Mercado em stress com subida dos preços das casas nas principais cidades
Apesar do "aumento significativo" dos preços das casas, a Federação da Construção alega que isso “não reflete a realidade” nacional.
O “aumento significativo” dos preços da habitação nas principais cidades do país está a criar “um ambiente de ‘stress’” no mercado residencial daquelas zonas, mas “não reflete a realidade” nacional, alerta esta terça-feira a Federação da Construção.
Na Conjuntura da Construção relativa ao mês de abril, a Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (Fepicop) aponta o “dinamismo forte” revelado pelo mercado imobiliário “nos meses mais recentes”, na sequência de uma “procura crescente, maioritariamente estrangeira”. Este aumento da procura tem-se traduzido numa “acentuada evolução positiva” dos diversos indicadores de preços no mercado, nomeadamente nas principais cidades do país, o que, destaca, tem já originado “um ambiente de ‘stress’ no mercado residencial”.
Segundo a Fepicop, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que os preços médios de venda da habitação aumentaram num ano 18% em Lisboa e 14% no Porto, mas “as zonas limítrofes das grandes cidades começam, também elas, a revelar um perfil igualmente preocupante do nível de preços do imobiliário”. No caso de Lisboa, refere, considerando o período de 24 meses para o qual existe informação, “o preço mediano de venda por metro quadrado subiu 30%”, pressionando também em alta os preços de zonas como a Amadora, onde o aumento foi de 25%.
A federação nota que esta evolução dos preços de venda “é muito mais moderada se considerada a média nacional”, em que o acréscimo foi de 12% em dois anos, “o que demonstra que esta é uma realidade limitada a determinadas zonas das principais cidades”. De acordo com a Fepicop, esta conjuntura do mercado imobiliário foi acompanhada de subida “igualmente acentuada” dos valores dos arrendamentos, o que “veio acentuar as dificuldades no acesso à habitação de uma parte significativa da população nacional”.
É que, refere, apesar de apresentar “rendimentos baixos face à média europeia”, esta parte da população portuguesa “defronta-se atualmente com preços da habitação cada vez mais próximos dos praticados, em média, nas capitais dos parceiros europeus”. “Para mitigar este problema de claro desequilíbrio entre procura e oferta no mercado habitacional torna-se essencial reforçar a oferta de habitação, quer tornando atrativa a disponibilização de fogos existentes e que neste momento ainda não se encontram no mercado (através de incentivos fiscais ou outros), quer dinamizando a construção nova de habitação”, sustenta a federação.
Segundo acrescenta, é neste sentido que vem já evoluindo o licenciamento de novos fogos habitacionais, que nos últimos três anos cresceu, em número, 21%, 38% e 24%, respetivamente, e mais 20% nos dois primeiros meses de 2018. Contudo, alerta, “estes valores arriscam-se a ser insuficientes para satisfazer uma procura tão dinâmica como a atual e que se reveste de uma enorme importância para a economia, mesmo que, pontualmente, origine algumas situações menos consensuais”.
Custos de construção de habitação nova continuam a crescer 1,5% em março
Os custos de construção de habitação nova mantiveram em março uma variação homóloga de 1,5%, enquanto os preços de manutenção e reparação regular da habitação aceleraram para 2,3%, divulgou esta terça-feira o INE.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a variação do índice de custos de construção de habitação nova resultou de uma variação homóloga de 2,1% do índice referente ao custo de mão-de-obra, 0,1 pontos percentuais (p.p.) abaixo do mês precedente, enquanto os preços dos materiais variaram 0,8%, 0,1 p.p. acima de fevereiro. Em março, as variações homólogas dos índices para apartamentos e moradias fixaram-se em 1,6% e 1,5%, respetivamente.
No que se refere à evolução do índice de preços de manutenção e reparação regular da habitação, resultou da variação homóloga de 1,3% da componente dos produtos (0,3% em fevereiro) e de 2,5% da componente serviços (mais 0,4 p.p. em relação ao mês anterior). Por regiões NUTS II, o índice de preços de manutenção e reparação regular da habitação apresentou em março na Área Metropolitana de Lisboa uma taxa de variação homóloga de 3,5%, superior às observadas para o conjunto das regiões do Continente (2,3%).
Segundo o INE, todas as outras regiões apresentaram taxas de variação abaixo da média do Continente, tendo o Algarve e Alentejo registado as únicas descidas face ao mesmo mês do ano anterior (-0,2% e -0,1%, respetivamente).
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