Vitor Alegria: “Museu Virtual do Seguro teve 5 mil visualizações em 3 semanas”

Vitor Alegria é o presidente do Clube Chapas que acabou de lançar o MVS, Museu Virtual do Seguro. Apoiado por todo o setor apela a contribuições para enriquecer o espólio.

 

Vitor Alegria, presidente do Clube Chapas: O museu virtual do Seguro atingiu 5 mil visualizações em três semanas.

O CHAPAS-Clube História e Acervo Português da Actividade Seguradora, abreviadamente designado por Clube CHAPAS, fundado em 2011, por iniciativa de uma dezena de pessoas ligadas profissionalmente a empresas de seguros e acaba de lançar o Museu Virtual do Seguro. O museu é um trabalho em construção juntando ordenadamente com documentos, peças e as histórias para memória futura da atividade seguradora. Já conta com alguns dos 4 mil items guardados pelo Chapas, objetos relacionados com um setor em que existe um espólio valioso de memorabiblia em que cada peça leva para uma história.

Vitor Alegria, técnico de seguros como carreira na Royal Exchange, La Equitativa e Fidelidade Mundial, é impulsionador do Clube Chapas. Foi entrevistado por ECOseguros.

Como correu lançamento do Museu Virtual do Seguro em tempo de pandemia?

Em março, a equipa do Clube CHAPAS, resiliente como é, iniciou de imediato os trabalhos para preparação e conclusão do MVS-Museu Virtual do Seguro by Clube CHAPAS, cujo lançamento veio a acontecer no dia 6 de agosto. Conseguiu, em apenas 3 semanas, atingir cerca de 5000 visualizações.

Continuamos a solicitar que nos façam chegar documentos, peças e as histórias para memória futura

O que tem já para apresentar?

O Museu Virtual do Seguro apresenta uma cronologia histórica entre 1293 a 1998. A coleção do Clube CHAPAS ocupa uma posição de destaque, sendo semanalmente adicionados objetos e documentos. É dada relevância a pessoas dos seguros. Em geo referênciação são localizadas sedes das antigas e atuais seguradoras. No sentido de mostrar à sociedade a importância do seguro foi colocada uma cronologia de catástrofes e acontecimentos. Não nos esquecemos de referenciar todas as parcerias com entidades estrangeiras que granjeámos desde 2011. Pela história do próprio clube colocámos catálogos das exposições realizadas. O museuvirtualdoseguro.pt conseguiu, em apenas 3 semanas, atingir cerca de 5000 visualizações.

A história do próprio Chapas resulta no museu?

O espólio, que conta a história do seguro em Portugal, encontrava-se bastante difuso e, muito dele, em risco de se perder para sempre. Foi com esta perspetiva que os fundadores do Clube CHAPAS puseram mãos à obra e lançaram o desafio aos profissionais de seguros para a doação de documentos e objetos que guardaram durante anos, bem como o relato das suas histórias, para memória futura.

A adesão à ideia de salvaguarda e conservação deste valioso património resultou e deu origem à coleção do Clube CHAPAS, constituída por documentos e peças relacionadas com a atividade seguradora. Os mais de 4 mil itens da coleção destacam-se pela sua originalidade e singularidade e revestem-se de inegável interesse histórico, evocando diversos aspetos da história do seguro, constituindo, desta forma, uma fonte importante para o estudo e compreensão desta atividade.

Como se articula o MVS com o museu existente em Lisboa na sede a APS?

A criação de um Museu do Seguro foi sempre um objetivo muito presente desde 2011, pela importância em divulgar a coleção que possuímos, e contar as suas histórias. Em setembro de 2017 a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) e o Clube CHAPAS celebraram um protocolo de colaboração no âmbito da organização da “exposição permanente” denominada “Memória do Seguro”, a instalar na sede da APS, a qual foi inaugurada maio de 2019, e designada EPMS-Exposição Permanente Memória do Seguro. Até março de 2020 foram realizadas centenas de visita guiadas à EPMS, sendo que por força da pandemia Covid-19 o espaço foi encerrado temporariamente.

Quais as ligações institucionais e companhias apoiantes do MVS?

É possível afirmar que o Clube CHAPAS é apoiado por mais de 99% do mercado segurador, ou seja, as associadas da APS-Associação Portuguesa de Seguradores, entidade com quem formalizámos um protocolo de colaboração. Recentemente celebrámos uma parceria com o Museu do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, para investigação de documentos e estudo da sua coleção de chapas de seguros de incêndio, associadas às histórias do socorro na cidade de Lisboa. Mantemos excelentes relações institucionais com a Biblioteca da ASF-Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. Possuímos, ainda, parceria com a Livroteca de Seguros, em Santar-Viseu. Ao nível internacional foram realizadas parcerias com a Fundação Museu Argentino do Seguro (Argentina), com a SINCOR-SP (Brasil) e com a Fundação Mansutti (Itália). Relacionamo-nos com entidades de 10 países, conforme identificado no item “Cá dentro e lá fora” no museuvirtualdoseguro.pt .

Tem havido participação ativa de instituições apoiantes?

O Clube CHAPAS sempre regeu a sua atuação com compromisso e relacionamento próximo das Pessoas e das Instituições. Em nove anos de existência foram realizadas 10 exposições temporárias, em parceria com as Seguradoras: Fidelidade, Lusitania, Tranquilidade e Groupama (actual UNA), a Associação Portuguesa de Seguradores, o Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Seguradora, a Caixa Central de Crédito Agricola Mútuo, Câmaras Municipais de Elvas, Évora e do Barreiro, e com a Santogal Automóveis.

Qual tem sido o apoio do público?

A participação do público é uma demonstração séria da adesão à ideia, da importância da existência da associação. A apreciação da ação do Clube CHAPAS, desde 2011, é muito positiva e gratificante. Continuamos a solicitar que nos façam chegar documentos, peças e as histórias para memória futura. Estamos sempre disponíveis para receber ideias que possam dar maior valor à nossa missão.

