CGD condenada por manter sem funções por 10 anos trabalhador acusado de roubar 4,7 milhões

A Caixa Geral de Depósitos foi obrigada a manter nos quadros um trabalhador acusado de se apropriar de 4,7 milhões de euros de dois clientes. Mas manteve-o sem funções durante cerca de dez anos.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi condenada a uma coima no valor de 37.500 euros por ter mantido um trabalhador sem funções durante cerca de dez anos. O trabalhador em causa esteve em litígio com a instituição na sequência de uma suspensão disciplinar e de uma tentativa de despedimento, depois de dois clientes o acusarem de se ter apropriado de uma quantia de dinheiro superior a 4,7 milhões de euros.

A sentença de recurso, a que o ECO teve acesso, foi proferida no passado dia 1 de julho. Apesar de condenar a CGD pela inocupação do funcionário, absolve o banco público do pagamento de outra coima, no mesmo valor, por falta de pagamento de salários e subsídios referentes a 2018. A condenação por violação do dever de ocupação efetiva ainda é passível de recurso.

Porém, o caso é mais complexo do que isso. Isto porque o litígio começou em 2009, quando dois clientes “imputaram ao trabalhador a apropriação de uma elevada quantia de dinheiro de sua propriedade”. Em causa, o montante de 4,735 milhões de euros, num caso que ainda corre termos na justiça e no qual os clientes exigem ao trabalhador, respetiva mulher e, “solidariamente”, ao próprio banco, a devolução daquela quantia.

À data, o trabalhador era coordenador do gabinete de empresas da sucursal da CGD em Oliveira de Azeméis. Na sequência das alegações, a CGD decidiu instaurar um processo disciplinar, suspendendo-o por 90 dias. O trabalhador recorreu à justiça, mas a justiça não lhe deu razão.

Assim, o funcionário da CGD acabou por cumprir a penalização, tendo o período de suspensão sido concluído “em outubro ou novembro de 2010”. Entretanto, a CGD acabou por o despedir, alegando justa causa, mas o trabalhador impugnou o despedimento, que foi “declarado ilícito em 2016, com decisão transitada em julgado” já em 2017. Uma outra sentença veio determinar a sua reintegração nos quadros da CGD, com todos os direitos de antiguidade, tendo transitado em julgado no ano seguinte, em junho de 2018.

Mas nada feito para o trabalhador, que nunca conseguiu regressar ao posto de trabalho que ocupava, apesar de se ter apresentado no balcão para recuperar as funções que tinha perdido. Nem em Oliveira de Azeméis, nem noutros gabinetes da mesma região, nem em funções diferentes, como constataram os inspetores da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), que realizaram visitas de inspeção às instalações da CGD.

“A verdade é que [a CGD] nunca mais atribuiu funções ao trabalhador e nunca mais deixou que este exercesse quaisquer funções na sua organização”, lê-se na ata de audiência que determinou a condenação da CGD. No mesmo documento, é referido que “está em causa uma questão de confiança” que a CGD “manifesta já não ter, há muito tempo, no trabalhador, e por isso, ao longo destes largos anos, tudo fez para que o trabalhador não voltasse a ocupar qualquer posição na organização”.

O ECO confirmou junto do Tribunal da Comarca de Braga que se encontra pendente um processo interposto pelos dois clientes da CGD contra o trabalhador, a esposa e o banco, acusando-o de se ter apropriado de mais de 4,7 milhões de euros. A sentença deverá ser declarada em setembro.

Contactada, a Procuradoria-Geral da República também confirmou que, no passado, esteve em curso um processo-crime contra o trabalhador, que já terminou. A que se referia? O Ministério Público não divulgou, mas a sentença de recurso que envolve o processo da ACT faz uma breve referência a esse inquérito. “Nestes últimos autos, o processo de inquérito foi inicialmente arquivado, após abertura de instrução, o trabalhador foi pronunciado pela prática de vários ilícitos criminais e, entretanto, o Tribunal da Relação de Guimarães revogou aquela pronúncia, tendo esta decisão já transitado em julgado”, refere a ata de audiência.

O ECO solicitou acesso a este último processo já concluído, que não se encontra em segredo de justiça, mas não foi possível a consulta a tempo de publicação deste artigo.

CGD e trabalhador já se entenderam. Decidem manter silêncio

Certo é que, após vários anos em litígio, a CGD e o trabalhador acabaram por chegar a um acordo para pôr fim ao conflito laboral. O acordo de revogação do contrato de trabalho foi assinado já em abril de 2019, ou seja, cerca de uma década depois.

O ECO contactou o trabalhador, que informou estar sujeito a um acordo de confidencialidade e não quis fazer comentários. Contactada, a CGD também não respondeu às perguntas enviadas pelo ECO, invocado “regras de sigilo que impedem a divulgação deste tipo de informação”.

Mas o silêncio também é mantido do lado de quem acusa. O ECO contactou um dos clientes que acusam o trabalhador da CGD de se ter apropriado do dinheiro, que também recusou fazer “qualquer comentário”, por se tratar de um caso com “aspetos pessoais” da vida privada.

Desconhecem-se mais detalhes sobre os contornos do processo que ainda “corre termos na secção central cível da comarca de Braga”, na qual é pedida a condenação da CGD, do trabalhador e da respetiva mulher ao pagamento dos quase cinco milhões de euros que terão sido roubados a duas clientes. O processo está agora nas mãos do juiz.

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Copy/Paste. Propostas eleitorais iguais à esquerda e direita

Já houve acusações de cópia, de plágio e copy/paste de medidas que fazem parte dos programas eleitorais. Afinal, onde se cruzam os programas da direita e da esquerda?

Os partidos têm feito acusações de cópia e plágio nas promessas eleitorais.

Não é a primeira vez este ano que o PSD acusa os socialistas de copiarem medidas; nas eleições europeias de maio, Paulo Rangel acusou os socialistas de fazerem “copy/paste do manifesto do Partido Socialista Europeu”. Já em pré-campanha para as legislativas, Rui Rio acusou António Costa de copiar o programa eleitoral dos social-democratas.

Rui Rio recorreu ao Twitter para denunciar a alegada cópia:

No final de julho, em entrevista à Rádio Observador, o líder do PSD repetiu a crítica: “Depois de eu anunciar essa redução da carga fiscal, o PS vem anunciar a mesma coisa. É neste sentido que estou a dizer que há uma cópia. Quando começamos a falar na natalidade e nas creches, o PS vem também propor soluções, no quadro da natalidade, ligadas às creches…”

Mas o PS tem feito copy/paste do programa do PSD? “Nem do lado do PS são tão primários para fazer copy/paste daquilo que nós dizemos…”, afirmou Rio na mesma entrevista.

O tema das creches e da natalidade também já levou o CDS a acusar os socialistas de cópia. O grupo parlamentar do CDS decidiu fazer um levantamento das suas propostas para incentivar a natalidade, ao longo da legislatura, e compará-las com o anteprojeto dedicado à demografia, divulgado pelo PS. Resultado? Os centristas dizem que encontraram dezoito semelhanças. Mais, o deputado do CDS Filipe Anacoreta Correia afirmou ao jornal i que, “de certa forma, nalguns casos, essa cópia, esse plágio é bastante evidente”.

