Eleições no PSD: O filme dos debates de Rio e Santana em 3, 2, 1…

O tiro de partida foi dado a 3 de outubro. O desfecho é escolhido pelos mais de 70 mil militantes este sábado. O ECO faz-lhe o guião dos debates com o argumento e as falas marcantes de Rio e Santana.

A pré-produção foi demorada. Os candidatos à liderança do PSD reservaram uma parte significativa das suas intervenções públicas a debater os debates. Santana Lopes sugeriu debates em todas as distritais. Rio recusou e o enredo adensou. No fim houve acordo para três debates: dois na televisão e um na rádio. Depois das moções de ambos mostrarem mais pontos em comum do que diferenças, os confrontos trouxeram divergências em questões da atualidade e na estratégia política para as legislativas de 2019.

Há um traço que marca os confrontos entre os dois protagonistas: ambos fizeram questão de recordar o passado, deixando para segundo plano o futuro. No primeiro debate, ao querer afastar o passado, Pedro Santana Lopes disse que “estamos em 2017”… mas já estávamos em 2018. O próprio tinha sido o promotor do regresso ao passado com o recurso a recortes de jornais que foi mostrando. Em causa estava a divergência de Rio com o PSD, principalmente durante o mandato de Pedro Passos Coelho, e a alegada proximidade ao primeiro-ministro. Rio defendeu-se: “Não devo nada a António Costa”.

No segundo debate, foi a vez de Rui Rio trazer recortes de jornais fazendo o mesmo ataque às críticas de Santana ao PSD, relembrando o período de 2004 em que o Presidente da República o destituiu de primeiro-ministro poucos meses depois de ter assumido a pasta. “Queres ser líder do partido porque o Pacheco Pereira foi à Aula Magna?”, defendia-se o ex-autarca do Porto. O nome de Pacheco Pereira voltaria outra vez a assombrar a campanha, desta vez Santana Lopes, ao ter revelado que este último queria formar um partido dissidente do PSD em 2011, o que viria a ser desmentido.

As redes sociais também foram escavar o passado. Um vídeo de Santana Lopes a dizer que não tinha hipóteses de voltar a ser primeiro-ministro, depois da sua experiência em 2004, “nem que o vento mudasse 10 vezes”, começou a circular na internet. O ex-líder do PSD tinha a resposta na ponta da língua: “O vento mudou muitas vezes nos últimos quatro anos”, fazendo uma comparação com as alterações climáticas. Mas Rio não deixou passar: “Pedro Santana Lopes terá dificuldades em convencer os portugueses”, disse, argumentando que lhe falta credibilidade. A viagem entre o presente e o passado foi veloz mesmo com os esforços dos moderadores. “Lá estamos nós em 2005…”, chegou a desabafar Santana.

Os próprios admitem que é normal não haver uma separação grande entre dois nas ideias, principalmente na economia. É preciso “cavar muito para ver se há clivagens brutais”, admitiu Rio. Logo a seguir disse que as personalidades são “completamente diferentes”. A análise psicológica foi uma constante dos debates. “A minha dignidade não está à venda”, repetiu por diversas vezes Rio. “Passas a vida em zangas”, atirou Santana Lopes. Mas deixou uma sugestão em tom de provocação: “O Dr. Rui Rio tem de abrir um consultório de psicologia depois desta campanha”.

Mas o próprio Santana também deu o seu ar de psicológico, classificando Rio de “pouco ousado, mais tradicional”. “Não sejas sensível”, disse a certa altura face à irritação de Rio com a troca de acusações. Ao mesmo tempo que disse que Rio “tem-se em grande conta”, também relembrou que este “seria melhor para o período de crise do que Pedro Passos Coelho”, dado o seu perfil de rigor. “Até sou maçador”, comentou Rui Rio, referindo-se à consistência (na sua avaliação) da sua argumentação. Foram breves os momentos de animosidade. Os ataques continuaram com os dois a atropelarem-se no discurso. “Ó Judite [de Sousa], tem de se impor senão ele não me deixa falar”, chegou a dizer Rio.

Cena 1: Financiamento partidário

A polémica das alterações ao financiamento partidário entrou na campanha interna à liderança do PSD. Rio declarou as palavras mais duras contra as alterações e o processo, mas ambos demonstraram ser contra, ainda que a atual direção do partido seja a favor. “No conjunto, os partidos não podem ficar a ganhar mais dinheiro do que ganhavam”, disse Santana Lopes, sinalizando que prefere maior abertura ao financiamento privado. Já Rui Rio — que defende o financiamento público — atacou a isenção total do IVA, argumentando que era uma compensação por causa do corte na subvenção pública.

Cena 2: Procuradoria-Geral da República

O tema da Procuradoria-Geral da República entrou nos debates antes de entrar na agenda mediática. No primeiro debate na RTP, Rui Rio foi direto: fez um balanço negativo do mandato de Joana Marques Vidal, mantendo as suas críticas à eficácia e ao recato da PGR — “os julgamentos não são para ser feitos nos jornais”. Já Santana elogiou e disse que “o Ministério Público tem dado provas de capacidade”.

No segundo debate, o portuense recuou (um dos poucos momentos em que admitiu recuos). Rio disse que foi apanhado de surpresa pela pergunta: “Tenho ali uns segundos que nem sei do que me estão a falar…”, referiu, dando a justificação de que estava a fazer uma apreciação global à justiça e não à atual PGR. Mas não disse se renovava o mandato, chutando o tema para mais tarde. Santana Lopes admitiu que renovaria o mandato de Joana Marques Vidal.