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Seguros de cibersegurança vão aumentar 20 a 30% por ano

A Standard & Poors aponta as PME’s como o foco de crescimento do mercado, apesar das seguradoras estarem demasiado cautelosas quanto a definir cibercrime e estabilizarem termos dos contratos.

O volume de prémios de cibersegurança está atualmente nos 5 mil milhões de dólares por ano, afirma a agência Standard& Poors em recente relatório sobre o tema. A agência de rating prevê taxas de crescimento de 20 a 30% por ano no futuro próximo para esta linha do negócio segurador.

A maior procura de PME’s por coberturas cyber, cujo crescimento tem sido o dobro de outras linhas de negócio, está a a provocar bons efeitos na diversificação de riscos das seguradoras. No entanto a S&P refere “que a falta de transparência e alguma rigidez da indústria está a provocar que as necessidades dos clientes não estão a ser inteiramente satisfeitas”.

As dificuldades detetadas estão na incerteza quanto a algumas coberturas dada não existir uma definição uniforme de ciberisco e inconsistência de termos e condições já que esta área frequentemente entra no campo dos responsabilidade civil ou de propriedade.

A Agência também refere as exclusões em algumas atividades, como em infraestruturas críticas ou em empresas de serviços financeiros, causa perturbação como nos casos de fraude do presidente (em que os hackers assumem a identidade do líder de e uma empresa e ordenam uma transferência bancária imediata ou em ciberextorsões, conclui a S&P.

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Fidelidade vendeu dois milhões de euros em obrigações da CGD

  • Lusa
  • 6 Setembro 2020

A seguradora continua a investir em obrigações da sua parceira Caixa Geral de Depósitos. É o terceiro reforço num espaço de um mês em títulos do banco público.

A Fidelidade vendeu dois milhões de euros em obrigações da Caixa Geral de Depósitos, um dia depois de ter adquirido 500 mil euros nestes títulos adiantou o banco público, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O banco justificou a notificação o mercado destas operações visto que dois dirigentes da CGD, José João Guilherme e Francisco Cary, têm também ligações à seguradora Fidelidade, detida a 15% pelo banco público, sendo administradores das duas entidades.

Assim, no dia 02 de setembro, a Fidelidade adquiriu um total de 500 mil euros de obrigações da CGD e no dia seguinte alienou dois milhões de euros destes títulos.

Em 12 de agosto, a Fidelidade subscreveu um milhão de euros em obrigações do banco público, de acordo com um comunicado enviado ao mercado, com a mesma justificação.

No dia 05 de agosto, a companhia de seguros subscreveu seis milhões de euros em obrigações do banco público.

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Jerónimo de Sousa diz que OE para 2021 “tem de responder a problemas imediatos”

No encerramento da edição de 2020 da Festa do Avante, o secretário-geral do PCP criticou as vozes que tentaram colocar em causa a realização do comício comunista.

Jerónimo de Sousa fechou a Festa do Avante com os olhos — e as palavras — postos no Orçamento do Estado para 2021. O secretário-geral do PCP assinalou que a grande prioridade do PCP para o OE para o próximo ano deve ser o combate aos problemas atuais. “O que se exige é uma outra política, são outras opção e nem todas com cabimento direto no Orçamento do Estado (…) que tem de responder a problemas imediatos“, sublinhou, no discurso de encerramento da festa comunista.

No discurso final, Jerónimo de Sousa disse que “não vale a pena ameaças de crise política” nem “sentenciar que PCP não conta”, adiantado que, no arranque dos trabalhos no Parlamento, o PCP avançará com uma proposta de aumento do valor do salário mínimo para 850 euros, entre outras prioridades.

“Construímos este encontro num quadro de inusitada hostilidade. Queriam calar-nos, não o conseguiram”. Foi desta forma que Jerónimo de Sousa arrancou o discurso de encerramento da edição deste ano da Festa do Avante. No final de três dias de evento, o secretário-geral do PCP sublinhou os desafios e os riscos dos “tempos que atravessamos” e sublinhou que a realização do comício comunista foi, “antes de mais uma forma de assegurar a defesa do funcionamento da vida democrática na sua plenitude”.

“Os tempos que atravessamos encerram riscos. Em matéria de saúde, o PCP não foi só a força política mais coerente na defesa do SNS. (…) Mas para assegurar a saúde é preciso garantir as condições de vida de muitos milhares”, disse, sublinhando várias vezes, durante o discurso de encerramento da Festa do Avante, o “respeito pelas regras sanitárias” no evento.

Jerónimo de Sousa falou dos milhares que “foram despedidos” no decorrer na pandemia e dos que “viram os seus salários reduzidos”. Referiu também a necessidade de não esquecer direitos de jovens e idosos.

“Nestes três dias conseguimos resgatar o valor da vida”, assinalou ainda o responsável político. “Podem contar com o PCP em todos os momentos, em todas as situações. Estamos aqui porque temos um compromisso com os trabalhadores, para reafirmar o nosso compromisso pelo direito das liberdades democráticas. Estamos aqui porque jamais aceitaremos ser arrastados para o pântano do conformismo”, assinalou, sublinhando: “Novos sinais de retrocesso estão aí”.

Este sábado, o secretário-geral comunista considerou que um acordo escrito com o Governo minoritário socialista é “claramente dispensável”, ressalvando que o PCP aguarda pelo próximo Orçamento do Estado e está disponível para “dar a sua contribuição”.

“Por nós o papel seria perfeitamente dispensável. Só aconteceu [em 2015] devido à insistência do então Presidente da República, que queria o papel, queria o papel, queria o papel, queria o papel”, argumentou Jerónimo de Sousa, referindo-se a Cavaco Silva.

"O partido pode contar comigo até eu poder.”

