2018 e apresentar o de 2019 com tempo e forma”, afirmou Sánchez antes de ser conhecido o resultado da moção de censura.

Depois de os deputados terem votado, este discurso fez eco em Bruxelas. Jean-Claude Juncker deu os parabéns ao socialista e afirmou estar à espera que o primeiro-ministro espanhol continue a contribuir para uma União Europeia “mais unida e mais justa”, tendo traçado logo à partida uma linha intransponível: a da aprovação do orçamento.

Ainda que a incerteza ronde as paredes do Palácio da Moncloa, nos mercados os investidores estão quase certos que não vai acontecer nenhuma viragem neste processo. Numa nota de research desta sexta-feira, o UBS disse que “Sánchez reiterou o compromisso com a ortodoxia europeia e o controlo orçamental em Espanha, bem como o seu plano inclui a aceitação do atual orçamento para 2018″.

O banco de investimento deixou ainda espaço para a possibilidade de o socialista ser mais “expansivo em termos de gastos”, mas considerou ainda que não há muita margem para tal, visto que “as tentativas para reverter reformas poderão não encontrar maioria no Parlamento”. Desta forma, a notícia do novo Governo também foi recebida de braços abertos no principal índice bolsista espanhol, que recuperou do seu pior mês desde 2012.

Uma economia a abrandar

Já esta semana, a OCDE expressou-se acerca da saúde da economia espanhola, prevendo um abrandamento na economia. Se no primeiro trimestre deste ano o PIB cresceu 0,7%, mantendo o ritmo dos dois trimestres anteriores, a organização liderada por José Ángel Gurría prevê que Espanha feche o ano de 2018 com a economia a avançar 2,8%, menos 0,3 pontos percentuais do que no ano anterior.

No ano de 2019 o travão vai ainda mais a fundo, com o crescimento da economia a fixar-se nos 2,4%. “O consumo privado irá desacelerar à medida que a criação de emprego também fica mais moderada, mais continuará a ser o maior motor da economia”, pode ler-se no relatório da OCDE. “O investimento privado irá também acalmar gradualmente.”

Um dos grandes problemas concentra-se ainda no setor do emprego, onde a taxa de desemprego ainda ronda os dois dígitos. A OCDE prevê que esta atinja os 13,8% em 2019, mas deixa um alerta: se as oportunidades de emprego não forem criadas e os desempregados não tenham ajuda do Estado para voltar a trabalhar este valor não será atingido.

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Afinal, quem é o ministro da Economia? Caldeira ou Siza?

No papel, Pedro Siza Vieira só tem três missões. Na prática, é ele quem coordena o Programa Capitalizar, acompanha os grandes projetos de investimento e atua em setores estratégicos como o elétrico.

Pedro Siza Vieira foi, desde o primeiro dia em funções no Governo, apresentado como um superministro, em quem António Costa confiaria para alavancar o crescimento económico e que teria mesmo mais poder do que o efetivo ministro da Economia. Este domingo, o comentador social-democrata Luís Marques Mendes, que já antes tinha colocado em causa a continuidade de Manuel Caldeira Cabral no Governo, voltou à carga, desta vez para questionar as funções do ministro Adjunto.

“É muito estranho. Trata de assuntos de energia, mas não é ministro da Energia. Trata de assuntos de economia, mas não é ministro da Economia. Parece que temos dois ministros da Economia“, disse Marques Mendes no seu espaço habitual de comentário político, na SIC.

As dúvidas são levantadas depois de uma sequência de polémicas a envolver Pedro Siza Vieira. Primeiro, o ministro pediu escusa de intervir em matérias relacionadas com o setor elétrico. Depois, o Expresso noticiou que, antes deste pedido de escusa, participou numa reunião com a China Three Gorges, antes de a empresa estatal chinesa lançar a oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP, um negócio ao qual o Governo já disse claramente não se opor.