Cena 3: Partido Socialista

Os compromissos para o futuro consumiram grande parte do tempo dos debates. Em foco estiveram as eleições legislativas que, em princípio, serão em 2019. Rio foi sempre dizendo que “hoje em dia a vida é tão volátil”, mas admitiu que viabiliza um Governo minoritário do PS caso seja o partido mais votado. O argumento passa pelo afastamento do PCP e do BE, mas também para manter a coerência do PSD que criticou o PS quando em 2015 decidiu quebrar o historial da democracia portuguesa. Nesse cenário, Rio diz que não quer impor condições a Costa, preferindo negociar diploma a diploma.

Santana Lopes rejeitou por completo esse cenário. O candidato não admite apoiar “este PS”, ou seja, com António Costa na liderança. “Se não ganharmos, com certeza que é desagradável”, admitiu o ex-provedor da SCML. Confrontado com a incoerência face às críticas lançadas ao PS nas eleições de 2015, Santana diz que a culpa é de Costa que quebrou a tradição e mudou as regras do jogo.

Cena 4: Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa foi elogiado pelos dois constantemente. Contudo, mais uma vez, Rio optou por ser cauteloso num eventual apoio em 2021, enquanto Santana garantiu o apoio a uma recandidatura do atual Presidente da República. “A probabilidade de apoiar é elevada”, disse Rio, acrescentando que há uma “complementaridade maior” entre o seu perfil e o de Marcelo. Mas não se compromete — “dos cinco anos de mandato, só passaram dois”, acautela. Mesmo quando chegar à altura da decisão, põe-se a ainda a questão de quem estará à frente do PSD, já que poderá não ser nenhum dos dois candidatos que agora se apresentam.

Cena 5: A economia

No plano económico, as diferenças só são visíveis à lupa. Santana Lopes fez do crescimento económico a sua bandeira nesta campanha interna: “Precisamos de investimento como de pão para a boca”, disse várias vezes, assinalando estar preocupado com a degradação do défice comercial de bens. O ex-provedor da Santa Casa quer um “Estado respeitador” em vez de um “Estado abusador”, outra das expressões que repetiu vezes sem conta.

Ambos criticam a subida do IRC que este Governo inscreveu no OE2018. Santana é taxativo a dizer que quer baixar os impostos para as empresas. Rio também, mas com cautela: primeiro é preciso assegurar que o Orçamento do Estado o permite. Caso não seja possível, Rui Rio optará por uma redistribuição da carga fiscal.

É aqui que reside uma das suas diferenças microscópicas: os dois querem finanças públicas controladas, mas Santana Lopes põe a tónica no lado das receitas. Rio não se deixou ficar: “Se houver alguém que atinja a sua felicidade porque o seu país atinge um défice zero tem de ir para o psicólogo”, atirou.

Na descentralização voltam a unir-se: os dois querem que o país tenha maior coesão e, por isso, é preciso apostar no reforço do interior. Santana quer fazê-lo através de incentivos fiscais para as empresas se deslocarem. Como argumento recuperou uma medida do seu Governo passageiro: “Espalhei secretarias de Estado pelo país todo e gozaram com isso”, relembrou. Já Rio elegeu esta como a sua grande aprendizagem da campanha: a necessidade de apostar na descentralização do Estado.

Cena 6: Questões fraturantes

As divergências foram mais marcadas nas chamadas questões fraturantes. Ao contrário do que possam mostrar na personalidade ou no que defendem para a economia, nestas áreas Rio mostrou-se mais liberal, Santana mais conservador. Além de defender o direito à morte assistida (eutanásia), Rui Rio é a favor do uso da canábis para fins terapêuticos e quer uma discussão alargada sobre a legalização e regulamentação da prostituição. Já Santana é contra nos três temas, argumentando que é preciso lutar contra um “tempo de ditadura moral de esquerda”.

O desfecho deste filme está próximo. As diretas do PSD realizam-se este sábado, após uma campanha de semanas que deverá custar 90 mil euros a Rio e 70 mil euros a Santana. As votações começam às 14h. A escolha dos mais de 70 mil militantes do PSD será entre Pedro Santana Lopes e Rui Rio. O climax — o resultado das eleições — deverá ser conhecido ao final da noite uma vez que a votação termina às 20h.

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Merkel e Schulz querem “despertar a Europa”. O que é que isso significa?

  • Margarida Peixoto
  • 12 Janeiro 2018

A chanceler Angela Merkel e o líder do SPD, Martin Schulz, assinaram um entendimento de 28 páginas com vista a iniciar negociações para uma coligação. O que diz o capítulo sobre a Europa?

Martin Schulz e Angela Merkel discutiram durante 24 horas para chegar a um entendimento escrito em 28 páginas com vista a abrir negociações para uma coligação.Jasper Juinen/Bloomberg

“Precisamos de um novo despertar para a Europa”, disse esta sexta-feira a chanceler alemã, Angela Merkel, depois de 24 horas de negociações com Martin Schulz, líder do SPD, para abrir caminho a uma nova grande coligação. Os dois responsáveis chegaram a um compromisso de 28 páginas onde traçam as linhas gerais que deverão orientar um possível acordo de Governo entre os dois partidos. Mas como pretendem Merkel e Schulz “despertar” a Europa?

No documento preliminar, Merkel e Schulz chegaram a alguns entendimentos relevantes sobre a Europa, em matéria de política económica e financeira. O ECO fez um guião para o ajudar a perceber o que está — e o que falta — neste acordo, no que diz respeito ao capítulo específico das políticas económicas para a Europa, fundamental para antever o ritmo a que o aprofundamento da união económica e monetária poderá avançar.