Jerónimo de Sousa

Secretário-geral do PCP

Questionado sobre as declarações do primeiro-ministro relativas a uma possível crise política caso não exista acordo com a esquerda parlamentar, o dirigente comunista considerou que “procurar uma posição de ameaça não ajuda em nada” e “não contribui para solução nenhuma”. “Creio que isso é uma posição pouco sustentável e era importante que o Governo se disponibilizasse para encarar as respostas para o país, para os trabalhadores, para os reformados e pensionistas, para os pequenos e médios agricultores e empresários, esse é que deve ser o caminho”, sustentou, em declarações citadas pela agência Lusa.

Jerónimo de Sousa disse ainda, este fim de semana, estar disponível para continuar na liderança do PCP, cargo que ocupa há já 15 anos. “O partido pode contar comigo até eu poder”, disse.

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Falta de encomendas até ao final do ano assusta empresários

Diversos empresários e associações de vários setores mostram-se preocupados por não terem encomendas até ao fim do ano. Em alguns casos, a quebra está ligada à redução do consumo.

Do vestuário à metalomecânica, passando por outros setores, muitos empresários estão assustados com a falta de encomendas até ao fim do ano, um fenómeno explicado com a pandemia e que está longe de ser habitual. Por esta altura do “campeonato”, as empresas já teriam uma carteira de encomendas significativa que lhes garantia trabalho até dezembro, segundo António Saraiva, presidente da CIP. Mas muitas só têm encomendas até setembro, o que as deixa numa situação de incerteza quanto ao futuro.

O ECO questionou a Bosch, Carlos Santos Shoes, Quinta do Crasto, Crafil, e os presidentes da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Associação dos Industriais Metalúrgicos (AIMMAP), Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) e Associação Nacional das Indústrias de Vestuário (Anivec) acerca da quebra no volume de encomendas provocada pela Covid-19. A maioria dos empresários ou representantes setoriais mostrou-se apreensivo com a redução, antecipando tempos mais difíceis.

“Existe uma necessidade de apoiar as empresas até ao primeiro trimestre do próximo ano, sendo certo que, até ao final deste ano, a situação será ainda mais grave. Sabemos que existem empresas que neste fase estão a trabalhar, mas sabem que já não vão ter encomendas para o período seguinte, isto na área do têxtil, vestuário e do calçado”, começa por indicar o presidente da ATP, Mário Jorge Machado.

Nessa situação está a Crafil, empresa nacional de têxtil que emprega 16 colaboradores. “Tivemos um pico muito grande de encomendas e temos pré-reservas até setembro. A partir daí, não sabemos. O feedback que temos é que as encomendas vão baixar significativamente até ao final do ano. De setembro a março [de 2021] não vai ser fácil. Numa outra altura, a carteira de encomendas seria muito maior”, constata Vítor Alves, presidente Crafil.

Existem empresas que neste fase estão a trabalhar, mas sabem que já não vão ter encomendas para o período seguinte, essencialmente na área do têxtil, vestuário e do calçado.

Mário Jorge Machado

Presidente da ATP

Quebra no consumo explica a tendência

A indústria têxtil e vestuário é uma das mais afetadas por esta pandemia, uma crise sanitária que provocou um choque económico geral e mundial. Mais de metade das empresas do setor têxtil e vestuário tiveram uma quebra no volume de negócios superior a 30% entre abril e julho, aponta um inquérito da ATP realizado na última quinzena de julho. Os presidente da ATP e da Anivec, respetivamente Mário Jorge Machado e César Araújo, consideram que esta redução das encomendas deve-se à redução do consumo.

“Estamos menos ativos como consumidores e isso reflete-se na indústria. A redução das encomendas à indústria são o reflexo daquilo que estamos a fazer enquanto consumidores. Há, substancialmente, menos encomendas do que era o habitual para esta época do ano”, explica Mário Jorge Machado.

O presidente da associação de vestuário corrobora a ideia também lançada pelo presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal e destaca que “sem dúvida que há uma redução no consumo”. “Enquanto existir distanciamento social e teletrabalho, as pessoas não vão sair à rua e vão comprar muito menos. Nós sempre fizemos planeamento de encomendas a seis meses e chegar a agosto e não ter encomendas é catastrófico”, refere César Araújo.

O confinamento, as fábricas fechadas e os aviões parados causaram um prejuízo inigualável. Para o presidente da Anivec, devido à quebra do volume de encomendas, “o setor só começará a dar os primeiros sinais de retoma a partir de abril do próximo ano”. O presidente da têxtil Crafil explica, por sua vez, que “a estação de verão desapareceu”. “Como praticamente não se vendeu roupa este verão, as empresas já têm a coleção de verão e não precisam de produzir outra para o próximo ano. Logo, vai existir uma redução muito forte de encomendas”, constata o líder da Crafil.

O presidente da CIP já tinha avisado, em declarações à RTP3, que o desconfinamento “gradual e assimétrico” do país não tem garantido às empresas o volume de faturação que se tinha estimado, nem “valores mínimos de sobrevivência”. Para além da quebra no têxtil e do vestuário, o consumo de calçado vai vai sofrer uma quebra de 27,5% na Europa, sendo que cada europeu vai comprar, este ano, menos um par de sapatos.

Porém, a pandemia também veio agravar problemas mais antigos. Para a diretora de marketing da empresa de calçado Carlos Santos, Ana Santos, a instabilidade no setor já não vem de agora. “Neste momento não temos garantias de trabalho nem de dois em dois meses. A instabilidade já vem desde algum tempo, mas efetivamente com a pandemia a situação agravou-se. Nós temos pouca previsibilidade, pouca consistência. A carteira de clientes é a mesma, a carteira de encomendas é que não”, constata.

Nós temos encomendas até ao próximo ano. Agora, se elas se vão concretizar nas quantidades que nós temos, isso ninguém sabe responder.

Carlos Ribas

Representante da Bosch Portugal

Recuperação a várias velocidades

A pandemia não afetou todos os setores da mesma forma e a indústria, em geral, está a arrancar a várias velocidades. Apesar de as empresas de metalomecânica e metalúrgica já estarem a recuperar do forte impacto da pandemia, o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), Rafael Campos Pereira, conta que a redução de encomendas é uma situação “que está generalizada a todos os setores”.