No fim, sobram dúvidas: porque é que é o ministro Siza Vieira a assumir o setor elétrico, que é tutelado pelo Ministério da Economia? Ou quais os outros setores da economia que o ministro Adjunto tutela ou em que intervém? Em suma: afinal, que competências tem Pedro Siza Vieira e quem é, de facto, o ministro da Economia?

O que faz um e outro?

No papel — leia-se, na Lei Orgânica do Governo –, é fácil distinguir as responsabilidades de um e de outro ministro. Pedro Siza Vieira só tem três missões:

  1. acompanhar as medidas de caráter interministerial de execução do Programa do Governo;
  2. tutelar a Unidade de Missão para a Valorização do Interior;
  3. e participar, sob a coordenação da ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, em reuniões de assuntos económicos e de investimento, “visando favorecer a concretização célere de projetos de investimento relevantes”.

A lista de competências de Manuel Caldeira Cabral é bem mais vasta. O ministro da Economia trabalha em coordenação com oito outros ministros e tem por missão “formular, conduzir, executar e avaliar as políticas de desenvolvimento dirigidas ao crescimento da economia, da competitividade, da inovação, de internacionalização das empresas e de promoção do comércio, da indústria e do investimento”.

Para além disso, Caldeira Cabral tutela a Direção-Geral de Energia e Geologia, o Laboratório Nacional de Energia e Geologia, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), a Agência Nacional de Inovação e a Instituição Financeira de Desenvolvimento. É ainda responsável pela promoção e captação de investimentos nacionais e estrangeiros.

Na prática, a realidade parece ser outra. Por um lado, há as competências oficiais (mesmo as que não surgem explicitadas na Lei Orgânica do Governo). Siza Vieira é o responsável pelo Programa Capitalizar, programa bandeira do Governo para a área económica, e monitoriza o Conselho Estratégico para a Internacionalização da Economia, uma área que, oficialmente, é coordenada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e pelo ministro da Economia.

Depois, há a intervenção oficiosa em setores chave da economia. O caso paradigmático é o do setor elétrico, no qual interveio até pedir escusa. Há mesmo a dúvida, por exemplo, sobre quem terá convencido o Governo a voltar atrás na taxa sobre as renováveis que tinha sido acordada com o Bloco de Esquerda. Para além, claro, da já falada reunião com a China Three Gorges, pedida pela empresa estatal chinesa não ao ministro que tutela a energia, mas a Siza Vieira.

E fica por esclarecer qual o papel de Siza Vieira nas “reuniões de coordenação de assuntos económicos e de investimento, visando favorecer a concretização célere de projetos de investimento relevantes”. Em novembro do ano passado, fonte do gabinete do primeiro-ministro confirmava ao Expresso que seria o ministro Adjunto a acompanhar os grandes projetos de investimento. Não é claro, contudo, exatamente em que setores intervém Siza Vieira.

Apesar de tudo, é Manuel Caldeira Cabral quem aparece na fotografia. Desde que Siza Vieira tomou posse, todos os grandes contratos de investimento celebrados entre o Estado e empresas privadas, como a Renault, a Peugeot Citröen, a Natixis, a Navigator ou a Outsystems, foram assinados pelo ministro da Economia.

De resto, o ministro da Economia já respondeu às dúvidas há muito levantadas: “o peso político faz-se com trabalho e coordenação”, disse numa entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, onde recusou “comentar comentários de um comentador político ligado ao PSD”, referindo-se a Marques Mendes.

Os adjuntos sempre foram superministos?

As competências de Pedro Siza Vieira levantam questões pelo momento que o ministro vive — por exemplo, por ter pedido escusa de tratar de assuntos do setor elétrico já depois de ter participado na reunião com a China Three Gorges –, mas a acumulação de funções transversais a vários setores não é uma novidade para um ministro Adjunto.

O próprio Marques Mendes chegou a ter várias competências, enquanto ministro Adjunto do governo de Cavaco Silva: era coadjuvado pelos secretários de Estado da Juventude, da Comunicação Social, do Desporto e ainda da Administração Pública. Era a ele que competia assegurar as relações do Governo com a Assembleia da República e com os partidos políticos, “exercendo ainda os poderes nele delegados pelo Conselho de Ministros ou pelo primeiro-ministro”. Era dele que dependiam o Instituto da Juventude e o Gabinete do Serviço Cívico dos Objetores de Consciência. E também fazia parte do Conselho de Ministros para os Assuntos Económicos.

