Nuno Artur Silva: RTP deve ignorar guerras de audiências
O administrador cessante da televisão pública garante que a mais-valia da RTP é financiar aquilo que os canais privados não financiam. Assumiu ainda ter ficado surpreso com a sua não recondução.
Nuno Artur Silva, o administrador cessante da RTP, espera que a televisão do Estado não ceda a guerras de audiências com os privados, utilizando o dinheiro público para tentar ganhar mais pontos no share. Para o administrador, a RTP deve, em vez disso, oferecer aquilo que os outros canais não podem, por precisarem das audiências.
“Esse é o ponto fulcral. Se estamos a matar-nos para ter mais dois ou três pontos de share, isso é absolutamente fugaz”, afirmou ao semanário Expresso numa entrevista publicada este sábado. “É muito mais importante para a RTP criar património que o privado não esteja a dar”.
Nuno Artur Silva referiu ainda que a RTP deve procurar inovar no formato no qual produz conteúdos, sem se limitar aos canais televisivos tradicionais, devido à mudança que se vive no setor. Criticando os poderes instalados na televisão estatal, a que apelida de “sistema RTP”, assinalou: “Daqui a meia dúzia de anos, o que vai contar é se a RTP teve a capacidade de produzir conteúdos que são vistos de qualquer maneira — telemóveis, gadgets diversos –, não é se teve mais dois ou três pontos [de share] na RTP1“.
“Se a RTP deixasse de financiar o que atualmente financia era uma perda enorme para o audiovisual português”, acrescentou, lamentando ter saído dos canais públicos a meio de uma transformação que pretendia ainda continuar.
Nuno Artur Silva acrescentou também que Portugal foi exemplo na Europa, em especial no caso da Eurovisão. “A transformação que fizemos no festival da canção foi um case study“, disse ao Expresso, sobre a mudança de formato no ano em que Salvador Sobral conseguiu a vitória para Portugal no festival europeu. “Tivemos uma equipa em Bruxelas a apresentar o que fizemos e a explicar por que é que mudámos”.
Nuno Artur Silva assumiu ainda ter ficado surpreendido com a sua não recondução para mais um mandato à frente da RTP, dizendo que houve uma “campanha” mediática contra si que o espantou, assim como ao presidente dos canais. “Quando eu e o presidente da RTP fomos de férias de Natal estávamos tranquilos em relação a isto”, referiu.
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