Função Pública não abdica de aumentos também para quem ganha mais
Os sindicatos da Administração Pública têm preferência por um modelo de atualizações salariais em percentagem igual para todos os escalões. Uma proposta final ficou prometida para a próxima semana.
A Frente Sindical não aceitaria que as atualizações salariais na Função Pública não abrangessem aqueles que mais recebem, visto que também foram estes que mais foram forçados a contribuir durante o período da austeridade, explicou ao ECO a dirigente sindical do STE, Helena Rodrigues, após uma reunião com o Ministério das Finanças.
O Ministério das Finanças, que tutela os trabalhadores do Estado, ainda não fechou qual o formato de atualizações salariais para a Administração Pública que irá levar a cabo no Orçamento do Estado para 2019, e esta quinta-feira, em reunião com os sindicatos do setor, procurou obter as perspetivas dos representantes dos trabalhadores.
O Governo terá colocado em cima da mesa três formulações diferentes para estas atualizações remuneratórias. Por um lado, poderia haver um aumento generalizado, chegando a todos, num valor absoluto em euros que fosse igual para todos. Uma segunda hipótese seria um aumento percentual que abrangesse, também, todos os trabalhadores, resultando em aumentos proporcionais ao salário. A terceira hipótese de aumento seria uma em percentagem que favorecesse aqueles que ganham menos, ou seja, que previsse uma percentagem mais alta de aumento para quem menos recebe, e um aumento percentual mais baixo para aqueles que ganham mais.
A perspetiva do STE, esclareceu Helena Rodrigues, é a de que a opção mais favorável entre os cenários propostos pelo Governo seria a de um aumento salarial percentual que fosse igual para todos os trabalhadores. O que está mesmo fora de questão, sublinhou, é um aumento salarial que não afete os trabalhadores que mais ganham. “Não aceitamos”, reafirmou, uma situação do género, já que considera que estes trabalhadores foram aqueles que de mais abdicaram durante o período da crise em que a austeridade pressionou os salários do setor.
O primeiro-ministro António Costa, numa entrevista que deu à TVI no princípio desta semana, pareceu favorecer uma solução semelhante, ao ter afirmado que, na sua opinião pessoal, a pequena margem que existe para conceder aumentos na Administração Pública deveria ser utilizada para aumentar os que menos recebem. “Mas é minha opção pessoal: acho que teria maior eficácia concentrar a margem que existe em quem mais precisa e onde a diferença é maior do que disseminar de forma igualitária por todos, beneficiando todos pouco e com alguns vencimentos sem registar grande impacto”, explicou António Costa, parecendo favorecer assim a opção que a Frente Sindical mais põe de parte.
As negociações continuam na próxima semana, nos últimos dias que antecedem a apresentação do Orçamento do Estado para 2019 pelo Governo. No dia 10, o Ministério das Finanças volta a receber os sindicatos da Administração Pública. Esta tarde, a tutela ouviu também a Fesap e a Frente Comum, as duas outras principais forças sindicais do setor.
A dirigente sindical da Frente Comum, Ana Avoila, falou ao ECO no final da reunião com o Ministério das Finanças, garantindo que a reunião com a tutela não resultou em novas informações. As soluções para aumentos salariais, disse, são ainda pouco claras. A Frente Comum não deixa as suas reivindicações de aumentos de 60 euros para quem ganha menos de 1.500 euros e de 4% para quem ganha mais do que isso (4% de 1.500 é precisamente 60 euros). A Fesap é o último sindicato a ser recebido no Ministério.
O último a ser recebido pelo Governo, representado pela secretária de Estado da Administração Pública e pelo secretário de Estado do Orçamento, foi o dirigente sindical da Fesap, José Abraão. O sindicalista sublinhou que os representantes dos trabalhadores veem com bons olhos a abertura do Governo para utilizar uma folga orçamental inicialmente imprevista, como terá dito o secretário de Estado do Orçamento, João Leão, para aumentar salários na Função Pública. Assinalou, porém, o mesmo que Ana Avoila e Helena Rodrigues: “Não há trabalhadores de primeira e de segunda”, disse. Os salários devem ser todos aumentados, seja através de um valor absoluto, seja de forma proporcional. A Fesap aguarda agora a proposta do Governo, que deverá ser enviada antes da reunião de dia 10 aos sindicatos, onde estará descrito o aumento salarial a efetuar em 2019.
Notícia atualizada às 18:00 com as declarações de Ana Avoila e às 22:15 com as de José Abraão.
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