Grandes bancos de volta aos lucros. Ganharam cinco milhões de euros por dia
Quatro principais bancos portugueses somaram quase 1.800 milhões de euros em lucros no ano passado, cerca de cinco milhões de euros por dia. Como chegaram até aqui?
Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, BPI e Santander Totta lucraram cinco milhões de euros por dia em 2018, e preparam-se para dar à banca nacional o melhor ano desta década marcada pela crise da dívida. Com o Novo Banco a permanecer uma incógnita na dimensão dos prejuízos que deverá apresentar, os outros principais bancos do sistema acumulam para já resultados de 1.788 milhões de euros, perspetivando-se o primeiro ano com contas no verde desde 2010. Como chegaram até aqui?
Embora o aumento das receitas com comissões seja um denominador comum que ajuda a perceber a melhoria dos resultados numa perspetiva global, cada banco teve uma história diferente para contar no ano que passou.
Por exemplo, quando Paulo Macedo anunciou no dia 1 de fevereiro que o banco público registou lucros de 496 milhões de euros, explicou resumidamente que três fatores principais estiveram por detrás dos melhores resultados desde 2007: a subida de 7% dos proveitos no negócio core (incluindo-se aqui o aumento da margem financeira e das comissões), a redução dos custos que permitiu uma poupança de 100 milhões e ainda o facto de não ter constituído provisões extraordinárias para colmatar o impacto da saída de trabalhadores. Estes bons resultados deixam a CGD em boa posição para pagar 200 milhões de euros em dividendos ao acionista Estado.
Contas dos bancos no verde
Fonte: Relatório e contas dos bancos
No Santander Totta, o recém-chegado CEO Pedro Castro e Almeida anunciou um número redondo: 500 milhões de euros de lucros. Isto aconteceu depois da integração do Popular Portugal no final de 2017 ter tido um impacto positivo nas contas: primeiro, reforçou o aumento da margem financeira (+24,3% para 866 milhões de euros) e das comissões (+12,5% para 372,4 milhões de euros; depois, a venda da carteira de imóveis Tagus no valor de 600 milhões de euros ao fundo Cerberus permitiu libertar 56 milhões de euros de imparidades que estavam associadas a estes ativos que eram do antigo Popular português.
Também o BPI também “lucrou” com a venda de malparado no ano passado. Mas os lucros de 491 milhões de euros do banco liderado por Pablo Forero foram sobretudo impulsionados pela venda de várias participações financeiras na Viacer e na BPI Gestão de Ativos, e ainda dos negócios de cartões de crédito. Renderam 190 milhões de euros. E importante não esquecer as comissões: aumentaram 5,6% para 277,8 milhões de euros.
Esta quinta-feira foi a vez de o BCP anunciar uma subida expressiva dos lucros — mais de 300 milhões de euros — e uma notícia há muito aguardada pelo mercado: dividendos de 30 milhões de euros, cerca de 0,2 cêntimos por ação. Na base deste resultado estiveram vários fatores, nomeadamente a melhoria do negócio em Portugal sobretudo (o lucro aumentou quase 200%). A margem financeira e as comissões aumentaram 2,3% e 2,6%, respetivamente para 1.423 milhões e 684 milhões. Também aqui há um impacto positivo da redução das imparidades em cerca de 300 milhões de euros.
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