O que está no acordo?

1 – Mais financiamento para a zona euro

É um dos pontos-chave do acordo no que diz respeito ao futuro da Europa. Segundo a The Economist (acesso condicionado e conteúdo em inglês), a Alemanha compromete-se a contribuir mais para o orçamento da União Europeia e os dois líderes apoiam uma maior harmonização fiscal para as empresas. Além disso, são favoráveis a fundos dedicados à “estabilização económica, convergência social e apoio a reformas estruturais na zona euro, que poderiam ser um ponto de partida para um futuro orçamento da zona euro”.

A questão de um envelope orçamental específico para a zona euro tem sido defendida por Macron, mas não faz parte da proposta de base apresentada pela Comissão Europeia. Além disso, a posição da Alemanha até ao momento tem sido a de evitar novas transferências permanentes para os países economicamente mais frágeis da união.

Esta sexta-feira, em Paris, Mário Centeno (que inicia formalmente o seu mandato como presidente do Eurogrupo no sábado) reconheceu que o debate sobre a autonomia orçamental “é longo”, mas deve ser feito.

2 – Trabalhar em proximidade com França

Desde logo, os dois líderes acordaram trabalhar em conjunto com França para tornar a moeda única mais forte. “Em parceria estreita com França, queremos reforçar de forma sustentável e reformar a zona euro para que o euro possa resistir a crises globais”, lê-se no documento, citado pela agência de notícias Reuters.

Esta declaração está a ser bem recebida tanto na Comissão Europeia, como em França. O Presidente francês, Emmanuel Macron, é um entusiasta do projeto europeu, com ambições de maior integração entre os países. Além disso, a tentativa falhada de coligação que Merkel ensaiou com Os Verdes e os Democratas Livres (apelidada de “Jamaica”) fazia temer menor abertura dos alemães para impulsionar a reforma da União Económica e Monetária.

“Muitas portas abertas sobre a Europa e a União Económica e Monetária. Isto é muito melhor do que a Jamaica queria fazer”, comentou Henrik Enderlein, diretor do Jacques Delors Institut Berlin, no Twitter. “Mas o diabo está nos detalhes”, avisou.

3 – Criar o Fundo Monetário Europeu

De acordo com a Reuters, no documento os dois líderes apoiam a transformação do Mecanismo de Estabilidade Europeu no Fundo Monetário Europeu, sob controlo parlamentar e integrado na lei europeia.

Esta medida tem sido apresentada como uma forma de dar maior autonomia à Europa face ao Fundo Monetário Internacional (FMI). No caso de algum dos Estados-membros entrar em dificuldades, a Europa passaria a ter um Fundo capaz de financiar programas de resgate sem precisar do FMI.

O que não está no acordo?

E precisamente porque “o diabo está nos detalhes”, vale a pena notar o que é que o acordo não diz.

1 – Ainda é só uma declaração de intenções

Primeiro, importa notar que este entendimento é apenas um documento muito preliminar. A 21 de janeiro, no congresso do SPD, Martin Schulz terá ainda de conseguir um mandato para iniciar negociações formais com vista à formação de uma coligação com a CDU de Merkel.

Segundo a Reuters, a chanceler quer fechar um acordo de coligação rapidamente — fontes ouvidas pela agência apontam para meados de fevereiro — mas antes de março será difícil haver um Governo em funções. Como nota a The Economist, “o capítulo sobre a Europa está sobretudo em aberto”.

2 – Não diz nada sobre união bancária nem dá detalhes sobre o FME

Segundo a Reuters, o documento não diz nada sobre a conclusão da união bancária, através da introdução de um mecanismo de backstop. Este tem sido um dos objetivos mais falados no âmbito do aprofundamento da união económica e monetária na medida em que permite quebrar o laço entre os bancos e os soberanos e facilita a transmissão da política monetária por todos o Estados-membros.

A The Economist nota ainda que o documento aborda o Fundo Monetário Europeu, mas não especifica que papel teria — se serviria sobretudo para fazer aplicar as regras — nem se o controlo parlamentar deveria operar a nível europeu ou nacional.

3 – Não toca no ponto do Brexit

O documento também não aborda a questão da saída do Reino Unido da União Europeia, nem as suas consequências para os Estados-membros.

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Administração da Autoeuropa rejeita alterações aos horários

A partir de dia 29 deste mês, os trabalhadores da Autoeuropa começam a cumprir os novos horários, o que implica que passarão a ter apenas uma folga fixa ao domingo e uma rotativa a meio da semana.

A administração da Autoeuropa não aceitou negociar alterações aos novos horários que foram impostos unilateralmente e, por isso, os trabalhadores admitem avançar com novas greves. A informação foi avançada, esta sexta-feira, pelo coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, depois das reuniões tidas, esta semana, com a administração.

“A greve é sempre a última coisa que fazemos, temos de esgotar todas as possibilidades e só depois decidir o que fazer”, disse Fernando Gonçalves, coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, em declarações transmitidas esta tarde pela SIC Notícias. O responsável admite que “algumas possibilidades já foram esgotadas”, mas ressalva que continua a acreditar que “é possível inverter a situação”.

Para já, mantém-se a vontade da administração. A partir de dia 29 deste mês, os trabalhadores começam a cumprir os novos horários, o que implica que passarão a ter apenas uma folga fixa ao domingo e uma rotativa a meio da semana.