Neste campeonato do “quem-anunciou-a-medida-primeiro”, Catarina Martins também já lançou farpas ao PSD. A líder do Bloco disse que ficou “muito espantada” com a notícia de que os social-democratas queriam baixar o IVA na eletricidade para 6% “porque há poucos meses, quando nós apresentámos a medida no Orçamento do Estado, eles votaram contra”.

A descida do IVA da energia de 23% para 6% faz parte do programa destes dois partidos, que estão de lados opostos no espetro político. Mas não é caso único. O ECO foi à procura de casos em os programas da direita e da esquerda se cruzam, muitas vezes com medidas idênticas, mais ou menos semelhantes e, nalguns casos, iguais.

Escalões de IRS: descubra as diferenças

No caso do IRS, não há partido que não tenha prometido uma baixa das taxas e mais escalões. O mais vago foi o PS: “promete um novo desdobramento dos escalões, de modo a aumentar a progressividade do impostos”. O Bloco promete mais dois escalões, os comunistas querem reduzir as taxas para os baixos e médios rendimentos, o CDS acena com uma redução em cerca de 15% da taxa efetiva média do IRS e o PSD também promete uma redução das taxas nos escalões intermédios que, segundo as contas de Rui Rio, deverá representar uma perda de receita para o Estado de 1,2 mil milhões de euros.

Recorde-se que na altura do “enorme aumento de impostos de Vítor Gaspar”, o número de escalões de IRS baixou de 8 para 5 e, já com a geringonça, houve um aumento de 5 para os atuais 7.

Ainda neste campeonato dos rendimentos individuais, a questão do “englobamento” une a geringonça. Os socialistas escreveram no seu programa eleitoral que querem “caminhar no sentido do englobamento dos diversos tipos de rendimentos em sede de IRS, eliminando as diferenças entre taxas”. Também o Bloco quer os rendimentos prediais e de capitais passem a ser taxados em sede de IRS, juntamente com os rendimentos de trabalho e pensões (em vez de pagarem a taxa liberatória de 28%). O PCP tem uma nuance: propõe que quem tiver rendimentos brutos superiores a 100 mil euros passe a ser obrigado a fazer o englobamento para efeitos de IRS.

António Costa abre o caminho para o englobamento obrigatório em sede de IRS.

IVA na luz e IMI une direita e esquerda

A reversão do aumento do IVA da eletricidade, a primeira de todas as medidas negociadas com a troika, também vai aparecer nas bandeiras de campanha da direita e da esquerda. O PSD, o Bloco e o PCP vão propôr uma baixa de 23% para 6% no IVA da luz. No IVA, os comunistas vão mais longe e querem uma redução da taxa normal, de 23% para 21%.

Se olharmos para o IMI, também vai ser difícil distinguir esquerda e direita nos comícios eleitorais. O PSD quer reduzir a taxa mínima de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) para 0,25% e eliminar o adicional ao IMI, conhecido como “Imposto Mortágua”. Os comunistas propõem igualmente uma descida, mas na taxa máxima do IMI: de 0,45% para 0,4%.

PCP e PSD querem o mesmo na Segurança Social?

A previdência social é uma daquelas áreas onde costuma haver uma fronteira bastante visível entre direita e esquerda. Mas em campanha essas diferenças parecem ficar bastante esbatidas.

À direita, no PSD, propõe-se uma “reforma do modelo de financiamento da Segurança Social que não dependa em exclusivo da massa salarial e que considere o valor acrescentado líquido das empresas”, explicou Rui Rio.

Na Soeiro Pereira Gomes, os comunistas escrevem algo de muito parecido no seu programa eleitoral e também fazem pontaria ao VAL das empresas. Propõe a “diversificação das fontes de financiamento pela criação de uma contribuição complementar das empresas com incidência no valor acrescentado líquido, a qual acresce à taxa social única, sem a substituir”.

Portugal dos pequeninos

As creches e as políticas de natalidade são outro campo onde a direita acusa os socialistas de “plágio” e “cópia”.

Rui Rio já tinha anunciado a promessa de criação de “uma rede nacional de creches e jardins de infância tendencialmente gratuitos” para as crianças entre os seis meses e os cinco anos. O PS não faz copy/paste, mas promete algo parecido: o “investimento na rede de equipamentos sociais de apoio à infância, nomeadamente creches e jardins-de-infância”. Também o CDS, que sempre empunhou a bandeira da natalidade, já tinha anunciado que no seu programa iria constar a “cobertura de creches em todo o país”, através de um modelo de contratualização “também o setor privado e social”. Os comunistas, se ganharem as eleições, garantem igualmente “creche gratuita para todas as crianças que nasçam a partir de 2020 no final da licença de parentalidade, e criação de uma rede pública com esse objetivo”.

Se há quem prometa mais creches, há quem promete dinheiro para as pagar. E aqui também as promessas repetem-se. O PSD prevê a majoração do abono de família pré-natal em 50% para o segundo filho e 100% para o terceiro filho e seguintes. O PS responde e diz quer “criar o complemento-creche, atribuindo a todos os portugueses que tenham filhos nas creches um valor garantido e universal, que apoie a comparticipação das famílias no preço da creche a partir do segundo filho”.

Salário mínimo. Quem dá mais?

Apesar de teoricamente ser tema de discussão em concertação social, nenhum partido abdica de colocar no seu programa uma referência ou mesmo um valor para o salário mínimo nacional, que atualmente é de 600 euros brutos.

No programa eleitoral dos socialistas fala-se de uma “atualização real do salário mínimo nacional, de forma faseada, previsível e sustentada, que tenha em conta a evolução global dos salários e dos principais indicadores económicos”.

Já o PSD, Bloco e PCP apontam para valores concretos. Rui Rio já disse que quer tornar o salário mínimo igual tanto no privado e promete uma subida acima da inflação de forma que, em 2023, ultrapasse os 700 euros. O Bloco de Esquerda acena com um valor de 650 euros, já em janeiro do próximo ano e o PCP aponta para os 850 euros, de forma “a nivelar o salário médio em Portugal com o praticado na Zona Euro, no prazo de cinco anos”.

Catarina Martins quer o salário mínimo nos 650 euros já em janeiro.Tiago Petinga / Lusa

Direita baixa IRC, esquerda também, mas…

No capítulo dos impostos sobre as empresas, o PSD propõe uma descida faseada do IRC dos atuais 21% até chegar aos 17% em 2023. De acordo com os cálculos do partido laranja, esta medida custará aos cofres do Estado 1.600 milhões de euros. Já o CDS vai procurar inspiração à Irlanda e sugere uma redução mais drástica, dos 21% para os 12,5%.

O PCP também junta-se à direita na descida do IRC, mas apenas para as PME. O partido de Jerónimo de Sousa promete desagravar a taxa reduzida de IRC disponibilizada às PME, de 17% para 12,5%, até 15 mil euros de matéria coletável. O PSD também sugere um alargamento da taxa reduzida de IRC (atualmente fixada nos 17% sobre os primeiros 15 mil euros de matéria coletável). Mas as semelhanças terminam aqui. Em relação à taxa taxa normal de IRC, os comunistas propõem um aumento, dos 21% até 25%. E se a empresa lucrar mais de três milhões de euros, leva com uma taxa agravada de 35%.

