António Costa comprou casa no Rato e vendeu-a pelo dobro em menos de um ano
Primeiro-ministro tem sido um dos críticos da especulação imobiliária em Lisboa, mas também ele fez um negócio lucrativo. Comprou uma casa por 55 mil euros e em menos de um ano vendeu-a pelo dobro.
O primeiro-ministro, António Costa, comprou juntamente com a sua mulher, Fernanda Tadeu, uma casa perto do Largo do Rato, em Lisboa, por 55 mil euros e, apenas dez meses depois, conseguiu vendê-la pelo dobro do valor, 100 mil euros, revela o Observador (acesso livre).
Foram vários os negócios imobiliários que Costa, que tem criticado a especulação imobiliária em Lisboa, tendo apelidado o fenómeno de “drama social”, protagonizou nos últimos dois anos, investimentos que permitiram ao chefe do Executivo ganhar dezenas de milhares de euros, de acordo com aquela publicação online.
Mas o negócio mais lucrativo foi mesmo aquele que fez com um casal de idosos: Joaquim Rosa e Maria Rosa venderam um andar na rua do Sol ao Rato ao primeiro-ministro em março de 2016, embora tivessem recebido uma melhor proposta económica. Ao Observador, o casal diz que fechou o negócio com António Costa porque ficaram sensibilizados ao saberem que a casa era para filha do líder do Governo “morar perto do café do irmão”. Porém, em abril de 2017, António Costa vendeu a casa pelo dobro do preço. Maria Rosa diz-se agora em “choque”, lamentando que tenha havido quem lucrasse “à custa” do “trabalho de uma vida”.
Especialistas dizem que a transação realizada em março de 2016 foi realizada a um preço “muito abaixo do mercado”. “Valia, pelo menos, 120 mil euros” na altura em que o negócio foi feito, diz um especialista.
Em reação, António Costa argumenta que o imóvel “foi adquirido pelo preço solicitado pela agência que o comercializava, a Remax, a mesma que no ano seguinte intermediou a sua venda equipada e mobilada, após pequenas obras de reparação”. O primeiro-ministro adianta ainda que a mais-valia de 45 mil euros realizada com a transação foi “declarada para efeitos de liquidação do IRS relativo a 2017”.
Do lado da agência imobiliária, a agente Isaura Alves explica que o “casal Rosa já tinha recebido outras propostas, mas mais baixas” e que o andar foi reabilitado pelo primeiro-ministro antes de voltar a ser vendido. Garante que foi uma “venda normalíssima”, admitindo que a valorização da casa se deveu não só às obras, mas também à “valorização do mercado imobiliário em Lisboa”. Sobre o choque que o casal Rosa manifestou, Isaura Alves diz não haver razão para tal porque nem Joaquim Rosa nem Maria Rosa “discutiram o preço”.
O Observador conta que a mesma casa foi vendida pelo comprador de António Costa quatro meses depois, por 117 mil euros, num negócio que envolveu também o andar de cima — que foi vendido por 250 mil euros.
Numa declaração patrimonial enviada ao Tribunal Constitucional, datada do dia 16 de junho de 2017, além da compra de venda do imóvel localizado no Largo do Rato, António Costa declarou mais dois movimentos imobiliários, diz ainda o Observador: um realizado em outubro de 2016 e outro a 26 de abril de 2017. O último desses negócios diz respeito à compra de um apartamento na Estrada do Desvio, na freguesia de Santa Clara, também em Lisboa, por 100 mil euros.
Estes negócios imobiliários ganham relevância na medida em que o primeiro-ministro tem sido um crítico da especulação mobiliária na capital, defendendo inclusivamente proteção especial junto dos idosos. António Costa chegou mesmo a apelidar o fenómeno de “drama social”.
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