“As encomendas têm um horizonte temporal muito mais curto na esmagadora maioria dos casos. A metalomecânica será provavelmente aquela que está melhor, mas mesmo assim tem esses horizontes temporais mais curtos“.

O vice-presidente da AIMMAP garante que, noutros anos, o setor teria encomendas até ao próximo ano. “A metalomecânica tem muitos subsetores e muitas realidades distintas, mas em alguns casos já teriam encomendas até dezembro, em outras até março/abril”, aponta. Diz, por isso, que “esta imprevisibilidade gera muita apreensão”.

O setor automóvel começa a recuperar também da quebra provocada pelo confinamento e pelo encerramento de várias unidades fabris. O representante da Bosch Portugal, Carlos Ribas, conta ao ECO que todas as unidades do grupo em Portugal “têm encomendas” e que a perspetiva é “bastante melhor” do que aquela que a empresa previa inicialmente, “quando surgiu a pandemia”.

Nós temos encomendas até ao próximo ano. Agora, se elas se vão concretizar nas quantidades que nós temos, isso ninguém sabe responder”, refere o representante da Bosch Portugal. Apesar do sentimento de incerteza, Carlos Ribas diz que “aquilo que visiona para a empresa é bastante positivo”. Apesar do otimismo, o representante da multinacional está consciente que se a pandemia se alastrar “isto pode virar tudo ao contrário”.

Apesar de a Bosch ser uma das empresas que está a conseguir superar a crise, o representante acredita que empresas mais pequenas estão a ter “muita dificuldade” em sobreviver. Explica ainda que, “no caso de multinacionais que depende de outras multinacionais, as encomendas não são previstas a meses mas sim a anos”.

Setor bem diferente é o do vinho. “No nosso caso, temos uma antecipação de encomendas muito curta”, explica Justino Soares, administrador da Quinta do Crasto. O responsável destaca que a preocupação prende-se mais com o evoluir da própria pandemia: “Não sabemos é como esta situação vai evoluir. O que acontecer em termos de saúde pública é a chave para tudo o que vai acontecer a seguir“, recorda Justino Soares.

Associações queixam-se do novo mecanismo de lay-off e pedem intervenção do Governo

A grande maioria das empresas consideram que o Governo tem de intervir mais, e que o apoio à retoma progressiva, medida desenhada para suceder ao lay-off simplificado, deve ser ajustada, por ser “desadequada” à realidade das empresas.

“Esta nova medida de lay-off é desadequada e não veio acrescentar nada, antes pelo contrário, veio complicar ainda mais. O lay-off simplificado devia ser mantido pelo menos até ao final do ano. Continuamos ter problemas de liquidez nas empresas e isto são questões que têm que ser resolvidas de imediato. Para termos futuro, temos que segurar essas empresas no presente”, alerta o presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro.

Nós sempre fizemos planeamento de encomendas a seis meses e chegar a agosto e não ter encomendas é catastrófico.

César Araújo

Presidente da Anivec

O presidente da ATP, Mário Jorge Machado, diz também que “as medidas que o Governo tomou em relação ao novo regime de lay-off deviam ser ajustadas”. “As empresas pedem mais rapidez, simplificação e menos burocracia nas medidas de apoio”, resume o representante.

Face ao fim do lay-off simplificado, a Associação Têxtil e Vestuário pede um mecanismo de apoio para empresas com quebras de atividade ou faturação a partir de 20%, mais incentivos ao investimento na indústria em áreas como a modernização e a internacionalização e pagamentos mais rápidos por parte do Portugal 2020.

“O Governo tem que tomar medidas face a este novo mecanismo que criou para falir as empresas. O Governo deu um tiro de bazuca contra as empresas que não vão ter capacidade para assumir estes encargos. O Estado tem que intervir”, apela, por fim, o presidente da Anivec.

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Google Trends: Polémicas com o Avante lideram pesquisas dos portugueses

  • Tiago Lopes
  • 6 Setembro 2020

Cá dentro, a discussão sobre a Festa do Avante marcou a semana. Lá fora, Trump pediu aos eleitores para votarem duas vezes. Nos Negócios, gigantes da tecnologia oferecem app de rastreio à Covid-19.

A Festa do Avante marcou a semana em Portugal, nas pesquisas do Google. A DGS afirmou, inicialmente, que não ia divulgar qualquer parecer técnico sobre a realização do evento, mas depois de uma troca de palavras que envolveu Marcelo Rebelo de Sousa, acabou mesmo por fazê-lo.

O insólito pedido de Donald Trump aos norte-americanos para votarem duas vezes, como forma de testar o sistema de segurança eleitoral, foi um dos temas quentes a nível internacional.

Nos negócios, a Apple e a Google anunciaram que vão disponibilizar uma ferramenta dentro dos seus sistemas operativos de rastreio à Covid-19.

Cá dentro

A semana passada ficou, inevitavelmente, marcada pela Festa do Avante. O tema não é novo e a discussão já tem algumas semanas, mas foi no último dia de agosto, na segunda-feira passada, que a discussão subiu de tom depois da Direção-Geral da Saúde (DGS) dar a conhecer o parecer técnico sobre o evento, acabando por limitar o número de pessoas no recinto a 16.563 em simultâneo.

Porém, antes da DGS divulgar este documento, a troca de “recados” já acontecia num registo praticamente diário. Depois de ter sido alvo de críticas, a DGS, que começou por responder ao Presidente da República informando que não iria revelar qualquer parecer sobre o Avante, acabou por ver António Costa a dizer o contrário. Conclusão: as regras do evento foram mesmo apresentadas ao público.

Para apimentar a discussão em torno de um evento desta envergadura em plena pandemia, um artigo no New York Times (acesso livre, conteúdo em inglês) assinado pela agência internacional Associated Press intitulado “Partido Comunista de Portugal recebe ok para ter 16.500 pessoas em evento”, veio fazer subir o tom das críticas ao evento político.