Já no segundo governo de António Guterres, o então ministro Adjunto Fernando Gomes era responsável por aquilo que hoje faria parte do dossiê da descentralização: promovia a audição das associações representativas dos municípios e das freguesias relativamente a projetos de diplomas respeitantes a atribuições destas autarquias.

Nesse governo de Guterres, tal como no primeiro do agora secretário-geral da ONU, havia ainda o cargo de ministro Adjunto do primeiro-ministro, que foi sendo desempenhado por três nomes: primeiro José Sócrates, depois Armando Vara e, finalmente, António José Seguro. Este era o ministro responsável pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, pela Defesa do Consumidor, pela Juventude e pela Comunicação Social.

Também no governo de Pedro Passos Coelho a pasta da Administração Local e da Reforma Administrativa, bem como a da Comunicação Social, cabia ao ministro Adjunto, então Miguel Relvas.

Siza Vieira é diferente?

A novidade no atual Governo não é tanto o leque vasto de competências do ministro Adjunto, mas a importância das mesmas. Nas pastas diretamente ligadas à Economia, Siza Vieira assume mesmo aquelas que eram as bandeiras deste Governo para esta área: o Programa Capitalizar vem responder às necessidades de capitalização e de reestruturação do tecido empresarial; e o Conselho Estratégico para a Internacionalização da Economia, que depende diretamente do primeiro-ministro, tem por missão promover o comércio externo e o investimento português no estrangeiro, bem como captar investimento direto estrangeiro para Portugal.

Siza Vieira tutela ainda a Unidade de Missão para a Valorização do Interior, que, não fazendo parte do programa original de Governo, tem uma importância de relevo: é a entidade que trabalha na reconstrução da economia das zonas afetadas pelos incêndios do ano passado. Tudo isto sem contar com o tal papel informal referido anteriormente.

Nenhuma destas competências parece estranha aos empresários que lidam diretamente com o Governo, até porque a organização interna do executivo tem pouco impacto sobre terceiros. Mas o “peso político” de Caldeira Cabral é questionado. “Globalmente, o Ministério da Economia tem pouco peso político. Independentemente da boa vontade do ministro — e, no nosso caso, do secretário de Estado do Comércio –, tem pouca influência nos traços gerais da política, quer económica, quer fiscal”, diz ao ECO João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP).

Como exemplo desta falta de influência, o presidente da CCP nota que Caldeira Cabral “raramente está presente na concertação social”, ao contrário do que acontece, por exemplo, com o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos. Mas isso não significa que seja o ministro Adjunto a assumir o papel do ministro da Economia. “Não temos contacto com o ministro Siza Vieira desde que ele fez parte da missão para a capitalização das empresas”, refere João Vieira Lopes.

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Holdimo apela à “contenção de todos os jogadores” do Sporting

  • Lusa
  • 1 Junho 2018

A Holdimo, detentora de 29,8% do capital do Sporting, "apela publicamente à contenção de todos os jogadores", após conhecer as notícias de rescisões de Rui Patrício e Daniel Podence.

A Holdimo, detentora de 29,8 por cento do capital do Sporting, “apela publicamente à contenção de todos os jogadores“, após conhecer as notícias de rescisões unilaterais apresentadas pelos futebolistas Rui Patrício e Daniel Podence.

“A Holdimo já requereu intervenção judicial, com caráter de urgência, para destituição imediata dos membros da Comissão Executiva da SAD”, refere o comunicado esta sexta-feira divulgado pelo acionista, que também se demarca de “todas as posições públicas que o Dr. Bruno de Carvalho fez com considerações sobre a equipa, em geral, ou de algum jogador em particular“.