Na próxima semana, os trabalhadores voltam a reunir-se com a administração, na quarta-feira e na sexta-feira, não para voltar a abordar alterações aos horários, mas para discutir como serão geridos os turnos: se mudam todas as semanas ou se há rotação a cada três semanas.

Em cima da mesa estará ainda o caderno reivindicativo dos trabalhadores, que exigem aumentos salariais de 6,5%, com efeitos retroativos a setembro de 2017.

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Novas tabelas na ADSE? Há mudanças para os beneficiários e para os hospitais

  • Marta Santos Silva
  • 12 Janeiro 2018

Os beneficiários e o subsistema de saúde dos funcionários públicos podem agora vir a ter grandes poupanças, mas as alterações podem não agradar a alguns dos parceiros privados.

Esta quinta-feira, o conselho consultivo da ADSE, que inclui representantes dos trabalhadores, deu parecer positivo à proposta do Conselho Diretivo para algumas mudanças nas tabelas de preços, que deverão entrar em vigor a partir de março. Mas o que significa esta aprovação? Para já, que fica nas mãos do Conselho Diretivo publicar as tabelas para que de facto venham a entrar em vigor. Em segundo lugar, se tudo correr como previsto, vêm aí mudanças para os beneficiários, para o subsistema de saúde e para os hospitais, clínicas e médicos com acordos com a ADSE. Quais são elas?

O Conselho Geral e de Supervisão da ADSE reuniu a 11 de janeiro, esta quinta, para rever as tabelas do regime convencionado, nas quais já não está prevista a grande mudança controversa que tinha sido apresentada no outono de 2017: a subida dos preços das consultas para os beneficiários. Postas fora as subidas de preços, o conselho que junta representantes dos trabalhadores, da ADSE e do Governo já viu com melhores olhos esta nova versão, “que retira da proposta de Tabela da ADSE as alterações que impliquem encargos adicionais para os beneficiários”, como se lê na declaração enviada pelo Conselho Geral e de Supervisão às redações.

Em quatro tópicos, o Conselho Geral e de Supervisão resume as mudanças englobadas na proposta que recebeu da sua parte um parecer positivo unânime:

  • Há uma aproximação nos custos fixados face aos praticados nas relações de saúde privada com o SNS;
  • Há globalmente uma redução significativa dos encargos com os cofinanciamentos dos beneficiários;
  • Há globalmente uma redução muito significativa dos custos para a ADSE;
  • Criam-se condições para melhorar o controlo das despesas.

Abaixo, o ECO explica o que significam estes quatro pontos, mas desde logo há que ter em conta a importância dos beneficiários da ADSE para os hospitais e clínicas privados, na perspetiva deste mesmo Conselho, que refere que os beneficiários de ADSE são mais de metade das pessoas com seguros de saúde em Portugal, “o que lhe confere um poder negocial que não pode ser negligenciado na celebração de novas convenções e na revisão das atuais, cujo teor se desconhece”.

O que muda?

“Muda muita coisa”, responde João Proença, representante dos trabalhadores e Presidente do Conselho Geral e de Supervisão, questionado pelo ECO. Desde logo, afirmou que as mudanças se restringem às tabelas de preços do regime convencionado, com os hospitais, clínicas e médicos que têm convenções com a ADSE. A revisão dos valores nessas tabelas procura constituir uma aproximação aos do Serviço Nacional de Saúde, assinalou.

“Nada é alterado nas consultas, o doente continua a pagar os 3,99 euros por consulta, e nada é alterado nas análises clínicas no que diz respeito ao pagamento dos beneficiários”, afirmou João Proença. Noutras áreas porém, vai haver redução dos pagamentos dos beneficiários, visto que vão ser impostos limites ao que pode ser cobrado à ADSE e no total em casos de internamentos, transportes e cuidados continuados, máximos “análogos ao do SNS”. Assim, quando o médico com convenção com a ADSE debitar um certo valor ao subsistema de saúde, o restante que deve ser objeto de copagamento por parte do beneficiário poderá baixar, graças à imposição do limite.

“Também há de facto fixação de limite de comparticipação da ADSE na área dos cuidados continuados e na área dos transportes”, afirmou João Proença. “Nos medicamentos, que são pagos pelo SNS, não há alterações salvo quando forem dados nos hospitais e quando a pessoa foi internada ou teve uma operação, em que é fixada uma margem para além do preço de custo que pode ser debitado à ADSE”.

Então sobe algum preço?

Num comunicado enviado a funcionários públicos e pensionistas da Função Pública, o também membro do Conselho Geral e de Supervisão Eugénio Rosa, economista, esclareceu também algumas das decisões tomadas ontem. Desde logo, torna algo claro: “As alterações na Tabela de Preços da ADSE deverão determinar uma redução de encargos para os beneficiários que, segundo o estudo elaborado pelo Conselho Diretivo, se estima em 12,66 milhões €/ano”, afirmou. Isto significa mais 12,66 milhões, por ano, que ficam por gastar pelos beneficiários da ADSE comparativamente ao que gastariam sem esta alteração.

Quanto se poupa?

Eugénio Rosa explica ainda, em números concretos, as poupanças que determinam estas mudanças para a própria ADSE. A imposição de limites aos preços cobrados assim como outras mudanças fazem com que o subsistema de saúde possa poupar cerca de 29,7 milhões de euros por ano, segundo o economista, que se baseia num estudo de impacto elaborado pelo Conselho Diretivo da instituição.

Quando muda?

Tudo correndo como previsto, as novas tabelas deverão entrar em vigor em março, mas João Proença esclareceu que existem prazos diferentes para diferentes medidas. “Algumas entram em vigor até 120 dias depois da publicação, por exemplo em junho. Há outros prazos fixados”, explicou.