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Benfica conquista a Supertaça. Bate Sporting por 5-0

  • ECO e Lusa
  • 4 Agosto 2019

O Benfica venceu o Sporting por 5-0. Conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira, o primeiro título a nova temporada.

O Benfica venceu o primeiro título da nova temporada. No Estádio do Algarve, os encarnados conquistaram a Supertaça Cândido de Oliveira frente ao Sporting. A equipa comandada por Bruno Lage bateu os leões por 5-0.

Os golos de Rafa, aos 40 minutos, Pizzi, aos 60 e 75, Grimaldo, aos 64, e Chiquinho, aos 90, permitiram à equipa treinada por Bruno Lage alcançar o triunfo mais volumoso sobre o rival lisboeta em 33 anos (reeditando o 5-0 de 1986).

Com esta vitória, o Benfica conseguiu também igualar o número de títulos do Sporting, que terminou reduzido a 10 jogadores, devido à expulsão de Doumbia, aos 89.

O Benfica equilibrou ainda o histórico de confrontos com o Sporting em jogos da Supertaça, com dois triunfos para cada lado (as “águias” impuseram-se em 1980 e 2019 e os “leões” em 1987 e 2015), numa prova dominada pelo FC Porto, com 21 troféus, mais do que todas os outros vencedores juntos.

(Notícia atualizada às 22h49)

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Sem Antram, “pouco adiantará” reunião dos motoristas com o Ministério

  • Lusa
  • 4 Agosto 2019

"Se a Antram não estiver presente como já disse que não ia estar, a reunião não poderá produzir grandes resultados", diz Pardal Henriques.

O vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas reiterou que serão apresentadas propostas na reunião no Ministério das Infraestruturas para “evitar a greve”, mas admitiu que sem a presença da Antram “pouco se adiantará”.

“Já recebemos a resposta da parte do Ministério [das Infraestruturas] que a reunião é amanhã [segunda-feira], às 11h30”, disse à Lusa o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques.

Questionado sobre as declarações do porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), que no sábado disse que essa reunião “não existe” e que “é uma farsa” do sindicato com o objetivo de “ludibriar” os portugueses sobre uma alegada disponibilidade para negociar, Pardal Henriques disse apenas que tem conhecimento delas, mas insistiu que o encontro irá acontecer.

Segundo o porta-voz do SNMMP, a reunião foi pedida pelo seu sindicato e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) “para apresentar propostas no sentido de evitar a greve” convocada pelas duas estruturas a partir de dia 12 de agosto, por tempo indeterminado.

“Agora, se a Antram não estiver presente como já disse que não ia estar, a reunião não poderá produzir grandes resultados, pouco se adiantará”, reconheceu Pardal Henriques, acrescentando que, até agora, a ANTRAM ainda não apresentou qualquer proposta para negociar e evitar a paralisação.

Segundo a SNMMP, entre as principais propostas que tem para apresentar está a negociação de um contrato coletivo de trabalho “com um prazo de tempo mais estendido com as coisas que, quer uma parte quer outra, entendam reivindicar”.

A proposta, segundo Pardal Henriques, passa por aumentar o salário base dos motoristas para mil euros até 2025, com indexação ao crescimento do salário mínimo nacional, o que permite “um prazo mais dilatado, quer para que as empresas possam cumprir com aquilo que ficar estabelecido no CCT, quer para que haja a paz social que o país necessita”.

A greve convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias.

O Governo terá de fixar os serviços mínimos para a greve, depois de as propostas dos sindicatos e da Antram terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.

A greve do SNMMP iniciada em 15 de abril levou à falta de combustíveis em vários postos de abastecimento em todo o país, tendo o Governo acabado por decretar uma requisição civil e convidar as partes a sentarem-se à mesa das negociações.

O SIMM já veio dizer que as consequências desta greve serão mais graves do que as sentidas em abril, já que, além dos combustíveis, vai afetar o abastecimento às grandes superfícies, à indústria e aos serviços, podendo “faltar alimentos e outros bens nos supermercados”.

A Lusa tentou contactar a Antram mas, até ao momento, tal não foi possível.

Fonte do Ministério das Infraestruturas contactada pela Lusa escusou-se a confirmar a realização da reunião de segunda-feira.

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Lisboa, Porto ou Oeiras? Saiba quais os municípios onde os rendimentos são mais elevados… e mais baixos

Percorrendo os cerca de 300 municípios de Portugal, as diferenças em termos de rendimentos anuais começam a acentuar-se, sobretudo à media que se caminha para norte.

Em Portugal, o valor mediano do rendimento bruto declarado deduzido do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) liquidado por sujeito passivo, em 2017, foi de 8.687 euros. Mas, percorrendo os cerca de 300 municípios do país, é possível concluir que as diferenças se acentuam, consoante se está no norte, no litoral ou no centro. Regra geral, quanto mais para norte e para o interior, mais baixos são os rendimentos.

Do município que tem os rendimentos mais elevados para o município onde os rendimentos são mais baixos, a diferença é superior a sete mil euros anuais. Falamos de Oeiras, onde o valor médio foi de 12.935 euros, e de Resende, onde o rendimento bruto declarado deduzido do IRS liquidado por sujeito passivo foi 5.481 euros.

De acordo com os dados publicados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o distrito de Lisboa é, de facto, aquele que junta mais municípios no top 10 dos rendimentos mais elevados. Além de Oeiras, Lisboa, Cascais e Vila Franca de Xira registaram rendimentos superiores a dez mil euros. Já o distrito de Setúbal coloca dois municípios (Alcochete e Almada) neste ranking.

É de salientar, ainda, o Entroncamento (no distrito de Santarém), considerado o quarto município que possui o rendimento bruto declarado deduzido do IRS liquidado por sujeito passivo mais alto.

E, se a distribuição no top 10 dos rendimentos mais elevados já não é muito equitativa, no top 10 dos rendimentos mais baixos é menos ainda, estando concentrado em apenas três distritos: Viseu, Vila Real e Bragança. Aos dois primeiros pertencem, respetivamente, logo cinco e quatro municípios.

Veja os mapas e perceba onde é que se situam os rendimentos mais altos e os mais baixos do país:

Também há desigualdades dentro dos municípios

Nem só de município em município se notam as desigualdades entre rendimentos. Também dentro de cada município há diferenças e, em alguns casos, chegam a ser bastante significativas.

Em Oeiras — onde o rendimento bruto foi, em 2017, 12.212 euros — o valor médio daqueles que têm rendimentos brutos mais baixos situa-se nos 7.138 euros. Por outro lado, o número registado no grupo de pessoas com os rendimentos mais elevados foi de 23.824 euros. Uma diferença de mais de 16 mil euros dentro do mesmo município.

Já em Resende (5.481 euros), embora a desigualdade não seja tão expressiva, há rendimentos anuais de 2.777 euros e, ao mesmo tempo, de 9.528 euros.

