Governo suspende garantia de potência paga à EDP e Endesa
Segundo a REN, há capacidade para garantir o abastecimento de energia, mesmo que o Estado não pague às energéticas o subsídio para as centrais estarem sempre disponíveis para produzir.
O Governo decidiu suspender em 2018 a garantia de potência paga às centrais elétricas para estarem sempre disponíveis para produzir, sustentando a medida na garantia da REN de que não existem riscos para a segurança de abastecimento. A suspensão vai também vigorar enquanto se aguarda a decisão de Bruxelas relativamente à conformidade do regime relativamente às ajudas de Estado. É uma medida que deverá permitir poupar 20 milhões de euros, de acordo com a SIC Notícias.
Em declarações à Lusa, o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, explicou que “não faz sentido” no atual quadro da capacidade do sistema elétrico nacional manter “o subsídio” que era dado às centrais elétricas, o que resulta “num contributo positivo para a fatura dos portugueses”.
Na análise de curto prazo (para o ano 2018 e primeiro trimestre de 2019) à segurança do sistema elétrico nacional, a que a Lusa teve acesso, a REN – Redes Energéticas Nacionais RENE 0,00% não encontra “riscos relevantes que comprometam a segurança e garantia de abastecimento, apresentando, mesmo nos cenários extremos, uma margem de reserva de potência”.
De acordo com Jorge Seguro Sanches, a suspensão da garantia de potência vigora pelo menos em 2018, referindo que no ano seguinte será feita nova avaliação, realçando o contributo cada vez mais importante das renováveis, que no mês de março produziram o suficiente para assegurar o consumo nacional de eletricidade.
O regime de incentivo à garantia de potência em vigor em Portugal, que é pago à EDP e à Endesa, teria um custo de 665 milhões de euros até 2032, segundo estimativas da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), mas este valor incorpora também o incentivo ao investimento, que totalizava cerca de 356 milhões de euros. Com esta suspensão o que está em causa é o incentivo à disponibilidade, que vale cerca de 309 milhões de euros até 2032.
A decisão de adiamento do leilão para a atribuição de reserva de segurança do Sistema Elétrico Nacional (SEN) foi publicada esta terça-feira em Diário da República. Sendo que esse adiamento se manterá “até que seja rececionada pelo Estado Português a pronúncia inequívoca da Comissão Europeia relativamente à compatibilidade do mecanismo de reserva de segurança do SEN com as disposições comunitárias relativas a auxílios do Estado no setor da energia”.
Se Bruxelas der luz verde então o Executivo retoma o leilão anual para os meses remanescentes de 2018, esclarece a Portaria do Governo.
Grandes empresas reduzem consumo em caso de emergência
Na avaliação sobre a segurança de abastecimento enviada ao Governo em 14 de março, a REN considera que “o atual parque eletroprodutor se encontra disponível dentro do quadro regulamentar vigente, sendo que a circunstância de não realização dos leilões aludidos [de garantia de potência], por si só, não elimina o recurso, por parte da REN, aos meios técnicos disponíveis para a operação do sistema, garantindo o equilíbrio entre a produção e o consumo e ainda uma margem de reserva adequada”.
No documento, a gestora da rede elétrica lembra que “o sistema elétrico nacional dispõe […] do serviço de interruptibilidade que pode ser utilizado em emergência, consistindo na redução voluntária pelos consumidores elegíveis [um conjunto de grandes empresas] do seu consumo de eletricidade”. “A avaliação da capacidade do sistema elétrico nacional para responder à procura de eletricidade, nos casos de ‘stress’ em situações limite, considera o cenário mais baixo do lado da oferta e o cenário mais elevado do lado da procura”, realça a REN.
EDP defende que garantia de potência é “essencial para garantir abastecimento”
A EDP defende que a garantia de potência é “essencial para garantir o abastecimento de energia elétrica ao país”, no dia em que o Governo anunciou a suspensão em 2018 do pagamento desde mecanismo às centrais elétricas. Questionada sobre a decisão do Governo de suspender em 2018 a garantia de potência paga às centrais elétricas para estarem sempre disponíveis para produzir, a empresa liderada por António Mexia não comenta o anúncio do Governo, reagindo ao adiamento do leilão publicado hoje em Diário da República.
“A portaria hoje [terça-feira] publicada em Diário da República vem formalizar apenas o adiamento do leilão para o ano de 2018, que estava previsto realizar-se em maio de 2017″, considera a EDP numa nota escrita, referindo que aguarda “os resultados da avaliação que está a ser efetuada pela Comissão Europeia a este mecanismo de remuneração da capacidade de produção elétrica, que é essencial para garantir o abastecimento de energia elétrica ao país e estratégico para a segurança nacional”.
(Notícia atualizada às 15h37 com reação da EDP)
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