Enquadramento regulatório do setor postal “é cada vez mais um desafio”, diz Francisco de Lacerda
Questionado sobre quais os três maiores desafios que o setor enfrenta nos próximos três anos, Francisco de Lacerda apontou a digitalização, a diversificação do negócio e o enquadramento regulatório.
O presidente executivo dos CTT, Francisco de Lacerda, considera que o enquadramento regulatório “é cada vez mais um desafio” para os Correios no mercado português, além da aposta na digitalização e na diversificação do negócio.
Questionado sobre quais os três maiores desafios que o setor enfrenta nos próximos três anos, a propósito do Dia Mundial dos Correios que se comemora esta terça-feira, Francisco de Lacerda apontou a digitalização, a diversificação do negócio e, por último, o enquadramento regulatório em Portugal, onde tece críticas aos indicadores impostos pela Anacom — Autoridade Nacional de Comunicações.
“O enquadramento regulatório com que nos deparamos em Portugal é cada vez mais um desafio”, isto porque “os novos indicadores de qualidade de serviço são mais numerosos e exigentes do que a quase totalidade dos países europeus, onde se tem verificado uma flexibilização dos níveis de serviço exigidos”, apontou o gestor. “Vamos passar de 11 para 24 indicadores, quando a média europeia é de seis indicadores, temos seis objetivos de qualidade fixados em 99,9% e a definição de indicadores que só existem em Portugal”, salientou.
O presidente executivo dos CTT salientou a digitalização, que é transversal a todos os setores económicos, como um desafio à atividade postal em termos globais. “Os operadores postais — e os CTT –, atuam num setor em profunda transformação e têm vindo a adaptar o seu modelo de negócio para compensar a queda estrutural no negócio de Correio, fruto da digitalização”, disse.
Apesar da atividade tradicional de correio “ainda representar uma parte relevante da atividade”, a estratégia definida pelos CTT que está a ser aplicada há vários anos “passa pela diversificação do negócio”, quer na aposta do segmento Expresso e Encomendas, como no Banco CTT. “Em paralelo, continuamos a implementar o Plano de Transformação, que inclui significativos investimentos e aposta na eficiência e qualidade de serviço do negócio postal, assegurando o serviço postal universal num quadro de quebra forte e contínua dos volumes de correspondência”, concluiu.
Questionado sobre o impacto do comércio eletrónico na faturação dos correios, em geral, o gestor afirmou: “Acreditamos que ainda há muito espaço para crescer, já que o volume de encomendas per capita geradas pelo e-commerce em Portugal e Espanha está muito abaixo da média face a outras geografias europeias”. No entanto, “a expectativa é de que, a nível global, o crescimento do volume de negócios do ‘e-commerce’ anual se manterá nos dois dígitos, pelo menos até 2020“, adiantou Francisco de Lacerda.
Tendo em conta que a digitalização é um desafio para o setor postal a Lusa questionou se as cartas, que sempre foram emblemáticas do setor postal, poderão desaparecer com o tempo. “Apesar da cada vez maior digitalização, a grande transformação que está a pressionar a redução dos volumes de correspondências, não vejo as cartas a desaparecerem totalmente nos próximos anos“, considerou. “Com a distribuição de encomendas e cartas, e com a forte presença em todo o território através das suas redes, os correios não perderão a sua vertente física e de proximidade às populações, um dos maiores valores dos operadores postais“, prosseguiu.
Salientou, no entanto, que o setor será cada vez mais digital, “com processos automatizados, libertando os funcionários para tarefas de maior valor acrescentado, com entregas personalizadas e serviços baseados no acesso digital, através de aplicações ou sites”.
Os CTT querem “continuar a crescer e reforçar a liderança e é por isso que temos vindo a lançar produtos, serviços e projetos inovadores no segmento de ‘e-commerce’ e estabelecido parcerias com ‘várias startups ligadas ao comércio online e também com a China Post para dinamizar os fluxos de encomendas entre China e Portugal“, acrescentou Francisco de Lacerda. “É também por isso que estabelecemos uma parceria com a Sonae no Dott, uma plataforma de marketplace de comércio eletrónico, que muito em breve chegará ao mercado“, concluiu.
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