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Francês atravessa canal da Mancha numa “máquina voadora”

  • Lusa
  • 4 Agosto 2019

Não conseguiu à primeira, conseguiu à segunda. Franky Zapata demorou 20 minutos a ir de França até Inglaterra numa “máquina voadora” que atinge os 190 quilómetros por hora.

O inventor francês Franky Zapata conseguiu atravessar o canal da Mancha, em cerca de 20 minutos, com o seu “flyboard”, plataforma voadora que permite que uma pessoa seja impulsionada por cinco pequenos reatores numa mochila.

Apelidado de “homem-voador”, Franky Zapata, de 40 anos, descolou na localidade francesa de Sangatte, no departamento de Pas-de-Calais, às 08:16 (07:16 em Lisboa), e aterrou, cerca de 20 minutos depois, em Saint Margaret’s Bay, na Inglaterra, atravessando assim os 35 quilómetros que separam ambas as costas.

Os 20 minutos que demorou a atravessar o Canal da Mancha incluíram uma paragem numa embarcação para reabastecer o depósito de combustível que alimenta os cinco pequenos reatores transportados na mochila.

Em dez dias, esta foi a segunda tentativa do inventor francês para atravessar o canal da Mancha, já que da primeira vez, em 25 de julho, falhou devido às ondas que sacudiram a plataforma onde deveria ligar uma mangueira para reabastecimento, tendo sido resgatado ileso por outra embarcação.

O objetivo inicial de Franky Zapata, que já foi também campeão mundial de ‘jet ski’, era conseguir este feito no mesmo dia em que se comemorava 110 anos da primeira travessia em avião no Canal da Mancha, protagonizada pelo francês Louis Blériot.

Após o fracasso, Zapata teve que voltar à sua oficina perto de Marselha, em França, para consertar o aparelho que sofreu danos na sequência da aterragem falhada.

Desportista de alta competição, natural de Marselha, Zapata foi campeão mundial e da Europa de ‘jet ski’ (mota aquática) e, recentemente, desenvolveu o seu “flyboard”, com o apoio do Exército francês, que poderá usar a máquina em operações especiais em áreas urbanas.

A apresentação da invenção aconteceu em 14 de julho, durante o tradicional desfile militar da Festa Nacional francesa, em que realizou um voo de demonstração na Praça da Concórdia, na Avenida dos Campos Elísios, onde aterrou junto ao Presidente francês, Emmanuel Macron.

A “máquina voadora” permite voar de pé a uma velocidade de até 190 quilómetros por hora, tem autonomia para cerca de 10 minutos.

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Balcões, crédito e depósitos. Como o Novo Banco mudou em cinco anos

Em cinco anos de vida,muito mudou no Novo Banco. Continua a apresentar prejuízos, à custa do malparado, mas tem feito progressos em algumas áreas. Plano de reestruturação está a acelerar.

Cinco anos após o seu nascimento em resultado da queda do Banco Espírito Santo (BES), o Novo Banco continua a lutar para se reerguer. Os resultados globais vistos à distância não apontam muito em favor do banco agora liderado por António Ramalho. Em 2018, registou prejuízos recorde superiores a mil milhões de euros, obrigando o Fundo de Resolução a injetar mais dinheiro, o que suscitou a insatisfação de muitos.. A primeira metade deste ano voltou a não trazer boas notícias, com o banco a reportar prejuízos de 400 milhões de euros, quase o dobro do ano passado. Mas tal não invalida que o banco tenha feito progressos na missão de renascer das cinzas.

Após três anos em que praticamente foi um banco moribundo, em outubro de 2017 o Novo Banco foi vendido ao fundo norte-americano Lone Star. Um negócio que gerou muitas críticas, mas que representou um virar de página e o arranque de um processo de reestruturação do banco acordado com Bruxelas. Entre as principais medidas previstas nesse compromisso incluía-se o corte no número de trabalhadores e de balcões.

Nestes dois campos, o saldo é positivo. O banco já conseguiu cumprir com as metas estabelecidas tanto no que respeita ao corte do número de trabalhadores como de balcões.

Ao nível da relação entre depósitos e créditos, por exemplo, também houve progressos, com o Novo Banco a apresentar atualmente uma relação equilibrada entre os recursos de clientes e o credito concedido. Se em agosto de 2014 os depósitos representavam menos de dois terços dos créditos, agora já superam esse valor.

Em paralelo a instituição financeira tem levado a cabo um processo de transformação digital, adaptando-se à nova realidade da banca. Nesse campo, destaque para a evolução ao nível das aplicações de “mobile banking” e as novas soluções de pagamentos.

A NB smart app, no “mobile banking”; o NB Micro Cartão Contactless, que permite fazer pagamentos bastando estar colado no telemóvel ou em qualquer outro objeto; ou a solução de Orçamento Familiar, um serviço disponibilizado no NBnet que agregando informação de diferentes meios de pagamento e bases de informação permite categorizar automaticamente despesas e receitas e fornecer aos clientes informação que lhes permite ter uma visão mais concreta dos seus padrões de consumo e gerir melhor as suas finanças no dia-a-dia; são alguns dos destaques nesse caminho de crescente digitalização do banco.

Fique a conhecer abaixo com mais detalhe alguns dos principais números que marcam a evolução da atividade do banco ao longo dos últimos cinco anos.

Crédito cai quase para metade. Venda de malparado passa fatura

Cinco anos depois, o Novo Banco viu a sua carteira de crédito encolher quase para metade. No final de 2018, o banco liderado por António Ramalho tinha em stock 23.077 milhões de euros de crédito, cerca de 45% abaixo do valor que apresentava em agosto de 2014.

Essa redução acontece num contexto em que o Novo Banco está apostado em “limpar” o crédito malparado. No ano passado, o banco concretizou a venda de uma carteira de crédito malparado avaliada em 1.750 milhões de euro. Em causa esteve o projeto “nata” que foi vendido ao fundo KKR, e que corresponde à maior carteira de malparado de sempre a ser alienada em Portugal. Após a concretização desse negócio, o Novo Banco conseguiu reduzir o seu nível de malparado para menos de 7.000 milhões de euros.

Mas há mais operações deste género a ser levadas a cabo pelo banco que resultou da resolução do BES.

Recompra de dívida ajuda a crescer base de depósitos

Os depósitos são dos poucos indicadores que registam uma evolução positiva desde o nascimento do Novo Banco: em cinco anos cresceram 15,2%. O dinheiro depositado pelos clientes nos cofres do banco passaram dos 24.617 milhões de euros para 28.350 milhões de euros no final de 2018.

Grande parte da justificação para esse crescimento estará na operação de recompra de dívida levada a cabo pelo Novo Banco em outubro de 2017 e a respetiva conversão em depósitos. Essa operação representou uma adição de cerca de 1.600 milhões de euros à carteira de depósitos do banco liderado por António Ramalho.

Menos três mil trabalhadores rumo ao objetivo de Bruxelas

A redução do número de trabalhadores foi a estratégia mais evidente no conjunto de medidas levadas a cabo pelo Novo Banco com vista a reduzir os seus custos. Dos quase oito mil trabalhadores que tinha em 2014, o banco chegou ao fim de 2018 com pouco mais de cinco mil. São menos 2.791 colaboradores, o que representa um corte de 35% face à herança do BES.

