Comissões dão asas aos lucros dos bancos
CGD, BPI e Santander Totta tiveram lucros de 1.500 milhões de euros no seu conjunto em 2018. Comissões bancárias deram um forte contributo para estes resultados. Mas há mais fatores.
Caixa Geral de Depósitos (CGD), Banco BPI e Santander Totta já apresentaram as contas do ano passado e, para lá dos lucros de 1.500 milhões que estes três bancos acumularam em 2018, um denominador comum salta à vista: as comissões bancárias voltam a dar um contributo expressivo para os resultados dos principais bancos nacionais que, dependendo do que fizer o Novo Banco, regressarão ao verde pela primeira desde a crise de 2011.
Não há banco em Portugal que não tenha aumentado comissões dos serviços que prestam nos últimos anos, num esforço para arrecadar mais receita num ambiente de juros historicamente baixos promovido pelo Banco Central Europeu (BCE). Por exemplo, ainda na semana passada o ECO deu conta que o banco público fez disparar as comissão das transferências online em 60%. Esta segunda-feira o ECO também adiantou que o BPI aumentou a taxa de transferência MB Way dos 20,8 cêntimos para 1,248 euros, um aumento de 500%. Não foram os únicos.
No Santander Totta, que apresentou na passada segunda-feira lucros de 500 milhões de euros, as receitas com comissões atingiram os 372,4 milhões de euros no ano passado, correspondendo a um aumento de 12,5%. Um fator ajudou a explicar este disparo no comissionamento (isto além da subida das taxas): a integração do antigo Popular Portugal, comprado em 2017.
Já no BPI, as comissões renderam quase 278 milhões de euros em 2018, rubrica que registou um aumento expressivo de quase 6%, e representa já cerca 40% do produto bancário. No banco público houve um aumento de 2% destas receitas que ascenderam a 474,2 milhões de euros.
Receitas com comissões
Fonte: CGD, Santander Totta e BPI
Mas as comissões bancárias não foram o único contributo para os resultados positivos. Faltam ainda BCP e Novo Banco prestarem contas relativas ao exercício de 2018. Dependendo do desempenho do último, os cinco principais bancos portugueses deverão ter regressado aos lucros no seu conjunto, algo que não acontece desde 2010. Para já, os três bancos que já apresentaram resultados somam lucros de 1.487 milhões de euros.
No banco público, Paulo Macedo explicou que três fatores ajudaram a construir os melhores resultados desde 2007: a subida de 7% dos proveitos core (onde se incluem as comissões e a margem financeira), a redução dos custos em 100 milhões e o facto de não ter constituído provisões extraordinárias para saídas de trabalhadores.
Falando em provisões e imparidades, Pedro Castro e Almeida mostrou que o lucro do Santander Totta também teve o contributo positivo de 56 milhões de euros nesta rubrica, isto com a venda de imóveis no valor de 600 milhões de euros no ano passado, que vieram “libertar” esse montante que estava colocado de lado. Adicionalmente, com a integração do Popular, a margem financeira do banco dos espanhóis disparou 24% para os 866 milhões de euros.
No BPI, os lucros de 491 milhões de euros resultaram também em grande medida da venda de participações na Viacer e na BPI Gestão de Ativos, e dos negócios de cartões de crédito. Na parte operacional, a margem financeira subiu quase 9% para 422,6 milhões. E os custos estabilizaram.
Stock de crédito contrai com venda de malparado
Apenas o BPI conseguiu aumentar a sua carteira de crédito em 2018, com o stock de empréstimos a ascender a 23,5 mil milhões de euros no final do ano passado.
Já a CGD sofreu uma queda significativa na sua carteira de financiamentos: caiu 8,2% para 54,9 mil milhões de euros. O banco diz que a “nova produção registou uma forte progressão”, mas “não foi suficiente para contrariar a redução da carteira, fortemente influenciada pelas vendas de NPL’s, bem como pelos significativos reembolsos de crédito por parte de entidades públicas (cerca de 1.000 milhões de euros)”.
Também o stock de crédito do Santander Totta contraiu no ano passado. Atingiu os 40,4 mil milhões de euros, diminuindo 2,4% após a venda de carteiras de empréstimos em incumprimento no valor de 1.000 milhões de euros. “Excluindo este impacto, a carteira teria estabilizado face a dezembro de 2017”, precisou o banco.
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