Para ajudar a controlar as infeções por Covid-19, a aplicação que foi criada para ajudar a rastrear contactos com pessoas infetadas, a StayAway Covid, chegou finalmente esta semana às lojas de downloads da Apple e da Google. O tema rapidamente ganhou destaque no top de pesquisas do Google, mas não o suficiente para levar a grande maioria dos portugueses a descarregarem a aplicação.

Depois de vários apelos por parte de António Costa, que descreve a aplicação como “essencial, voluntária, confidencial e segura” e que considera ser “um dever cívico que cada um de nós tem: evitar a transmissão da pandemia. E como é um dever cívico lavar as mãos, entendam também que é um dever cívico descarregar esta aplicação e sinalizarem se vierem a ser diagnosticados como estando positivos”, o INESC TEC, que desenvolveu a app com o ISPUP, a Keyruptive e a Ubirider, divulgou que a aplicação já foi descarregada mais de 500 mil vezes.

Covid-19 à parte, o anúncio da morte do DJ Erick Morillo, de 49 anos, foi um dos temas que mais pesquisas recebeu durante a semana. O veterano DJ norte-americano foi encontrado morto em Miami, Estados Unidos.

Conhecido pelo êxito ‘I Like To Move It’, lançado em 1993, Morillo tinha sido detido há cerca de duas semanas por alegado abuso sexual.

O futebol, que está de regresso depois de uma época atípica, também voltou ao top das pesquisas, nomeadamente com o sorteio da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões que colocou o PAOK no caminho do Benfica.

Os “encarnados” vão defrontar uma equipa também treinada por um português. A equipa de Salónica é orientada por Abel Ferreira, que foi treinador do Sporting B, Braga B e da equipa principal dos arsenalistas. O jogo é disputado apenas numa partida na Grécia. Caso o Benfica saia vencedor vai defrontar o Krasnodar no playoff de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões.

A fechar, nota para a Ryanair, não pelas campanhas promocionais, mas antes pelo facto de ter anunciado que vai reajustar a sua operação em Portugal e descontinuar algumas rotas. A notícia também levou milhares de portugueses ao principal motor de pesquisa da internet.

Lá fora

  • Facebook contra fake news. O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou que a rede social vai bloquear todas as mensagens políticas e novos anúncios uma semana antes das eleições nos Estados Unidos, agendadas para o dia 3 de novembro. “Vamos bloquear qualquer novo anúncio político durante a última semana da campanha (eleitoral nos EUA). É importante que as campanhas possam continuar a lançar apelos ao voto, e geralmente acredito que o melhor antídoto para mau discurso é mais discurso, mas nos últimos dias de uma eleição pode não haver tempo para contestar novas alegações”, explicou Zuckerberg.
  • Portugal mantém-se na lista segura inglesa. Depois de durante a semana se ter falado por várias vezes que Portugal podia ser novamente incluído na lista de países cujos passageiros são obrigados a ficar de quarentena quando regressam ao Reino Unido, o secretário de Estado dos Transportes daquele país, Grant Shapps, anunciou através do Twitter que para já nenhum país vai ser retirado ou adicionado à lista. Contudo, Shapps avisou que a lista pode ser alterada a qualquer momento num espaço de tempo “muito curto”.
  • Trump pede duplo voto nas presidenciais. Donald Trump não para de surpreender. Desta vez, o presidente dos Estados Unidos sugeriu que os eleitores da Carolina do Norte votassem duas vezes – uma pelo correio e outra presencialmente – de forma a testar a segurança do sistema eleitoral daquele estado onde é considerado crime votar duas vezes. “Que o enviem [o voto por correio] e que vão votar. E se o seu sistema for tão bom como dizem, então é óbvio que não conseguirão votar presencialmente”, sugeriu Trump.

Nos negócios

  • Netflix reuniu-se com o Ministério da Cultura em Portugal. Graça Fonseca, ministra da Cultura, e Nuno Artur Silva, secretário de Estado do Cinema, estiveram reunidos na última quinta-feira com representantes da Netflix e da Vancouver Media onde foi discutido o “trabalho desenvolvido pela plataforma” em Portugal. “A reunião assinalou o trabalho desenvolvido pela plataforma” no país, “nomeadamente, as rodagens da série ‘La Casa de Papel’, que decorrem neste momento na região de Lisboa”, segundo um comunicado do Ministério da Cultura.
  • Google e Apple disponibilizam apps de rastreio a governos. Depois de meses de espera para que a aplicação StayAway Covid ficasse disponível nas lojas de downloads de apps, a Google e a Apple anunciaram que vão disponibilizar uma aplicação de rastreio à Covid-19 embutida no sistema operativo. Os gigantes de tecnologia informaram ainda que vão fazer aplicações para os governos caso lhes seja pedido.
  • Estados Unidos podem banir mais aplicações da China. O chefe de gabinete da Casa Branca disse, na quinta-feira passada, que o país está a ponderar banir outras aplicações desenvolvidas na China caso fique provado que podem representar uma ameaça para a segurança do país.

Nota: A Google Trends é uma rubrica semanal, publicada todos aos fins de semana, que resume os temas mais populares da internet com base na ferramenta homónima da Google. É assinada pelo jornalista do ECO Tiago Lopes.

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Há 315 novos infetados com Covid-19. Morreram 2 pessoas

Nas últimas 24 horas, as autoridades de saúde confirmaram mais 315 casos de infetados em território nacional. No mesmo período morreram duas pessoas com Covid-19.

Nas últimas 24 horas, Portugal registou mais 315 casos de novos infetados com o novo coronavírus. No mesmo período, morreram duas pessoas no nosso país. Os dados constam do mais recente boletim divulgado pela Direção-geral da Saúde, este domingo.

A maioria dos novos casos registou-se, desta vez, na zona Norte do país, com um acréscimo de 143 casos. Seguiu-se a zona de Lisboa, com a confirmação de 124 novos casos e a registar as duas vítimas mortais decorrentes do vírus nas últimas 24 horas.