O maior acionista da SAD a seguir ao próprio clube diz que “não ficou indiferente e está a promover uma solução” e que “tudo está a fazer para que haja uma mudança célere na condução dos destinos da SAD, a bem da sociedade, a bem de todos os seus trabalhadores, a bem dos jogadores e a bem da equipa técnica”.

“É com esta autoridade moral que nos dirigimos aos jogadores e respetivos agentes, apelando para que se associem à solução e não optem por atos emocionais que podem ter consequências graves para todas as partes. A via judicial pode ser um calvário que a ninguém aproveita”, prossegue o comunicado, concluindo que “é pela via da razão” que se vai “construir uma alternativa”.

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Baixa no desemprego dá ânimo aos investidores em Wall Street

Os investidores norte-americanos juntaram as boas notícias do mercado de trabalho norte-americano aos sinais de maior estabilidade em Espanha e Itália e fizeram recuperar o mercado.

Aos sinais de maior estabilidade política em Espanha e Itália, os investidores norte-americanos juntaram boas notícias que vieram do mercado de trabalho dos EUA: a taxa de desemprego caiu para o valor mais baixo dos últimos 18 anos, transmitindo confiança quanto à vitalidade da maior economia do mundo.

Foi neste contexto positivo que Wall Street fechou em forte alta, num comportamento alinhado com as praças europeias. O S&P 500, o índice de referência para todo o mundo, avançou 1,08% para 2734.52 pontos. Acompanharam-no o tecnológico Nasdaq e o industrial Dow Jones, cujas valorizações foram de 1,51% e 0,9%, respetivamente.

“Dados sólidos sobre o emprego deram confiança aos investidores de que o abrandamento no PIB durante o primeiro trimestre foi transitório”, referiu Anwiti Bahuguna, da Columbia Threadneedle Investments, à agência Reuters. “Em cima disso, temos maior estabilidade na frente política europeia”, disse ainda.

O reporte do Governo americano mostrou que a economia do país criou 223 mil postos de trabalho no mês passado, acima do que era esperado pelos analistas. Com isso, a taxa de desemprego voltou a cair para mínimos de 18 anos, tendo ficado nos 3,8%.

Do lado de cá, após uma semana atribulada, Espanha e Itália viraram a página: em Madrid, Mariano Rajoy caiu com a moção de censura ao seu Governo e agora será a vez de Pedro Sanchez, do PSOE, assumir a liderança de um novo Executivo; em Itália, há nova tentativa do Movimento 5 Estrelas e da Liga Norte para formar uma coligação e assim evitar eleições antecipadas.

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Fitch mantém rating de Portugal dois níveis acima de “lixo”

A agência Fitch manteve o rating da dívida de Portugal em BBB, dois níveis acima do patamar considerado investimento especulativo. Também deixou inalterado o outlook em zona "estável".

A agência Fitch manteve o rating da dívida de Portugal em BBB, dois níveis acima do patamar considerado investimento especulativo. Também deixou inalterado o outlook em zona “estável”.

Não surpreendeu a decisão da agência norte-americana anunciada esta sexta-feira, publicada poucos momentos após o fecho das bolsas em Wall Street. Isto sobretudo depois de ter subido a notação de risco da República em dois degraus de uma assentada em dezembro passado, um movimento considerado ousado pelos analistas e que deixava pouca margem para nova melhoria do rating desta vez.

“O rating de Portugal resulta do equilíbrio dos seus pontos fortes institucionais (os indicadores de desenvolvimento humano, governação e rendimento per capita estão todos acima dos pares com rating BBB) e da melhoria dos indicadores macroeconómicos e orçamentais com os muito elevados níveis de dívida pública e externa e vulnerabilidades no setor financeiro”, começa por justificar a Fitch no comunicado que acompanha esta sua decisão.