Só em 2018, saíram 450 trabalhadores, com a instituição financeira a fechar o ano com 5.093 funcionários. Em jeito de balanço, António Ramalho dizia em janeiro deste ano que o banco estava “naquilo que eram os objetivos de 2021 negociados com a Comissão Europeia”.

Menos 40% de balcões. Meta dos 400 quase cumprida

Em termos proporcionais, no âmbito do programa de reestruturação levado a cabo pelo Novo Banco o corte foi ainda mais acentuado no que respeita ao número de balcões. Em cinco anos, o número de agências do banco com porta aberta caiu 40%. Em linha com a estratégia da banca a nível nacional e mundial, o Novo Banco fechou um total de 272 balcões desde o seu nascimento no verão de 2014 e o final do ano passado.

Enquanto em agosto de 2014 a instituição financeira tinha 674 balcões a funcionar, no final de 2018 o número já era de 402. Este número está em linha com as metas de Bruxelas. A Comissão Europeia determinou que o Novo Banco deveria reduzir a sua rede de balcões a um limite de 400.

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Quanto vale a marca de um banco novo como o Novo Banco?

Nasceu em 2014 como marca provisória. Mas, cinco anos depois, o banco que já não é novo ainda se mantém Novo Banco, carregando o legado do falido BES. O que vale esta marca?

Cinco anos depois de ter sido criada pelo Banco de Portugal, quando vale a marca Novo Banco?Montagem ECO. Foto original de Mário Cruz/EPA

Foi a 3 de agosto de 2014 que os portugueses ouviram falar pela primeira vez do Novo Banco. E conheceram-no pela voz do Banco de Portugal, quando Carlos Costa anunciou a resolução do falido BES. Porém, a marca, que se entendia como de transição, permaneceu mesmo após a venda ao Lone Star, mantendo-se viva até aos dias de hoje. Cinco anos depois, quanto (e o que) vale?

A marca Novo Banco nasceu acompanhada de uma borboleta, símbolo de renascimento, lembrando uma larva que vira mariposa. “O Novo Banco é uma nova marca, que, sendo nova, não nasce do zero. É esse o seu ponto forte, a partir do qual se pode ancorar a construção da sua familiaridade, notoriedade e estima”, anunciava o Novo Banco a 22 de agosto de 2014, num comunicado intitulado “Novo Banco lança primeira campanha de comunicação”.

E assim foi. Durante várias semanas, a primeira campanha do Novo Banco partilhou espaço com a velha marca BES nas montras dos balcões da instituição. Só em meados de setembro é que o logótipo do Novo Banco foi aprimorado: da borboleta, o banco manteve apenas as asas, elevando-as a uma potência matemática, como se o Novo Banco estivesse elevado ao expoente do crescimento.

A primeira campanha publicitária do Novo Banco. A borboleta ainda partilhou espaço com a marca BES nos balcões do banco, entre agosto e setembro de 2014.Montagem ECO/Freepik

No final de 2016, António Ramalho, admitia que a manutenção da marca Novo Banco seria um tema a debater com quem comprasse o banco. O negócio ficou fechado em meados de outubro de 2017, com a venda de parte do banco aos norte-americanos do Lone Star, que optaram por manter a designação. “Reconhecemos a força e relevância única do Novo Banco no apoio às pequenas e médias empresas”, afirmava então o diretor-geral do fundo, Donald Quintin, citado pelo Jornal de Negócios.

O caso é paradigmático, tanto nos contornos como no contexto. E a análise não pode esquecer que o Novo Banco nasceu da ruína daquele que era visto como o banco mais sólido do país, uma falência que arrastou com ela as poupanças de milhares de pequenos investidores. Mas o certo é que as várias tentativas de estudar o rebranding do Novo Banco, como a que terá decorrido no início de 2018, acabaram por não resultar em mudanças concretas. Cinco anos depois, o Novo Banco já não é novo, apesar de se designar como tal.

Pedido ao Fundo de Resolução afunda valor da marca para 60 milhões

Quanto vale, então, a marca branca, que não o é, do Novo Banco? Estimativas cedidas ao ECO pela Brand Finance, uma empresa especializada na avaliação das marcas, mostram que, este ano, a marca Novo Banco vale cerca de 66,7 milhões de dólares, o equivalente a 60,35 milhões de euros. Mas já valeu mais.

O histórico cedido remonta a 2016 e expõe a volatilidade do valor da marca Novo Banco nos últimos anos. Nesse ano, valia 70,05 milhões de dólares (63,38 milhões de euros). Em 2018, atingiu o pico de 76,48 milhões de dólares (69,2 milhões de euros). O gráfico da evolução expõe uma queda de quase 10 milhões de euros em apenas um ano, num contexto de prejuízos recorde e de novo pedido de injeção de capital ao Fundo de Resolução, ao abrigo do mecanismo de capital contingente, que, por sua vez, teve de pedir dinheiro emprestado ao Estado — isto é, aos contribuintes.

Valor estimado da marca Novo Banco entre 2016 e 2019

Fonte: Brand Finance

Já não se lembra? Então recorde: foi no primeiro dia do passado mês de março que o banco revelou perdas de 1.412 milhões de euros em 2018. E nessa mesma altura, o Novo Banco pediu uma nova injeção de capital no valor de 1.149 milhões de euros. Essa injeção, porém, já era antecipada pelo mercado. Pelo menos desde maio de 2018 que o Governo vinha a alertar os portugueses para esse cenário, pela voz do ministro das Finanças, Mário Centeno.

Também vale a pena posicionar a marca Novo Banco no ranking daquilo que são as marcas mais fortes do país. Em 2016, o Novo Banco era a 29.ª marca mais valiosa de Portugal. Três anos depois, é a 31.ª marca mais forte, numa lista encabeçada pela EDP, avaliada em 2.485 milhões de euros, seguida da Galp Energia e do Pingo Doce.

“É uma marca provisória que perdeu força porque não foi trabalhada”

Luís Schwab, professor do Instituto Português de Administração de Marketing desde 1999, é perentório: “Não gostaria nada de ser gestor da marca do Novo Banco”, afirma, em conversa com o ECO. “É uma marca fraca, que vem de uma marca forte. Na mente das pessoas é uma marca provisória, o que torna praticamente impossível criar uma identidade”, explica.

Não gostaria nada de ser gestor da marca do Novo Banco.

Luís Schwab

Professor do IPAM

O especialista refere que a marca é apenas “um dos componentes da identidade de um banco”, que, no caso do Novo Banco, diz não ser clara. “Não sei se é um banco para empresas, ou focado noutros clientes. Eu não sei o que é que o banco quer”, afirma. Por isso — e como diz que “a imagem do Novo Banco não parece ser uma imagem definida” –, Luís Schwab sugere uma mudança profunda da identidade da empresa, para acelerar a rutura com o passado. Mas só se essa mudança “acabar com o Novo Banco” e se “fizer verdadeiramente uma estrutura nova”.