Ainda assim, a região de Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a região com mais casos até ao momento (30.963 casos de infeção e 683 mortes), seguindo-se do Norte (21.797 casos e 849 mortes), do Centro (4.961 casos e 254 mortes), do Algarve (1.165 casos e 17 mortes) e do Alentejo (985 casos e 22 mortes). Nas ilhas, os Açores registam 215 casos e 15 mortos, enquanto a Madeira tem 170 pessoas infetadas e continua sem registar vítimas mortais.

Os dados revelados pelas autoridades de saúde dão ainda conta de mais 160 recuperados nas últimas 24 horas. No total, já 42.953 pessoas recuperaram da doença. Entre os casos de infeção confirmados desde o início da pandemia, mas considerando também os recuperados, existem atualmente 15.465 casos ativos, mais 153 do que no dia anterior.

Boletim epidemiológico de 6 de setembro:

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Um Duster, dois combustíveis. Muita autonomia

Bi-Fuel do novo Duster assenta no bloco de três cilindros com 990 cm3 que se encontra na versão puramente a gasolina. Apresenta uma autonomia combinada capaz de superar os 1.000 km.

A Dacia faz sucesso no mercado nacional. É das marcas preferidas entre as famílias que procuram um automóvel com o selo de garantia de uma marca como a Renault, mas com um preço em conta. A pensar nestes condutores, e numa altura em que o diesel perde o appeal de outros tempos para as motorizações a gasolina, há agora uma opção que promete poupar alguns euros na hora de atestar.

Além da gasolina, os blocos a gasolina da Dacia podem ser utilizados com Gás de Petróleo Liquefeito (GPL), um combustível substancialmente mais barato. E chegam a quase toda a gama, desde o Sandero ao Logan, até ao “mais que tudo”, o Duster, que se tornou um best seller desde a primeira geração. Mas será que há potência suficiente para carregar um SUV deste tamanho?

O Bi-Fuel do novo Duster assenta no bloco de três cilindros com 990 cm3 que se encontra na versão puramente a gasolina, debitando ambos uns módicos 100 cv. A diferença está no binário de cada um, com vantagem para a versão a GPL, embora ligeira. Em nenhum dos casos podemos dizer que é um automóvel para grandes acelerações, mas a resposta é simpática seja na utilização em modo gasolina, seja com o GPL.

O esforço do motor ouve-se — a insonorizacao não consegue disfarçar o três cilindros —, sendo a subida de regime perceptível sem olhar para o conta rotações. Se se revela pouco desenvolto em baixas rotações, quando chega perto das 3.000 rotações há um boost do turbo que dá mais alma de um modelo que cativa ao olhar. A caixa manual de cinco velocidades acaba por estar bem escalonada, permitindo uma utilização sem obrigar a ter a mão constantemente sobre a manete.

Gasta pouco? Dá para muitos quilómetros

Mesmo com o GPL ligado, o que se faz com um simples toque num botão colocado do lado esquerdo do volante, a resposta é a mesma — e o barulho também. A única diferença que há é mesmo para o sítio onde tem de se olhar para perceber se se há ou não há combustível. Neste caso, não há indicação de autonomia, apenas umas luzinhas redondas verdes que são sinal de alerta quando chegarem a outra cor.

Ficar sem combustível será complicado neste Duster já que vem equipado com um depósito para a gasolina e outro, construído em aço de alta resistência, que ocupa apenas o local habitualmente destinado à roda sobressalente, para o gás. O resultado é, segundo a marca, uma autonomia combinada capaz de superar os 1.000 km, mais do que suficiente para longas viagens a bordo de modelo que se revela confortável. O consumo médio fica-se pelos 7,9 a 8,2 litros a cada 100 km.

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Pandemia mostrou que “mercado precisa de fintech para operar com eficiência e segurança”

Organização abriu candidaturas para escolher o top das 30 startups de tecnologia financeira a operar em Portugal, num ano de aceleração para o setor.

O coronavírus obrigou a mudanças na forma de viver e trabalhar de toda a sociedade, com as empresas a serem fortemente penalizadas pelo confinamento. No entanto, nem todos os setores sofreram o mesmo impacto e as fintech estão entre os vencedores. É esta a convicção da Portugal Fintech, que está à procura das 30 mais importantes tecnológicas do setor financeiro no país.

A pandemia teve um impacto muito forte nas fintech, no sentido de acelerar a entrada de soluções de digitalização dos processos da indústria financeira“, diz Simão Cruz, cofundador da Portugal Fintech, em declarações ao ECO. “Se antes a implementação de soluções de pagamentos digitais, por exemplo, podiam ser um desenvolvimento a implementar no futuro, agora são uma prioridade imediata”.

Os pagamentos digitais dispararam desde que foi decretado o estado de emergência no país, com as autoridades de saúde a desaconselharam o uso de dinheiro vivo e o Banco de Portugal a adotar medidas de desincentivo. Além deste domínio, também as aberturas de conta digitais nos bancos e seguradoras ou a interação com clientes foram facilitadas pelas fintech.

Hoje vemos que é o mercado que — mais do que nunca — precisa das mesmas para operar com mais eficiência, fluidez, e segurança“, aponta Simão Cruz, sublinhando que o ecossistema, que inclui regtech, insurtech, cybersecurity entre outros domínios, está a “crescer e consolidar-se”.

"Se antes a implementação de soluções de pagamentos digitais, por exemplo, podiam ser um desenvolvimento a implementar no futuro, agora são uma prioridade imediata. Hoje vemos que é o mercado que — mais do que nunca — precisa das mesmas para operar com mais eficiência, fluidez, e segurança.”