O tom da mensagem é globalmente positivo, sobretudo na frente económica:

  • Sobre a dívida pública: “Os recentes desenvolvimentos macroeconómicos e orçamentais sustentaram a avaliação da Fitch de que a trajetória da dívida segue uma sólida tendência de queda e a descida do rácio da dívida pública vai continuar a médio prazo”.
  • Sobre a economia: “A Fitch prevê uma desaceleração económica gradual para 2,2% em 2018 e 1,8% em 2019, em linha com o crescimento da Zona Euro. A melhoria das condições do mercado de trabalho sustenta o ímpeto de crescimento subjacente, com a taxa de desemprego a cair para 7,5% em março de 2018. Ao mesmo tempo, não há sinais de aumento da pressão salarial e dos preços, portanto a inflação permanecerá moderada nos próximos dois anos”.
  • Sobre o défice: “Espera-se que a política orçamental restritiva prevaleça no médio prazo, orientada sobretudo pelas regras orçamentais europeias. De acordo com as estimativas da Comissão Europeia, o défice estrutural caiu em 0,9 pontos do PIB em 2017. Isso resultou de um forte esforço de política orçamental anticíclica no auge do ciclo económico. A Fitch prevê que o défice orçamental seja próximo de 1% em 2018 e 2019”.

Menos positiva foi a avaliação da Fitch em relação ao setor financeiro. “As vulnerabilidades do setor bancário continuam a refletir o legado da crise. O rácio do crédito malparada continua elevado, embora tenha recuado para 13,3% no final de 2017. As perspetivas de rentabilidade mantêm-se fracas num ambiente de muito baixas taxas de juro”, explicam os analistas da agência. E sublinham o peso que a recapitalização dos bancos continua a ter nas contas públicas.

“O Novo Banco deverá receber apoio adiciona através do mecanismo de capital contingente em 2018 e 2019. A Fitch estima que os custos orçamentais se situem em torno de 0,4% do PIB em cada ano”, projeta a agência.

Por fim, a Fitch deixa claro quais os motivos que a poderão levar a subir novamente o rating de Portugal:

  • Redução substancial do rácio da dívida face ao PIB;
  • Sinais de crescimento potencial significativamente mais forte no médio prazo, excedendo os 2%, sem comprometer o necessário ajustamento externo;
  • Continuação do forte crescimento das exportações, que levou ao aumento dos excedentes em conta corrente.

(Notícia atualizada às 21h48)

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Gestifute nega ter feito chantagem com o Sporting no negócio de Rui Patrício

  • Lusa
  • 1 Junho 2018

A Gestifute negou esta sexta-feira que tivesse feito chantagem com o Sporting, rejeitando que tenha exigido mais de sete milhões de euros no negócio da transferência do futebolista Rui Patrício.

A Gestifute, empresa detida por Jorge Mendes, negou esta sexta-feira que tivesse feito chantagem com o Sporting, rejeitando que tenha exigido mais de sete milhões de euros no negócio da transferência do futebolista Rui Patrício.

Segundo a Gestifute, foi o Sporting, através do seu administrador executivo, Guilherme Pinheiro, a pedir “encarecidamente” à empresa que tentasse conseguir uma proposta para a transferência do jogador Rui Patrício, de modo a evitar a rescisão iminente deste.

Mais adianta a Gestifute, que foi o Sporting, com esse pedido de intervenção, a propor, simultaneamente, que se resolvesse o diferendo com a empresa relativo ao jogador Adrien Silva, sem prejuízo do pagamento da contrapartida devida a esta, já anteriormente contratualizada, pela própria transferência do jogador Rui Patrício.

Tal diferendo, segundo a Gestifute, relaciona-se com a intervenção desta na renovação do contrato do jogador Adrien Silva, a qual “teve lugar também a pedido do Sporting, em 2012, numa situação em que o mesmo Sporting corria o risco de o jogador ficar livre, à semelhança, aliás, do que ocorreu na mesma altura quanto ao próprio Rui Patrício”.

“Em contrapartida desses serviços, a Gestifute não cobrou de imediato qualquer importância, ficando a sua remuneração dependente de uma futura transferência, consistindo numa percentagem do preço respetivo, a qual não foi devidamente saldada aquando da transferência de Adrien Silva para o Leicester”, pode ler-se no comunicado da empresa, que garante ainda tudo ter feito para conseguir obter o acordo de um clube inglês para a transferência do jogador Rui Patrício pelos 18 milhões de euros pretendidos pelo Sporting.