E os privados?

Existe de facto alguma preocupação com a reação dos privados. João Proença afirmou que “houve uma reação negativa dos privados face à tabela de preços”. No entanto, o representante afirmou que “os preços dos atos médicos têm de ser controlados, e praticados preços justos”.

O universo de beneficiários da ADSE corresponde a mais de metade da totalidade de pessoas com seguros de saúde em Portugal o que lhe confere um poder negocial que não pode ser negligenciado na celebração de novas convenções e na revisão das atuais, cujo teor se desconhece.

Conselho Geral e de Supervisão da ADSE

Parecer n.º 1/2018

Eugénio Rosa concorda, acrescentando que, “a nível de medicamentos utilizados pelos Hospitais privados de saúde que eram utilizados nos tratamentos e cirurgias, não existia quaisquer limites, o que determinava que esses medicamentos eram adquiridos aos laboratórios a um preço e depois faturados à ADSE a um preço várias vezes superior”.

“O descontrolo era enorme com grandes prejuízos para a ADSE”, acrescentou o economista ligado à CGTP. A imposição de limites representa, para este, um controlo sobre os “lucros excessivos dos grandes grupos privados da saúde”, nomeando cinco: Luz Saúde, Mello Saúde, Lusíadas Saúde, Trofa Saúde, e SANFIL, “cuja faturação representa mais de 85% (mais de 250 milhões €/ano) da despesa anual da ADSE com o regime convencionado”, acrescentou.

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CMVM nomeia auditor para fixar contrapartida aos acionistas da Sumol+Compal

O regulador do mercado diz que, tendo em conta a "reduzida liquidez" das ações da empresa, é "impossível determinar o valor justo equitativo da contrapartida".

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) decidiu nomear um auditor independente que fixe a contrapartida mínima a oferecer aos acionistas da Sumol+Compal, que vai sair da bolsa. O regulador do mercado não conseguiu determinar um “valor justo”, devido à reduzida liquidez das ações.

“A CMVM informa que, nesta data, solicitou à Ordem dos Revisores Oficiais de Contas a nomeação de um auditor independente para fixação da contrapartida mínima a oferecer por ocasião do pedido de perda da qualidade de sociedade aberta da Sumol+Compal, S.A., pela aquisição das ações pertencentes aos acionistas que não tenham estado presentes ou representados ou votado favoravelmente na assembleia onde a mesma foi deliberada”, pode ler-se no comunicado emitido esta sexta-feira.

“A deliberação ora comunicada assenta na verificação de que, uma vez que as ações da Sumol+Compal, S.A. apresentam reduzida liquidez, torna-se impossível determinar o valor justo e equitativo da contrapartida“, acrescenta o comunicado.

Em assembleia geral decorrida em dezembro, a Sumol+Compal aprovou a saída da bolsa de Lisboa, com os votos favoráveis de 94% dos acionistas da empresa.

Agora, como explicou ao ECO na altura, fonte próxima da Refrigor, uma das principais acionistas, terão de haver “acionistas disponíveis para adquirirem as ações daqueles outros acionistas que não votaram a favor da perda da qualidade de sociedade aberta”.

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Banco CTT assume gestão da Payshop

O Banco CTT vai assumir a gestão da rede de pagamentos Payshop, numa decisão que vai permitir aos CTT reforçar o segmento de serviços financeiros. Marca será mantida, garante a empresa.

O Banco CTT vai passar a gerir o sistema de pagamento Payshop, numa mudança que vai permitir que os CTT reforcem o desenvolvimento da plataforma com a oferta de novos serviços e produtos, informou a empresa em comunicado.

São mais de 4.000 agentes que atualmente dão corpo à rede física da Payshop, que facilita o pagamento de contas de casa, como a eletricidade, gás e telecomunicações à população. Agora, com esta decisão de passar a gestão para o banco postal, esta rede será complementada com mais 208 balcões.

O anúncio surge numa altura em que os CTT procuram dar força a outras atividades da empresa para lá do correio postal, um segmento cujas receitas estão a cair de forma acentuada. Os serviços financeiros do grupo são uma das áreas que Francisco Lacerda pretende reforçar, sobretudo depois do lançamento do banco em março de 2016. Com a gestão da Payshop, “o Banco CTT posiciona-se cada vez mais como um operador de relevo e proximidade na área dos serviços financeiros e dos pagamentos”, frisa a empresa.

Em 2017, a rede Payshop realizou mais de 30 milhões de operações, tendo gerado um volume global de transações superior a 700 milhões de euros.

Os CTT indicam que a marca Payshop será mantida apesar desta integração no banco, “estando previsto para breve o lançamento de novas soluções na área dos pagamentos”.

Para Francisco Lacerda, presidente executivo dos CTT e presidente do conselho de Administração do Banco CTT, a “integração da Payshop no Banco CTT enquadra-se na estratégia dos CTT de reforçar a área dos serviços financeiros, a qual, a par das encomendas, irá conduzir o crescimento futuro”.

"A integração da Payshop no Banco CTT enquadra-se na estratégia dos CTT de reforçar a área dos serviços financeiros, a qual, a par das encomendas, irá conduzir o crescimento futuro. Os CTT podem-se orgulhar de deter esta plataforma única em Portugal que é a Payshop e estamos certos que esta reorganização dentro do Grupo irá permitir levá-la ainda mais longe, reforçando a proximidade que tem com todos os clientes.”