Simão Cruz

Cofundador da Portugal Fintech

A Portugal Fintech tem sido um dos principais stakeholders do setor das fintech, nomeadamente através do cowork Fintech House ou do relatório anual que elabora. Tem atualmente aberto o processo de candidaturas para as Top 30 Fintechs para o Fintech Report 2020, sendo que as candidaturas (para empresas com relação a Portugal através da sede, do desenvolvimento das operações e atividades, ou da nacionalidade dos fundadores) estão abertas no site até 10 de setembro.

“Resumidamente, estamos à procura de fintechs com potencial para romper com o status quo da indústria, que tragam benefícios ao setor financeiro e cuja solução esteja adaptada ao nosso contexto regulatório”, refere o cofundador, sublinhando que a lista de critérios de avaliação é longa e deve ser consultada por todos os candidatos.

A escolha será feita com base em cinco critérios: a qualidade da equipa (no que respeita a diversidade, compromisso e perfil dos membros), o caráter de inovação (se tem potencial para causar disrupção no mercado, o nível de concorrência, capacidade de diversificação e sofisticação da solução), a tração no mercado (como está materializada a ideia, se está adaptada à regulamentação existente, resultados, clientes e use cases), os benefícios para o setor (se contribui para a eficiência do setor financeiro, se mitiga riscos e se traz benefícios ao consumidor), bem como a validação externa (montante já investido, se têm investidores e parceiros relevantes ou se receberam prémios ou alguma distinção).

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Mais de 25 mil candidaturas às medidas de apoio à manutenção do emprego

  • Lusa
  • 6 Setembro 2020

O Governo adianta que, até agora, foram já aprovadas cerca de 19,5 mil candidaturas (15,5 mil no âmbito do incentivo e 4 mil no âmbito do apoio à retoma), relativas a quase 257 mil postos de trabalho.

Mais de 25 mil candidaturas foram já recebidas pelo Ministério do Trabalho relativamente às medidas de apoio à manutenção do emprego criadas pelo Governo no âmbito do Programa de Estabilização Económica e Social, revelou este sábado a tutela.

“Um mês depois do arranque das medidas, o incentivo extraordinário à normalização da atividade empresarial regista 18,3 mil candidaturas e o apoio extraordinário à retoma progressiva de atividade conta com 6,9 mil candidaturas“, indica uma nota do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

O Governo adianta que, até agora, foram já aprovadas cerca de 19,5 mil candidaturas (15,5 mil no âmbito do incentivo e quatro mil no âmbito do apoio à retoma), relativas a quase 257 mil postos de trabalho, correspondendo a apoios no valor aproximado de 230 milhões de euros.

É ainda revelado que “a esmagadora maioria das candidaturas (83%) está a ser feita aos instrumentos que preveem um compromisso de manutenção dos postos de trabalho durante mais tempo: a modalidade de dois salários mínimos nacionais (14 mil candidaturas) e o apoio à retoma progressiva (6,9 mil)”.

O Ministério do Trabalho lembra que as empresas que recorram a estes dois mecanismos estão impedidas de despedir trabalhadores através de despedimento coletivo, por inadaptação ou por extinção do posto de trabalho durante todo o período de concessão dos apoios e nos dois meses seguintes. Estão ainda sujeitas ao dever de manutenção do nível de emprego, no caso da modalidade de pagamento faseado do incentivo extraordinário.

No âmbito do incentivo à normalização, 22,2% das candidaturas provêm do setor do alojamento, restauração e similares, sendo o comércio por grosso e a retalho (19,7%) e as atividades de saúde humana (7,7%) os restantes setores com mais candidaturas, distribuição comum a ambas as modalidades da medida.

Em relação à distribuição regional, os distritos que registam maior número de candidaturas são Lisboa (23,9%), Porto (19,5%), Braga (13,1%) e Aveiro (7,9%).

“Quanto ao apoio à retoma progressiva, a tendência é similar, com a maioria das candidaturas a ser apresentada por empresas dos setores do alojamento, restauração e similares (27,5%), seguindo-se o setor do comércio por grosso e a retalho (14,2%) e as atividades administrativas e de serviços de apoio (12,1%)”, indica a nota.

Neste caso, as candidaturas concentram-se sobretudo em Lisboa (38,7%), Porto (17,6%), Madeira (8,5%) e Faro (6,3%).

O Governo assinala também que, no apoio à retoma progressiva, a maioria dos pedidos (48%) foi apresentada por empresas que registam uma quebra igual ou superior a 75%, seguindo-se os pedidos de empresas com quebras iguais ou superiores a 40% e inferiores a 60%, com precisamente um terço dos pedidos (33,3%).

Devido à pandemia de covid-19, a Comissão Europeia prevê que a economia portuguesa recue 9,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, uma contração acima da anterior projeção de 6,8% e da estimada pelo Governo português, de 6,9%.

A taxa de desemprego deverá subir para 9,6% este ano e recuar para 8,7% em 2021. Em consequência da forte recessão, o défice orçamental deverá chegar aos 7% do PIB em 2020, e a dívida pública aos 134,4%. Os efeitos da pandemia já se refletiram na economia portuguesa no segundo trimestre, com o PIB a cair 16,5% face ao mesmo período de 2019, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

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Salário mínimo nacional em cima da mesa. Sindicatos reivindicam aumentos, patrões resistem

Apesar da pressão dos sindicatos, o Governo não quer discutir para já o aumento do salário mínimo. Ainda assim, é uma possibilidade que está em cima da mesa, apesar da resistência dos patrões.

A subida do salário mínimo nacional no próximo ano continua em cima da mesa, numa altura em que se sentem já os efeitos da pandemia de Covid-19 na economia. Se, por um lado, os sindicatos não admitem um aumento menor do que no ano passado, os patrões mostram mais resistência. Já o Governo abriu a porta a este acréscimo, sem se comprometer com valores.