A empresa de Jorge Mendes assegura que Rui Patrício ficou satisfeito com a transferência e que realizou exames médicos na quinta-feira com autorização da SAD do Sporting e com o conhecimento e concordância expressa do presidente Bruno de Carvalho.

“De forma totalmente surpreendente, o negócio acabaria por fracassar ontem [quinta-feira] ao fim da tarde, quando o administrador executivo da Sporting SAD, Dr. Guilherme Pinheiro, visivelmente constrangido e embaraçado, transmitiu à Gestifute que o presidente da Sporting SAD afinal exigia um aumento no preço de 2 milhões de euros: ‘mais dois milhões ou não há negócio’ — o que foi recusado de imediato pelo clube comprador”, lê-se ainda no comunicado da Gestifute.

O guarda-redes Rui Patrício apresentou hoje o pedido de rescisão do seu contrato com o Sporting, alegando justa causa.

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Google junta-se à Orange para investir em startups

Parceria entre Google e a gigante de telecomunicações faz nascer o Orange Digital Ventures, que tem 350 milhões para investir em startups da Europa, Médio Oriente e África.

A Google acaba de fechar uma parceria com a gigante de telecomunicações francesa Orange para um fundo de investimento em startups. De acordo com a CNBC, que avança a notícia, o fundo constituído chama-se Orange Digital Ventures e terá 350 milhões de euros para investir em projetos da Europa, Médio Oriente e África.

As duas parceiras andam à procura de projetos que estejam relacionados com redes de comunicação, cibersegurança, cloud, inteligência artificial e tecnologia financeira.

“É a primeira vez que a Google assina um acordo deste tipo, não só com um fundo corporativo como com um fundo de capital de risco”, explica Yann Kandelman, diretor de investimentos e desenvolvimento da Orange Digital Ventures, citado pela CNBC. Por seu lado, Carlo d’Asaro Biondo, presidente de parcerias da Google para a região EMEA, disse: “O ecossistema da Orange é consistente com o know-how da Google e com a nossa capacidade de acelerar o crescimento das startups.

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Trump confirma cimeira com Kim para 12 de junho em Singapura

  • Lusa
  • 1 Junho 2018

O Presidente dos EUA confirmou a realização da cimeira com o líder da Coreia do Norte para 12 de junho em Singapura, após um encontro com o ‘número dois” do regime de Pyongyang.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou esta sexta-feira a realização da cimeira com o líder da Coreia do Norte para 12 de junho em Singapura, após um encontro com o ‘número dois” do regime de Pyongyang.

O general norte-coreano Kim Yong Chol, deslocou-se hoje a Washington e reuniu-se com Trump na Casa Branca, a quem entregou uma carta pessoal de Kim Jong-un.

Definido como o principal conselheiro do líder norte-coreano, e que ocupa uma posição comparável à de vice-presidente, o general reuniu-se na Casa Branca com Donald Trump.

Na quinta-feira, o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, tinha já referido que as discussões preliminares para uma possível cimeira entre os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte, Donald Trump e Kim Jon-un, respetivamente, estão “na direção certa”.

Depois de várias reuniões em Nova Iorque com o general Kim Yong Chol, apresentado como o braço direito do líder norte-coreano, o secretário de Estado norte-americano sublinhou, no entanto, que “ainda há muito trabalho” para fazer.

Apesar destas declarações, Mike Pompeo não se comprometeu com uma data para a eventual cimeira.

Inicialmente, a data avançada foi 12 de junho, em Singapura, mas essa meta foi inesperadamente anulada por Trump em reação à “hostilidade” manifestada pela Coreia do Norte.

Os contactos seriam posteriormente retomados e as negociações estão atualmente a prosseguir em várias frentes.

Em paralelo, as duas Coreias concordaram hoje com o reinício das conversações militares a partir de 14 de junho, as primeiras deste género nos últimos quatro anos, anunciou o ministério da Unificação.