“Em termos de valor seria mais interessante criar uma marca de novo. Ter uma estratégia de identidade”, aponta o professor do IPAM. Um processo que teria de começar, sempre, por uma “definição clara de qual é o fator de diferenciação”. Isto é, “de como é que o banco quer ser conhecido”, remata.

Há também a questão da cor. No setor bancário, as mais fortes, segundo Luís Schwab, são o azul e o preto, que significam, respetivamente, “credibilidade” e “solidez”. No primeiro caso, dá como exemplo a CGD, Barclays e Deutsche Bank, mas há também o Goldman Sachs, Bank of America e Credit Suisse. Em relação à cor preta, recorda que o BCP, no passado, era de cor preta e “tinha um granito” na entrada de várias sucursais. A ideia seria passar a mensagem de que o banco era sólido como uma pedra. Em contrapartida, o verde é uma cor mais associada ao tema da “saúde e bem-estar”.

A substituição da imagem do BES pela do Novo Banco nos balcões foi concluída em setembro de 2014.Paula Nunes / ECO

Banca perdeu confiança dos portugueses. Mas está a recuperar

A crise de 2008 e a queda do BES minou a confiança dos portugueses no setor bancário, pelo que é ainda mais importante que os bancos trabalhem a marca e criem uma identidade, como explica Luís Schwab, professor do IPAM. Mas essa confiança está a reaparecer, garante o presidente executivo da Brand Finance, numa declaração enviada ao ECO.

“Os bancos estão a recuperar muito a força das suas marcas”, aponta David Haigh, que justifica a tendência com “a inversão que o setor bancário português está a experienciar” e com “a redução do crédito malparado”. Destaca também as “inovações e as práticas avançadas de gestão de risco” que, juntamente com “um bom nível de crescimento”, estão a “ajudar as marcas a definir a nova era da banca em Portugal através de mais diferenciação e digitalização”.

Concretamente em relação ao Novo Banco, o gestor destaca que o banco tem “registado sucesso” devido ao “modelo de negócio robusto”, “investimento em negócios em curso” e aposta na banca digital.

O ECO também contactou o Novo Banco para este artigo, mas não obteve resposta a tempo de publicação.

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Um Jeep Compass feito à escala dos Cherokee

A receita não é nova. Várias marcas a utilizam, procurando oferecer soluções mais compactas, desenhas à escala dos topos de gama. E muitas vezes resulta. No Compass, sem dúvida.

A Jeep tem no Grand Cherokee a grande referência. O Cherokee vai buscar inspiração ao topo de gama, mas não é o único. Com o Renegade a apelar a outro tipo de condutores, a marca do Grupo Fiat viu a oportunidade para acrescentar mais um membro à família dos SUV. Foi assim que nasceu o Compass, um modelo compacto, mas com espaço para todos.

Para o olho menos treinado passa mesmo por um Cherokee. As cavas das rodas com um recorte mais angular, com uma assinatura horizontal que lhe confere uma linha cintura mais alta, aproximam-no do “irmão” mais velho. E mesmo a traseira acaba por ser muito semelhante, garantindo ao Compass o look mais robusto.

Na dianteira é que tudo muda. A grelha com as sete barras, presente em todos os modelos da Jeep, não falha, mas todo o desenho acaba por ser mais Grand Cherokee que Cherokee. E nesta versão Night Eagle, em que à semelhança das jantes de 18 polegadas predomina o preto, os faróis surgem como uma continuação da grelha.

A frente dá-lhe um aspeto mais desportivo, assim como a pintura bicolor. Mas, na essência, este é um SUV para a família. E prova disso é todo o espaço que oferece, tanto para a bagagem como para os ocupantes. Atrás ninguém se queixa de falta de espaço para a cabeça, nem para os ombros. E até os joelhos ficam longe das poltronas da frente.

 

O conforto do Compass começa nos bancos revestidos a couro, terminando numa suspensão que filtra muitas das imperfeições das estradas nacionais, ideal para enfrentar as crateras das cidades portuguesas. E também para, de vez em quando, desfrutar da altura ao solo oferecida por este modelo para fazer algumas incursões fora de estrada.

O Compass tem o estilo, a altura, mas também motor para permitir brincar um pouco por caminhos mais exigentes. Há motores a gasolina, mas são os diesel que continuam a fazer as delícias dos adeptos deste modelo. O 2.0 a gasóleo é potente, e é um 4×4, mas o 1.6 de 120 cv é um excelente compromisso. Tem força quando é solicitada, mas também sabe ser suave nos troços do dia-a-dia, com a caixa manual de seis velocidades e a direção leve a ajudarem.

O SUV revela-se comedido no que toca a consumos. A Jeep anuncia 4,4 litro de consumo médio aos 100 quilómetros, mas é difícil chegar a esses valores. No computador de bordo, por trás do volante de boa pega, o “número mágico” fica mais perto dos 7 litros, o que não é de todo um exagero para um modelo deste tamanho. É muito carro. E com um preço a partir dos 35.100 euros, o Compass Night Eagle tem argumentos para a concorrência.

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Estes são os 25 maiores grupos seguradores do mundo

  • ECO Seguros
  • 4 Agosto 2019

A classificação dos maiores grupos seguradores do mundo, pelo valor dos prémios emitidos, destaca a especialista em saúde UnitedHealth como líder no mercado global.

A UnitedHealthGroup é o maior grupo segurador do mundo em volume de prémios emitidos com 132,4 milhões de euros, de acordo a classificação estabelecida pela A. M. Best, uma agência de rating norte americana especializada em seguros e companhias do setor. A diferença para a francesa AXA, a segunda global e primeira europeia, é superior a 50%. A China Life entra no terceiro lugar com volume de prémios emitidos de 81, 5 milhões de euros.

O ranking estabelece um intervalo entre os 132,4 milhões de euros da primeira, a UnitedHealth e a 25ª, a Japan Post, que emitiu prémios no valor de 33,1 milhões de euros em 2017. Neste top 25 as seguradoras dos Estados Unidos revelam o poder da concentração. O país norte-americano, para além do primeiro lugar, coloca a Anthem em 6º, Kaiser Foundation em 7º, State Farm em 9º, Berkshire Hathaway em 11º, Aetna, Humana e Centene em 14º, 15º e 18º respetivamente.

A AXA, com 87,3 milhões de euros de prémios emitidos, ocupa o segundo lugar do ranking global, mas a Europa está presente no TOP 25 através da alemãs Allianz em 5º lugar e Munich Re em 12º, a italiana Generali em 7º, a inglesa Prudential em 13º e suíça Zurich em 23º da classificação. No entanto, em outro ranking, de maior grupo por ativos não bancários, a Allianz destaca-se como a maior do mundo com um valor de um milhão de milhões de dólares.

A empresas chinesas têm registado crescimento muito rápidos e já ocupam lugares de topo. Para além da China Life em 3º, a Ping An está em 4º, a People’s Insurance em 10º e a China Pacific em 24º.

O Japão apenas começa a estar presente na lista a partir do 16º lugar com a Nippon Life mas seguem-se 5 grupos: Dai-Ichi Life em 19º, National Mutual em 20º, Tokio Marine em 21º, MS&AD em 22º e Japan Post no último lugar das top 25 a nível mundial.