Francisco Lacerda

Presidente dos CTT

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A tarde num minuto

  • Rita Frade
  • 12 Janeiro 2018

Não teve tempo de ler as notícias esta tarde? Fizemos um best of das mais relevantes para que fique a par de tudo o que se passou, num minuto.

O ministro das Finanças e novo presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, defendeu esta sexta-feira que os países da moeda única devem continuar a discutir a capacidade orçamental da Zona Euro. Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu ao setor da justiça e apelou aos aos partidos políticos, depois de considerar a iniciativa de “exemplar”.

Mário Centeno, ministro das Finanças e o novo presidente do Eurogrupo, defendeu esta sexta-feira que os países da moeda única devem continuar a discutir se a Zona Euro deve ter uma capacidade orçamental autónoma.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta tarde que as propostas apresentadas “são um desafio aos partidos políticos e ao Governo”.

A Anacom concluiu em setembro que 2,3 em cada 1.000 cartas enviadas pelos CTT em 2016 não chegaram ao destino no prazo de 15 dias. Mas, como se mede este valor? Com chips eletrónicos escondidos no correio.

O Site-Sul quer os sábados pagos como trabalho extraordinário e mais 250 euros por mês para os trabalhadores da Autoeuropa que aderirem ao novo horário de transição, refere um comunicado hoje divulgado pelo sindicato afeto à CGTP.

O Banco Central Europeu (BCE) vai subir a taxa de juro dos depósitos em 2018? Não há bolas de cristal nos mercados financeiros, mas os investidores têm cada vez menos dúvidas de que a instituição deverá passar a cobrar menos para os bancos depositarem dinheiro nos seus cofres até final do ano, marcando o fim de uma Era na região com juros em zero.

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BCP e CTT caem enquanto Europa fecha com ganhos

A queda de mais de 9% da empresa dos correios foi prejudicial ao desempenho do PSI-20, que fechou a última sessão da semana em terreno negativa. É a terceira sessão de quedas deste ano.

A bolsa de Lisboa fecha a última sessão da semana em terreno negativo, pressionada especialmente pelas quedas do CTT e do BCP. É a terceira queda do ano para o PSI-20 e a segunda consecutiva. O principal índice nacional não conseguiu acompanhar o desempenho das restantes praças europeias, que fecharam esta sessão nos ganhos.

O PSI-20 fecha a segunda semana do ano a perder 0,42% para os 5.620,670 pontos. O mesmo não se verificou no resto das bolsas da Europa: o Stoxx 600 fechou a valorizar 0,20% para os 398,04 pontos, o francês CAC-40 fechou a subir 0,47% para os 5.514,3 pontos e o espanhol Ibex 35 a avançar 0,24% para os 10,460 pontos.

O principal índice de referência nacional foi prejudicado pela queda das ações da empresa dos correios, que fecharam esta sessão a cair 9,25% para os 3,4940 euros. Esta queda acontece depois de a ANACOM ter anunciado um conjunto de regras mais apertadas para o cumprimento do serviço universal dos CTT, um plano que terá de começar a ser cumprido a partir de julho deste ano e até ao final de 2020.

A penalizar o PSI-20 esteve também o banco liderado por Nuno Amado, representando a maior queda desta sessão. O BCP fechou cair 1,63% para os 0,2959 euros, sendo uma das 13 cotadas nacionais, num total de 18, que fecharam nas perdas. A acompanhar esteve também a EDP, que fechou a perder 1,18% para os 2,8520 euros e a Pharol, que recuava 1,31% para os 0,2645 euros.

No setor energético, a REN fechou a perder 0,24% para os 2,5260 euros e a Galp a recuar 0,18% para os 16,250 euros. A EDP Renováveis conseguiu escapar e fechou a subir 0,28% para os 7,0700 euros.

Foi ao setor de retalho que couberam as maiores subidas desta sessão: a Jerónimo Martins fechou a valorizar 4,40% para os 17,3050 euros e a Sonae a avançar 2,87% para os 1,2170 euros, alcançando novos máximos desde agosto de 2015.

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Anacom quer auditoria ao sistema de chips que controla tempo de entrega das cartas dos CTT

Depois das acusações dos sindicatos de que havia interferência dos CTT nas cartas teste que a Anacom usa para controlar qualidade do serviço, Cadete de Matos prometeu uma auditoria ao sistema.

A Anacom quer uma auditoria rigorosa ao sistema de chips que é utilizado pela PwC no controlo da entrega de cartas por parte dos CTT, isto depois das acusações lançadas esta manhã pelos sindicatos que foram ao Parlamento debater a situação na empresa de correios. “Temos de ter um sistema acima de qualquer suspeição”, disse João Cadete de Matos, presidente do regulador, depois de confrontado pelo deputado do PCP sobre as suspeitas de que funcionários dos CTT sabiam quais as cartas que usadas como teste na avaliação do serviço universal prestado pela empresa liderada por Francisco Lacerda.

“O sistema que vigorou em 2016 tem de ser rigorosamente auditado e temos de ter conclusões sobre a forma como o sistema funcionou, quais as suas fragilidades, quais as violações que possam ter havido nas regras. Isso tem de ser cabalmente esclarecido. Foi isso que pedimos à Grant Thonron que está a auditar a PwC”, declarou Cadete de Matos esta tarde.

O presidente do regulador adiantou que também a Anacom vai proceder a essa fiscalização do sistema de dispositivos eletrónicos que são colocados em cartas teste e que ajudam a perceber quanto tempo é que demora a chegar ao destino. “Perante estas acusações, disse ao presidente dos CTT e à PwC que se tinha de ter a partir de agora um sistema acima de qualquer suspeita“, disse Cadete de Matos.

