Primeiros quatro navios elétricos chegam ao Tejo em abril de 2022
Depois de meses de atrasos, provocados pela contestação de um concorrente do consórcio vencedor, falta agora o visto do Tribunal de Contas para a encomenda poder avançar.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, anunciou a assinatura do contrato na passada sexta-feira, 29 de janeiro, entre a Transtejo e o consórcio vencedor do concurso para a construção de 10 navios elétricos que reforçarão a oferta de transportes fluvial na Área Metropolitana de Lisboa.
De acordo com o governante, os primeiros navios movidos a energia elétrica serão entregues em abril de 2022 (quatro dos 10 navios têm previsão de entrada em operação nesse ano), sendo que o contrato assinado inclui a manutenção dos mesmos.
Os novos navios terão condições para atracar em todos os pontões da Área Metropolitana de Lisboa, incluindo o do Seixal, que era o único que não estava preparado para tal, garantiu Matos Fernandes.
“Apesar dos atrasos provocados pela contestação de um concorrente, o tribunal considerou improcedente a reclamação, podendo assim avançar a assinatura do contrato. Falta o visto do Tribunal de Contas para a encomenda avançar. Prevemos que, apesar do atraso provocado por esta ação, os primeiros navios possam ser entregues em abril de 2022. Avançará, assim, a principal operação de transporte fluvial de passageiros elétrica do mundo”, disse o ministro numa audição na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas da Assembleia da República.
O projeto de tirar os velhinhos cacilheiros a diesel do Tejo dura já há 5/6 anos, tendo começado por um primeiro concurso para construir barcos a gás natural, que acabou por não avançar, e evoluindo depois para um concurso de barcos elétricos, cuja tecnologia ganhou entretanto maturidade.
O ministro deu ainda conta de que estão em curso ou em fase de lançamento de concurso as obras de requalificação dos terminais do Barreiro e de Cacilhas, com verbas do Programa de Estabilização Económica e Social.
Procura nos transportes públicos caiu 56% entre março e dezembro de 2020
Perante os deputados da Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, Matos Fernandes admitiu que “a pandemia de Covid-19 teve um impacto brutal nas operações das empresas de transportes coletivos”.
“Até ao final de fevereiro de 2020, a procura aumentou 13%. Mas entre março e dezembro, reduziu-se em 56%, tendo sido mais acentuada no Metro de Lisboa. Contudo, durante 2020, a oferta de transportes públicos só diminuiu em 3%, sobretudo por causa da quebra de serviço efetuada em abril e maio”, revelou.
Este cenário fez com que os apoios ao transporte coletivo do Fundo Ambiental, em 2020, tenham sido os mais elevados de sempre, tendo mais do que duplicado as verbas do ano anterior: os programas PART e PROTransp ascenderam a 247,6 milhões de euros, com um reforço de 94 milhões de euros a meio do ano. Para 2021 está prevista ainda uma verba suplementar até 190 milhões de euros para assegurar a continuidade das operações de transportes coletivos.
No contexto do Plano de Recuperação e Resiliência, a Mobilidade Sustentável conta com um orçamento de 1032 milhões de euros. “Realizaremos a expansão da Linha Vermelha até Alcântara, em Lisboa, e uma nova linha entre a Casa da Música e Santo Ovídio, no Porto, que obrigará à construção de uma nova ponte sobre o Douro. Mas também a rede de metro de superfície Odivelas-Loures e a linha de Bus Rapid Transit (BRT) entre a Praça da Boavista e a Praça do Império, numa zona urbana consolidada do Porto. Por último, reservámos verbas para promover a aquisição, em todo o território nacional, de frotas limpas rodoviárias e fluviais”, disse Matos Fernandes.
Já no âmbito do Programa de Estabilização Económica e Social (PEES), Matos Fernandes disse que a maioria dos investimentos de 21 milhões de euros destinados à Mobilidade será realizada ainda em 2021: em curso está a intervenção no Terminus do Hospital de São João, que permitirá aumentar a frequência da Linha Amarela do Metro do Porto; a adjudicação de seis dos 12 postos elétricos de carregamento rápido (outros seis aguardam novo concurso); a preparação do Acordo Quadro que permitirá a adjudicação de 10 hubs de carregamento ultra Rápido; modernização de escadas mecânicas na estação do Rato, Avenida e Anjos, no Metro de Lisboa, além da instalação de elevadores nas estações prioritárias da Cidade Universitária e de Entre Campos, “obras que ficarão prontas este ano”, garantiu.
“Estão adjudicados os lotes para as obras de expansão do Metro de Lisboa (dois lotes respeitantes à construção da Linha Circular e aos viadutos do Campo Grande) e de Modernização dos Sistemas de Sinalização. Também no Porto se encontram adjudicados os lotes para a extensão das linhas Rosa e Amarela, bem como visado pelo Tribunal de Contas se encontra o contrato para a compra de 18 composições, cujas entregas ocorrerão até 2024″, anunciou o ministro no Parlamento.
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