As delegações da Coreia do Norte e da Coreia do Sul aceitaram encontrar-se numa reunião de alto nível na fronteira que separa os dois países, dois dias depois da data prevista para a cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un, embora a celebração desta esteja ainda em dúvida.

A última vez em que ambos os países, tecnicamente ainda em guerra, tiveram este tipo de encontros para aliviar tensões regionais foi em outubro de 2014.

As duas Coreias decidiram ainda abrir um gabinete de ligação fronteiriço “o quanto antes” e realizar uma reunião entre os respetivos representantes da Cruz Vermelha, no dia 22 de junho, para organizar um encontro de famílias separadas pela Guerra da Coreia (1950-1953).

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Tarifas do gás natural descem pelo quarto ano. Vai pagar menos 0,2% a partir de julho

  • Lusa
  • 1 Junho 2018

As tarifas de gás aplicadas às famílias que se mantêm no mercado regulado vão descer 0,2% a partir de julho, aprovou esta sexta-feira o regulador. É o quarto ano seguido de descidas destas tarifas.

As tarifas de gás aplicadas às famílias que se mantêm no mercado regulado vão descer em média 0,2% a partir de 1 de julho, aprovou esta sexta-feira a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

As tarifas transitórias de gás natural, aplicadas aos consumidores que se mantêm no mercado regulado. vão descer em média 0,2% para consumos iguais ou inferiores a 10.000 metros cúbicos (consumidores domésticos e serviços), 4,1% para consumos acima de 10.000 metros cúbicos (pequena indústria) e 4,5% para consumidores de média pressão (indústria).

Este é o quarto ano consecutivo de descida das tarifas de gás natural.

Já as tarifas de acesso às redes vão recuar 0,6% para consumos inferiores ou iguais a 10.000 metros cúbicos, 8,1% para consumos superiores a 10.000 metros cúbicos, 16,3% para consumos de média pressão e 45,1% para consumos de alta pressão.

“As tarifas agora fixadas encerram o período regulatório de três anos iniciado no ano-gás 2016-2017. Durante este período, observou-se uma redução média anual dos preços finais pagos pelos consumidores domésticos de 7%. Para os consumidores industriais a redução média anual foi de 9,4%. Estas reduções resultam das descidas nas tarifas de acesso às redes determinadas pela ERSE, conjugadas com os preços de energia sujeitos à cotação do mercado internacional”, disse, em comunicado, o regulador energético.

De acordo com a ERSE, as tarifas de acesso às redes tiveram uma redução média anual de 7,0% para os consumidores domésticos e de 17,4% para os consumidores industriais.

O Governo voltou a fixar em 31,2% o desconto da tarifa social do gás natural que irá vigorar a partir de 1 de julho, mantendo o valor do desconto para as famílias economicamente vulneráveis.

Atualmente, segundo dados do Governo, existem 35 mil agregados familiares a beneficiar de tarifa social do gás natural, instrumento que foi criado em 2011, tendo em 2016 passado a ser atribuído de forma automática, tal como a tarifa social de eletricidade.

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DBRS: Sánchez deve formar Governo de transição e convocar eleições antecipadas

  • Juliana Nogueira Santos
  • 1 Junho 2018

A agência considera que Sánchez deveria formar um Governo de transição, uma vez que não conta com apoio parlamentar maioritário nem com uma agenda política definida.

A agência de rating DBRS manifestou esta sexta-feira a sua preocupação em relação ao novo Executivo espanhol, que adveio da aprovação da moção de censura ao Governo de Rajoy apresentada pelo PSOE, devido ao aumento da incerteza política. Para que esta se dissipe, seria melhor que o país visse as suas eleições antecipadas.

“A DBRS é da opinião de que, a partir daqui, novas eleição podem empoderar um Governo mais estável, capaz de implementar medidas estruturais necessárias para colocar o rácio de dívida numa trajetória descendente firme”, pode ler-se na nota enviada às redações. “A situação corrente dos Cidadãos, do PP e do PSOE na opinião pública apoia esta visão”.