O sistema que vigorou em 2016 tem de ser rigorosamente auditado e temos de ter conclusões sobre a forma como o sistema funcionou, quais as suas fragilidades, quais as violações que possam ter havido nas regras. Isso tem de ser cabalmente esclarecido. Foi isso que pedimos à Grant Thonron que está a auditar a PwC.

João Cadete de Matos

Presidente da Anacom

“Portanto, quer com os indicadores que ainda vão estar em vigor enquanto não entrar o novo sistema, quer com o novo sistema, é obrigatório evitar qualquer possibilidade de interferência dos CTT no teste“, frisou o responsável.

Cadete de Matos declarou que a “amostra e a certificação têm de ser anónimas” para que a avaliação à atividade dos CTT seja eficaz. “É elementar do ponto de vista do controlo da qualidade” dos serviços dos correios, precisou.

Na mesma resposta ao deputado comunista Bruno Dias, João Cadete de Matos adiantou ainda que teve uma reunião com a PwC, na qual foi transmitida a possibilidade de se avançar com “soluções tecnológicas” que permitiriam assegurar com fiabilidade este controlo e “sem hipótese de os CTT terem conhecimento dos objetos postais do teste”.

“Se isso for possível, com certeza que é uma solução bem-vinda”, referiu ainda.

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Linklaters reforça equipas de Imobiliário e Concorrência

Evo Fernandes integra a equipa de Real Estate. Duarte Peres junta-se ao departamento de Competition & Antitrust.

O novo membro da equipa de Real Estate, Evo Fernandes, é advogado desde 2010 e a sua principal atividade foca-se no apoio a transações e projetos imobiliários, abrangendo aspetos relacionados com a construção, instalação, gestão e implementação de empreendimentos imobiliários.

A sua experiência relevante inclui assessoria em transações e projetos imobiliários, nomeadamente aquisições, operações de venda e arrendamento, envolvendo a negociação de todos os tipos de contratos imobiliários. Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Evo Fernandes concluiu o “Curso Avançado sobre Licenças e Atividades Económicas: Licenciamento Zero e Diretiva de Serviços” e o curso de pós-graduação sobre “Direito do Urbanismo e da Construção”, ambos na mesma faculdade. O novo advogado da Linklaters é mestre em “Direito Internacional e Direitos Humanos” pela Universidade das Nações Unidas para a Paz, na Costa Rica.

“O reforço da equipa de Real Estate do escritório da Linklaters em Lisboa, é uma resposta ao crescimento exponencial do trabalho nesta área”, diz comunicado da sociedade. Para o coordenador da equipa Diogo Plantier Santos, “a entrada do Evo é um importante contributo para que possamos continuar a responder ao aumento das solicitações dos nossos clientes em assuntos desta natureza, bem como para assessorar novos projetos imobiliários que estão a ser desenvolvidos em Portugal, muitos incluindo estruturas de aquisição e financiamento cada vez mais complexas. A entrada do Evo, com vasta experiência e conhecimento nestas matérias, vem ajudar a equipa a acompanhar estes novas tendências, e é também reflexo da aposta da Linklaters na área de Real Estate”.

Duarte Peres, que acaba de reforçar a equipa de Competition & Antitrust, é licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade Católica, tem um LLM em Tillburg, na Holanda e duas pós-graduações nas áreas do direito europeu e da concorrência – “Direito da Concorrência e Regulação” e “Direito Europeu e Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia”, pela Universidade de Direito da Faculdade de Lisboa.

Duarte Peres tem experiência em assuntos relacionados com procedimentos sancionatórios por práticas restritivas da concorrência, controlo de concentrações e telecomunicações e media. Para o responsável do departamento de Competition & Antitrust da Linklaters Carlos Pinto Correia, “a contratação de um advogado com as características do Duarte integra-se na nossa estratégia de crescimento da equipa e é uma resposta ao aumento do trabalho, nomeadamente em temas de controle de concentrações no âmbito de transações de M&A e questões de regulação em setores como a energia e telecomunicações”.

 

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Como se mede o tempo de entrega das cartas dos CTT? Antes eram cartas à paisana. Agora são chips

A Anacom concluiu que mais de duas em cada 1.000 cartas enviadas em 2016 não chegaram ao destino no prazo máximo de 15 dias. Mas, como se mede este valor? Com chips eletrónicos escondidos no correio.

Como são medidos os tempos de entrega do correio? Com recurso a chips eletrónicos no interior de cartas.Paula Nunes/ ECO

A Anacom concluiu em setembro que 2,3 em cada 1.000 cartas enviadas pelos CTT em 2016 não chegaram ao destino no prazo de 15 dias. Este dado levou o regulador a obrigar a empresa a baixar os preços, pois os CTT têm de cumprir certos padrões de qualidade por serem eles os prestadores do serviço postal universal. O ECO explicou tudo isso aqui. Mas, como é feita essa medição? Com chips eletrónicos nas cartas.

Exatamente, mas já lá vamos. É que o método tem vindo a evoluir e nem sempre foi assim. No passado, era a própria empresa que recolhia estas informações. Havia um painel, “os chamados painelistas”, recorda José Oliveira, dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT). “Eram enviadas cartas perfeitamente anónimas. Anónimas, porque não tinham qualquer sinalização. E eram enviadas para aquelas pessoas”, conta.