A pandemia veio trocar as voltas a alguns dos planos para 2021. Ainda assim, o primeiro-ministro continua a admitir um aumento do salário mínimo. “Desejamos que o salário mínimo nacional possa continuar a subir. Naturalmente de acordo com aquilo que é a dinâmica económica de hoje, que é muito distinta da que existia há um ano. Seguramente não vamos poder ter um aumento com a dimensão que tivemos no ano passado, mas desejamos um aumento”, disse António Costa, em entrevista ao Expresso. Tudo parecia apontar para um aumento do salário mínimo de 635 para 670 euros, embora António Costa sempre tenha defendido que o valor anual deve ser fixado tendo em conta a “dinâmica do emprego e do crescimento económico”. Mas, com o risco de uma recessão a rondar os 10%, como antecipa a Comissão Europeia, a conjuntura é outra.

Evolução do salário mínimo

Ao afastar uma subida com a dimensão do ano passado, está já a esbarrar com as expectativas dos sindicatos. A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, pediu uma subida “significativa”, defendendo que esta “não pode ser ainda mais pequena do que em 2020”, em declarações no final de agosto. A central sindical volta também a apontar que “o salário mínimo deve atingir os 850 euros no mais curto prazo”.

A UGT partilha desta opinião. O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, diz que se irão recusar a assinar um acordo em concertação social que preveja um aumento do salário mínimo inferior a 35 euros, exigindo então que se fixe, pelo menos, nos 670 euros. Para cumprir este objetivo, sugere mesmo ao Governo que procure a “muleta do BE”.

Apesar de ter sido noticiado que o tema iria entrar nas negociações com os partidos à esquerda, o ministro da Economia reiterou, em meados de agosto, que a pasta ainda não tinha sido “objeto de discussão entre o Governo, o PCP, o Bloco de Esquerda, o PEV, o PAN”. Questionado sobre se há margem para aumentar o salário mínimo nos termos em que foi acordado com o PCP e o Bloco de Esquerda, Siza Vieira reiterou que “não é uma questão que se coloque agora”, em entrevista ao Observador.

A ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, também reiterou que este “não é o momento para esta matéria”, após a reunião com os parceiros sociais, na quarta-feira. Apesar de admitir que “será em sede de concertação que será discutido” o tema, defende que “não é este o momento para antecipar” ou discutir valores, sendo que “dependerá de evolução e avaliação” que for feita.

Patrões pouco recetivos à discussão

Do lado dos patrões, as confederações ainda não se pronunciaram muito sobre o assunto. Ao Expresso (acesso pago), Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo, disse que não queria “ouvir falar disso”. Já António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal, frisou: “Com a crise que vamos viver”, não é certo “se o tema se irá colocar”.

O presidente da CIP reiterou também, após a reunião da Concertação Social, de quarta-feira, que “todos” se devem “concentrar em salvar economia”, sendo que “mais do que pedir aumentos de rendimentos”, este é o momento de “salvar mais possível os postos de trabalho e enriquecer as qualificação dos trabalhadores”.

João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, mostrou-se contra este aumento. “Esses objetivos tinham um conjunto de pressupostos de evolução económica que, neste momento, se alteraram”, ou seja, o comportamento da economia, das exportações e do emprego, referiu ao ECO, em agosto.

O Fórum para a Competitividade também já se veio juntar à discussão. “A subida da taxa de desemprego, a inflação nula e o facto de o turismo ser dos setores com maior prevalência de salário mínimo recomendam que não haja qualquer subida do salário mínimo em 2021″, escreveu o Fórum na nota de conjuntura de agosto, prevendo que, no atual contexto, esta subida “pode trazer mais desemprego e falências”.

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PCP considera “dispensável” acordo escrito com Governo

  • Lusa
  • 5 Setembro 2020

O secretário-geral comunista considerou que um acordo escrito com o Governo minoritário socialista é “claramente dispensável”, ressalvando que o PCP aguarda pelo próximo Orçamento do Estado.

O secretário-geral comunista considerou este sábado que um acordo escrito com o Governo minoritário socialista é “claramente dispensável”, ressalvando que o PCP aguarda pelo próximo Orçamento do Estado e está disponível para “dar a sua contribuição”.

De visita a uma das exposições da 44.ª Festa do Avante!, no Seixal (distrito de Setúbal), e questionado sobre um possível acordo escrito entre o partido e o executivo socialista, Jerónimo de Sousa considerou essa formalização – registada em 2015 – desnecessária.

“Por nós o papel seria perfeitamente dispensável. Só aconteceu [em 2015] devido à insistência do então Presidente da República, que queria o papel, queria o papel, queria o papel, queria o papel”, argumentou o secretário-geral, referindo-se a Cavaco Silva.

Para o PCP, resta saber qual a proposta orçamental que o Governo de António Costa irá levar a discussão na Assembleia da República, estando o partido disponível para “dar a sua contribuição”.

“Venha a proposta e o PCP está disponível para dar a sua contribuição, numa perspetiva de rutura com o passado e de encontrar as oportunidades de investimento e de desenvolvimento do nosso país”, afirmou Jerónimo.

Questionado sobre as declarações do primeiro-ministro relativas a uma possível crise política caso não exista acordo com a esquerda parlamentar, o dirigente comunista considerou que “procurar uma posição de ameaça não ajuda em nada” e “não contribui para solução nenhuma”.

“Creio que isso é uma posição pouco sustentável e era importante que o Governo se disponibilizasse para encarar as respostas para o país, para os trabalhadores, para os reformados e pensionistas, para os pequenos e médios agricultores e empresários, esse é que deve ser o caminho”, sustentou.

Jerónimo de Sousa confessou ainda estar “preocupado” com matérias orçamentais, como o aumento “poucochinho” do salário mínimo nacional, insistindo na proposta comunista de 850 euros.

O secretário-geral comunista revelou que “é perante os assuntos concretos” que o PCP tomará a sua posição, sublinhando que o partido não está “numa posição meramente reivindicativa, pelo contrário”.

Em julho, o primeiro-ministro lançou o desafio a BE, PCP, “Os Verdes” e PAN, no debate parlamentar sobre o estado da Nação, para entendimentos de longo prazo, à semelhança do sucedido em 2015, com as inéditas posições conjuntas com bloquistas, comunistas e ecologistas.

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