Para a agência, esta decisão inédita em território espanhol não afeta em nada o rating da dívida soberana do país e parece conter os riscos de incerteza em torno do Orçamento para 2018, uma vez que Pedro Sánchez já afirmou que não se vai opor às propostas do antigo Governo. Ainda assim, o líder do PSOE “não deu nenhuma indicação em relação sua à agenda fiscal e política a médio prazo”, razão essa para que as dúvidas surjam.

Além disso, a DBRS diz não ser “clara” a “capacidade de o novo Governo ser capaz de implementar iniciativas políticas e manter-se no poder pelo resto da legislatura”, uma vez que não conta com a maioria parlamentar em nenhuma das câmaras.

Para acalmar este clima de incerteza, a DBRS considera que o melhor seria o PSOE formar um Governo de transição até que fosse possível convocar novas eleições e, a partir daí, “formar um Governo maioritário” mais estável e com mais apoio parlamentar.

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Ministério Público e Constitucional sem prazo para decidir caso Siza Vieira

Costa segurou Siza e o Governo prepara medidas para que a eventual incompatibilidade do ministro não se repita. No plano da fiscalização legal, o caso ainda não está fechado. MP e TC não têm prazos.

O Ministério Público (MP) e o Tribunal Constitucional (TC) não têm prazo para terminar a fiscalização à eventual incompatibilidade de Pedro Siza Vieira, que acumulou por dois meses a função de ministro Adjunto com o cargo de gerente na empresa que abriu um dia antes de entrar para o Governo.

A 23 de maio, a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que, depois de conhecida a situação de Siza Vieira, pediu ao TC para analisar as declarações de incompatibilidades e rendimentos do governante para poder tomar posição sobre o assunto.

O ECO questionou o MP e o TC sobre os prazos com que estão a trabalhar. As respostas das duas instituições indicam que não há timings fixos para a maior parte das fases deste processo de decisão.

O Ministério Público encontra-se a analisar as declarações de incompatibilidades e rendimentos do referido declarante. Não existe prazo para esta fase do processo. Depende do tipo e volume da informação contida nas declarações a analisar e dos eventuais elementos complementares a solicitar, pelo Ministério Público, aos declarantes”, explica fonte oficial da PGR ao ECO.

“Muitas vezes, em relação a um só declarante, poderá haver várias declarações, a ele respeitantes, a analisar simultaneamente”, acrescenta a mesma fonte.

“No caso de nada haver a solicitar, o processo é devolvido à secção correspondente do TC, com o devido despacho do MP, em poucos dias”, adianta a mesma fonte, sublinhando, porém, que se houver necessidade de pedir mais dados, o processo entra numa nova fase.

Havendo necessidade de esclarecimentos adicionais, o prazo normalmente fixado é de 20/30 dias para a prestação de informações complementares, prazo esse, porém, que poderá ser prorrogado, a pedido dos declarantes“, diz o MP. Esta fase do processo de decisão é, aliás, a única que tem um prazo definido.

“Só findos estes procedimentos, o Ministério Público poderá pronunciar-se. O Ministério Público elabora promoção, mas o titular do processo é o Tribunal Constitucional, a quem caberá decidir.” A lei que estabelece a organização e o funcionamento do TC não prevê qualquer prazo para os juízes se pronunciarem.

A 22 de maio, o ECO noticiou que o ministro Adjunto tinha aberto uma empresa um dia antes de entrar para o Governo, na qual assumiu o cargo de gerente, em acumulação com a função executiva. No dia seguinte, durante o debate quinzenal, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu Siza Vieira, ao afirmar tratar-se de um “lapso”, indicando que não retiraria consequências políticas daquela situação. Porém, não rejeitou que “outras entidades” o possam fazer.

A lei 64/93 de 26 de agosto estabelece um conjunto de regras que regulam o regime de incompatibilidades dos cargos políticos e dos altos cargos públicos. O incumprimento da norma de exclusividade que é imposta aos membros do Governo é sancionada com a demissão.

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