Faltam resultados à plataforma de crédito malparado, alerta Bruxelas
A Comissão Europeia considera que faltam resultados significativos à plataforma de crédito malparado, e que Portugal continua a apresentar o terceiro maior volume de malparado.
A Comissão Europeia (CE) considera que faltam resultados significativos à plataforma de crédito malparado, criada no final de 2017, e que, apesar dos progressos feitos pelos bancos portugueses, Portugal continua a apresentar o terceiro maior volume de malparado.
Segundo o relatório divulgado esta terça-feira na sequência da décima missão de acompanhamento pós-programa, que decorreu entre 14 e 19 de junho passado, em Lisboa, a qualidade dos ativos bancários melhorou e foi notória em 2018 a redução do malparado, ajudada sobretudo pelas vendas pelos bancos de carteira de empréstimos em incumprimento (seis mil milhões de euros em 2018).
Isto levou o rácio de malparado a descer do “marco psicológico de 10% pela primeira vez desde a crise financeira em Portugal”, ao passar dos 17,9% em junho de 2016 para 9,4% em final de 2018. Contudo, refere o relatório, o rácio do crédito malparado (face ao crédito total) continua em Portugal acima da média da zona euro e é o terceiro mais alto da União Europeia (UE), depois da Grécia e de Chipre.
O relatório fala ainda da plataforma de gestão integrada de crédito malparado, de que fazem parte Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP e Novo Banco, considerando que ainda “não produziu ainda resultados significativos” e o seu funcionamento permanece complicado. Apesar dos mil milhões de euros em créditos geridos já terem sido analisados e as estratégias elaboradas, a implementação continua a ser o “verdadeiro teste”, referindo que a plataforma ainda tem de provar que é uma ajuda importante aos bancos que nela participam.
Ainda no crédito, o relatório elogia as medidas macroprudenciais decididas pelo Banco de Portugal em 2018, considerando que contribuíram para tomar o crédito mais prudente, ainda que os riscos relacionados com os preços das casas tenham de continuar a ser acompanhados. Quanto à rentabilidade dos bancos, refere a CE que melhorou sobretudo devido à queda das provisões e imparidades, apesar da deterioração das receitas.
As baixas taxas de juro são agora o grande desafio à rentabilidade, mas recorda Bruxelas que essas mesmas baixas taxas de juro são dos principais fatores por detrás da melhoria das condições macroeconómicas, o que ajuda aos lucros dos bancos através da queda das imparidades e provisões. Sobre rácios de capital, apesar de os bancos portugueses os terem acima do regulamentado, o relatório considera que ainda estão fracos face à média dos pares europeus, além de que se fossem mais fortes “tornariam os bancos mais resilientes a um enfraquecimento da economia”.
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