Vendas de portáteis disparam com o teletrabalho. Estavam a cair antes do coronavírus
O coronavírus parou alguns setores da economia, mas também puxou por outros. As vendas de portáteis estavam a cair, mas sobem agora a dois dígitos. As de impressoras também.
A pandemia do coronavírus parou muitos setores da economia, mas também puxou por outros. As vendas de papel higiénico florescem e produtos como máscaras cirúrgicas e dispensadores de álcool em gel tornaram-se alvo dos especuladores. Mas é fora dos setores mais evidentes que se observam alguns dos efeitos mais expressivos da mudança de hábitos dos consumidores.
As vendas de computadores portáteis, que recuavam antes da pandemia, dispararam nas últimas semanas, depois de muitas empresas com computadores fixos terem sido forçadas a enviarem os trabalhadores para as respetivas casas. Aliás, o mercado está agora a crescer novamente — e a dois dígitos, tanto no segmento empresarial como no de consumo.
As marcas e retalhistas sondadas pelo ECO confirmam, de forma unânime, a “corrida” aos portáteis numa altura em que uma parte significativa do país trabalha a partir de casa. Um aumento da procura que também se verifica nas vendas de outros equipamentos de teletrabalho, como as impressoras.
A Lenovo é a fabricante dos portáteis ThinkPad, que voltaram a ser presença assídua nas secretárias de muitas empresas nos últimos anos. Contactada, a marca confirma a inversão no mercado dos portáteis, que está agora a crescer: “No que diz respeito ao mercado B2B [vendas a empresas], antes do início desta situação, o mercado decrescia cerca de 11% face ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, cresce a um ritmo de 21%”, revela fonte oficial da empresa. “De facto, nas últimas duas semanas, o volume de vendas triplicou face ao período homólogo”, confirma a Lenovo.
“Já no que diz respeito ao mercado B2C [vendas a consumidores], nestas duas últimas semanas, registou-se um aumento de 13% face ao ano anterior, tanto a nível de volume, como de valor”, reconhece também a mesma marca.
No que diz respeito ao mercado B2B [vendas a empresas], antes do início desta situação, o mercado decrescia cerca de 11% face ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, cresce a um ritmo de 21%.
O mundo é cada vez mais digital, mas ainda existem muitas empresas que trabalham com papel. Com a generalização do teletrabalho, o aumento nas vendas de impressoras também tem evoluído a dois dígitos.
“[Regista-se] um aumento de aproximadamente 18%” nas vendas, declara ao ECO José Ramón Fernandéz, business manager da divisão de impressoras para consumo da Epson Ibéria. “Comparando uma semana face à mesma semana do ano anterior, no caso de dispositivos multifuncionais para usuários finais, o aumento é de 47%”, refere, citando dados da GfK, mas assumindo que a empresa os está a observar “também”.
“Os dados são de crescimento, tendo em conta as necessidades de muitas famílias ou profissionais que tiveram de se adaptar repentinamente ao teletrabalho”, continua o gestor. E detalha: “No caso da Epson, comparando as duas últimas semanas com o mesmo período do ano anterior e tendo em consideração as vendas de impressoras de consumo nos principais retalhistas de Espanha e Portugal, observamos mais 62% de unidades vendidas”, aponta, considerando serem “números positivos que nos mostram que o setor se mantém ativo”.
Das marcas para o retalho, também a Worten confirma este aumento na procura de portáteis e impressoras, sobretudo nas vendas online, mas não é o único produto que os portugueses mais querem nesta altura: “Computadores, impressoras, televisores, equipamentos de frio e máquinas de café têm sido os produtos mais vendidos nas nossas lojas, incluindo a online“, avança ao ECO fonte oficial da empresa. É uma tendência que “se compreende bem”, acrescenta a marca, “tendo em conta o contexto de quarentena, de isolamento social e de teletrabalho que mais de metade do país vive atualmente”.
Uma tendência equivalente tem sido observada pela Fnac. Ao ECO, o diretor comercial da Fnac Portugal, Pedro Falé, confirma que se verificou “efetivamente um aumento” na procura por alguns destes produtos, que “já era esperado”. Segundo o responsável, são evoluções “correlacionadas com o teletrabalho por via da necessidade, quer dos pais, quer dos estudantes, de assegurarem a continuidade das tarefas profissionais e escolares”.
“Neste âmbito, verificamos crescimentos elevados em produtos informáticos, destacando-se as categorias de portáteis, monitores, webcams e impressoras. Não estando relacionado com o teletrabalho, existiu também maior procura de produtos de lazer e entretenimento para passar o tempo, tendo-se por isso verificado crescimentos na área de TV, gaming, livros, jogos de tabuleiro e jogos para crianças”, acrescenta Pedro Falé, da Fnac.
A pandemia vai ter impacto nestes negócios, mas, para já, o comércio na internet tem ajudado as empresas. É também o caso da Fnac: “Temos vindo a registar um aumento significativo de volume de encomendas no e-commerce, comparativamente com o habitual funcionamento deste serviço, devido ao pedido efetuado pelas organizações institucionais para que os portugueses se mantenham em casa e não corram riscos desnecessários”, conclui o responsável.
Estes aumentos na procura, numa altura em que a economia portuguesa está parcialmente parada, acontecem em simultâneo com outros que já eram conhecidos, para além dos produtos de necessidade básica. É o caso das vendas de livros e até de sofás.
Contactada para este artigo, a HP não quis responder às questões do ECO. Rádio Popular e Media Markt não responderam.
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