A Índia coloca apenas uma empresa, a Life Insurance Corporation em 17º lugar, numa classificação que conta com 8 grupos seguradores dos Estados Unidos, 6 da Europa, 6 do Japão e 4 da China.

UnitedHealth Group: Líder mundial tem 115 milhões de clientes

O UnitedHealth Group é o maior grupo segurador do mundo, segundo o ranking da A.M. Best. Absolutamente focalizada na área da saúde, atingiu um volume de negócios de 226 mil milhões dólares em 2018 através de de 320 mil colaboradores e 115 milhões de clientes.

O grupo foi fundado em 1974 e cresceu através de aquisições. Só nos últimos 5 anos duplicou a sua faturação e o número de colaboradores subiu em 50%. Usa como principais marcas a UnitedHealth e a Optum, esta última fundada em 2011 e dedicada aplicações tecnológicas na prestação de serviços de saúde.

A UnitedHealth desenvolve-se a partir de quatro linhas de negócio:

  • UnitedHealthcare Employer and Individual: Presta serviços de benefícios e planos de saúde para as empresas maiores empregadoras nos Estados Unidos.
  • UnitedHealthcare Medicare and Retirement: Presta serviços de saúde e bem estar a beneficiários maiores de 50 anos de idade.
  • UnitedHealthcare Community and State: Presta serviços de saúde a Governos estatais através de um prémio mensal individual destinado a proporcionar cuidados a pessoas com carências económicas ou sub-protegidas do ponto de vista médico pela ausência de um plano de saúde assegurado por um empregador.
  • UnitedHealthcare Global – Serve 6,2 milhões de pessoas com cuidados médicos em mais de 130 países, essencialmente no Brasil, Chile, Colômbia e Peru.

Sendo o maior grupo segurador do mundo com dados de 2017, o seu volume de negócios cresceu 13% em 2018 pelo que deverá ainda manter-se este ano na liderança global.

Das TOP 25 apenas seis são europeias

A classificação dos 25 maiores grupos seguradores do mundo foi apurado pela norte-americana A. M. Best, agência de rating especializada no setor dos seguros. Os dados são de 2017 foram convertidos para euros à cotação de 31 de dezembro de 2017. Para ordenação do ranking é utilizado o valor em dólares dos Prémios Emitidos, valores retirados de relatórios das empresas, mas contendo informações adicionais conseguidas pelo departamento de pesquisa da A.M. Best. O volume de negócios pode ser maior devido a outras fontes de receitas. Em dezembro deste ano é esperada uma atualização deste ranking com base em valores globais do final de 2018.

 

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Seguro de catástrofe em Macau com redução do prémio em 50%

  • ECO Seguros
  • 4 Agosto 2019

Foi lançado em Macau um Seguro de bens patrimoniais para apoiar as PME’s, após tempestades. O prémio de 25% do valor seguro pode ser metade se apoiado pelo fundo de desenvolvimento da região.

A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) e a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) lançaram um seguro de bens patrimoniais contra tempestades dirigido a pequenas e médias empresas. Este seguro vai contar com um apoio de 50% do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização (FDIC).

Segundo os promotores a configuração do seguro foi estudada de acordo com produtos e sistemas semelhantes existentes em regiões próximas de Macau. O primeiro ano será experimental, sendo adaptadas as condições no futuro tendo em consideração a adesão de segurados e os sinistros ocorridos no primeiro ano de vigência.

Já aderiram a este seguro cinco companhias de Macau: Companhia de Seguros da China Taiping (Macau), Asia Insurance Company, Companhia de Seguros Luen Fung Hang, Fidelidade Macau- Companhia de Seguros e Co. de Seguros Delta Ásia;

As características, da apólice uniforme, deste “seguro de bens patrimoniais contra grandes desastres para as pequenas e médias empresas”, são:

  • Cobertura: Prejuízos patrimoniais comerciais causados pelos fenómenos climáticos severos (Tempestade tropical Sinal n.o 8) ou “Storm Surge” Nível 4 (Vermelho ou superior), sendo considerados bens segurados os prédios, benfeitorias, mobília, equipamento eletrónico, aparelhos eletrodomésticos, utensílios e máquinas destinados à produção e mercadorias;
  • Destinatários do seguro: Empresas registadas na Direção dos Serviços de Finanças, para efeitos fiscais, com menos de 100 trabalhadores, no total, com atividade em Macau;
  • Valor seguro: São de 100 mil, 200 mil e 300 mil patacas ( 11 mil, 22 mil e 33 mil euros) por ano, a escolher pelo tomador de seguro, sendo o limite máximo de indemnização das mercadorias de 60% do total do valor seguro;
  • Prémio: Independentemente da localização geográfica, é uniformizado em 25%, ou seja, 25 mil, 50 mil e 75 mil patacas (2600, 5200, ou 7800 euros), respetivamente. Possibilidade de apoio de 50% ao valor de prémio;
  • Modo de operação do seguro: Ao abrigo do contrato do Seguro contra grandes desastres, a indemnização tem como base os prejuízos efetivos sob o esquema “First Loss Insurance”, isto é, qualquer sinistro que ocorra no prazo do seguro será pago e indemnizado com base nos prejuízos efetivos, ao qual não se aplica qualquer regra relativa à convenção de distribuição proporcional. Contudo, o valor das indemnizações pagas no prazo de seguro não deve exceder o limite máximo do valor seguro;
  • Franquia de cada acidente: 10% do valor seguro;
  • Procedimentos para apresentação de pedidos de indemnização: Após emissão, pela Direção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, do Sinal 8 ou superior de tempestade tropical ou do aviso «Storm Surge» Nível 4 (Vermelho) ou superior, os segurados podem informar as seguradoras dos prejuízos efetivamente registados e, para minimizar o tempo necessário ao tratamento dos pedidos de indemnização, as seguradoras vão adotar procedimentos mais flexíveis, permitindo que as pequenas e médias empresas sejam, atempadamente, indemnizadas;
  • Exclusões: Prejuízos/danos causados por furto. Bens não embutidos no prédio segurado. Rendas, benefícios esperados, cláusula penal, outros danos indiretos ou indemnização a terceiros. Ouro e prata, joias, diamantes, artigos ornamentais e decorativos, antiguidades ou obras artísticas e semelhantes, com a excepção de objectos segurados em especial. Qualquer tipo ou forma de perda derivada. Perdas causadas por tempestade tropical ou «Storm Surge» já existentes no momento de subscrição de seguro.

O pagamento de prémio pode ser apoiado tendo a Autoridade Monetária de Macau, tendo sido lançado, em articulação com a Direção dos Serviços de Economia, o “Plano de apoio financeiro no âmbito do seguro de bens patrimoniais contra grandes desastres para as pequenas e médias empresas”. Este apoio equivale a 50% ou a 30 mil patacas (2800 euros) do total anual dos prémios pagos pelo estabelecimento comercial à mesma seguradora com a qual o contrato de seguro foi celebrado (consoante o valor mais baixo). Este apoio será concedido pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização.

