Cinquenta anos depois, Jumbo desaparece. A partir de hoje é Auchan
Esta quinta-feira, todas as lojas Jumbo espalhadas pelo país vão adotar a insígnia Auchan. A alteração de nome, juntamente com novas aberturas, implica um investimento de 90 milhões de euros no país.
A tendência não é propriamente desconhecida no setor do retalho, que, nos últimos anos, tem vindo a despedir-se de algumas marcas. Primeiro foi a Feira Nova, que foi transformada em Pingo Doce e, depois do grupo Jerónimo Martins, foi o grupo Sonae que tomou uma decisão parecida, com as lojas Modelo a passarem a assumir todas a insígnia Continente. Agora, é a vez do Jumbo dar lugar à Auchan.
Após cinco décadas, a marca Jumbo — conhecida pelas letras verdes e o elefante vermelho que segura um trevo de quatro folhas na sua tromba — vai desaparecer, sendo substituída pela marca Auchan. As cores são semelhantes, mas o elefante dá, agora, lugar ao pássaro. Com a marca Jumbo, desaparecem também as insígnias Jumbo Box e Pão de Açúcar.
Apostando numa marca “global e mais forte”, a Auchan faz, assim, desaparecer as marcas Jumbo e Pão de Açúcar, num investimento adicional em Portugal que ascende aos 90 milhões de euros. Este montante está dividido pelos processos de lançamento da marca e, também, pela abertura de novas lojas, como é o caso da loja de Paço de Arcos e das novas lojas My Auchan.
“Nos últimos dez anos, investimos cerca de 400 milhões de euros em Portugal. Reconhecemos as nossas equipas e distribuímos cerca de 95 milhões de euros (…) Agora, após 50 anos, decidimos que era altura de fazer uma mudança. Estamos a construir para os próximos 50 anos”, afirma Pedro Cid, CEO da Auchan Retail Portugal, durante um encontro com jornalistas.
E mudar o nome, os logótipos e as publicidades não são a principal alteração. O que realmente vai mudar é o conceito. “Estamos a mudar a marca para construir de dentro para fora. É uma marca mais centrada no cliente, nos nossos parceiros e na comunidade”, refere.
A proximidade e o foco na experiência de cada cliente traduzem-se naquilo que é o movimento “Bom, são e local”. “Bom porque pensámos na experiência de comprar adaptada a cada cliente”, são porque “queremos ajudar os nossos clientes a serem mais saudáveis” e local porque, “apesar de ser uma empresa francesa, 88% das compras são, neste momento, com produtores nacionais”, explica Pedro Cid, acrescentando que a Auchan trabalha, atualmente, com mais de 160 produtores locais.
Auchan quer pôr os clientes a degustar café
Uma das principais mudanças que o grupo de retalho vai implementar em alguns dos seus hipermercados — e que no Auchan do Alegro de Alfragide já está disponível — é a academia do café. Neste espaço, que é dentro da própria loja, os clientes poder degustar vários tipos de café antes de fazerem a compra. Além disso, podem optar por comprar cápsulas avulso.
E, se não perceberem muito sobre café, os clientes podem aproveitar uma ida ao hipermercado para fazer um workshop. Depois de dois anos, a Academia Auchan vai, agora, “dentro de dez dias”, ser apresentada a colaboradores e clientes. “O objetivo é conseguirmos, não só dar formação às nossas equipas, como fazer workshops com os clientes”, explica Pedro Cid, acrescentando que ali será possível aprender, por exemplo, a ler rótulos.
Os números da passagem de Jumbo a Auchan
Entre o “bolo” total de 90 milhões de euros de investimento, só na loja Jumbo do Alegro de Alfragide, a passagem a Auchan e a construção do movimento “Bom, são e local”, com um aumento da oferta, envolveram um investimento de cerca de 7,5 milhões de euros. “A loja de Alfragide teve renovação e reforço”, afirma o CEO da Auchan Retail Portugal, acrescendo que, para alterar a marca, o custo não ultrapassa os três ou quatro milhões de euros.
Na lista de projetos está a remodelação da loja das Amoreiras — “uma loja histórica” que representa um investimento de cerca de três milhões de euros –, a futura loja de Paço de Arcos — a primeira a abrir sob a insígnia Auchan e que tem um custo estimado de 15,5 milhões de euros — e a loja de Cascais — que assume um investimento de cerca de 18 milhões de euros e deverá abrir no final de 2021.
A Mercadona tem um modelo interessante, com custos reduzidos (…) Mas é mais um formato físico. O que vai trazer de novo? Não sei…
Para já, a estratégia está focada em Lisboa. “Quando tivermos Lisboa coberta, pensamos noutras cidades”, avançou Pedro Cid, admitindo que o Porto faz, também, parte dos planos da Auchan. “Não consigo dizer se é em 2020 ou 2021”, acrescentou. Questionado sobre a recente entrada da Mercadona em Portugal, mais propriamente no norte do país, o CEO da Auchan Retail Portugal afirma que a região do Porto apresenta um mercado extremamente concorrencial e, com a entrada de um novo player, “está ainda mais agressivo”.
Admitindo que o modelo da Mercadona é “muito interessante”, Pedro Cid considera que “é mais um formato físico”. “O que traz de novo? Não sei…”, questiona-se. “O nosso projeto não te nada a ver com a Mercadona. Zero”, remata.
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