Quem são os galegos que querem comprar o EuroBic?
O Abanca é um dos principais candidatos a ficar com o EuroBic. Banco faz da região da Galiza a sua fortaleza, mas quer expandir-se em Portugal. Apetite comprador não tem faltado aos galegos.
Em 2011, estava Espanha a braços com uma séria crise no seu sistema financeiro, quando várias caixas de aforro da região da Galiza, a norte do Norte de Portugal, tiveram de ser resgatadas pelo Governo: Caixa de Aforros de Vigo, Ourense e Pontevedra e a Caja de Ahorros de Galicia. Só três anos mais tarde, em 2014, é que a Novacaixagalicia — designação então dada ao “novo banco” galego — foi vendida a um grupo com origem na Venezuela, o Banesco. Ainda antes de terminar esse ano, a 1 de dezembro, os acionistas do banco aprovariam uma nova designação da instituição financeira. E, assim, nascia uma nova marca a operar em Espanha: o Abanca.
A história do Abanca é curta. Ainda assim, em poucos anos, o banco liderado por Juan Carlos Escotet conseguiu um lugar de destaque no competitivo setor espanhol.
O Abanca tem sede em Santiago de Compostela. Aliás, o Abanca faz da Galiza a sua grande fortaleza, apesar de estar presente em toda a Espanha. Mais de 500 das 727 agências do Abanca em Espanha estão localizadas em solo galego — isto sem contar com o negócio espanhol adquirido à Caixa Geral de Depósitos (CGD), por 368 milhões de euros.
Fora de Espanha, conta com mais 54 agências. Mais concretamente, está presente em outros dez países da América e Europa: México, Panamá, Brasil, EUA, Venezuela, França, Reino Unido, Alemanha, Suíça, e… Portugal.
Se a história do Abanca é curta, em Portugal ainda mais. Ainda assim, o mercado português é já o segundo maior mercado para os galegos, após a aquisição da operação de retalho do Deutsche Bank no país — antes disso eram o Abanca era quase desconhecido, trabalhando a partir de apenas quatro pontos. Aquando da apresentação do negócio aos jornalistas, em junho do ano passado, Escotet disse que queria crescer 30% até 2021… sem aquisições. E deu como principal mote para o crescimento em Portugal: “Sem pressas, mas sem pausas”.
Não passaram muitos meses desde esse encontro com os jornalistas. Agora, o banco está na corrida pelo EuroBic, um dos dez maiores bancos por cá. Juan Carlos Escotet, chairman, e Francisco Botas, CEO, foram vistos a entrar na semana passada na sede do banco que está no epicentro do Luanda Leaks e onde a empresária angolana Isabel Santos está a vender a sua posição de 42,5%.
Os espanhóis não correm sozinhos, mas parecem estar na pole position. Além do Abanca, o EuroBic também tem propostas do Reino Unido, Médio Oriente e China, como adiantou o ECO. Os galegos têm demonstrado apetite comprador nos últimos anos — ainda tentou lançar mão do Liberbank no verão passado. Por outro lado, facto de ser um banco a operar na Zona Euro — devidamente autorizado pelo Banco Central Europeu (BCE) — poderá ser um fator de vantagem tendo em conta a celeridade com que se pretende fechar este dossiê.
Com mais de 6.000 trabalhadores, o Abanca fechou setembro de 2019 com lucros de mais de 400 milhões de euros. O volume de negócios (depósitos+crédito) ascende a 85 mil milhões de euros. É um desempenho capaz de colocar o banco galego ombro a ombro com os principais bancos nacionais. Escotet apresenta esta terça-feira as contas anuais a partir de Santiago de Compostela. Sem pressas e sem pausas, está a construir aos poucos um novo gigante na banca ibérica, ao lado de Santander e CaixaBank.
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