PSD traz Salgado à comissão de inquérito do Novo Banco em momento de “psicanálise”
Durante meia hora, a comissão de inquérito ao Novo Banco teve momento de "psicanálise" (palavras do PCP) depois de PSD e PS trocarem acusações políticas sobre chamada de Carlos Moedas ao Parlamento.
Estalou o verniz na comissão de inquérito ao Novo Banco, com o PSD contestar a chamada de Carlos Moedas (e de outros ex-dirigentes sociais-democratas, como Cavaco, Durão Barroso e Passos Coelho) ao Parlamento, tal como propôs o PS na semana passada. Foi o ponto de partida para um momento de “psicanálise” da comissão e em que até o próprio Ricardo Salgado interveio.
O ex-presidente do BES foi chamado ao debate por Duarte Pacheco. Através do seu telemóvel, o deputado do PSD fez questão de mostrar um clip de vídeo com uma intervenção de Ricardo Salgado na anterior comissão de inquérito à queda do banco para explicar que as audições tidas até agora não trouxeram nenhum elemento novo que justifique a chamada de Moedas e de Passos. Ambos já tiveram oportunidade de responder no outro inquérito. “Vou pedir ao sr. Presidente que faça chegar as respostas de Passos Coelho e Carlos Moedas ao PS. (…) É claro para todos, menos para o PS, que das audições que decorreram não existiram dados novos, com a exceção do relatório Costa Pinto, porque estava no segredo dos deuses“, afirmou o deputado do PSD.
Duarte Pacheco foi mais longe na crítica aos socialistas. Segundo o deputado, o PS pretende ouvir Carlos Moedas por razões eleitoralistas, pois este é candidato do PSD à Câmara de Lisboa. Mas esta comissão quer é “ver a responsabilidade na alienação e depois na gestão do Novo Banco em que o Governo passou consecutivamente cheques de 4 mil milhões sem saber se a conta é devida”, apontou Duarte Pacheco, lembrando o cheque de 600 milhões pedido pelo banco na passada sexta-feira. E “o PS, com medo, querendo fugir à responsabilidade, está a desviar para outros assuntos”, disse Duarte Pacheco, aproveitando para revelar que também ele é candidato do PSD à autarquia de Torres Vedras e está disponível para depor no inquérito ao Novo Banco.
Na resposta, João Paulo Correia disse “repudiar” as palavras do deputado do PSD, que não foram muito diferentes do ataque pessoal à sua pessoa durante fim de semana, notou. “Faço política com lisura”, respondeu. “O PS já explicou as razões para chamar Carlos Moedas. (…) É um exagero brutal dizer que o engenheiro Carlos Moedas não tem nada a ver com esta comissão de inquérito”, disse.
Cecília Meireles (CDS) e Mariana Mortágua (Bloco) chamaram a atenção para o facto de a comissão de inquérito ao Novo Banco estar a tornar-se repetitiva face ao inquérito ao BES e não trazer nada de novo. “Quero secundar a posição de Cecília Meireles. Tenho vindo a alertar para o perigo de termos uma comissão de inquérito igual à do BES. Corremos o risco de tornar a comissão irrelevante”, frisou a deputada bloquista.
Na intervenção a seguir, o deputado comunista Duarte Alves falou num “momento de psicanálise” que a comissão estava a autopromover e sublinhou também a necessidade de se ter em conta quem irá ser chamado futuramente.
No final da discussão, Fernando Negrão deu conta que a audição de Carlos Moedas (o próprio já indicou que pretende ser ouvido) sempre vai avançar, apesar do protesto do grupo parlamentar do PSD.
Nova vaga de audições
Fernando Negrão começou a sessão desta segunda-feira, antes da audição de José Ramalho, ex-administrador do Fundo de Resolução, por fazer um ponto de ordem nos trabalhos da comissão. Ficou decidido que será traduzido apenas um documento em inglês: o contrato de venda do Novo Banco ao fundo Lone Star. Negrão já tinha alertado para os elevados custos de tradução de documentos e os deputados foram contidos.
Ficou ainda decidida a nova vaga de audições para as próximas semanas: Carlos Calvário (ex-BES), Luís Seabra, José Manuel Bernardo e António Brochado Correia (da auditora PwC), Jorge Bleck (Linklaters), Azevedo Neves, Sérgio Monteiro e Carlos Moedas são os nomes que se seguem.
Os deputados também chamaram Carlos Tavares, ex-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). “Relativamente a Carlos Tavares, tem um princípio relacionado com a Covid: não sai de casa, nem por razões familiares”, revelou Fernando Negrão. Mas Tavares está disponível para prestar depoimento por escrito ou videoconferência, indicou o presidente da comissão de inquérito ao Novo Banco.
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