Estas cartas à paisana chegavam (ou não) aos destinatários, que registavam o dia em que as tinham recebido. Eram, então, remetidas novamente para outro ponto. “Quando essas pessoas respondiam, ficava marcada a data em que elas as tinham posto no marco do correio, ou quando a entregavam na estação do correio. Quem estava a fazer o controlo, sabia quanto tempo é que as cartas demoravam a regressar”, lembra José Oliveira.

Entretanto, por decisão da Anacom, esta faculdade foi retirada aos CTT e atribuída a uma empresa externa, contratada pelos Correios. Essa companhia, hoje, é a PwC. “A PwC mede os dados. Na sequência de uma decisão da Anacom, os dados passaram a ter que ser medidos por uma entidade independente dos CTT, tendo os CTT contratado a PwC”, confirma fonte oficial da Anacom, contactada pelo ECO.

É aqui que entram os chips eletrónicos. “O sistema atual é a entidade externa que faz. As coisas evoluíram. Há um chip que é posto dentro dessas cartas, chip esse que, por onde passa, é lido. Lido nos portais dos centros de distribuição. Onde haja um portal dos CTT, é lido. Quer na ida, quer quando são enviadas no regresso”, garante José Oliveira. Ou seja, o modelo é bastante semelhante ao anterior. E também há um painel. Mas as cartas são lidas automaticamente e os dados vão sendo recolhidos à medida que o processo de distribuição do correio se desenvolve.

"Há um chip que é posto dentro dessas cartas, chip esse que, por onde passa, é lido. Lido nos portais dos centros de distribuição.”

José Oliveira

SNTCT

Contactados pelo ECO, os CTT vão um pouco mais a fundo: “A medição é efetuada com base em painel de colaboradores desconhecidos pelos CTT, recrutados pela PwC geograficamente por todo o país. O painel de colaboradores da PwC expede e recebe objetos postais teste, baseando-se a medição nas datas de expedição e receção informadas pelo painel à PwC”, explica fonte oficial da empresa liderada por Francisco de Lacerda.

A existência dos chips eletrónicos nestas cartas descaracterizadas, enviadas pelo painel recrutado pela PwC, é confirmada pelos Correios. “Os chips eletrónicos não dão informação sobre o painel nem comprometem a independência da informação. A utilização dos chips eletrónicos é uma prática instituída nos processos de medição de Qualidade de Serviço dos Operadores Postais, permitindo melhorar os processos operacionais da rede de logística do operador”, diz fonte oficial.

E depois, o que acontece? “A Anacom procederá a uma auditoria aos valores apurados pelo referido sistema de medição da PwC, para verificar a sua exatidão. Para este efeito, a Anacom lançou um concurso público com vista à escolha do auditor, tendo sido celebrado contrato em setembro com a Grant Thonron & Associados. Esta entidade irá fazer auditoria aos valores anuais de 2016 e 2017 dos indicadores de qualidade de serviço, das reclamações”, explica ao ECO fonte oficial do regulador. Terá sido este o sistema que acabou por concluir que os CTT falharam num dos padrões definidos no contrato de concessão do serviço postal universal.

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Executivos dos setores automóvel e tecnológico perspetivam deslocalização de fábricas para a Ásia

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2018

A maioria dos 900 executivos dos setores automóvel e tecnológico que participaram num estudo perspetiva que em 2030 grande parte da produção se transfira para a Ásia.

A maioria dos 900 executivos dos setores automóvel e tecnológico que participaram num estudo perspetiva a diminuição até 50% de concessionários até 2025 e que em 2030 grande parte da produção se transfira para a Ásia.

Envolvendo também cerca de 2.100 consumidores, o 19.º Global Automotive Executive Survey da consultora KPMG publicou nas suas conclusões que a maioria (56%) dos executivos da indústria acredita que entre 30 a 50% dos concessionários pode encerrar até 2025.

Já 74% dos executivos inquiridos respondeu que a quota de veículos produzidos na Europa Ocidental será inferior a 5% em 2030, por grande parte da produção se transferir para a Ásia.

Nas conclusões do inquérito lê-se ainda o foco na segurança de dados dos condutores, com mais de 80% dos executivos a afirmar a necessidade de redefinição do termo “equipamento de série”: “85% dos executivos e 75% dos clientes acredita que no futuro, a cibersegurança será um requisito prévio para a compra de um automóvel”.

“Apesar de hoje em dia serem produzidos 3.000 modelos em mais de 700 fábricas, apenas 2% destes modelos são veículos inteiramente elétricos”, lê-se na informação, na qual Dieter Becker, Global Head of Automotive da KPMG, comenta que no futuro próximo “continuarão a existir vários tipos de motorizações” nas estradas.

"Apesar de hoje em dia serem produzidos 3.000 modelos em mais de 700 fábricas, apenas 2% destes modelos são veículos inteiramente elétricos.”

Dieter Becker

Global Head of Automotive da KPMG

“Mais de três quartos dos executivos mundiais diz que os veículos elétricos a célula de combustível (FCEV) serão a verdadeira revolução na mobilidade elétrica”, acrescentou.

Os inquiridos representam empresas de toda a cadeia de valor automóvel, incluindo fabricantes de veículos, fornecedores de componentes, concessionários, fornecedores de serviços financeiros, fornecedores de serviços de mobilidade e, pela primeira vez, empresas de tecnologia de informação e comunicação.

Mais de 70% dos participantes integram empresas com lucros anuais superiores a mil milhões de dólares, das quais 70% têm lucros superiores a 10 mil milhões.

O inquérito aos executivos foi realizado online entre julho e novembro de 2017.

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