O prazo para candidatura ao Plano de apoio financeiro teve início em dia 1 de Agosto e terminará em 31 de Dezembro deste ano.

Mais informações sobre o Seguro contra grandes desastres podem ser obtidos junto das seguradoras participantes ou da Autoridade Monetária de Macau. Para prestação de informações sobre o Plano de apoio financeiro será a Direção dos Serviços de Economia do Governo de Macau.

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O dia depois da queda do BES nos jornais

Eram 22h45 de domingo quando Carlos Costa anunciou a resolução do BES, dando origem ao Novo Banco que conhecemos hoje. Decisão foi manchete em toda a imprensa nacional no dia seguinte.

O Benfica averbava nova derrota na pré-temporada e deixava treinador Jorge Jesus em maus lençóis. Portugal subia ao placo para receber 16 “óscares” que distinguiam o melhor do turismo na Europa. O país discutia ainda o caso da mãe Judite que lutava em tribunal para ter de volta os quatro filhos.

Estas eram algumas das principais notícias nas capas dos jornais do dia 4 de agosto de 2014, há cinco anos. Mas um assunto principal ganhou destaque na edição desse dia: a queda do BES. Nenhum diário nacional deixou de abordar a histórica medida de resolução imposta ao histórico banco da família Espírito Santo e que deu origem a um “Novo Banco”. Lá fora, entre os principais jornais, apenas o El País da vizinha Espanha deu destaque na edição em papel.

Diário de Notícias

BES deixa de existir nasce o Novo Banco que recebe injeção de 4,9 mil milhões

Estávamos na pré-época futebolística, o Benfica de Jorge Jesus tinha perdido (sexta derrota, lembra o jornal) por 3-1 diante do Valência. Mas um assunto ocupa quase toda a primeira página do Diário de Notícias. Dando corpo à notícia estavam três figurais principais: Carlos Costa, o então presidente do BES, Vítor Bento, e a ministra das Finanças do anterior Governo, Maria Luís Albuquerque.

“Incertezas que ameaçavam a instituição foram afastadas”, assegurava Vítor Bento, que se manteria na gestão do banco com a missão de procurar novos acionistas, seja por via de dispersão do capital em bolsa ou por venda direta, referiu o jornal. O Fundo de Resolução acabaria por vender diretamente a instituição em outubro de 2017 ao Lone Star, já após ter falhado uma primeira tentativa. Sobre o futuro do novo banco acabado de nascer, dizia o jornal: “Novo Banco nasce livre de todos os problemas e dívidas. Banco de Portugal e Governo tranquilizam e dão garantias a clientes e depositantes”.

Público

Estado e banca injetam 4,9 mil milhões para criar um “novo BES”

Por “novo BES” entendia-se Novo Banco, uma marca que tinha acabado de nascer e cuja originalidade foi questionada nos primeiros dias. Neste dia, embora o turismo nacional tenha conquistado 16 “óscares” do turismo europeu, Carlos Costa ocupava uma grande mancha na capa do Público por causa da resolução ao banco.

A letras mais pequenas, o jornal explica o que acontecerá com o BES, que “vai ser dividido em dois: um banco bom, que passa a ser propriedade do setor bancário; e um banco mau, que fica com os atuais acionistas. Também se destacam as garantias do Banco de Portugal e do Ministério das Finanças de que não haverá perdas para os contribuintes.

Jornal de Notícias

Salvar BES custa 4,9 mil milhões

A mãe Judite tinha 33 anos e lutava em tribunal para ter de volta os quatro filhos que a juíza mandou para adoção. A assunto merecia destaque de imagem no Jornal de Notícias, que tinha, ainda assim, como manchete em parangonas “Salvar BES custa 4,9 mil milhões”.

Tinha sido este o plano apresentado no dia anterior pelo Banco de Portugal: “O Estado entra com 4,4 mil milhões de euros”, mas o “risco é nulo para contribuintes, clientes e trabalhadores”, garantia o Governo. O dinheiro injetado no banco ia ser recuperado com a venda da instituição. “Falhada esta hipótese, serão os restantes bancos a pagar”, dizia o jornal.

Correio da Manhã

Espírito Santo fora do novo BES

No Correio da Manhã, mais do que o dinheiro injetado no banco, salientava-se outro pormenor: a família Espírito Santo estava fora do Novo Banco. E para acompanhar a manchete duas fotografias com Ricardo Salgado e Carlos Costa como se estivessem olhando um para o outro em jeito de desafio.

A letras mais pequenas, o jornal contextualizava: a “família fica só no banco mau, que vai gerir os ativos tóxicos”.

i

Estado empresta 4.400 milhões para salvar Novo Banco

Família Espírito Santo fica com o “BES mau” que entra em falência

O i também optou uma primeira página em que Carlos Costa e Ricardo Salgado surgem frente a frente. Para segundo plano fica a “dupla” manchete onde se salienta o facto de o Estado emprestar 4.400 milhões de euros para salvar um banco acabado de nascer e ainda a situação inédita de a família Espírito Santo ficar na parte falida do banco.

 

Jornal de Negócios

Novo BES

Nos jornais de economia, o Jornal de Negócios dava destaque ao regresso às aulas, com dicas para poupar na compra de material e livros escolares. Até Cristiano Ronaldo aparecia na primeira página, com a sua marca de sapatos a fazer a estreia em Milão. Mas Carlos Costa era o protagonista (só não aparece na capa do Jornal de Notícias). “O governador do Banco de Portugal falou ontem ao país já passava das 22h45. Carlos Costa repetiu várias vezes que o dinheiro dos depositantes está seguro”, lê-se na legenda da foto.

Sobre o dinheiro injetado no “Novo BES”, o jornal explicava as consequências da intervenção: “Resgate aumenta défice. Acionistas perdem (quase) tudo, depositantes protegidos no Novo Banco. Analistas temem impacto negativo no BCP e BPI“.

 

Diário Económico

Resgate

No Diário Económico, a resolução ao BES foi tema único na capa e com o governador do Banco de Portugal a assumir papel principal. Explicava o diário de economia: “O Banco de Portugal assumiu a liderança do plano de recapitalização do BES para evitar contaminação ao sistema financeiro nacional. Banco vai receber 4,9 mil milhões em dinheiros públicos, via fundo de resolução, e será dividido entre o banco normal e um bad bank“.

Destacam-se ainda as palavras da ministra das Finanças: “Contribuintes não terão de suportar os custos com a decisão tomada”. Elisa Ferreira, na altura eurodeputada e hoje vice-governadora do Banco de Portugal, temia o impacto deste acontecimento no futuro do país após ajustamento da troika: “Portugal estava a sair do ajustamento e isto não colabora”.

El País

Portugal intervém Banco Espírito Santo

O espanhol El País foi o único entre os grandes jornais internacionais a dar relevo à resolução do BES na primeira página, num assunto tratado pelo correspondente em Lisboa Javier Martín, que contava a história desta forma: “O Banco Espírito Santo, a maior entidade financeira em Portugal, com 94 anos de história, consumou na passada noite a queda devido à gestão irregular dos seus responsáveis“.

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